sexta-feira, 30 de julho de 2010

[11]

Dia 3.

- TOM! LEVANTA-TE! – berrava Bill, para variar. – Temos avião para apanh… - interrompeu-se ao entrar de rompante no quarto do irmão e dar com ele completamente vestido e de malas feitas, prontas a serem levadas para o carro.
- Bom dia para ti também meu caro irmão, e sim eu sei que temos um avião para apanhar, por isso se fizeres o favor de ir vestir qualquer coisa eu não me importava e os seguranças também não porque tinham que esperar menos. Ah! E veste alguma coisa confortável, não leves as tuas inovações para o avião porque pode fazer interferência nas máquinas de detecção de metais e coisas potencialmente explosivas. Agora, se me dás licença tenho que ir pôr isto lá em baixo. – Tom passou por ele e Bill seguiu-o com o olhar. Estava parvo, que raio de discurso tinha sido aquele?
- Erm, está bem. – conseguiu balbuciar e dirigir-se ao quarto secar o cabelo e envergar umas calças de ganga e uma camisa negra aos quadrados.

Tom tinha passado a noite em claro. Tinha ponderado demasiadas vezes se ia ter com Beatriz ou não mas optou por não ir, não queria estar sempre em cima dela e, além disso, ao que parecia, já se tinham ‘despedido’.
Afinal, o que é que ele estava a fazer? Ou melhor, o que é que ele estava a sentir?! No seu íntimo andava todo trocado, ela trocava-lhe as voltas mesmo não estando presente fisicamente! Isso irritava-o, nunca tinha sentido tal coisa por uma mulher, porque é que será que ela era diferente? O problema punha-se em que ele não arranjava nenhuma explicação para esse dito problema.

- Estou pronto! – Bill cortou-lhe os pensamentos.
- Vamos então. – levantou-se do degrau onde se mantinha sentado e entrou na carrinha de vidros fumados que os ia levar até ao aeroporto. Lá encontrar-se-iam com David Jost, Georg e Gustav e juntos partiriam rumo a Londres para descobrir aquilo a que já chamavam de Humanoid City.

(…)

- Ryan! – chamou pelo filho entrando no seu quarto e abrindo-lhe as cortinas da janela deixando entrar os raios de sol que, naquele dia, se faziam vislumbrar na cidade de Berlim. – Ry? – abanou-o e ele refilou, típico de uma criança.
- Quero dormir.
- Tens que ir para a escola. – tirou-lhe os cobertores e levantou-o – ‘Bora! – sorriu-lhe e Ryan, já no colo dela, encostou a cabeça no seu ombro.

Beatriz fez o rumo de todas as manhãs. Depois de levantar, lavar e vestir o membro mais novo daquela casa dirigiu-se à cozinha preparando o pequeno-almoço.
- Bom dia. – Sofia aparecia.
- Bom dia, cara de sono.
- Ai, dormi mal hoje. – queixou-se. – Deve estar alguma bomba para cair aqui em casa. – Beatriz olhou-a.
- Tipo o quê?
- Sei lá. – encolheu os ombros. – Vou tomar banho e esquecer os nervos, tenho uma apresentação oral na faculdade! – disse.
- Boa sorte! – desejou e ouviu um “Obrigado” por parte dela. – Ryan, não adormeças. – avisou o pequeno que, mais tarde ou mais cedo, adormecia sobre a taça de cereais.

*

- Isto hoje foi rápido. – comentou Georg enfiando um gorro na cabeça enquanto punha a mochila às costas. Referia-se às normas de segurança dos aeroportos.
- Ya, estranho. – comentou Gustav.
- Cá para mim, foi do Bill não trazer adereços esquisitos! – gozou.
- Ah que graça! – Bill empurrou-o e uma maré de gritos foi ouvida.
- Pessoal, não têm tempo por isso não parem para dar autógrafos! – o segurança avisou dando-lhes passagem.
- Ok. – Bill respondeu por todos. Acenaram aos fãs presentes.

- Os skittles? – perguntou Tom a Bill que ia sentado ao seu lado enquanto vasculhava a mala à procura dos ditos skittles.
- Não sei, não foste tu que os arrumaste? – perguntou.
- Provavelmente. – disse – Agora onde?
- Não sei. – Tom olhou-o. – Que foi?
- Paras de dizer “não sei”?
- Não sei! – riu-se. Tom encostou a cabeça ao banco. – O que é que se passa? – Bill encostou também a cabeça e virou-se para o irmão. – Que é que te aconteceu? Ainda é a miúda? – Bill sabia perfeitamente aquilo que se passava na vida do irmão, não era propriamente preciso ele contar-lhe. Tom voltou a cabeça para ele. – Já vi que sim. Mas o que é que te faz ficar assim? – perguntou tentando perceber a questão.
- Ela, apenas ela. Há qualquer coisa em mim que não existia antes dela aparecer.
- O quê? – perguntou.
- Não consigo descobrir.
- Sentes alguma coisa por ela? – Tom suspirou com a pergunta. Sim, também já tinha posto aquela hipótese e se calhar era a mais correcta, mas ainda assim não sabia e a confusão continuava a ocupar o seu pensamento e o seu coração.
- Talvez. – sim, era um talvez não mais que isso.
- Talvez? – Bill esboçou um sorriso, estaria o irmão a ceder às correntes do amor e a deixar-se levar pela tal Beatriz? Afinal as suas investidas para Tom começar a acreditar no amor, não tinham sido propriamente despropositadas. – O que é que sentes quando estás com ela?
- Confusão. Adrenalina. Prazer. Calor. Perfeição. Sei lá tanta coisa!
- Wow, isso vai de vento em popa.
- Oh Bill, não gozes. – Bill pôde ver pelo seu tom de voz e pelo brilho dos seus olhos que Tom estava fragilizado com toda esta situação. A rapariga devia ser mesmo muito especial para conseguir deixar o seu irmão naquele estado algo psicótico.
- Eu não gozo, mas sabes que podes contar comigo, não sabes? É escusado passares noites em claro sozinho. – disse-lhe lembrando-se daquela manhã.
- Eu sei, obrigado. – sorriu-lhe e fechou os olhos, planeava dormir alguma coisa.

(…)

Ligo-lhe. Não lhe ligo. Ligo-lhe. Não lhe ligo. Ligo-lhe. Não lhe ligo.
Andava de um lado para o outro do seu quarto de hotel com o papel que ela lhe pusera dentro dos boxers numa mão e o telemóvel topo de gama na outra. Pela contagem mental que fazia, quase parecia aquela coisa estúpida do malmequer bem-me-quer, penso eu. Mas… devia mesmo ligar-lhe? Não estava com ela há dois dias mas sentia falta dela, do seu corpo, do seu cheiro, das suas mãos e, principalmente, dos seus lábios. Começava a dar em maluco, mas que coisa é que ela tinha que todas as outras mulheres com quem ele já tinha estado não tinham? “Ela é perfeita.” Tom tinha urgentemente de ter uma conversa séria com a sua consciência para que ela não lhe respondesse sempre que não era necessário! No entanto, a consciência estava certa. Aos seus olhos Tom achava aquela mulher perfeita e única. Talvez fosse isso que fizesse o seu coração bater mais forte quando a imagem dela aparecia nos seus sonhos, ou quando sentia a sua respiração pesada contra o seu peito despido. Talvez fosse todo o conjunto que Beatriz era que o fazia cair aos seus pés sem que ela proferisse palavra. Talvez toda a sua essência lhe desse qualquer coisa mais do que o que ele, até ao momento, procurara.

Ia marcar o número quando alguém bateu à sua porta.
- Quem é? – perguntou enfadado.
- Jost.
- Entra.
- Posso mesmo? – perguntou pondo a cabeça dentro do quarto.
- Sim, entra. – sorriu-lhe.
- Soaste-me a chateado.
- Não te preocupes. Que se passa? – perguntou.
- Vens jantar? – disse – Amanhã convinha levantarem-se cedo para irem ver o palco e assim. – explicou.
- Ok, dá-me dez minutos que eu desço já.
- Está bem. – saiu do quarto e fechou a porta atrás de si. Tom pegou novamente no telemóvel, marcou o número e decidiu ligar-lhe.

(…)

Beatriz era penetrada contra a fofa cama de casal que o quarto negro e vermelho possuía. Aquele quarto que já a tinha visto unir-se a Tom.
Tom… o nome dele ecoava pela sua cabeça várias vezes ao dia e sempre acompanhado de uma arritmia cardíaca. Seria mesmo possível?
Sentiu o homem que estava por cima de si contorcer-se e, deixando-o gritar um pouco mais alto, saiu debaixo dele.
- Bem, tu és mesmo boa naquilo que fazes. – ele elogiou. Há anos para cá que Beatriz estava habituada a todas aquelas conversas meloso-porcas, mas agora, agora aquilo metia-lhe mais nojo que qualquer outra coisa. Sentia-se na constante eminência da traição, talvez a ela mesma por continuar a deixar que violassem o seu corpo daquela forma sabendo que o seu coração não estava naquela cama.
Ouviu o telemóvel tocar mas nem se deu ao trabalho de ver quem era, não estava com disposição para isso. Vestiu-se e saiu do quarto, não lhe apetecia minimamente continuar a ouvir as bocas daquele homem, quando mais depressa abandonasse aquele clube melhor.

- Que pontaria. – Tom olhou as horas. – Trabalho. – bufou ironicamente. Beatriz não lhe tinha atendido o telemóvel, provavelmente estava ocupada em sexo com outro. Sim, Tom estava totalmente passado só com esse pensamento. Pensar que mais alguém podia sentir aquele corpo que lhe pertencia apenas a ele, dava-lhe nervos. “Porque é que ela deixa!?”
Decidiu deixar o assunto e dirigir-se ao restaurante do Hotel.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

[10]


- Não me digas que vais embora?
- Não é que eu queira, Tom. – envergou o vestido – Mas não vivo do ar, tenho trabalho a fazer. – disse-lhe.
- Eu pensei que ficavas a noite comigo, mas se tens que ir… - disse cabisbaixo. No entanto, alegrou o momento. – Precisas de ajuda com isso? – riu-se vendo-a debater-se com o fecho do vestido.
- Se faz favor. – sorriu-lhe. Tom chegou-se a ela e fechou-lhe o vestido numa facilidade extrema. Beijou-lhe o ombro e virou-a para si. – Até à próxima.
- Não sei quando vai ser, Bea. – sussurrou-lhe ao ouvido. Ela arrepiou-se, só os verdadeiros amigos e as pessoas de quem ela era próxima é que se davam ao luxo de dispor daquele diminutivo, e vindo da boca de Tom soava-lhe a música.
- Porquê? – ela pendurou-se no seu pescoço e roubou-lhe um beijo.
- Porque vou começar uma Tour. – ela olhou-o sem perceber. – Vou uma semana para Londres, depois vou de férias com o meu irmão e quando voltarmos esperam-nos dois meses de longos concertos. – disse-lhe com um sorriso na cara.
- Vejo que gostas do que fazes… - sorriu-lhe e beijou-lhe o canto dos lábios. Beatriz virou-lhe costas e foi à mala. Escrevinhou qualquer coisa num papel e dobrou-o em quatro. Calçou os sapatos e ajeitou o cabelo ao espelho, olhou a maquilhagem e para variar não estava borrada. Aproximou-se dele e deu-lhe um forte e intenso beijo sobre os lábios carnudos. – Vemo-nos por aí, Kaulitz. – puxou o elástico dos boxers de Tom e colocou lá dentro o tal papel que escrevinhara. Tom olhou o gesto com cara de parvo. “Han?” perguntou-se mentalmente. Ouviu a porta de casa bater e voltou à realidade. Tirou o papel de dentro dos boxers e desdobrou-o.
- Bem, ao menos tenho maneira de contactar com ela. – sorriu ao ver o número de telefone de Beatriz escrevinhado no papel. Dirigiu-se ao banho, planeava tomar um duche e recuperar da noite.

