sábado, 25 de setembro de 2010

[27]

Desculpem a trampa de capítulo, eu própria não gosto dele mas acaba por ser importante. De qualquer das maneiras o próximo poderá ser mais interessante, ou não x)


A campainha tocou em casa dos Kaulitz e Bill desceu atabalhoadamente as escadas dirigindo-se ao irmão que estava na sala, ainda em boxers e descalço, meio a dormir e de televisão acesa.
- Tom! – chamou por ele abanando-o.
- Hum…? – ele emitiu.
- Vai dormir para cima. – ordenou.
- Vai tu. – virou-se no sofá de modo a ajeitar o corpo confortavelmente e a adormecer.
- O caraças! – puxou pelo corpo dele e Tom aterrou no chão. A campainha soou novamente. – Anda lá, Tom! – disse já farto. – É a Sofia. – informou. Tom acordou de repente, como se o cansaço e a preguiça já não existissem.
- Vais resolver tudo com ela?! – perguntou pondo-se de pé. – Mano, tu diz-me que é desta que vocês… se misturam vá. – disse muito sério pondo-lho as mãos sobre os ombros, desmanchando-se a rir ao concluir a frase.
- Estúpido! Baza! – apontou-lhe as escadas e Tom, como menino bem mandado, obedeceu mas não sem antes mandar um “Olá!” animado a Sofia assim que o irmão lhe abriu a porta.

- Entra, senta-te. – Bill disse-lhe demasiado timidamente fazendo Sofia sorrir-lhe. Era um facto que se sentia sempre bastante há vontade em frente a qualquer rapaz e se fosse necessário ser ela a dar o primeiro passo nunca o negaria. No entanto, a história com Bill Kaulitz não tinha o mesmo pressuposto. Sentia-se nervosa e com o estômago ligeiramente revoltado na presença dele. Sentia formigueiros na coluna cada vez que conseguia pressentir o seu cheiro e, quando os seus lábios tocaram os dele, podia jurar que não habitava certamente naquele mundo mas que fora transportada para um planeta onde apenas eles os dois existiam.
- Obrigada. – sentou-se no sofá de pele. – Então que tens para me dizer? – perguntou-lhe com um sorriso cruzando as pernas desnudadas. Bill observou o seu movimento e não conseguiu conter o olhar. O corpo dela parecia demasiado perfeito para se aguentar tão longe dele. Conhecia Sofia há pouco mais de uma semana e aquilo que sentia por ela parecia aumentar cada vez que o seu olhar cruzava o dela. Parecia que dentro do seu coração se restaurava um calor demasiado aconchegante que a queria apenas a ela, que queria senti-la apenas a ela e Bill não negava que a queria fazer sua de uma vez por todas. Sentou-se ao lado dela e olhou-a.
Sofia sentiu-se consumida por um fogo que jurava nunca ter sentido antes. O olhar hipnótico de Bill tinha-a deixado sem chão e, se não estivesse sentada, seguramente tinha caído. Sentia o corpo ceder a algo que não conhecia e podia jurar que notava o seu corpo inclinar-se involuntariamente sobre os lábios de Bill. Não queria saber das consequências mas amava voltar a beijar aqueles dois pedaços de carne e brincar com o piercing que, sensualmente, Bill possuía na língua. Ele analisou cada pedaço de alma que conseguia ler pelos olhos de Sofia e não se preocupou com nada mais. Colou os seus lábios aos dela e sentiu-se afogar em qualquer coisa absolutamente mágica. Fosse o que fosse que sentia por ela tinha acabado de explodir dentro de si e começado a ganhar uma nova vida reavivando a dele. Não podia negar mais perante o corpo dela que a queria e não só na sua cama. Levou as mãos à barriga de Sofia e sentiu-a arfar ligeiramente, também ela estava tocada por aquele momento e, quando a sentiu rodear o seu pescoço com ambas as mãos, nem se preocupou a controlar os instintos. Deitou-a sobre o sofá e sentiu a sua t-shirt disparar do seu corpo. Quebrou o beijou e olhou-a.
- Não pares agora… - sussurrou-lhe Sofia ao ver o olhar dele demasiado centrado em si e as suas mãos terem parado a busca incessante pelo seu corpo. Tinha Bill Kaulitz no coração e estava desejosa de o ter no seu corpo.

