quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

[42]

Sinceramente não gosto deste capítulo e desculpem a demora.


Estava sentado na secretária do costume quando o seu telemóvel tocou.

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- Eu não acredito! Estás de volta?! – James perguntou assim que atendeu Beatriz no telefone.
- Sim. – ela riu-se da reacção dele. – Tudo bem?
- Sim e contigo?
- Também, mas minimamente preocupada.
- Então? Não tenho muitas novidades daqui… a Marinne dá-se bem com o patrão e faz bem o teu trabalho, de resto não sei mais.
- Isso quer dizer que eu posso andar na rua à vontade sem que ninguém me descubra? – perguntou.
- Não sei, boneca não sei mesmo mas queres que tente alguma coisa?
- Sei lá. – suspirou – Preciso de ir à procura de trabalho e queria esquecer o clube para sempre, percebes? Não quero preocupações acrescidas nem nada que tenha a ver com isso e com o Charles.
- Posso tentar dizer-lhe que passei por ti na rua.
- Faz isso, depois diz-me alguma coisa então. – disse, não muito confiante.
- Ok, boneca. Que tal as viagens com o namorado? – gozou-a.
- Tudo fantástico, ele é um amor! – suspirou.
- Estás mesmo caidinha. – riu-se. – Mas compreendo, - sorriu – também gostava de me sentir assim.
- Um dia, vais ver que sim. Sabes que eu também nunca esperei que isto me acontecesse…
- Ok, ok vamos parar as infelicidades por aqui. – ele odiava falar na sua vida privada – Vou falar agora com o Charles e depois ligo-te.
- Ok, beijinhos.
- Beijinhos. – desligaram.
**

Levantou-se da cadeira e dirigiu-se ao gabinete, se assim lhe podemos chamar, de Charles e bateu.

- Posso?
- Entra, que queres?
- A Hannah está na cidade! – Charles olhou-o.
- Não me estás a dar novidade nenhuma. – respondeu secamente.
- Han?! – perguntou surpreso.
- Ela está cá há sensivelmente quatro dias, meu querido. – respondeu ironicamente rindo. – Não fizeste o teu trabalho, pois não? Então há alguém que o faça, estás despedido. – respondeu como se nada fosse.
- O quê?! Então mas…? – estava parvo, ele tinha-lhe dito que o despedia?! Mas há quantos anos é que ele ali trabalhava?! Tinha direitos!
- Nem mas nem meio mas, não quero mais saber de ti ou das tuas tentativas maradas de me cegar perante a Hannah, deixei de ser tontinho. – falou seriamente. Sabia que James não lhe dizia a total verdade, sabia disso e depois de Marinne lhe contar que eles eram próximos depois dos espectáculos de Hannah, era impossível confiar nele fosse de que maneira fosse sabendo que lhe mentia descaradamente. Afinal Charles não era assim tão burro como aparentava ser.
- Você nunca vai deixar de ser tontinho. – disse-lhe – Já viu que está ao comando de uma mulher? Ainda por cima a maior puta que existe nesta casa de merda? – não se conseguia controlar, e já que tinha sido despedido iria dizer-lhe tudo.
- Tu não me falas nesse tom ouviste?! – levantou-se da cadeira e encostou James à parede.
- Não, não ouvi fala mais alto! – espetou-lhe o joelho no estômago e virou-o contra a parede. – Se julgas que vais conseguir ter a Hannah enganas-te, e se algum dia tocas nela ou seja em quem for que tenha a ver com ela, esgano-te. – avisou contorcendo o seu braço atrás das suas costas.
- Não eras capaz!
- Tens a certeza, Charles Griffin?
- Eu tenho mais poder que tu, sou bem capaz de te matar neste preciso instante. – disse demasiado calmamente.
- Não, não és. – atirou-o ao chão e pisou-lhe o ombro. – Ficas avisado. – pontapeou-lhe o estômago e virou costas.

Não percebia, a sério que não percebia.