(…)

Beatriz chegou ao bar num táxi, afinal não tinha maneira de voltar de casa de Tom e só se lembrara disso quando decidiu sair à pressa. Adorava ter ficado o resto da noite abraçada ao seu corpo e sentir o seu calor emanar contra si, mas desta vez não era mesmo possível. Apesar de ter um estatuto mais elevado naquele bar nocturno não se podia comportar como patroa, afinal não o era.
Entrou de rompante pela porta principal do bar e rumou directamente ao palco. A sala estava cheia, completamente a romper pelas costuras, e ao que parecia tudo a esperava pois bastou pôr um pé sobre o palco para a sala irromper em gritos de euforia. Não queria saber se estava de vestido nem se não, a única coisa que queria era despachar aquele trabalho de uma vez por todas. Fechou os olhos e comandou o corpo como se fosse ele a fazê-lo. Não podia negar, sentia qualquer coisa pelo Tom, não sabia o quê nem porquê mas sabia que sentia. Havia qualquer coisa nele que a atraía. Talvez o cheiro, talvez o corpo, talvez a sua maneira de ser, talvez o seu estilo, não sabia! Estava confusa em relação àquilo que Tom lhe dissera à cerca de meia hora atrás. Ele ia, literalmente, deixá-la. Quer dizer, literalmente não, eles nunca tinham dito que estavam juntos por isso era impossível ele deixá-la, mas de qualquer das maneiras, na sua cabeça a coisa dava-se. Provavelmente é por Beatriz ser mulher que estes pensamentos ocorrem, mas isso é só a minha opinião.
Pediu a alguém do público que lhe desapertasse o vestido e imediatamente ao palco subiram dois homens. Um loiro e um moreno. Um de olhos azuis e outro de olhos avelã. Beatriz olhou o loirinho de olhos azuis? Não. Nem se deu ao trabalho disso, o rapaz moreno e de olhos avelã parecia ter muito mais parecenças com aquele por quem começava a ficar, irremediavelmente, apaixonada. Pondo uma mão no peito do loiro empurrou-o para fora do palco e virou costas ao moreno, de maneira a que ele fizesse o que ela tinha pedido. Roçou o corpo no dele e sorriu-lhe. Deixou o vestido deslizar pelas suas pernas e atirou-o para trás das suas costas. Elevou o corpo no varão e deu o espectáculo da noite.

*

Porque será que lhe fazia confusão o facto de Beatriz ir trabalhar? Talvez porque o trabalho dela implicasse sexo com outros? Sim, talvez mas só, apenas e inteiramente isso: talvez.
Deitou-se sobre a cama e tentou apagá-la da mente. No entanto, apercebeu-se que era missão impossível. “Tom não há coisas impossíveis no mundo!” contrabalançou com o inconsciente. “Há, e esta é uma delas.” Podia jurar que a mente lhe tinha respondido, mas ignorou o comentário e levantou-se da cama. Deu duas ou três voltas ao quarto e decidiu ir até à cozinha. Precisava de beber algo fresco a ver se acordava da constante dormência que era Beatriz.
Dirigiu-se ao frigorífico e retirou uma das garrafas de água vertendo o líquido para um dos copos que retirara do armário. Arrastou-se até ao sofá onde ligou a televisão e ficou feito estúpido a ver publicidade.
Olhou o relógio do DVD. “São 2 da manhã, devem começar as televendas.” Pensou pacificamente. As horas passaram, a água secou no copo e na garrafa e Beatriz continuava mais que hidratada no pensamento do Kaulitz Sénior. Estaria a endoidecer? Estaria a ficar completamente chéché do miolo? Certamente até estaria, mas não era do miolo era por ela!
- Merda. – murmurou voltando à cozinha arrumando o que tirara do lugar. Subiu dois degraus e deu de caras com o irmão.
- Eh cara de cu, que foi? Não tens sono? – perguntou Bill coçando um olho.
- Sono? Sono tens tu. – disse-lhe mal humorado, passando-lhe à frente, deixando Bill encostado à parede a olhar para ele – Ah, e cara de cu és tu! – atirou.
- E eu por acaso, assim só por acaso sou teu gémeo. – gozou. Tom fulminou-o e Bill jurou nunca mais se levantar durante a noite quando o irmão dormisse com alguém ali em casa, ele ficava pior que estragado. “Não me digam que a gaja lhe trocou o nome outra vez?!” riu-se consigo mesmo e olhou as horas do relógio à sua frente. – 4 da manhã?! – decidiu virar costas e voltar à sua adorada cama antes de se pôr a fazer as malas.

(…)

Chegou a casa no habitual ritual. Dirigiu-se ao quarto de Ryan e dando-lhe um beijo terno na testa aconchegou-lhe os lençóis.
Sentou-se no sofá da sala sentindo os pensamentos correrem por si a alta velocidade. Estava a deixar-se envolver demais naquilo que começou a ser apenas sexo de uma noite com confusões de nomes à mistura. Estava a começar a deixar-se levar pelo seu coração que há vários anos não batia por ninguém. Estava a ficar caidinha por ele e ainda nem tinha descoberto porquê, e isso intrigava-a, fazia-lhe confusão. Nunca fora rapariga de se apaixonar ao primeiro olhar ou ao primeiro encontro, ok é certo que não era a primeira vez com Tom mas, ainda assim, havia tanta coisa nele que ela não sabia. Porque raio deixar-se levar na ignorância? Já tinha sofrido demais por ser ignorante e, talvez, até inocente. Tinha sentido isso na pele aos 17 anos de idade quando perdeu ambos os pais e a irmã. Até hoje nenhum pensamento relativo a isso lhe dava descanso. A única coisa que pensava era que quem devia ter morrido naquele dia era ela, não eles.

[Flashback]

- Pai! Deixa-me ir! – disse Beatriz farta de toda a situação criada em torno do seu namorado.
- Não! Eu não te vou pôr outra vez nas mãos daquele estupor! – ripostou.
- Mas… - foi interrompida.
- Mas nada Beatriz. – a mãe tinha-se imposto. – Eu e o teu pai não vamos deixar passar esta situação impune, ele vai aprender que isto… - apontou um dos cortes e uma das nódoas negras presentes no corpo da filha - … não se faz a ninguém. – Beatriz deixou escorrer uma lágrima. Eles não sabiam o quão perigoso ele podia ser. Eles não faziam ideia daquilo que ela já tinha passado nas mãos dele. Não faziam. Para além de dois ou três cortes e algumas nódoas negras, Beatriz era também marcada psicologicamente.
Chamava a Rafael seu namorado, mas ele não tinha perfil para isso, a única coisa que ele sabia fazer, na realidade, era roubar e drogar-se. Ela martirizava-se por se ter apaixonado por ele, por aquele olhar azul-marinho, por aqueles caracóis aparentemente perfeitos, que afinal não o eram. Pensou em não voltar a apaixonar-se à primeira vista, a coisa corria sempre mal.

- Mãe, pai…? – Johanna tinha-se aproximado dos três elementos.
- Vai para o quarto. – pediu Beatriz à irmã.
- Não, eu também quero ir passear. – aquela voz doce de uma rapariga de três anos de idade parecia implorar.
- Eu acho melhor não. – a mãe olhou a pequena e sorriu-lhe. – Eu e o pai vamos fazer uma coisa muito importante, ficas com a Bea amor. – beijou-lhe a testa. Beatriz suspirou, porquê todo aquele aparato?
- O que é que vocês pensam fazer com ele? – perguntou.
- A polícia irá connosco. – o pai lançou a bomba e Beatriz arrepiou-se.
- Posso ir? – era Johanna – Vá lá. – pediu.
- Ok, rapariga. – o seu pai sorriu-lhe. – Tu ficas aí. – avisou Beatriz.
- Sim, pai. – baixou a cabeça e sentou-se no sofá ouvindo a porta bater e os risos de Johanna ecoarem.

Aquela noite não podia ter sido pior. A polícia entrara em contacto com ela e informou-a que o seu pai, a sua mãe e a sua pequena irmã de três anos tiveram morrido num trágico acidente de viação.
“Devia ter sido eu.”

[/flashback]

Tinha todas estas memórias esquecidas, tinha todo este aparato esquecido há excepção da culpa pela morte dos pais e da irmã.
Beatriz culpava-se é certo, mas tudo aquilo que se tinha passado à volta era pura história. Nada mais que isso, afinal teve que crescer para dar de caras com uma vida que não era a sua e, como tal, teria que abdicar um pouco da Beatriz e ser Hannah por uns tempos.

- Mãe? – Ryan chegava à sala, descalço e no seu pijama azul do Mickey.
- Não consegues dormir, amor? – perguntou levantando-se do sofá dirigindo-se a ele elevando-o no colo.
- Tive um sonho mau. – disse aconchegando-se no regaço da mãe.
- Que se passava nesse sonho? – sentou-se novamente no sofá, mas desta vez com Ryan aninhado em si, de cabeça no seu ombro.
- Tu tinhas um acidente com um carro… - disse a algum custo. – E depois havia uma ambulância e muitas pessoas. – explicou com alguma dificuldade em articular as palavras mais complexas.
- Mas eu estou aqui, Ry. – disse-lhe fazendo-lhe festas pelo cabelo escuro (era a única coisa que tinha herdado do pai). – E estou bem, não me vai acontecer nada. – beijou-lhe a testa. Ele levantou a cabeça e encarou os olhos negros da mãe, demasiado semelhantes aos seus.
- Posso dormir contigo hoje? – perguntou inocentemente.
- Claro que sim, amor. – sorriu-lhe e Ryan limpou uma lágrima que escorria sobre a sua face branca. Aninhou a cabeça no pescoço de Beatriz e deixou-se levar pelo sono.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

[9]


Beatriz tinha deixado uma mensagem no telemóvel de Sofia a avisar da situação. Estava de pé atrás em sair com Tom assim e deixar, mais uma vez, Ryan às mãos de Sofia. Confiava nela a sua própria vida mas, não seria já demais a rapariga estar sempre a “tapar os seus buracos”? Desligou dos pensamentos ao ouvir Tom falar-lhe.
- Estás a leste. – ele reparou.
- Desculpa, estava só a pensar em coisas sem interesse nenhum. – sorriu-lhe.
- Sem interesse? Duvido.
- Acredita.
– riu-se e a conversa estancou, afinal tinham chegado.

- Wow. – fora Beatriz que falara, aliás que expressara por um som a admiração que tinha ao estar à porta de um restaurante tão luxuoso como aquele. – Tu não brincas em serviço. – riu-se na direcção dele e Tom sorriu-lhe.
- Vamos entrar. – pousou a mão ao fundo das costas de Beatriz dando-lhe passagem.
Entraram no restaurante e foram conduzidos a uma sala isolada. Tom tinha reservado aquela sala, única e exclusivamente, para eles.
- Isto está vazio… - sussurrou ela para Tom de modo a que os dois empregados de mesa que se encontravam também na sala não a ouvissem.
- Eu sei… - sussurrou também, precavendo-se de os ouvirem, e também para gozar com ela, riu-se. - … reservei-a. – ela olhou-o.
- És mesmo famoso. – riu-se.
- Dizem que sim. – sentaram-se e pediram.