(…)

Tom deitou-se sobre a cama desfeita e encostou-se à cabeceira, acendendo a televisão constatando que estava a ver um filme repetido.
Estava prestes a adormecer depois do filme já ter acabado quando o bater da porta de casa o assustou.
- Mas isto é tudo bruto? – perguntou ensonado, virando-se na cama ajeitando a almofada com ambas as mãos para pousar a cabeça nela, mas não sem antes ouvir passos pesados sobre as escadas revestidas a madeira. – Agora temos cavalos em casa? – sinceramente, aquilo já era o sono a falar. Virou-se mais uma vez sobre a cama desfeita e Bill entrou de rompante pelo seu quarto.
- TOM! – Bill berrou. Tom queixou-se. – A Sofia é qualquer coisa de extraordinário! – disse-lhe sentando-se na cama ao lado de Tom que estava totalmente atravessado sobre os lençóis.
- Parece. – balbuciou.
- E é, Tom e é. – suspirou. Tom endireitou o corpo lentamente e, mais lentamente ainda, sentou-se na cama.
- Misturaram-se? – perguntou bocejando.
- Só pensas nisso, não só? – olhou-o mas não evitou um sorriso pelo termo que o irmão insistia em usar.
- Tu tens falta de sexo, eu só quis ajudar. – respondeu como se fosse totalmente óbvio, espreguiçando-se. Bill olhou-o com cara de parvo. “Porque é que eu ainda não estou habituado a estas coisas?” pensou.
- Já agora, como é que ajudaste? – perguntou.
- Namoro com a melhor amiga da tua qualquer coisa. – olhou-o com os olhos meio fechados.
- Hum. – acenou afirmativamente mas não seguro. – E é mais que qualquer coisa - deixou no ar.
- Bill… - começou chamando a atenção dele - … eu estou a dormir, por isso explica-te já se faz favor. Misturaste-te com ela e agora andam? – perguntou objectivamente.
- No teu ponto de vista, ya. – sorriu.
- Parabéns. – deu-lhe uma palmada amistosa no ombro. – Agora deixa-me dormir. – voltou a deitar-se e desta vez dentro dos cobertores.
- Elas vêm cá jantar hoje. – despachou. Afinal, tinha dito a Sofia para falar com Beatriz e Ryan. Tom voltou a despertar.
- Hoje?! – disse. – ‘Tou a morrer de sono! – refilou.
- Aposto que a Bea te tira o sono todo! – riu-se abandonando o quarto. Tom enfiou a cabeça na almofada. Vá, tinha que concordar com o irmão, Beatriz tirava-lhe tudo quando estava somente com ela. Ainda não sabia o que é que ela tinha de tão especial para se ter entregue daquela maneira. Não acreditava no amor e afirmava-o a todos aqueles que queriam ouvir, mas lá no fundo sempre soubera que, um dia, iria encontrar alguém. Só não sabia que seria tão rápido, que viria com bónus e que era totalmente perfeita.

Suspirou e virou-se na cama, pondo os braços cruzados atrás da cabeça e mirou um ponto no tecto branco, deixando os pensamentos fluírem de maneira mais coordenada depois de mais acordado. Faltava menos de uma semana para a Tour começar e isso para além de ser sinónimo de trabalho e paixão era agora também sinónimo de preocupação, segurança pessoal feita por ele mesmo e metia crianças. Acabava encurralado mas de alguma maneira feliz. Sorriu ao pensar em como seria absolutamente bom e aconchegante acordar todos os dias contra o corpo quente e firme da namorada. Acordar com os lábios dela sobre o seu corpo e poder tê-la quando quisesse e bem lhe apetecesse. Seria certamente a melhor Tour de sempre, mas não pôde deixar de recordar o porquê de Beatriz e Ryan irem consigo. Se alguma vez visse aquele cabrão do Charles à frente certamente que o matava com as próprias mãos. Mexeu-se desconfortavelmente na cama e sentou-se de pernas à chinês a contemplar a televisão onde passava um qualquer anúncio a comida para cães. Expirou o máximo de ar que conseguira e sussurrou para consigo mesmo:
- Vais acabar em enlatados. – o ladrar frenético que conseguia ouvir do outro lado da porta acordou-o dos pensamentos maléficos. – Os animais estão em alta hoje. – não deu para perceber se aquilo fora um remorder ou se uma piada à la Tom Kaulitz, mas das duas coisas qualquer uma serviria para o estado de espírito do guitarrista. Abriu a porta e imediatamente o seu amigo de quatro patas lhe saltou para o colo, obrigando-o a sair do quarto e dirigir-se ao andar de baixo.