**
- Não sei o que é que te pode acontecer, tem cuidado e não saias de casa por nada deste mundo, Beatriz ok? – disse-lhe assim que ela atendeu o telefone.
- O que é que aconteceu? – perguntou preocupada.
- Fui despedido e ele tinha a Marinne a seguir-te para todo o lado, não sei o que é que ela sabe de ti, mas não saias de casa! Por favor! – estava preocupado e falava rapidamente.
- Estás a assustar-me!
- É mesmo assim, não dirijas palavra à Marinne se ela foi ter contigo, não vás ter com o Tom, não saias com o Ryan! – Beatriz começara a formar lágrimas.
- Isto vai ter que acabar! – desligou bruscamente o telefone.
**

Não conseguia acreditar naquilo que se estava a passar na sua vida. Quando tudo parecia tomar um rumo diferente todo o passado voltava a cair sobre os seus ombros.
Deixou-se cair de joelhos no chão e procurou chorar tudo o que podia e conseguia. Não aguentava tanta pressão, não conseguia simplesmente viver com toda aquela angústia e toda a dor que começava a lacerar o seu coração de forma imperativa. Precisava de falar com Charles e ver o que ele lhe tinha para dizer na cara. Podia ter ficado amedrontada com toda a situação que James lhe contara, mas era impossível alguém impor-lhe medo com a determinação que sentia no momento.

Vestiu o casaco e preparava-se para sair de casa quando a campainha tocou. Abriu a porta respirando fundo.
- Desculpa esqueci-me das chaves. Vais sair? – perguntou Sofia entrando em casa com Ryan ao lado. Tinha-o ido buscar à escola.
- Olá, mãe! – ele pediu um beijo.
- Olá, filho. – sorriu-lhe. Sim aquele pequeno sujeito ainda era uma das boas coisas da sua vida que a fazia sorrir. – E sim vou sair, já volto. Até logo.
- Também posso ir, mãe? – perguntou Ryan.
- Não amor, e eu também não demoro nada. – beijou-lhe a testa e ele entrou pela sala.
- Espera aí… - Sofia agarrou o braço de Beatriz antes que ela saísse. – … se vais ao clube é melhor nem dares mais um passo. – até adivinhava. O estado de Beatriz não deixava dúvidas e ela estivera, certamente, a chorar.
- Tenho que ir.
- Não!
- Sim! Preciso de resolver tudo.
- O Tom sabe?
- Nem tem que saber por enquanto!
- Não vais, não quero saber, mas não vais. E quando fores eu vou contigo. Ou eu ou o Tom!
- Ai então liga-lhe e venham os dois comigo. – fez birra e despiu o casaco, sentando-se na cozinha.
- E ligo mesmo, Beatriz. – disse séria. Ela encolheu os ombros.

Sofia ligou mesmo a Tom e Bill veio com ele de modo a fica a tomar conta de Ryan.

Beatriz suspirou, não podia deixar a melhor amiga e uma das pessoas que mais amava no mundo partir à sua sentença de morte assim do nada. Não podia nem o ia fazer.

- Mas nós já tínhamos falado sobre isto, Beatriz não vais lá! – Tom bem podia tentar dissuadi-la, mas ela já estava mais que vincada a ir.
- Se vens comigo, tudo fixe se não, vou sozinha.
- És tão teimosa, credo! – olhou-a e abraçou-a pela cintura. – Eu vou porque não te vou perder num confronto com aquele palerma. – beijou-lhe os lábios. – Já te disse que te amo hoje? – perguntou num sussurro.
- Eu também te amo meu amor. – beijou-o.

(…)

Não conseguia acreditar que aquele patife lhe tinha batido daquela forma. Mas que merda é que ele tinha na cabeça no dia em que o contratou para trabalhar consigo?

- Ai! – queixou-se quando Marinne lhe pousou o gelo na cabeça.
- Se não refilasse tanto não estava nesse estado. – refilou ela.
- Não te metas, ok? Aqui só serves para me dar sexo e informações.
- Diga-me isso outra vez e depois queixa-se a sério.
- Aqui só serves para me dar sexo e informações. – repetiu – Queres outra vez? – gozou.
- Depois não diga que não o avisei. – deu-lhe um estalo e virou-lhe costas.

Lá vinha ao de cima novamente o seu coração bater mais forte que o seu corpo, mas desta vez por pouco tempo. Não ia mesmo continuar a ser a boneca insuflável do patrão, nunca mais. Queria distância daquele patife. E se para parar isso tivesse que ir contra os planos dele iria, não queria mais saber dele ou das cenas maradas do clube. Daquele clube. Procuraria outro e de preferência longe dali. Agora só faltava encontrar Hannah e o seu namoradinho.

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