Não posso dizer que o jantar se passou pacificamente, pois os corações de ambos estavam um nadinha fora do normal. Talvez pela proximidade que aquele ambiente tão íntimo lhes conferia, ou então porque talvez fosse um restaurante requintado mas, no meu ver, as arritmias provocadas em ambos não se deviam ao espaço físico mas ao psicológico. Tanto Tom como Beatriz sentiam que entre eles existia um campo magnético que os atraía mutuamente. Seria desejo? Talvez, apenas sabiam que estando na mesma sala sozinhos a temperatura subia, e em flecha!
Beatriz pegou num guardanapo e começou a abaná-lo à frente da cara.
- Tens calor? – disse Tom desviando a gola da t-shirt negra e dourada que envergava.
- E não me pareço a ser a única. – riu-se ao ver o movimento dele.
- Facto, está calor aqui. Que tal irmos até minha casa? – perguntou não se contendo. Tinha estado a noite toda à espera do momento mas parecia que ele nunca mais aparecia. Era verdade que não aguentava muito mais tempo afastado do corpo dela não estando tão próximo dele e não poder saciar a sua fome ali mesmo.
- Ok. – ela concordou simplesmente. Tinha gostado da ideia de estrear a cama de Tom Kaulitz. “Ou será que não vamos para a cama?”. Descansou a mente e voltou a entrar no Audi R8 de Tom.

Tom estacionou o carro na garagem própria para o efeito. Subiram as escadas que davam acesso ao 1º andar e Tom dirigiu ambos os corpos à sala.
- Senta-te. Queres beber alguma coisa? – perguntou cordialmente.
- Tom… - ela elevou o olhar até Tom. Aquele olhar que o deixava sem chão e sempre a pedir por mais. - … sejamos sinceros… - ele olhou-a, não com medo ou receio da aproximação por palavras que ela fazia de si, mas completamente dominado pela quantidade de adrenalina que aquele tipo de olhar fazia disparar no seu sangue. - … não estamos aqui para beber alguma coisa. – aproximou o corpo do dele e sentiu Tom ladear a sua cintura com os braços. – Pois não? – perguntou.
- Não. – Tom sorriu e beijou-a ferozmente. Não se conseguia controlar com o corpo dela a implorar pelo seu daquela maneira tão selvagem, tão própria, tão… tão dela.

Bill pareceu-lhe ouvir movimento e abriu a porta do quarto. Para além de ouvir a voz de Tom ouviu também uma voz feminina. Espreitou do cimo das escadas a ver se conseguia ver alguma coisa, mas tudo o que conseguiu distinguir eram sons abafados e típicos de dois ‘alguéns’ que estavam prestes a enrolar-se, entre eles o seu irmão. Entrou no quarto e tentou fazer o mínimo barulho possível. Só esperava que também eles não fizessem muito barulho porque, pelas horas que eram, Bill iria querer dormir.

Tom pegou nela ao colo sentindo-a entrelaçar as pernas na sua cintura e dirigiu-se às escadas.
- Ai de ti que me deixes cair! – ela brincou, rindo sensualmente contra o pescoço de Tom que, naquele dia em especial, lhe estava a dar mais prazer que o habitual.
- Não confias em mim? – olhou-a nos olhos e estranhou a própria pergunta. Onde é que eles já tinham confiança? Conheciam-se à meros dias, uma semana talvez! No entanto, e ao receber uma resposta afirmativa por parte de Beatriz, sorriu e correu escada acima.
- Tu és doido! – ela sussurrou assim que Tom a pousou sobre a cama de casal suave e rodeada por tudo aquilo que caracterizava Tom. Desde guitarras, à cor que predominava, aos objectos pousados sobre as mesas e secretária, ao portátil branco… tudo naquele quarto lhe indicava um novo traço da personalidade de Tom.
- E posso ser ainda mais. – deitou o corpo sobre o dela e deu trabalho às suas mãos. Percorrer as curvas daquela mulher tirava-lhe o fôlego e dava-lhe vida. Seria possível sentir-se assim?

Beatriz virou-o na cama e deu-se ao prazer de lhe despir o casaco e as t-shirts que cobriam o corpo digno de um Deus. Beijou cada ponto do seu tronco definido e não lhe negou um chupão quando voltou ao seu pescoço. Dirigiu-se aos seus lábios e procurou aquele piercing que tanto de bom lhe dava. Estava muito mais receptiva a Tom naquela noite. É claro que estava sempre, mas tinha uma sensação diferente. Sentia que devia aproveitar todos os toques e todas as pequenas coisas que podia partilhar com ele.

Tom fê-la levantar-se da cama e assim conseguir desapertar-lhe o fecho do vestido. Com as mãos fez o fecho descer, e com os lábios deixou-lhe, também ele, a sua marca no ombro dela. Retirou-lhe o vestido com todo o cuidado, aproveitando para, mais uma vez, percorrer as curvas daquela mulher que lhe tirava os sentidos todos. Desapertou-lhe o soutien sem alças e percorreu os seus seios com os lábios e as mãos. O piercing que ela possuía no mamilo deixava-o cada vez mais excitado.
Sentiu as mãos de Beatriz entrarem pela parte dianteira das calças e não se conteve em suspirar. Deixou-a brincar e, a partir de certo ponto, torturá-lo até onde ela bem quisesse. Estava nas mãos dela estava bem.
Beatriz fê-lo deitar-se na cama e, retirando as próprias cuecas e colocando o preservativo no membro bem firme de Tom, sentou-se sobre ele.
Tom gemeu. Estava novamente dentro daquele corpo que o acolhia de forma tão natural e tão perfeita e que o fazia vir das maneiras mais impensáveis.

Beatriz deu o litro ao trabalhar não só para o seu próprio prazer mas para o prazer de Tom. Subia e descia sobre a cintura dele a uma velocidade excruciante. Ouvia Tom gemer e sentia-o beijar-lhe o pescoço e vagamente os lábios. Ela abriu os olhos, que mantinha fechados, e deparou-se com o sorriso límpido e branco de Tom sobre a sua face. Ele estava ali a escassos centímetros de si, e só essa visão fez o seu coração acelerar. Não era o facto de o estar a possuir a altos graus de prazer que a acelerava, mas o facto de o seu sorriso sincero estar tão perto dos seus lábios. Sentia a sua respiração ofegante sobre o seu nariz e consciencializou o momento. Deslizou as mãos dos abdominais de Tom (onde até ao momento se apoiava enquanto subia e descia sobre ele) e amarrou-o a si pelo pescoço. Beijou-lhe os lábios com uma calma não própria do momento e Tom surpreendeu-se.
Ela estava tão receptiva a si como ele estava receptivo a ela. Seria possível ele estar a…?
- Estou a sonhar… - deixou escapar o pensamento por entre recuperações de fôlegos e de cabeça encostada ao peito dela. - … por favor não me acordes. – Beatriz sorriu e beijou-lhe a testa, sentindo-se no momento seguinte atingir o seu limiar. Respirou pesadamente mas só parou de insistir sobre o corpo de Tom quando o sentiu gemer mais alto e cravar as curtas unhas nas suas coxas. Descaiu o corpo sobre o dele e Tom afagou-lhe a cabeça. Ela sorriu.
- Eu prometo que não te acordo. – riu-se e beijou-lhe os lábios. Tom riu-se.
- Obrigada! – levantou-se e dirigiu-se à casa de banho voltando de boxers e encontrando Beatriz já de lingerie vestida. – Não me digas que vais embora?

domingo, 18 de julho de 2010

[8]






Tom sentara-se no estúdio, à mesa com toda a banda e os produtores. O álbum tinha sido lançado, a Tour estava a ser planeada, as datas dos concertos estavam marcadas por toda a Europa e o palco estava montado em Londres. Segundo o que David lhe tivera dito, hoje acordariam tudo e dentro de dois ou três dias voariam até Londres para, aí, poderem experimentar o palco e as roupas que usariam pela Europa. O espectáculo começaria.

- Tom? – David chamava-o pela segunda vez ao não ouvir ou ver qualquer relação por parte do de tranças. – Tom?! – nada. Tom estava completamente noutra. Num universo diferente daquele, talvez ainda perdido no quarto de Beatriz, talvez ainda perdido no seu corpo, nas suas fantasias.
- Tom! – Bill abanou-o e Tom despertou para a realidade.
- Han? – virou-se – Estás irrequieto hoje! – queixou-se.
- O teu irmão é hiperactivo já devias saber! – disse Georg e eles riram.
- Se não fosse a minha hiperactividade vocês não se riam tanto! – Bill deitou-lhe a língua de fora.
- Tem razão, tem razão. – era Gustav que acenava afirmativamente com a cabeça e os olhos ligeiramente fechados como inteirando-se da realidade da afirmação com que concordava.
- Bem, - era David – agora que já estão todos a ouvir-me… - olhou Tom fixamente, e este riu-se. Sim, tinha-se apercebido que estava num mundo totalmente à parte. - … partem dia 3 para Londres. Irão estar lá o tempo que acharem necessário, mas convinha não ser muito, para ainda terem umas feriazitas antes da grande Tour. – explicou.
Bill sorriu em conjunto com Tom. Estavam desejosos de voltar a subir ao palco e isso era totalmente visível!
- Espera aí. – era Tom – Dia 3 é depois de amanhã… - associou - … isso quer dizer que só temos dois dias aqui. – na sua cabeça uma lâmpada se acendeu. Estaria assim tão preocupado com isso? Bem, isso queria dizer que antes de ir embora, Beatriz teria que se despedir de si.
- Sim e que tem? – perguntou Gustav. – Não me digas que ainda é o Magnólia? – gozou. Tom descaiu o queixo. Pois era mesmo isso, o Magnólia. Quer dizer, o Magnólia como quem diz, era a flor do clube não o próprio clube. Estava a começar a ficar parvo com os pensamentos que lhe atravessavam o cérebro a 80 Km/h.
- Parece que é! – riu Georg. Bill ia rir, mas os pensamentos de Tom estavam suspensos no seu próprio cérebro. Tom não estava preocupado com algo simples. Era qualquer coisa mais complicada, e pelo olhar que o irmão dirigia a si tinha qualquer coisa a ver com a rapariga do clube.
- Façam o que quiserem, mas dia 3 já sabem o que fazer. – acrescentou David.