Encontrou Bill de volta do fogão a assobiar apaixonadamente. Tom quase pensou ter entrado numa cena de filme, “E daqueles marados.”.
- Bill, não achas que estás mel a mais? – perguntou brincando com o canino.
- Não, Tom. – sorriu-lhe e Tom riu-se.
- Deves-me 400€. – sentou-se frustrado visto o cão o ter trocado pela própria cauda.
- Faz transferência. – respondeu meramente, mas feliz. – Temos que fazer estas apostas mais vezes.
- Estou a ver que sim. – afundou-se na cadeira, desinteressado do irmão mas feito estúpido a olhar o cão. – Porque é que ele faz isto? – perguntou apontando o animal. Bill virou-se para ver para onde Tom apontava.
- Porque é um cão. – respondeu simplesmente encolhendo os ombros. Tom fez um aceno de cabeça como que se, de facto, tivesse ficado esclarecido. “Estou rodeado de malucos.”.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

[26]

Matem-me que eu ajudo-vos. Só tenho mais um capítulo escrito ._. E as minhas santas aulas começam amanhã, portanto não sei quando volto a postar mas certamente é em breve. Assim que tiver mais dois ou três capitulos escritos eu começo, novamente, a dizer os dias que vou postar. (Confusos? Eu também não interessa.)


Mas onde é que ele tinha a cabeça quando disse que tirar fotografias era giro? Provavelmente num qualquer lugar que não o seu pescoço.
Atirou-se para o sofá e pousou os pés sobre a mesa de madeira em frente. Estava morto, tipo literalmente.
- Bill. – chamou.
- Que é que foi? – o irmão sentou-se ao lado dele imitando-o, estava também visivelmente cansado.
- Nós temos mesmo que ir à entrevista amanhã? – perguntou infantilmente.
- Porquê? O meu maninho está cansadinho e não aguenta, é? – Bill gozou com ele ao fazer voz fininha como se Tom se tratasse de um bebé em birra.
- Ah, olha a graça! – espetou-lhe um murro no braço. – Mas ya estou cansado. – descalçou-se e tirou a t-shirt. Só queria um banho e uma cama, não pedia mais nada.
- Tens.
- Foda-se, que chatice. – disse ironicamente enfadado, era claro que sabia mas fazer um bocado de fita nunca fizera mal a ninguém. Pegou na t-shirt que despira e nos ténis e dirigiu-se ao andar de cima, mas não sem antes ter que parar a meio das escadas para ir buscar o telemóvel que vibrava sobre a mesa da cozinha. – Merda. – sussurrou. Virou a rota deixando as coisas cair.
- É a Bea. – Bill, que se tinha dirigido à cozinha quando Tom subiu, passou-lhe o telemóvel.
- A Bea a esta hora? – perguntou-se olhando o relógio conferindo que era praticamente uma da manhã.

**
- Estou? – atendeu, mas não foi Beatriz que falou.
- Tom? – fora Sofia.
- Sofia? – ele perguntou sem perceber, já Bill assim que ouviu o nome Sofia despertou num estalar de dedos. Tom olhou-o, mais morto que vivo. – Passa-se alguma coisa? – Tom ouviu Beatriz refilar do outro lado da linha, mas não percebeu o que dissera. – O que é que aconteceu? – sentou-se numa das cadeiras que, tecnicamente escolhidas por Bill, faziam conjunto com a mesa mármore.
- Foi no clube. – Sofia falou, olhando Beatriz que se mantinha de costas para si, totalmente apática.
- O que é que aconteceu no clube?! – instintivamente Tom levantou-se da cadeira, começando a andar de um lado para o outro já completamente acordado.
- Foi o Charles… - Sofia falou a medo.
- Esse cabrão… - disse entre dentes - … que fez ele desta vez?
- Tentou violá-la…
- Eu mato esse gajo!! – quem olhasse Tom certamente reconheceria nos seus olhos uma chama flamejante de raiva. “Mas quem é que aquele filho da puta se julgava? Dono do mundo e de toda a gente?! Achava que por acaso podia ter tudo o que queria?” o pensamento de Tom era totalmente assombroso. – Estou aí em cinco minutos! – desligou bruscamente o telemóvel voltando a pô-lo no bolso das calças. Procurou a t-shirt e os ténis e vestiu-se.
**

