sábado, 18 de dezembro de 2010

[44]

Ora bem, terminei. A fic tem apenas mais dois capítulos, este e o 45. Hoje posto este, segunda-feira dou a fic por terminada com o último capítulo. Sinceramente espero não desiludir ninguém.
beijinho*


Encostou a testa ao chão e sentiu as mãos de Tom suportarem a sua cintura. Não tinha sido atingida mas tinha sentido o seu cabelo ser rasado pela bala, como tal também sabia que Tom se encontrava bem.
- É doido, não é? – aquela pergunta já tinha sido feita montanhas de vezes naquele espaço de tempo mas depois daquela tentativa estúpida de os atingir Beatriz confirmava mesmo que ele era do mais doido possível.

- Está tudo bem?! – um dos empregados do clube entrou de repente pelo compartimento dentro. Tinha ouvido um estrondo que se assemelhava a um tiro.
- Claro que está! – Charles ainda não estava bem dentro daquilo que acabara de fazer, mas se Tom não o tivesse provocado ele nunca teria disparado. Olhou seriamente o empregado e segundos depois desviou o olhar até à parede onde a bala estava incrustada. – Podes sair! – ordenou.
- Não! – Beatriz levantou-se bruscamente, obrigando Tom a largá-la, e dirigiu-se a Shannon, conhecia-o bem da sua vida antiga, puxando-o consigo para fora da sala.
- Onde é que vocês pensam que vão?! – Charles deu dois passos em frente mas quando era suposto passar por cima de Tom este agarrou-o pelas pernas e fê-lo deitar-se a todo o comprimento ao seu lado. Sentou-se sobre o seu corpo e atirando a arma para longe prendeu o pulsos dele contra a alcatifa negra do chão.
- Onde é que você pensa que vai? – Tom perguntou fazendo força nos braços. Ainda se conseguia sentir estremecer pelo susto. Não estava à espera que ele disparasse e muito menos estava à espera que Beatriz saltasse para a sua frente disposta a levar com a bala que estava destinada a si. Beatriz tinha-se disposto a salvá-lo. Isso fê-lo sorrir por instantes mas voltar rapidamente à situação em que estava. – Qual é que foi a sua ao contratar a Bea? – ele perguntou, queria saber porquês.
- Se namoras com ela certamente deves saber porquê… - o sorriso sujo e que enojava Tom mantinha-se firme. Espetou-lhe novamente um murro no nariz. – Cabrão! – Charles protestou tentando soltar-se mas o corpo de Tom era mais forte que o seu.
- Não vais a lado nenhum, já te disse! – continuou firme naquilo que tencionava fazer.
Sempre quisera esfolar aquele gajo por tudo o que fizera Beatriz passar, por isso agora, que tinha a oportunidade disso, não a iria deixar em branco. Charles tentara soltar-se novamente mas sem sucesso algum era impossível mexer-se fosse de que maneira fosse com Tom sobre si. O puto tinha mais força do que aquela que ele pensara.

- Já chamei a polícia! – Beatriz entrou de rompante pela sala e deparou-se com a situação.
- Se eles vierem rápido eu aguento. – respondeu-lhe.
Beatriz olhou a situação e sentiu-se culpada, se não fosse ela com aquela teimosia toda Tom nunca teria praticamente levado um tiro e não estaria agora em trabalho de força com Charles.
- Larga-o. – disse sentindo os olhos picar das lágrimas que queriam sair à força toda.
- Han? Largo nada, Bea! – Tom viu-a sentar-se no chão encostada à parede com lágrimas nos olhos.
- Esta situação deve ser resolvida por mim, Tom. Tu não tens nada a ver com isto, eu amo-te e agradeço-te tudo aquilo que já fizeste por mim e pelo Ryan, mas se é o meu destino morrer nas mãos dele é que isso que vai acontecer.
- Olha que ela tem razão… - Charles riu-se. Tom esmurrou-o novamente.
- CALA-TE! – gritou irado. – Bea nem penses, não te vou deixar aqui sozinha com ele, ele mata-te! – não percebia o porquê daquela situação. Por que raio é que ela queria desistir de tudo naquele momento? Estavam tão próximos de resolver tudo para sempre…
- Não Tom, ele mata-te a ti… - chorava agora compulsivamente e deixava o coração de Tom cada vez mais pequeno ao vê-la sofrer e não puder largar o outro que ainda se tentava livrar de si.
- Não chores… - pediu - … por favor. – estava demasiado ligado a ela e sensível àquela situação. Estava a começar a ceder à força de Charles e em pouco tempo estava tudo trocado novamente.
- Desculpa Tom. – levantou-se e puxou pelo corpo dele para que saísse de cima de Charles.
- Não! – ele berrou.
- Vá lá Tom! Por favor, estou-te a pedir! – tentava que a sua pouca força superasse a de Tom.
- E eu peço-te que deixes a polícia chegar! – olhou-a, aquele olhar suplicante que sabia que a conseguia convencer a fazer qualquer coisa. As lágrimas nos olhos de Tom também já se começavam a fazer sentir e a fraqueza dos seus braços notava-se cada vez que tentava dissuadi-la. – Por favor, Beatriz larga-me. – pediu num tom sério. Ela olhou-o. Estava realmente certo deixar a polícia resolver um caso seu? Se a polícia entrasse ali todo o clube sofreria consequências, afinal aquilo não era propriamente legal. Abanou a cabeça negativamente não acreditando em si mesma e ajoelhou-se ao lado de Tom chorando todas as lágrimas que ainda possuía.
Tom controlou as suas próprias lágrimas e acalmou-se o mínimo para voltar a esbofetear Charles.