(…)


Bill atirou-se para o sofá e viu o irmão fazer o mesmo.
- Vai ser tão bom! – sorriu. Estava feliz por começar, depois de tanto tempo longe da ribalta, uma nova Tour. Voltar a ver os fãs e sentir aquela energia que só os fãs dos Tokio Hotel conseguiam transmitir, aquecia-lhe o coração.
- Sim. – Tom tinha também um sorriso na cara, mas por trás disso tinha um peso diferente no estômago. Estaria a ter uma paragem de digestão?
- Conta. – pediu Bill – Que cara é essa?
- Sexo. – riu-se.
- Han? – Bill riu-se mas não percebeu. – Sexo? – repetiu.
- Ya, lá se vai a boa da Beatriz durante semanas! – queixou-se.
- A boa da Beatriz… - tentava juntar peças. – Ah! – Tom podia jurar que tinha visto uma lâmpada acender-se no topo da cabeça do irmão mais novo. – A miúda do clube chama-se Beatriz? – disse.
- Ya.
- Mas eu pensei que era Hannah… ou pelo menos era assim que o Georg a tinha tratado! – estaria a ficar chéché e a confundir tudo?
- Hannah é o nome pelo qual ela é conhecida. – explicou muito ciente do assunto. – Beatriz é… é qualquer coisa de extraordinário! – disse deitando a cabeça para trás exibindo o mesmo sorriso com que chegara a casa na manhã anterior.
- Estou confuso. – Bill pensou alto – Então tu conheceste a Hannah mas agora “andas” – fez aspas com os dedos – com a Beatriz. – disse.
- Nem mais meu irmão. E man só de pensar nela e naquilo que fizemos… ui qualquer coisa se levanta em mim! – riu-se.
- Não sejas porco! – deu-lhe um murro no ombro.
- Eu não sou porco. – disse olhando-o – Sou uma pessoa altamente social! – corrigiu. – Tá?
- Tá. – Bill encolheu os ombros. – Mas então e que cara era aquela quando o David falou de dia 3 e de Londres?
- Vou estar tempo indefinido sem ela. – disse simplesmente.
- Arranjas outras isso é certo! – riu-se e levantou-se, pretendendo dirigir-se à cozinha beber qualquer coisa fresca.
- Ninguém é melhor que ela. – sussurrou assim que Bill saiu.
Dirigiu-se à cozinha.

- Logo não contes comigo para jantar. – avisou dirigindo-se ao quarto. Bill respondeu-lhe um “Ok” e nem se importou em perguntar porquê, tinha uma ideia do que podia ser.

Tom entrou o duche e encostou-se à parede fria, sentindo apenas as gotas de água fervente escorrerem-lhe pelo corpo. Elevou os pensamentos ao expoente máximo e libertou-os numa corrente de adrenalina apenas por aquilo que podia acontecer naquela noite. Tinha um dia e duas noites até sair de Berlim. Tinha um dia e duas noites para levar as saudades do corpo de Beatriz mortas. Tinha consciência que, depois de a ter experienciado, ninguém era melhor que ela. A maneira como conduzia o corpo sobre o dele trocava-lhe as voltas e a confiança que tinha ao pôr um pé à frente do outro, por qualquer motivo que Tom não sabia, eleva-lhe o ego.
Planeava ir ter com ela ao clube. Planeava jantar com ela e planeava tê-la como sobremesa. Não era bem género de Tom Kaulitz levar alguém a jantar fora mas havia sempre uma primeira vez para tudo. Ao que parecia, e se eu não estou enganada, Tom teria muitas primeiras vezes para quebrar com Beatriz.


(...)


Tinha chegado ao clube por volta das 16 horas. Apesar do “alto” estatuto Beatriz ajudava na limpeza e na reposição de bebidas no bar. Ajudava na arrumação dos quartos usados para o “trabalho” e planeava estar sempre dentro dos assuntos. Tinha um acordo feito com Charles. “Eles não sabem que o filho é teu e eu faço o que quiser e bem me apetecer dentro deste clube!” Por muito que ele não quisesse, fora a obrigado a tal coisa. Podia dizer que Beatriz seria, talvez, como uma segunda empresária daquela espelunca. O problema é que não via o fim àquela vida muito próximo.
Sentou-se num dos sofás a beber uma Coca-Cola e a ver televisão. Àquela hora (praticamente hora de jantar), o bar ainda se mantinha fechado e como tal a movimentação era nula.

- Estamos fechados. – ouviu umas das raparigas, talvez até sua amiga, dizer a alguém que se encontrava à porta do clube. Ela voltou-se. Voltou-se e viu-o. Lá estava ele nas suas roupas largas, com as tranças negras e aquele piercing que fazia maravilhas. Mas… o que é que o Tom estava ali a fazer? Perguntou-se.
- Deixa-o entrar. – disse com um sorriso à rapariga que se afastou.
- Estava a ver que ia jantar sozinho. – riu-se chegando ao pé dela.
- Jantar? – perguntou.
- Sim. Que tal vires jantar comigo? – fez o convite.
- Jantar contigo? – perguntou novamente.
- Se repetires tudo o que eu disser esta conversa vai levar o dobro do tempo. – riu-se.
- Ok, então e eu posso ir assim ou não convém? – perguntou olhando a própria figura. Envergava os calções e uma t-shirt justa ao corpo.
- Se calhar era melhor vestires outra coisa, sim. – riu-se dela, mas ainda assim não podia dizer que aquelas roupas lhe ficavam mal, antes pelo contrário! No entanto, o restaurante onde iam talvez requisitasse outra coisa.
- Ok. Então tenho que ir a casa. – sorriu-lhe. Tom não pôs entraves e seguiu-a.

Não foram precisos mais de 10 minutos para que Beatriz saísse do quarto deslumbrante. Um vestido negro, sem alças e acima do joelho faziam sobressair todos os seus atributos físicos. A maquilhagem prateada dava uma sensação ainda maior de profundidade ao seu olhar escuro e uns sapatos, também eles cor de prata, que lhe conferiam mais 10 centímetros de altura ao corpo, eram a cereja no topo do bolo, já para não falar no comprido cabelo ruivo escorrido pelas suas costas.
- Wow. – Tom descaiu o queixo. Sejamos sinceros, se há coisa que o Tom mais faça nesta história é descair o queixo perante Beatriz, mas ao menos é por uma boa causa. Fizeste isso tudo em… - olhou o relógio - … 10 minutos? Deves ser alguma super heroína com certeza! – ela riu-se.
- O hábito tem destas coisas! – estava habituada a trocar-se rapidamente para poder entrar em palco às horas certas e, às vezes, mais que uma vez. Tom aproximou-se dela e agarrou-a pela cintura, depositando nos seus lábios um beijo intenso e selvagem.
- Vamos? – perguntou ao quebrar o beijo e olhar fundo os olhos dela. Tinha a sensação que naquela noite aqueles olhos o iam engolir várias vezes.

terça-feira, 13 de julho de 2010

[7]


Tom entrou em casa com um sorriso estúpido na cara, estava feliz. Estava verdadeiramente realizado. Tinha saído a ganhar de uma noite louca e, sem dúvida alguma uma das melhores noites de sempre, isto se não for a melhor mesmo.
Descalçou-se e sentou-se no sofá, pendendo a cabeça para trás. Deixou o seu corpo relaxar daquilo que tinha vivido à escassas horas atrás, duas vezes seguidas. Ou era dela ou então não sabia. Cada vez que se encontrava sexualmente com Beatriz, (ou Hannah, no entanto a parte Beatriz, por incrível que parecesse, tivera-lhe despertado outras coisas), o seu corpo despertava para uma realidade paralela àquela que vivera durante 20 anos seguidos. Sentia-se arrebatado, completamente esmifrado mas ainda assim tinha sempre mais forças para continuar a beber do corpo dela com uma sede exuberante. Talvez, até ali, não fizesse sentido encontrar alguém num clube de strip marado com nome de uma flor macabra mas, não estaria ele destinado a viver uma experiência destas à bastante tempo? Talvez sim, talvez aquela flor lhe desse respostas. Mas façamos uma pausa. É impressão minha ou Tom Kaulitz estava preocupado com o futuro em relação àquilo que começava a viver com Beatriz? Estará a narradora a ficar parva? Talvez não, talvez esteja mesmo na hora do famoso ‘Sex-Gott’ se deixar guiar por uma linha negra cosida em si e não pelo livre arbítrio que toda a vida possuiu. A única coisa que agora queria possuir era Beatriz e nada mais. Estava rendido a ela e àquela essência. Iria deixar andar e, talvez uma vez na vida, o coração lhe desse respostas (isto se realmente se pudesse guiar pelo coração, e Tom não estava muito a favor disso).
Praticamente adormeceu em pensamentos mas despertou sentindo, ao longe, talvez na sua mente, dois pés arrastarem-se.
Não, não era da sua mente, Bill Kaulitz tivera entrado na divisão.

- Dormiste fora, sorriso estúpido? – perguntou Bill atirando-se para outro sofá.
- Dormi sim, sorriso parvo. – respondeu.
- Uh, dormiste com a gaja do clube? – perguntou interessado, a vida sexual do irmão, de facto, fascinava-o.
- Yup. – limitou-se a responder. Pegou nos ténis e dirigiu o corpo até ao seu quarto. Bill deixou-o ir sem fazer perguntas, quando lhe apetecesse apostava consigo mesmo que Tom lhe contaria.


*

Beatriz estava exactamente no mesmo estado de estupidez que Tom adquirira. Que raio tinha aquele puto para trocar as suas hormonas daquela maneira? Que porcaria tinha ele que fazia o seu sangue correr mais rapidamente pelas suas veias quando a única coisa que procurava nele era adrenalina?
Podia ficar emersa nestas perguntas para sempre porque sabia que nunca se iria responder. Não era ela que tinha as respostas, mas sim ele. Destapou o corpo nu e dirigiu-se ao duche. Precisava urgentemente de se lavar, lavar a alma e dizer ao coração que parasse quieto, afinal o simples pensamento da noite anterior o fazia acelerar.


[Flashback]


Sentiu-se gritar pela segunda vez na noite. Sentiu o seu corpo ceder pela segunda vez naquela cama. Deixou o corpo cair sobre o dela e descansou a cabeça no seu peito suado e arfante, controlando também a sua respiração. Sorriu contra um dos seios de Beatriz e isso fê-la despertar numa gargalhada contagiante e sensual, talvez por cócegas. Aquela rapariga, uma simples rapariga dum bar de strip tivera despertado a sua atenção das maneiras mais estranhas. Estava dependente do seu corpo e era apenas a terceira vez que se encontrava na mesma superfície que ela. Levantou a cabeça e depositou um beijo sobre os lábios húmidos de Beatriz. Dirigiu-se à casa de banho, não sabendo se planeando trocar de preservativo, se deitar aquele fora e não colocar outro, a noite estava a matá-lo.

Beatriz deixou-se chegar ao clímax pela terceira vez. “Abençoados orgasmos múltiplos!” pensou. Seria possível que cada vez que tinha o corpo de Tom sobre o seu uma nova onda a invadia? Uma nova onda de sentimentos desconhecidos se apoderava de si, podia jurar que nunca houvera experimentado tal coisa antes daquele ser aparecer na sua vida de raspão. Viu-o dirigir-se à casa de banho e vestiu umas cuecas, deitando-se por baixo dos lençóis brancos da cama. Não sabia porque o queria, mas tinha esperança que Tom se deitasse com ela e passasse a noite ali, simplesmente ao pé de si.
Tom aproximou-se dela e vestiu os boxers sentando-se na cama, olhando a figura esguia de Beatriz. Conseguia distinguir as suas curvas delineadas pelos lençóis que tinha sobre o corpo.

- Vais ficar? – perguntou Beatriz.
- Não sei… foste tu que da primeira vez me deixaste a ver navios. – relembrou a frase que ela proferira deixando-o sozinho no quarto. “Querias que ficasse para dormir contigo era?”
- Faço a pergunta por mim… - deu tempo para que o vazio se instalasse e sentou-se na cama segurando o lençol sobre o peito com uma mão. - … não pela Hannah. – ela acrescentou e Tom engoliu em seco. Se aquela com quem tinha estado no momento era a Beatriz, seria sem dúvida 30 vezes melhor que a Hannah. Sorriu e fitou o tecto, não era costume dormir com as acompanhantes, e como estava em casa dela provavelmente o melhor a fazer era vestir-se e pisgar-se dali para fora. No entanto, uma força maior, uma força interior e que realmente o fazia sentir diferente dizia-lhe que ficasse. Quem sabe se de manhã não teria uma nova surpresa?
Entrou na cama e deitou-se com um braço atrás da cabeça e outro sobre o próprio peito. Fitou um canto do quarto e seguidamente olhou Beatriz que, pelo olhar dela, se mantinha concentrada nele como se não existisse mais nada naquele espaço fechado.
- Eu fico. – sorriu-lhe vendo, nos lábios dela, um ligeiro esgar. Não era muito bom a interpretar sentimentos, aliás era péssimo, mas poderia realmente dizer, talvez por sentir, que Beatriz estava feliz. Deixou-se embalar pela essência dela e pelas mãos que passavam sobre o seu peito desnudado, na tentativa de o adormecerem. Foram bastante bem sucedidas, pois pouco tempo depois Tom tivera adormecido.