- O que é que se passou?
- Foi o idiota do gerente do Magnólia. – Tom respondeu com a ira nas veias.
- Calma. – Bill sentou-se ao lado dele nas escadas, enquanto Tom se calçava.
- Calma, Bill?! Calma?! – disse-lhe furioso. – Então ele tenta violá-la e tu pedes-me para ter calma?! Mas és doido!? – levantou-se com a cólera a falar por si e pegou nas chaves do carro. – Aquele gajo é um homem morto. – remordeu fechando a porta num estrondo.
- TOM! – Bill não teve sequer tempo de o travar ou de lhe dizer fosse o que fosse, mas aquele estado psicótico de Tom assustava-o. No entanto, o que quer que fosse que ele fizesse o melhor era ninguém se pôr à frente ou ele levava tudo e, naquele estado, Tom não deixaria que ninguém se aproximasse e isso talvez o protegesse, mas ainda assim Bill estava preocupado com aquilo que o irmão podia fazer.

Saiu dos portões que demarcavam o território da propriedade que partilhava com o irmão e decidiu-se a provar que não tinha um R8 meramente para estilo. Acelerou a fundo e chegou a casa de Beatriz antes dos cinco minutos combinados.
- Onde é que ela está? – perguntou demasiado calmamente, encostado à ombreira, assim que Sofia lhe abriu a porta.
- Na sala. – respondeu apontando. – Eu vou deixar-vos sozinhos. – Tom agradeceu-lhe com um gesto de cabeça.
- Bea… - chamou. Beatriz, que até então se mantivera de costas para a porta do compartimento, virou-se e não aguentou as lágrimas assim que viu o corpo de Tom dirigir-se ao seu. Abraçou-o pelo pescoço com toda a força que tinha na altura, não se queria acreditar que tudo o que tinha acontecido naquela noite era verdade. – Calma, eu estou aqui agora. Não te vai acontecer nada. – afagou-lhe carinhosamente a cabeça contra o seu peito definido. – Queres contar-me? – perguntou sentando-se no sofá, ajeitando o corpo encolhido de Beatriz no seu colo e de cabeça enterrada no seu pescoço. Tom podia senti-la tremer a cada golfada de ar que dificilmente respirava.
- Foi tão mau… - soluçou - … não sei como é que consegui sair dali. – olhou sinceramente os olhos de Tom deixando-o vasculhar a sua alma e o seu passado num mero olhar. Estava totalmente apaixonada por ele e sentia-se cada vez melhor nos seus braços. O seu toque acalmava o seu espírito em momentos como este e fazia o seu coração disparar cada vez que estava intimamente com ele. Sabia que lhe podia contar tudo, sabia que podia tornar-se num livro aberto com ele e que nunca a iria julgar pois sabia os motivos. Sabia que podia confiar nele e no seu beijo para simplesmente sarar a dor de que a sua alma sofria. Tom era, por assim dizer, a sua cura natural para tudo.
- O que é que ele te fez? – abraçou-a mais pela cintura e, sem sequer se aperceber, balançava suavemente o corpo como se ela se tratasse de um bebé que tinha acordado a meio da noite com medo do papão. Beatriz estava visivelmente afectada e, para Tom, não era difícil ver isso.
- Não conseguiu nada do que queria… travei-o a tempo e consegui sair. – disse a custo. – Só quero esquecer. – disse honestamente encostando-se mais a Tom. Ele suspirou. Não queria acreditar que a história passada de Beatriz quase se repetira e nas suas barbas. Não podia permitir que ele tentasse sequer vê-la novamente. Podia soar muito mal, podia muita gente julgar que nem fazia parte da sua personalidade mas Tom Kaulitz também tinha um coração e sabia usá-lo.
- Bea… - afastou-lhe a franja dos olhos e olhou-a fundo. - … eu quero que venhas comigo em Tour. – disse. – Não quero sequer saber o que pensas nem tão pouco a tua resposta. Eu quero que estejas a salvo e fora daquela coisa que te tem morto aos poucos, e sei que comigo estás bem porque não deixo que ninguém te toque. – Beatriz deixou que novas lágrimas se formassem nos seus olhos. É claro que queria ir com ele, era claro e isso nem se punha em questão, mas o clube era a única maneira de sustentar a casa e Ryan! Simplesmente não podia deixar aquilo assim, sem mais nem menos.
- Mas é o meu trabalho, Tom é como ganho dinheiro e maneira de sustento! – contrapôs.
- Enquanto estiveres comigo, eu pago. Não quero saber, a tua vida é muito mais importante para mim do que o dinheiro. Não quero saber. – Beatriz agarrou-se ao seu pescoço novamente.
- O Ryan…
- O Ryan também vem! – beijou-lhe carinhosamente a testa. – Quero os dois a salvo comigo.
- Tens noção do que isso significa para mim?
- Tenho noção que não deixo a minha namorada nas mãos daquele filho da puta e tenho noção de que, apesar de ser arriscado, vai resultar.
- A tua namorada… - no meio daquilo tudo conseguiu abrir um leve sorriso.
- A minha namorada. – confirmou levando os seus lábios aos dela selando o compromisso. Era feliz e ninguém lhe podia estragar tal coisa. Muito menos alguém sem escrúpulos alguns. Passou-lhe a mão pelas costas e Beatriz encolheu-se emitindo um gemido de dor. – O que é que tens aqui? – perguntou-lhe, fazendo a mão esquerda entrar pelo seu top do pijama.
- Espetei-me.
- Espetaste-te? – perguntou sem perceber. Beatriz ajeitou-se no seu colo de costas para ele e deixou que lhe subisse o top negro. – O que é que…? – não percebia bem o que era aquilo, estava roxo e coagulado, parecia que tivera sangrado bastante. – Foi ele? – perguntou.
- Atirou-me contra a secretária, não faço ideia no que é que me espetei. – respondeu baixando o top novamente.
- Eu mato-o, sinceramente. – respondeu para si mesmo, levando a mão à testa. Beatriz suspirou aninhando-se nele. – Não seria melhor descansares? – perguntou-lhe fazendo-lhe festas pelo comprido cabelo ruivo.
- Fica comigo… - olhou-o. - … por favor. – Tom sorriu-lhe dando-lhe um beijo na testa.
- Claro que fico.