- Oh voltas a bater-me? – riu-se – Estava aqui um momento tão bonito… - o nojo que ele metia tanto a Tom com a Beatriz era demasiado visível. A maneira suja como ele falava incomodava-os mas, naquele momento específico, qualquer coisa que ele fizesse não os faria desistir.
- Qual é o teu objectivo? – fora Beatriz a perguntar. Tom olhou-a.
- Já te disse que se eu não te tenho mais ninguém tem! – remordeu. – Ninguém! – fulminou Tom.
- Não leves isso tão a sério. – novo murro dado por Tom. – Mas tu queres morrer rodeado do teu próprio sangue? – perguntou vendo sangue no nariz, pescoço e já nas suas próprias mãos. – É que parece! – ironizou.
Beatriz suspirou. Não conseguia suportar nada daquilo. Levantou-se e no mesmo momento a porta é aberta.

- Ninguém se mexe! – cinco polícias armados entraram de arma em punho pelo escritório. Beatriz, com os nervos à flor da pele, abraçou-se a um deles, que como o seu trabalho manda, retribuiu o abraço e pediu-lhe que se encostasse à parede sem se mover.
Tom respirou calmamente e acenou aos restantes 4 polícias de que o criminoso estava deitado por baixo de si. Levantou-se e abraçou-se a Beatriz ouvindo o seu choro abafado no seu pescoço. Era inevitável também ele chorar. Abraçou-a mais e deixou que os nervos e a raiva o levassem a melhor.
- Já passou, amor. – sussurrou.
- Obrigada. – disse sinceramente abraçando mais o corpo de Tom e olhando-o nos olhos. – Amo-te. – um sorriso fraquíssimo apoderou-se dos seus lábios,
- Eu também te amo, pequenina. – abraçou-a novamente e pousou o queixo sobre os seus cabelos vermelhos à medida que os acariciava e ouvia os queixumes de Charles atrás de si.

(…)

- Não acredito. – Bill tinha os olhos esbugalhados e fixos no casal que chegara do hospital há uns meros 20 minutos e que só tinha tido tempo de contar a história aos outros dois.
- Estás mesmo bem? – Sofia levantou-se e sentou-se ao lado de Beatriz que se mantinha protegida pelo braço de Tom. – Estás a tremer… - observou quando a abraçou por momentos.
- Foi demasiado intenso, Sofia. – Tom falara. – Vai ser difícil esquecer um momento como aquele, disso tenho certezas.

Bill olhava-o, sempre atento a Beatriz, sempre com o sentido de protecção excessivamente apurado, com um olhar apaixonado e inevitavelmente preocupado. Tinha orgulho no seu irmão por ter salvo Beatriz e terminado de uma vez por todas aquela história que até a si fazia impressão.
Beatriz levantou-se, sentindo as pernas tremer excessivamente.
- O Ryan? – perguntou. Precisava de o ver, de o sentir abraçá-la, de o ouvir rir.
- No quarto. – Sofia respondeu. - Queres que vá contigo?
- Não. – sorriu fracamente e saiu.

- Ryan! – chamou-o. O pirralho veio imediatamente ter consigo e abraçou-se às suas pernas. – Estás aos pulinhos, mãe. – observou, visto Beatriz ainda tremer.
- Fui ver um filme de terror com o Tom e aquilo assustou-me. – sorriu-lhe, um sorriso sentido e de verdade algo que não tivera conseguido ainda fazer. Ryan riu-se.
- És maricas, mamã.
- Eu dou-te a mariquice! – agora riu-se e pegou nele ao colo enchendo-o de cócegas. Caíram na cama.
- Páraaaaaaa! – o pequeno pediu, já quase sem ar de tanto rir. Beatriz parou e olhou-o. Como é que uma criança tão adorável podia ter os genes daquele monstro? Não sabia, mas também não queria saber. Charles estava preso não só pelo que lhe fizera mas também pela quantidade de droga encontrada no clube e a sua ilegalidade. Pena máxima. Isso descansava-a, mas o medo não deixava de se instalar, pelo menos por enquanto.
- Papá! – Ryan viu Tom aparecer à porta do quarto e saltou imediatamente da cama para os seus braços.
- Minorca! – Tom abraçou-o e sentiu as suas pequenas mãos à volta do seu pescoço. Tinha tido medo por ele, tinha tido medo de o perder e não tivera gostado desse sentimento. Ryan podia não ter os seus laços de sangue mas era seu e ninguém lho iria tirar, ele nunca permitiria isso. Nunca.
- Também não gostaste do filme? – perguntou olhando Tom nos olhos. Tom procurou Beatriz e pelo olhar dela compreendeu.
- Até gostei… - sorriu-lhe.
- A mãe estava aos pulinhos, não gostou. – riu-se novamente. Tom sentou-se ao lado de Beatriz com Ryan entre eles. Talvez não fossem a família perfeita mas agora tinham tudo para isso.
- Mas a mãe é muito corajosa…
- Sim? – ele perguntou.
- Sim, um dia ela conta-te umas histórias, assim quando fores mais velho.
- Porque não pode ser agora? – perguntou irrequieto.
- Agora não ias perceber, meu amor. – Beatriz beijou-lhe os cabelos negros. – Um dia eu conto-te, pode ser? – perguntou.
- Pode. – encolheu os ombros. – Podemos ir brincar com a guitarra? – saltou da cama e olhou Tom.
- Claro! Vamos tocar enquanto a mãe descansa do filme. – realmente aquilo tinha sido mesmo um filme.
- Sim! – agarrou Tom pela mão e puxou-o.

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