Beatriz sorriu quando o sentiu adormecer, estava com todas as certezas a enlouquecer e o problema não estava na loucura mas sim nela. Seria normal estar a deixar-se levar por um lindo sorriso e um corpo de modelo?


[/flashback]


Saiu do banho ao ouvir um berro dado por Ryan. “Mãããe!”. Dirigiu-se no robe até à sala onde Sofia e Ryan estavam sentados.
- Mãe! – ele correu até ela e Beatriz elevou-o nos braços deixando o seu pescoço ser envolvido pelos pequenos braços da criança.
- Que se passa? – perguntou.
- Não quero ir para a escola! – refilou olhando o mãe. Beatriz riu-se, era sempre a mesma birra todas as manhãs. Levantava-o, dava-lhe o pequeno-almoço e, depois disso, Ryan agarrava-se a ela a dizer que não queria ir para a escola. Hoje fora Sofia que fizera tudo isso, mas a birra estava lá. No entanto, era inevitável, ele acabaria por ir.
- Porquê? – perguntou pousando-o no chão, Ryan sentou-se de pernas cruzadas à chinês sobre o tapete. Sofia olhava a situação, era fascinante a maneira como a teimosia de Beatriz se reflectia no pequeno. Quando ambos metiam uma coisa na cabeça só, talvez, o outro conseguia dissuadi-lo.
- Porque não! – cruzou os braços.
- Ryan, - impôs-se – eu vou-me vestir e a seguir vou-te levar à escola. Sem birras! – disse-lhe. Ele encolheu os ombros e desviou o olhar. Beatriz suspirou e dirigiu-se ao quarto, envergando uma t-shirt e umas calças e ganga, podendo assim levar Ryan à escola.

sábado, 10 de julho de 2010

[6]






Beatriz tinha actuado mais uma vez naquela noite e não o tinha visto. As suas tranças pretas brilhantes, os seus olhos avelã buscando-a incessantemente, naquela noite não existiram, os sorrisos, risos trocados… porque raio é que ele não vir lhe fazia tanta confusão? Não podia negar que Tom (agora já não se voltaria a enganar no seu nome) lhe dava muito mais do que qualquer homem que ali vinha. Em geral vinham para obter o seu próprio prazer e ela não importava, mas Tom importava-se com isso, ou pelo menos da primeira vez importou.
Voltou a mirar a sala e sentiu qualquer coisa no seu interior, mas não reconheceu o porquê. Saiu do palco e dirigiu-se ao camarim, com intenções de mais tarde se dirigir a casa sem dar explicações a ninguém.


(…)


- Queres mesmo lá ir depois disso? – perguntou Georg ao amigo depois de saber o sucedido à três noites atrás.
- Quero, ela tem qualquer coisa que me puxa meu, que é que queres que eu faça? – respondeu.
- Eu não quero que faças nada, - disse – se achas bem ir, vai. – encolheu os ombros – Mas eu vou contigo! – acrescentou de sorriso nos lábios. – Ah! E não me vou esquecer nunca que uma bomba daquelas disse o meu nome em vez do teu! – riu-se escancaradamente na cara de Tom, tal como já tinha feito da primeira vez que o amigo lhe contara.
- Parvo. – lançou-lhe um olhar ofensivo e Georg acalmou o riso. – Logo vamos lá.
- Vão onde? – era Gustav que chegava à sala do estúdio abraçado à cintura da sua morena, Caroline.
- Passear. – respondeu Tom de sorriso nos lábios, não havia de ser uma troca momentânea de nomes que o iam fazer desistir de uma mulher como aquela.
- Ui, estou a ver que vão voltar àquele clube marado! – riu-se – Arranjem namorada!! – aconselhou e virou costas entrando na cozinha, dando de caras com Bill e Dunja.

- Vens? – era Georg.
- Vou, tu estás com pressa. – disse - A loira é assim tão boa!? – perguntou a rir.
- Se é! – riu-se.

Entraram no clube e, para espanto dos dois, aquilo já estava praticamente vazio.
- Que é que aconteceu a isto? – perguntou Tom.
- A Hannah já actuou. – respondeu um bêbado passando por eles.
- Ah. Então é por isso.
- Bem, ela é mesmo o centro disto, já viste? – perguntou Georg.
- Já, já vi. – respondeu apático. Se ela já tinha actuado será que já alguém a tinha requisitado e a sua noite acabava de ser estragada?
- Anima-te! – Georg abanou-o – Há mais gajas por aí… - respondeu sorrindo a uma que se atravessava no seu caminho.
- Sim. – Tom sorriu, não pelo comentário do amigo, mas pela figura meio disfarçada que via sair, agora, da zona dos camarins, Hannah. – Diverte-te! – dirigiu-se em passos largos até à rapariga e conseguiu encurralá-la na porta das traseiras do clube (local por onde ela tencionava sair).

- Boa noite. – com um sorriso metálico nos lábios e um braço de cada lado da sua cabeça apoiados na parede, cumprimentou-a.
- Tom… - Beatriz balbuciou, já não pensava vê-lo, mas três dias depois do mal entendido ali estava ele a travar-lhe o caminho.
- Afinal o meu nome soa bastante bem vindo dos teus lábios. – sussurrou-lhe aproximando a sua boca da dela. Num simples e leve toque roçou os lábios nos dela e deixou que Beatriz lhe desse permissão para aprofundar o beijo quando entreabriu os lábios.
- Desculpa. - ela pediu após quebrar o beijo, baixando o olhar.
- Não o faças, o passado está no passado. – com dois dedos sobre o seu queixo elevou o olhar dela até ao seu. – Como é que uma rapariga como tu, que faz tanta coisa em cima daquele palco, pode ser tão envergonhada? – beijou-a.
- Quem está no palco é a Hannah. – respondeu num suspiro, nunca contava aquelas coisas a ninguém, e a rapariga desinibida dava realmente, apenas, pelo nome de Hannah.
- E quem é que está aqui comigo? – perguntou sem perceber.
- É a Beatriz. – disse sinceramente.
- Hannah é apenas um nome… artístico?
- Sim. – ela olhou-o.
- Bem, parece que estamos com problemas em relação a nomes. – riu-se tentando quebrar o gelo que entretanto se formara. Ela acompanhou-o. – Então e a Hannah não tem trabalho hoje? – perguntou.
- Já teve, como podes ver isto esvaziou praticamente por completo. – respondeu.
- Sim… então e a Beatriz está disponível para mim? – perguntou, ainda mantendo os braços paralelos à cabeça dela. Ela riu-se.
- Acho que sim. – beijou-o com a perícia que os seus lábios já tinham adquirido nos dele.
- Isso foi quem? – perguntou de sorriso nos lábios.
- Em breve saberás. – respondeu-lhe e, puxando-o por uma das mãos, arrastou Tom até sua casa. Quando chegaram à porta Beatriz lembrou-se: Ryan e Sofia estavam em casa, e agora?

- Pensei que vivias no clube. – disse Tom olhando a porta.
- Pois… mas não. Partilho a casa com uma amiga e…
- E? – perguntou.
- E uma criança de 3 anos, o Ryan. – disse-lhe, já estava a revelar de mais da sua vida e isso não era normal.
- Ah é filho da tua amiga? – perguntou.
- Não. – Beatriz decidiu abrir a porta e entraram. – É de um amigo. – disse tentando disfarçar. Tom na ligou mais ao assunto.

- Sofia? – chamou.
- Já estás em ca… - interrompeu-se ao ver Tom Kaulitz. - … eu vou para o quarto.
- Espera aí! – chegou-se a ela e indicou o caminho da sala a Tom.
- Atão tu trazes assim o rapaz sem dizeres nada?! E se o Ryan ainda estivesse acordado?! – refilou com ela em murmúrios.
- Desculpa mas só pensei nisso quando cheguei aqui à porta! – disse-lhe também baixo.
- Já não pensas no teu filho?!
- Sofia… - aquela tinha doído, Ryan podia não ser filho do pai perfeito, podia até nem ter pai e ela podia odiar esse homem com todas as forças depois do que lhe fez, mas amava aquele miúdo com todo o coração. - … essa doeu. – conteve as lágrimas. Sim, Beatriz era sensível. Sofia abraçou-a.
- Contigo só conseguimos lidar à bruta. – disse-lhe contra a seu pescoço.
- Desculpa, para a próxima tenho mais cuidado. – disse.
- Tu pedes desculpa demasiadas vezes… - fez ver - … mas espera aí, vai haver próxima vez? – perguntou olhando-a nos olhos.
- Não sei. – limpou as lágrimas que caíam dos seus olhos e inspirou fundo deixando os nervos, que a puseram naquele estado, desaparecerem. – Agora se me dás licença… - riu-se e dirigiu-se à sala.

- Desculpa a espera mas a Sofia é uma chata. – disse-lhe com um sorriso observando Tom mirando a paisagem fora da janela.
- Não faz mal. Tens uma bela vista daqui. – disse olhando a cidade de Berlim completamente iluminada e do alto do 7º andar onde Beatriz vivia.
- Então e já que aqui estamos… tens ideias? – perguntou ela sentando-se no sofá, cruzando as pernas limitadas pela minissaia de ganga que trazia vestida. Tom descaiu o olhar até às pernas dela.
- Não estamos sozinhos…
- A Sofia não se importa e o Ryan está a dormir. – sorriu-lhe e dirigiu o corpo ao dele. Abraçou-o pelo pescoço e explorou os seus lábios mais uma vez.

Arrastou o corpo de Tom pelo pescoço até ao seu quarto, tropeçando nos próprios pés uma ou duas vezes, rindo-se da situação. Tom elevou-a nos braços e deitou ambos os corpos na cama de casal que se apresentava no avantajado quarto. Deixou-se levar pelo corpo e, por estranho que pareça, deixou-se levar pela atracção psicológica que já tinha criado com Beatriz. Aquelas confissões no clube tinham-lhe aberto a mente para outras coisas, talvez até pudesse ser amigo de Beatriz e ter uns affairs com ela, ninguém o impedia disso. No entanto, no momento, concentrou-se no seu pescoço e na essência que ele possuía. Concentrou-se em explorar aquele corpo escultural mais uma vez, deixar que as suas mãos a despissem e que os seus lábios a percorressem por inteiro.

Beatriz quase rasgou as roupas do corpo de Tom. Sentia-se incendiar por dentro com cada investida dos lábios dele nos seus, no seu corpo e até poderia dizer, na sua alma. Não estava totalmente enganada quando dizia que ele tinha potencial, não estava redondamente enganada ao dizer que ele era o seu tipo de rapaz, aliás, e corrigindo, o género de rapaz compatível consigo na cama. Sim, era isso e nada mais. Conseguia ver e sentir que encaixavam na perfeição.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

[5]






- Mãe?
- Sim, Ryan sou eu. – Beatriz cobriu o pequeno rapaz de cabelos ruivos e olhos negros, iguais aos seus, e aconchegou-o nos lençóis. – Agora dorme. – beijou-lhe a testa carinhosamente e deitou-se no sofá da sala. Sim, Beatriz tinha um filho pequeno. Ryan tinha 3 anos de idade e era filho dela e de Charles.