(…)

O cheiro a café fizera o seu estômago dar sinais de vida e acordar o seu cérebro, o que o fez mexer e refilar de dores devido à posição em que estava. Tinha adormecido novamente no sofá à espera de Tom e a coisa tinha novamente corrido mal. Tinha o corpo dorido do dia anterior e a juntar-se-lhe a isso tinha sobre si o facto de ter dormido todo torcido. Se Tom não lhe desse uma boa explicação certamente que lhe dava um estalo, ou algo mais.
Levantou-se e estalou as costas e o pescoço, dirigindo-se à cozinha.
- Bom dia. – sentou-se pesadamente sobre uma das cadeiras e a cara que Tom trazia naquela manhã imediatamente lhe apagou do memória a noite mal passada.
- Bom dia. – Tom pousou-lhe à frente uma caneca de café acabado de fazer e um prato com duas torradas.
- Chegaste há muito tempo? – perguntou olhando o irmão enquanto dava um gole no café quente, queimando-se. – Merda. – queixou-se.
- 10 minutos, se tanto. – respondeu olhando o relógio, sentando-se à frente do irmão, também acompanhado de uma caneca de café.
- Como é que ela está? – perguntou.
- Mal, é um trauma, Bill. – explicou sucintamente olhando-o.
- E agora?
- Está proibida de pôr os pés no clube e vai em Tour connosco, mais o Ryan. – disse encolhendo os ombros. Bill sorriu, Tom estava extremamente preocupado com ela e notava-se em todos os seus poros que Beatriz não mexia apenas com o seu coração, fazia-lhe muito mais.
- Fazes bem. – bebeu mais um gole do café. – E tu? Estás bem? – perguntou.
- Estou cansado, não dormi nada. – disse sinceramente. Tinha passado a noite toda a observar a maneira de Beatriz dormir e a certificar-se de que ela permanecia bem. A sua veia de protector tinha-se sobreposto a si mesmo e, segundo o seu próprio pensamento, naquela manhã estava um traste, um zombie autêntico.
- Podes dormir na carrinha. – Bill olhou-o.
- Claro e depois nem sequer acordo. – conseguiu emitir um sorriso. Sabia que assim que adormecesse no estado em que estava, provavelmente só acordaria dois dias depois. – Vou tomar um banho e ver se ao menos relaxo. – disse arrumando o prato e a caneca na máquina. Bill acenou afirmativamente e também ele subiu ao andar de cima, esperava-os um dia em cheio.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

[25]

Só digo que vão querer matar alguém no final.