[Flashback]


- Mas o que é você está a fazer?! – Beatriz tentara fugir às investidas de Charles desde a primeira vez que tinha entrado naquele clube à um ano atrás.
- Nada que tu já não tenhas feito, pelo menos, uma vez na vida. – respondeu-lhe com um ar maquiavélico, agarrando as suas calças e rasgando-lhas do corpo.
Naquele dia, Charles aproveitou todos os pontos fracos que encontrava em Beatriz para investir nela com o desejo que tivera contido desde a primeira vez que lhe pusera os olhos em cima. Beatriz trabalhava naquele bar à um ano, mas a sua perícia de palco não ajudava a ter clientes. “É pena.” ele pensava. “Ela é tão… boa.” No entanto, com o tempo e as investidas, não totalmente limpas, de Charles e com alguma ajuda de James (daí se tornarem tão amigos) Beatriz adquiriu flexibilidade, força física e psicológica para expor o seu corpo à frente de tanta gente que, de certo modo, esperavam algo fascinante dela.

Charles abandonou o corpo de Beatriz num pontapé que a fez encolher no chão, agarrada ao estômago. Pegou na faca que se encontrava junto de si, visto estarem numa cozinha, e atirou-lha, virando costas sem nunca saber que a faca lhe tivera feito um corte num dos dedos da mão direita, algo pouco grave mas Beatriz, ainda hoje, mantinha a cicatriz.
Beatriz descobrira que estava grávida um mês depois e soube, evidentemente, de quem era a criança.

Com sacrifícios atrás de sacrifícios e chantagem atrás de chantagem conseguiu manter o emprego, afinal a culpa era do patrão. Depois de ter o Ryan foi obrigada a voltar à sua forma rapidamente, e subir aos palcos novamente, desta vez com toda a garra possível e usando a raiva que sentia para demonstrar a todos que era alguém naquela vida de stripper. Com o corpo que possuía ninguém diria que tivera sido mãe há, relativamente, pouco tempo.
Depois de se ter tornado na estrela máxima do Magnólia, dinheiro foi coisa que não lhe faltou, e não só. Charles pagava a Beatriz para ela não dizer a ninguém, fora do clube principalmente, que o filho era dele. Para qualquer sentido, aquele filho nunca seria dele. Nem mesmo dentro de 80 anos, Charles sempre disse que Ryan nunca seria do seu sangue.


[/flashback]


- Ele portou-se muito mal? – Beatriz sentou-se na sala do seu apartamento à conversa com a sua melhor amiga e colega de casa, Sofia.
- Não. – Sofia respondeu com um sorriso – O puto é um querido.
- Não sai ao pai de certeza. – ela suspirou descalçando-se e pondo os pés sobre a mesa em frente.
- Vens desanimada… que se passou? Não te calhou o tal gajo todo bom dos Tokio Hotel? – gozou, afinal sabia de tudo aquilo que se passava na vida da amiga.
- Calhou, mas de nomes trocados! – refilou ainda martirizando-se pelo que tivera feito. Não devia mesmo ser nada agradável ouvir o nome de outra pessoa ser pronunciado quando estamos a meio de sexo, não é?
- Han?! – Sofia não percebeu.
- Chamei-lhe Georg e era o Tom. – pôs os braços sobre os olhos e respirou fundo – O gajo nunca mais me vai querer ver à frente! – desta vez olhou-a.
- Pois, não deve ser fácil… - tinha um sorriso de gozo na cara.
- Não gozes, pá! – deu-lhe um empurrão que a fez mexer no sofá.
- Eu não estou a gozar. – sublinhou, agora, com um ar sério mas descascando-se a rir no minuto seguinte. – Mas e ele?
- Ele respondeu-me com um virar de costas.
- E não te disse que podia voltar a ir ter contigo?
- Eu tentei outra vez e ele disse-me “Talvez numa próxima” ou algo assim parecido.
- Então! Isso quer dizer que nada está perdido. Mas… tu e ele, ele e tu?
- Que é que estás a insinuar? – perguntou.
- Nada, só estás é muito preocupada em não voltar a vê-lo. - disse.
- Oh, o rapaz é todo giro e todo bom e todo convencido e não sei quê…
- O teu tipo de rapaz está visto! – riu-se.
- Sim! – Beatriz riu com ela.


(…)


Bill tinha adormecido todo torto no sofá, e quando acordou cheio de dores, o irmão passava por si.
- Bom dia, óh. – disse-lhe.
- Bom dia. – Tom respondeu sentando-se ao lado dele.
- Vais-me contar o que se passou para chegares a casa naquele humor? – perguntou estalando o pescoço. Tinha que fazer uma nota mental para não se voltar a deitar no sofá à espera de Tom, dava mau resultado.
Tom simplesmente o olhou e Bill teve um clique.
- Não me digas que a gaja não te quis! – riu.
- Pior.
- Han?! Pior? Quê mandou-te embora?!
- Não, eu é que me vim embora! – disse. – Mas não quero falar disso. – levantou-se e dirigiu-se à cozinha, mas como já se esperava Bill seguiu-o.
- Convinha falares…
Tom virou-se repentinamente para ele e deitou tudo cá para fora. Todos os sentimentos que o invadiram quando ela lhe trocou de nome, tudo aquilo que sentiu quando a deixou e as hipóteses que ainda vagueavam na sua cabeça, mas que, por qualquer motivo, não encaixavam como desculpa.
- Wow. Ela trocou-te? – limitou-se a perguntar vendo o irmão sentar-se.
- Sim. – murmurou.
- O teu ego deve estar bonito, porque é que não voltas lá e tentas que ela te dê uma segunda oportunidade?
- Bill, eu não quero mais nada para além de sexo!
- Eu também não estava a referir-me a mais nada além de sexo, – imitou a voz dele. – mas sim dares uma oportunidade ao corpo dela, não é disso que estás à dois dias a falar? – disse.
- Tens razão. – sorriu para si mesmo, não ia ser aquela troca de nomes que o ia fazer desistir de um mulherão daqueles. Fosse pelo que fosse ia voltar a estar com ela. – Já estou lá batido. – Bill riu-se. – Que foi?
- Pergunto-me o que é que era Tom Kaulitz sem sexo!
- Era Bill Kaulitz. – riu-se.
- Parvo! – Bill atirou-lhe uma almofada e Tom esquivou-se.
- Falhaste! – riu.
- Anda cá! – foi de almofadas em punho a correr atrás do irmão até ao jardim.
- Manda! Manda e suja as almofadas! – Tom gozou.
- Depois vão para lavar… - aproximou-se dele - … não há crise! – atirou uma, duas, três e Tom desviou-se de todas. Apanhou uma e atirou-lha.
- Toma! – acertou. – Em cheio na fronha! – desmanchou-se a rir.
- Não perdes pela demora. – Bill sussurrou para ele mesmo e sem Tom dar conta, saltou-lhe para cima, tipo moche.
- Ah! Lingrinhas dum raio! – queixou-se.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

[4]






- Tom? – Georg chamou-o ao vê-lo de costas para si, na conversa com David Jost.
- Sim? – ele voltou-se. – Ge! Pronto para uma noite em cheio?! – perguntou passando-lhe uma mão pelos ombros.
- Onde é que vocês vão? – perguntou David interessado.
- Ao Magnólia. – disse Tom simplesmente.
- E isso é? – perguntou elevando a sobrancelha esquerda por não perceber.
- É um clube nocturno e maaaan, as gajas são tão boas! – disse Georg babado desenhando um corpo no ar.
- Um clube nocturno?! – David riu-se alto e bom som. – Piraram de vez!
- Devias vir connosco!
- Eu tenho namorada. – sublinhou - E além disso não me vou meter nisso, se vocês são apanhados eu não vou desmentir nada! – avisou.
- Ninguém nos vai apanhar! – disse de imediato Georg.
- Oh sim, deve ser verdade! – apareceu Bill.
- Não agoires! – Tom abriu-lhe os olhos e Bill riu-se.
- Então espera que o vou mesmo fazer! Vocês vão ser apanhados pelos paparazzi e… - foi interrompido por uma almofada mandada pelo irmão.
- Cala-te, puto! – ordenou.
- Tom, tu não me mandas calar! – disse desfeito em gargalhadas. O mais velho suspirou e agarrou no casaco.
- Vou-me! Tu vens-te?! – perguntou a Georg.
- Venho, logo à noite! – riu-se, Tom não percebera o trocadilho perverso que sem querer utilizou e como tal riu-se disso.

Saíram e em poucos minutos estavam à porta daquilo que lhes preencheria a noite novamente.
- Ela vai ser minha. – sorriu interiormente e entrou.
- Han? Disseste alguma coisa? – perguntou Georg.
- Eu? Não. – sorriu-lhe – Vai à procura da tua loira que a ruiva é minha. – Tom passou a língua pelos lábios e focou o palco. Lá estava ela, mais brilhante que nunca, mais boa que nunca.

Beatriz viu-os entrar, vi-os sentar-se e viu o rapaz de tranças negras soltar-lhe um sorriso provocador. “Vou ter brincadeira esta noite.” Sorriu-lhe e não evitou o pensamento.

- A gaja está vidrada em ti! – disse Georg discretamente.
- Eu sei. – Tom sussurrou.
Facto, Beatriz tinha ficado impressionada com a exibição daquele rapaz, tinha ficado algo extasiada com a sua essência e maneira de ser. Parecia o típico bad boy e isso dava-lhe um toque extremamente sensual. Naquela noite, não dançou para mais ninguém senão para ele. Todas as caras conhecidas presentes naquele salão eram reduzidas a ele, mais ninguém. Os seus movimentos acrobáticos, os seus movimentos perigosamente sexuais contra aquele metal começavam a fazer Tom perder o juízo. Se ela demorasse mais cinco minutos em cima daquele palco ele incendiava.

Conteve-se dentro das calças até a ver sair do palco com o típico e característico salto mortal. Tinha-a visto duas vezes e duas vezes ela o tinha levado à loucura… talvez saudável. Olhou para o lado e deu por si sozinho, Georg já tinha dado de frosques, era altura de encontrar a rapariga de cabelos ruivos e olhos negros que pareciam não ter qualquer fundo.
Procedeu da mesma maneira que da última vez. Encontrou um dos empregados, perguntou por Hannah e sentiu-a tocar no seu ombro, desta vez não com um dedo mas com a mão toda.
- Olá… - ela falou, tal como houvera feito da primeira vez.
- Olá, Hannah. – Tom virou-se para ela com o maior sorriso sedutor que, instintivamente, os seus lábios produziam. Estava sedento de a ter, como tal e como que querendo mostrá-lo, agarrou-a pela cintura e fê-la recuar com os lábios encostados aos seus. Esperava encontrar uma parede, mas isso não foi possível. Só parou quando sentiu ambos os corpos caírem sobre uma superfície fofa e macia. Abriu os olhos e descolou os lábios dos dela, dando-lhe a possibilidade de retomar o fôlego e prosseguir as mãos que já estavam dentro das suas t-shirts. Levou as mãos às fitas que prendiam o corpete às meias e, num brusco movimento, rasgou-as.
- Vai ser aqui? – perguntou ela num sussurro, aquele rapaz dava-lhe a volta ao sistema.
- Não achas confortável? – ajeitou o corpo dela por baixo do seu de modo a conseguir desapertar os atilhos traseiros do corpete negro.
- Acho pouco privado. – respirou pesadamente antes de olhar a porta ainda aberta. Ele riu-se. “Tem razão.” Dirigiu-se à porta e fechando-a, trancou-a. – Agora sim. – de sorriso nos lábios encaminhou o corpo já despido em direcção ao de Tom, encostou-o à parede e, achando que já era pouco original ao encontrar-se com ele acabarem sempre numa parede, incitou-o a deitar-se no chão. Ele olhou-a sem perceber a ideia mas fez o que ela mandou. Sentiu o peso dela sobre as suas coxas e os seus lábios navegarem pelo seu corpo com a astúcia de quem já tinha bastante experiência. Agarrou-a pelas ancas e cravando-lhe as curtas unhas nas pernas fez os lábios dela chegarem-se aos seus. O beijo dela tinha qualquer coisa de hipnótico, tinha qualquer droga que o deixava a pedir sempre mais e mais. Havia qualquer coisa nela que chamava o seu corpo, uma atracção iónica, um campo magnético, fosse o que fosse iria querer ter aquele corpo nas suas mãos todas as noites e por várias vezes.
Beijou o seu pescoço e desceu os lábios pelos seus seios brincando com o piercing que ela possuía no mamilo direito, sem dúvida que aquilo o excitava.
Deixou que as suas calças e os seus boxers fossem removidos pelas mãos dela, enquanto os lábios tomavam conta dos seus abdominais, trincando a cada passagem.
Deu-lhe permissão para lhe colocar o preservativo e sem aviso prévio virou-a contra o tapete laranja e penetrou-a com toda a força e adrenalina que o corpo lhe permitiu.
Beatriz gritou e Tom sorriu. Adorava aquilo, adorava ouvi-las gritar aos seus ouvidos e adorava sentir o seu ego aumentar a cada investida no corpo dela.

Ela deixou-se levar pelo ritmo a que a pélvis de Tom se movia. Estava rendida às mãos daquele ser, estava completamente rendida ao seu beijar e à forma como as mãos dele trabalhavam no seu corpo, estava doida tal como ele. Sentiu um suspiro mais denso subir-lhe à boca e, sem querer, pronunciou aquele que pensava ser o nome dele: Georg.
Tom parou instantaneamente e Beatriz abriu os olhos. “Se calhar devia ter estado calada…” pensou.
- O que é que tu disseste? – Tom olhou-a nos olhos deixando de pensar por segundos. Georg? Teria ouvido bem? Ela disse mesmo… Georg? Mas afinal quem era aquela rapariga? Tê-lo-ia confundido com o verdadeiro Georg? Mas como? Eles eram inconfundíveis! E além disso ninguém podia confundir Tom ‘Sex-Gott’ Kaulitz!
- Não te chamas Georg? – perguntou ela ainda sentindo o membro de Tom fazer pulsar o seu interior. Tom elevou a sobrancelha direita e enterrou a cabeça no ombro dela.
- Não. – disse, não diria desmotivado mas talvez um tanto perdido. – Sou o Tom. – investiu nela uma última vez em raiva e levantou-se.
- Desculpa… - ela levantou-se também e olhou-o preocupada - … a sério, não te queria confundir mas nem sequer sabia quem eras… - Tom vestiu-se num ápice, não iria continuar ali, não depois da humilhação. Beatriz aproximou-se dele e levou-lhe uma mão à face. Tom fechou os olhos por instantes, estaria realmente ela a sentir-se mal com isso? – Desculpa. – sussurrou e beijou-lhe levemente os lábios. – Eu compenso-te… - ainda tentou mas já nada feito.
- Talvez numa próxima. – virou-lhe costas e saiu, era por estas alturas que gostava das suas calças largas, sim porque não seria bonito sair à rua com um alto na parte dianteira das calças.
Beatriz vestiu-se e sentou-se no sofá. “Que barraca!!”

Tom pegou no carro e conduziu até casa nem se importando com Georg, ele provavelmente estaria bem servido.
Fritou o cérebro à procura de uma resposta para a confusão de nomes criada. Teria ela procurado por eles os dois e ter confundido os nomes, sem querer?
Pensou em mil e uma hipóteses mas todas elas lhe faziam comichão, nenhuma encaixava numa desculpa plausível.
Arrumou o carro na garagem e entrou em casa, ainda dando de caras com Bill que estava sentado no sofá já meio a dormir, no entanto deu pela sua entrada.
- Já estás aqui? – perguntou.
- Não, é um holograma. – respondeu e dirigiu-se ao quarto.
- Bem, a noite correu-te mal! – gozou.
- CALA-TE! – fechou a porta do quarto num estrondo.
- Wow. – Bill encolheu-se e voltou a pôr os olhos na televisão.
Lá tinha ido o recém-subido ego do Kaulitz sénior à vida.

Beatriz continuava sentada no sofá, e lá continuou até James entrar.
- Então já fizeste tudo?
- Cala-te meu, nem sabes no que me meteste! – levantou-se irritada. Até tinha engraçado com o rapazinho e ele era bom no que fazia, agora provavelmente estava tudo estragado!
- Eu?!
- Sim! Ao dizeres-me que era o Georg o gajo com quem eu dormia!
- E não era? – até teve medo da resposta dela.
- Não! É o Tom! – atirou-lhe à cara.
- Desculpa lá. – riu-se nervosamente – Mas como é que descobriste?
- Porque chamei por ele e não era ele! O coitado deixou tudo a meio e bazou.
- Foi durante…? – fez gestos com as mãos de modo a Beatriz perceber onde ele queria chegar.
- Foi durante, foi. – respondeu vagamente.
- Se calhar era melhor ires para casa, não? E já é tarde… - tentou esquivar-se.
- E vou, mas se fizeres outra destas, meu amigo estás feito! – avisou - Quem fica mal sou sempre eu. – remordeu e dirigiu-se ao apartamento na rua paralela àquela.

[3]






Não aguentava muito mais tempo, estava completamente submisso àquela rapariga que estava ajoelhada à sua frente. Todos os seus movimentos de língua o deixavam emerso nos próprios gemidos, podia tentar controlá-los mas já nem para isso tinha forças, ou ela parava ou durante aquela noite o seu membro explodia antes do tempo.
Puxou-a pelo pescoço em direcção aos seus lábios e deixou que as suas mãos perscrutassem cada pedaço de pele dela. Aquele corpo que tanto lhe dizia e que, naquela noite, seria seu por completo matava-o aos poucos. Levou os lábios ao seu ombro e, num movimento brusco de perícia deitou-a na cama.
Beatriz olhou-o. Afinal, talvez tivesse uma má impressão do rapaz, mas agora era o momento da verdade, e a esse ele não podia faltar. Sentou-se na cama e cruzou as pernas, vendo-o colocar o pedaço de látex que tantas vezes lhe salvara a vida. Passou as mãos pelo próprio peito num olhar guloso na direcção dele e levou dois dedos aos lábios. Se era sexo que queria, era sexo que ia ter. Dirigiu-se a ele num passo acelerado e firme, e encostou-o à parede, por muito que ele quisesse quem mandava ali era ela.
- Não… - Tom leu-lhe os pensamentos e virou o corpo dela contra a parede num acto bruto, que a fez fechar os olhos, talvez com dor ou prazer, ou até quem sabe uma mistura dos dois. Fê-la posicionar-se na sua cintura e impulsionou a sua pélvis contra a dela. Sentiu um grito agudo aos seus ouvidos e um desencadear de adrenalina ser libertada no seu sangue, que quer fosse pela velocidade ou pela quantidade que lhe corria nas veias, parecia queimar.
Era ele quem mandava.
Investiu nela até sentir o seu corpo quebrar, até sentir as suas pernas dar de si e ouvir-se gritar como à muito tempo não gritava. Cravou as unhas na cintura da rapariga e sentiu-a cravar as dela nas suas costas quando, também ela sentiu o derradeiro orgasmo percorrer o seu corpo da cabeça aos pés.

Beatriz estava deveras impressionada, aquela rapaz famoso deixara-a arrebatada e com pouca força nas pernas. Nunca ninguém lhe tivera transmitido este tipo de sentimento, se é que lhe posso chamar isso.

Tom deixou que as respirações amainassem e, antes que ele pudesse ter tempo de dizer fosse o que fosse já ela estava vestida e pronta para sair do quarto.
- Já vais? – perguntou com os olhos esbugalhados vestindo os boxers e procurando pelo quarto as restantes peças de roupa.
- Querias que ficasse para dormir contigo era? – gozou-o, no entanto a voz sensual que usava nunca desaparecia, já era demasiado normal.
Tom olhou-a efectivamente parvo. E agora resposta para ela? Não tinha. Olhou novamente o corpo dela e deixou que se evaporasse pela porta. Acabou de se vestir e quando sentiu os saltos dela ecoarem pelas escadas abaixo, sentou-se na cama de cabeça nas mãos e cotovelos nos joelhos. “Que mulher!”


(…)



- TOM!! – Bill chamava o irmão pela décima quinta vez naquela manhã. – Que caraças meu mas… - entrou de rompante pelo quarto do irmão, dando com ele atravessado na cama, meio tapado pelos lençóis verdes da cama de casal. - … eu não acredito! – levou as palmas das mãos à cara e suspirou. – TOM!!! – berrou novamente, mas desta vez aos ouvidos dele.
- Han? Quem morreu?! – perguntou rapidamente trocando-se todo, saltando na cama.
- Mais um bocadinho morria eu e era de seca! – disse apontando-lhe um dedo à cara. Tom focou o dedo e seguidamente Bill.
- Han? – perguntou sem perceber. – E tira-me esse dedo da frente! – deu uma chapada na mão de Bill desviando-a, e voltou a deitar o corpo para trás, aninhando-se.
- TOM KAULITZ LEVANTA-TEEE! – já estava irritado, se havia pessoa que o irritasse desta maneira e logo pela manhã, só podia ser o seu gémeo.
- Bill. – chamou sentando-se vagamente na cama, desviando os lençóis exibindo os boxers negros justos que envergava.
- Não me chateies. – estava prestes a sair do quarto. – Mexe-te!
- Bill. – chamou novamente levantando-se e olhando o irmão.
- Que é que foi? Importas-te de acelerar o passo? Temos encontro marcado no estúdio! – disse-lhe com um ar de enfadado e responsável pelo meio.
- Tive a melhor noite da minha vida! – disse com um sorriso.
- Bem, não me digas que tomaste outra vez viagra, Kaulitz? – olhou-o seriamente.
- Não. – riu-se. – E sabes que só fiz isso para não tomar outra merda mais forte, não tenho culpa de ter as hormonas trocadas cada vez que me aparece uma gaja boa à frente! – refilou.
- Vais… - foi interrompido.
- A gaja do bar é… é qualquer coisa do outro mundo! – disse fazendo olhinhos.
- Tom… - pôs-lhe as mãos nos ombros. - … vai tomar um banho e encontra-me na sala. – deu-lhe uma estalada ao de leve na cara, o que o fez acordar, tal como Bill previra.
- Ok, mas não precisas bater! – massajou a face e dirigiu-se à casa de banho do quarto.