Tom andava atarefado de um lado para o outro do quarto apenas em boxers a enfiar uma data de roupa dentro de malas. Naquele dia tinham a primeira sessão fotográfica das 4 previstas, para fazer.
No momento olhava para um boné aos quadrados e outro negro, totalmente indeciso em qual levar. Decidiu pô-los à vez na cabeça e mirar-se ao espelho, constatando que ambos o deixavam todo bom e que o mais fácil seria depois perguntar ao irmão qual usar na altura. Encolheu os ombros e arrumou as últimas roupas na mala com o maior cuidado do mundo, afinal não se podia dar ao luxo de chegar lá com tudo amarrotado. “Devo ficar lindo a passar a ferro!” gargalhou consigo mesmo ouvindo no segundo seguinte alguma coisa a cair estrilhosamente no chão.
- Bill? – perguntou ao sair do quarto e olhar para o fundo do corredor onde o irmão, não sabia bem como, estava estatelado no chão à porta da casa de banho comum. – Bill! – chegou-se a ele.
- Oh, bom dia Tom! – disse, demasiado feliz.
- Estás bem, puto? – perguntou ajoelhando-se ao lado dele, preocupado.
- Ya. – disse descontraidamente.
- Ahm, então o que é que estás a fazer estendido no chão e que raio de barulho foi aquele? – perguntou olhando-o, examinando o seu corpo a ver se não tinha qualquer tipo de mossa ou arranhão.
- Barulho? – perguntou sentando-se de costas para Tom.
- Sim. Não ouviste?
- Eu não. – levantou-se de vez e entrou na casa de banho à procura de um perfume que por ali tinha deixado. Tom levantou-se também e voltou a passar os olhos pelo corpo de Bill. “Mas porque raio é que ele estava deitado no chão? Será que bateu nalgum lado?” perguntou-se. – Tom, eu sei que sou bom mas escusas de me estar a olhar minuciosamente, o que é que foi? – perguntou, baixando a cabeça até o seu olhar fixar o de Tom.
- Estás bem? – Tom perguntou, nem sequer ligando àquilo que o irmão dissera.
- Sim... – deu ênfase à palavra. – Que foi!? – deu-lhe um abanão com a mão, no ombro.
- O que é que estavas a fazer aqui deitado? – apontou o chão da casa de banho e do corredor, visto que Bill tinha as pernas no compartimento e o tronco fora.
- Estava a endireitar as costas. – respondeu com a maior naturalidade do mundo. – Era necessário uma superfície extremamente direita para isso. - Tom elevou a sobrancelha esquerda sem perceber patavina.
- E vens endireitar as costas para o chão frio em vez de o fazeres no tapete do quarto que além de quente é confortável? – perguntou, mais para si que para ele.
- Tenho calor e o tapete é quente. – respondeu virando-lhe costas. – Agora vai-te vestir que daqui a nada estamos mas’é atrasados! – disse abrindo o perfume para constatar que ainda cheirava bem. Entrou no quarto.
Tom ficou com cara de parvo a ver o irmão fechar a porta. “Han?” A sério o seu cérebro pouco capacitado no momento não tinha percebido a ligação entre as costas, o chão e o tapete. Mas certamente a culpa não era de Tom pois eu também não percebi.