*


- Tu também estás assim? – Bill olhou parvo para Georg assim que o encontrou esparramado no sofá do estúdio com cara de sonhador.
- A noite foi boa? – perguntou Tom com um sorriso, mandando-lhe as pernas para o chão de modo a se sentar, também ele, no sofá vermelho.
- Se foi! – respondeu Georg. – A gaja era… meu deus era qualquer coisa de especial! – Tom riu-se.
- Então tens que experimentar a Hannah!
- Ai tenho?
- Tens… - disse sonhador, mas para consigo não para com o amigo. Hannah seria sempre sua. - … amanhã voltamos lá.
- Siiim! – concordou o rapaz de cabelos castanhos.

Bill abanou a cabeça da esquerda para a direita. Mas quem é que gostava de se enfiar num bar nocturno várias noites seguidas? Bem, vindo daqueles dois já era de esperar tudo.
- Pessoal! – era David – O trabalho espera-vos!


(…)


- Já aqui? – James perguntou ao ver Beatriz entrar na sala com um grande sorriso nos lábios.
- Já, porquê? – perguntou confusa. – Não é normal ser rápido?
- É normal, mas aquele era famoso… e ao que me pareceu vocês deram-se muito bem… - constatou com um sorriso gozão nos lábios.
- Oh, vai dar uma volta! – sentou-se cruzando as pernas.
- Só depois de me contares! – cruzou os braços e encostou-se à parede. Ela olhou-o. – Então, é bom ou não?
- É bom, é. Só não sei qual deles era… Era o Tom ou o Georg?
- Acho que era o Georg… - disse o James. - … mas não tenho a certeza. Qué feito da revista? – perguntou revolteando as coisas.
- Não sei, mas tu viste as fotos? – disse.
- Sim.
- Então sabes quem é quem…
- Não tenho a certeza, mas acho que quem esteve contigo foi o Georg…
- Tá bem, mas também não interessa. – encolheu os ombros e esticou-se no sofá. – Ele não deve voltar.
- Será?
- Não sei, posso dormir agora? – perguntou.
- Podes. – ele riu-se e saiu ainda a matutar em quem realmente era que estivera com Beatriz. Não tinha certezas, mas provavelmente ela estaria correcta e eles nunca mais iriam voltar.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

[2]




- Vens comigo, meu! – Tom refilava com Georg. – O Bill não quer vir e o Gustav ficou com a namorada! – argumentou.
- E porque é que tenho que ir eu? – perguntou já farto de ouvir o amigo.
- Porque eu não vou sozinho para uma coisa daquelas!
- Ai, não me digas que tens medo que as gajas venham todas ter contigo!? – riu-se.
- Sim! – disse indignado - … não é que não chegue para todas… - passou a língua pelo piercing. - … mas ter 20 gajas em cima de mim é capaz de ser… esquisito. – elevou a sobrancelha esquerda em dúvida.
- Esquisito?! – ele levantou-se e pousou-lhe a mão na testa – Tom Kaulitz está doente! – riu-se. Tom tirou-lhe a mão da testa com uma chapada e pediu-lhe que o seguisse.


(…)


Tom tinha uma curiosidade estúpida em conhecer aquele clube. Tanta gente lhe tinha falado da estrela maravilha que aquela companhia possuía, tanta gente lhe tinha dito que era uma Deusa, tanta gente lhe tinha dito, por experiência própria, que era mais que digna de um ‘Sex-Gott’.
Sorriu ao passar a porta e se deparar com um ambiente exótico. Um palco, um varão, música, mulheres em lingerie a passearem-se por todo o lado. Aquele era de facto o seu mundo de sonho.
- Diz-me que não estou a sonhar! – pediu Tom com um sorriso parvo nos lábios. Georg riu-se e beliscou-o.
- Tu não estás a sonhar!
- Ai! Não me belisques que isso dói! – refilou.
- Pediste-me para te dizer que não estavas a sonhar! – ripostou.
- Exacto, que me DISSESSES! Não que me mostrasses! – refilou segunda vez.
- És mesmo Kaulitz. – riu-se para dentro e seguiu o amigo até uma das mesas dispostas próximas do palco.

Viram um espectáculo agradável… demais até. Não podiam esconder que, dentro das calças, a sua pulsação não era muito maior que no resto do corpo, porque era. Ao que parecia aquela noite prometia e, se Tom já estava excitado com os aperitivos, assim que a famosa Hannah (era assim que lhe chamavam) subisse ao palco, ele rebentava!

- Hannah Blye! – alguém anunciou e o coração de ambos os rapazes parou. Ela era simplesmente linda.
- Tu agarra-me! – disse Georg.
- Não, não agarro… eu vou é agarrá-la a ela! – disse imediatamente. – Esta noite ela é minha. – olhou a rapariga com olhos de ver. Os seus cabelos, as suas pernas, os seus seios tudo nela era perfeito. Não conseguia pôr-lhe um defeito, não conseguia. Era sem dúvida alguma a rapariga mais perfeita que alguma vez tinha visto na vida, e um facto é que Tom Kaulitz já tinha visto muitas raparigas durante a sua existência.

Deixou que os olhos dela passassem por si e não hesitou em sorrir-lhe, não sabia se ela o tinha visto, mas sabia que o seu sorriso não podia ficar indiferente ao seu olhar.
Levantou-se.
- Onde é que vais? Não me digas que vais à casa de banho… - gozou Georg insinuando um trocadilho.
- Se for para a casa de banho é com ela! – disse com um sorriso visivelmente excitado.
- Ah claro, e eu fico aqui! – refilou. Mas no momento seguinte sentiu alguém tocar-lhe no ombro. Alguém alto, loiro, bem constituído. – Esquece! – disse a Tom pelo canto do olho. Tom riu-se, sim aquela loira ia deixar Georg bem ocupado.
Dirigiu-se a um dos empregados e perguntou por Hannah.
- Para quê?
- Isso agora… - respondeu com um sorriso malicioso nos lábios e o empregado riu-se.
- Espere só um bocadinho. - Tom aguardou mexendo nas mãos de maneira impaciente. Estava fora de si, fora do seu controlo, estava totalmente extasiado com os pensamentos e jogos eróticos que já lhe tinham atravessado a mente. Sentiu alguém pousar-lhe um dedo no ombro e virou-se.
Virou-se dando de caras com uma rapariga ruiva, de olhos negros profundos e corpo estranhamente apetecível. Para ele, Hannah.
- Olá… - Tom derreteu ao ouvir a sua voz.
- Olá… – respondeu cordialmente com um sorriso. - … esperava-te mais despida. – sorriu-lhe directamente. Beatriz imediatamente teve um pensamento parvo. Todos os homens que iam até ela queriam sexo do mais rápido possível, mas seria assim tão mau tentarem conter-se? A capacidade de pensamento dos homens está, por norma, na cabeça de baixo e essa, apesar de fazer maravilhas, não chega para tudo. Coitados!
- Sempre podes tentar despir-me… - sorriu-lhe, é claro que não negava uma boa conversa de engate, é claro que também ela gostava disso e era chapado cada vez que falava.
- Isso agrada-me. – Tom brincou com o piercing de maneira espontânea e altamente sexual. Ou estava muito enganado ou nunca na vida esqueceria aquela noite.
- Eu estou aqui para te agradar… - chegou-se ao ouvido de Tom e sussurrou - … e realizar tudo aquilo que queiras. – passou-lhe uma mão pelo peito e depositou-lhe um beijo quente e sensual nos lábios. Tom sentiu-se incendiar por dentro.
- É bom ouvir isso… – enlaçou-a pela cintura e encostou-a contra a parede, num som abafado. - … Hannah. – Tom pronunciou-se beijando o seu pescoço com uma fome desmesurada.
- Calma. – Beatriz afastou-o do seu corpo com um sorriso. Podia jurar que nunca tinha sido tão bem recebida como aquele sujeito o tinha feito. Não sabia qual dos dois famosos era, não sabia se era o Tom se era o Georg, mas fosse quem fosse podia levar a sua fama de bom beijador avante.
- Não fui feito para ter calma… - beijou-lhe o canto dos lábios, não deixando a sua cintura nem deixando que ela se desencostasse da parede, consequentemente continuava colada ao seu corpo.
- … o teu estilo não diz isso. – suspirou ao sentir novamente aqueles lábios metálicos no seu pescoço, que se preparavam agora para descer até ao seu decote. Ganhou força nos braços e afastou o rapaz de tranças do seu corpo. Ajeitou o top e deixou que o seu olhar matador o levasse à loucura.
- Segue-me. – fez-lhe um sinal com o dedo e assistindo ao revirar de olhos do rapaz, virou-lhe costas.
Tom seguiu a rapariga a par e passo. Estava completamente parvo em como uma rapariga que devia ter mais ou menos a sua idade, era tão conhecida por aqueles negócios. Viu o seu desempenho no palco e não podia negar que ela não tinha jeito para aquilo, porque tinha, mas será que a fama dela era muito mais do que aquilo que ela, realmente, tinha para dar? Esperava que não. Naquela noite, tudo o que queria fazer com ela, ou nela, teria que superar as suas expectativas e deitar a baixo a fasquia que toda a gente levantava por ela. Deixou que o seu corpo seguisse o dela e, antes de dar conta disso, estava fechado num quarto totalmente escuro.

- Qual é o objectivo? – perguntou ela. – Isto se tens objectivo, claro. – ao terminar a frase ouviu-se um clique de um interruptor e uma luz, ainda que fraca, se acendeu. Era o ambiente perfeito para deixar qualquer um louco, e ela sabia disso, afinal todos aqueles com quem já dormira passaram por aquela cama e por aquele quarto semi-mobilado, pintado de negro e vermelho.
- Eu sou feito de objectivos… - sorriu-lhe e viu-a levar as mãos à barra do top. Impediu-a segurando-lhe as mãos. - … e despir-te é um deles. – pousou as suas mãos sobre as dela, permitindo-se a retirar-lhe o top negro e a vislumbrar o tronco que, até à bem poucos minutos atrás, o deixara sedento por mais. Colou o seu corpo ao dela e deixou que os seus lábios comandassem o resto.
Levou as mãos ao botão das calças brancas da rapariga e num puxão que a fez deitar-se sobre a cama, tirou-lhas. Beatriz riu-se. Ali estava o típico machão que julgava dominar todas as mulheres com quem estava, ou com quem queria estar. Ela olhou-o e fez-lhe sinal para que se despisse.
- Pensei que eras tu que querias fazer isso…? – disse Tom como quem não queria a coisa.
- Isso depende… - deitou-se na cama de barriga para baixo, dando a Tom uma visão exagerada do seu peito farto.
- E depende de quê? – perguntou levantando a t-shirt, removendo-a totalmente atirando-a para um dos cantos do quarto. Beatriz não deixou o seu queixo ficar preso, antes pelo contrário, deixou que o seu maxilar descaísse ligeiramente ao observar o corpo daquele que era a sua diversão da noite. Os seus vincos que entravam pelos boxers pedindo que ficassem totalmente visíveis e os seus abdominais definidos imitando uma tablete de chocolate tinham-na arrebatado. Tom riu-se. - … surpreendida? – cruzou os braços sobre o peito fazendo os seus bíceps realçarem e os olhos de Beatriz darem-se novamente por surpreendida.
- Hum… - captou a atenção dele com um pseudo-gemido. Levantou-se lentamente da cama e agarrou-o pelo cinto puxando-o contra si, levando os seus lábios de encontro aos dele e se dar ao luxo de lhe trincar o piercing. - … acho que tens mais para mim, não? – pousou a mão sobre a parte dianteira das calças de Tom e deixou que isso fosse prova suficiente.