Voltou ao quarto e, vestindo-se e arrumando as duas malas em condições, desceu ao andar de baixo para encontrar o seu adorado cão esparramado no sofá e a taça dos chocolates do Bill totalmente em cacos, sobre o tapete vermelho sangue.
- Ah! – exclamou, apercebendo-se de que provavelmente fora aquilo que ouvira partir-se uns minutos antes. O cão, que mantinha as quatro patas no ar enquanto dormia com a cabeça fora do sofá, mexeu-se ligeiramente ao ouvir a voz fina que saíra da boca de Tom com a exclamação. – O Bill vai-te matar. – riu-se olhando o animal às manchas.
- Quem é que eu vou matar? – Bill chegara no momento pousando as malas à porta da sala. Tom apontou os cacos. – Os meus chocolates!! E a minha taça preferida! – olhou Tom.
- Hey, não fui eu! – levou as mãos ao ar em defesa. Bill olhou o cão e seguidamente Tom outra vez. – Não sei, pergunta-lhe. – riu-se saindo da sala planeando ir comer qualquer coisa.
- Pergunta-lhe… pff como se ele falasse. – acenou negativamente com a cabeça e começou a apanhar os cacos e os chocolates, separando-os.
Tom voltou mas agora a comer uma sandes.
- Queres ajuda? – perguntou com um sorriso trocista.
- Parvo. – como se ele fosse mesmo ajudar! Dirigiu-se à cozinha. Tom sentou-se na parte do sofá que não estava ocupada pelo seu amigo de quatro patas e, ao pender a mão pelo braço do sofá sentiu o canino que pertencia ao irmão. Espreitou na sua direcção e a maneira como ele estava encolhido despertou a atenção de Tom, acusando-o.
- Foste tu, não foste? – perguntou-lhe e o cão ladrou por ele lhe ter, simplesmente, falado. Tom riu-se ao vê-lo desatar a correr assim que Bill apareceu novamente na sala. – Agarra que é ladrão! – disse apontando o cão. Bill riu-se da figura do irmão. – Ou culpado. – acrescentou para si, pensando melhor.
- Agarra tu que estamos atrasados! – disse-lhe ainda a rir. Tom levantou-se e, passando a mão pela barriga do animal ainda adormecido sobre o fofo sofá, dirigiu-se à saída.

(…)

Beatriz entrou no clube com um pressentimento fora do normal. Sentia o seu coração demasiado acelerado para aquilo a que vinha. No entanto, deixou andar talvez aquele nervosismo fosse apenas pelo facto de estar atrasada.

Desceu do palco na mesma acrobacia do costume e, tal como todas as outras vezes, imediatamente se encaminhou para o seu canto.
- Hannah. – a voz forte e autoritária de que tinha sido safa por Georg há uns dias atrás impunha-se novamente aos seus ouvidos e, desta vez, Beatriz não tinha saída possível.
- Sim? – virou-se para o puder encarar nos olhos. Não sabia como ainda conseguia olhar aquele tipo de maneira tão segura. Sentia as pernas tremer, sentia o coração acelerar e pelo seu pensamento passavam dois nomes: Tom e Ryan. Não sabia porquê mas naquela noite e perante aquele olhar o seu medo tornava-se maior por eles.
- Vem comigo. – sorriu-lhe e chamou-a com o dedo indicador. Beatriz seguiu-o até ao seu gabinete, umas portas mais à frente.
- Precisas de alguma coisa? – perguntou. Fosse pelo que fosse nunca o iria tratar por outra pessoa que não a segunda do singular, afinal tudo aquilo que ele já lhe tinha feito não mostrava qualquer respeito.
- Preciso de algo que só tu dás a este clube… - disse aproximando o corpo do dela, que mantinha vestido um mero soutien e umas meias de ligas vermelhas fixas às cuecas rendadas. - … sexo do bom. – Beatriz sentiu a sua espinha arrepiar e todos pêlos do seu corpo eriçarem. É que não lhe faltava mais nada! Conteve as lágrimas e o pensamento da violação. Não podia dar parte fraca, não podia fazer nada que a denunciasse. Por mais que quisesse sair daquele clube e por mais vezes que Tom lhe pedisse, Beatriz teria que aguentar a situação. Sabia que não era assim tão fácil de desistir, fugindo. Assim que Charles soubesse o que se passava (e era certo que não demoraria muito tempo) as vidas de Ryan e de Tom estariam em perigo e, isso, Beatriz não podia permitir.

Respirou fundo e sentiu as mãos de Charles agarrarem a sua cintura puxando o seu corpo contra o dele, farto e sem qualquer tipo de atracção física. Charles não tinha um bom porte físico, não tinha nada onde Beatriz pudesse prender os olhos e deixá-lo simplesmente tê-la. Era impossível contrariar uma situação daquelas com um homem daqueles. Simplesmente nojento, ao seu olhar.
Pousou as mãos nos ombros dele e ao ver a imagem de Tom passar-lhe pelos olhos empurrou-o contra a secretária. Parecia um filme.
- Hey! – ele, vendo que aquilo não fazia parte da brincadeira sexual que ela poderia querer jogar, rapidamente retomou o equilíbrio e a encostou à parede, agarrando-o pelo pescoço, como que a sufocando. Beatriz não teve sequer tempo de se dirigir à porta e sair a correr daquele bloco. – O que é que pensas que estás a fazer?! – perguntou encostando os lábios aos dela. Beatriz cuspiu-lhe. – Cabra! Que fazes!? – limpou a sua boca com a manga da camisa suja que vestia.
- Largue-me! – disse a custo tentando mover os braços, mas também ele os prendera atrás das suas costas com a mão livre.
- Não largo nada… - riu-se. - … apetece-me ser eu a requisitar-te por hoje achas que dá, docinho? – Beatriz cerrou os dentes e tentou mover mais uma vez as mãos, mas os seus pulsos estavam presos atrás das suas costas. Charles riu ao perceber que a rapariga estava inteiramente ao seu controlo. Atirou-a fortemente contra a parede e Beatriz caiu no chão, levando a mão ao ombro. Ele dirigiu-se à porta e trancou-a atirando a chave ao ar, nem dando tempo de ver onde tivera caído.

- Não sais daqui até eu ter o que quero. – olhou-a sentada no chão contra a parede e rindo-se da sua pobre figura, despiu-se completamente. Beatriz elevou o olhar e pôde observar mais uma vez o corpo que a invadira sem qualquer tipo de autorização há quase quatro anos atrás. Baixou a cabeça contra os joelhos voltando a ver aquelas imagens passarem pela sua cabeça como se de um filme se tratasse. Podia jurar que estava a ver a cena projectada num ecrã gigante onde ela era a protagonista da peça extremamente violenta e traumatizante.
Sentiu-o agarrá-la e novamente encostá-la à parede, mas desta vez as suas mãos não procuravam macerá-la mas despi-la. Beatriz deixou que duas grossas lágrimas abandonassem os seus olhos em simultâneo. “Isto não me está a acontecer… isto não me está a acontecer…” proferia mentalmente para si mesma, ao mesmo tempo que sentia as suas roupas serem arrancadas do seu curvilíneo corpo. Podia conjecturar os lábios dele no seu pescoço e as suas mãos à volta do seu rabo, apalpando-o sem pudor e com fé de quem estava a gostar demasiado. Sentia-se arder por dentro, estava a queimar-se. A queimar-se com todas as recordações que agora voltavam ao de cima e voltavam a repetir-se. Perguntava-se quem era e que mal fizera noutra vida para merecer aquilo, simplesmente não merecia.

Tom.

Ouvia o nome dele ser pronunciado pela sua mente vezes e vezes sem conta, como que pedindo ajuda mental, mas nada. Ela não arranjava forças para se mover, já Charles permanecia em forma pois Beatriz era agora atirada para cima da secretária, sentindo qualquer coisa afiada espetar-se nas suas costas nuas. Soltou um gemido de dor e as lágrimas voltaram a aflorar-lhe a pele. Estava exausta. Cansada de toda a situação que vivia e de tudo aquilo que já tinha vivido até ali. O sofrimento e a culpa, no seu corpo, andavam de mãos dadas e não queriam saber da felicidade e do amor para nada, mas Beatriz queria. Elevou as costas e o que quer que seja que estava cravado nelas soltou-se, fazendo-a queixar-se novamente. Sentiu Charles beijar-lhe o peito praticamente desnudado e o som do seu coração conseguiu falar mais alto. Não era nada nem ninguém se não conseguisse ultrapassar aquilo! Não era digna de se sentir feliz se não se conseguisse livrar daquele verme! Não era mãe de Ryan nem apaixonada por Tom se aquela tortura não acabasse ali e agora! Tentando arranjar um posição confortável na secretária elevou o joelho acertando nas partes intimas do patrão.
Charles cambaleou vagamente e olhou-a.
- Isso é para quê? – perguntou retoricamente. Beatriz saltou da secretária e arranjou as forças de que necessitava para o empurrar, fazendo-o estender-se no chão. Colocou-se ao lado dele e, visto ainda se manter devidamente calçada nos saltos altos, pontapeou o estômago dele duas vezes e, sem se conter, levou o pé ao sítio a que tinha levado o joelho há instantes atrás, aos testículos. Com Charles a gemer no chão e as suas lágrimas a caírem em cachoeira, a última coisa a fazer era procurar a chave e sair daquele lugar o quanto antes.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

[24]

Bem, estou a escassear os capitulos que tenho e como tal não sei quando vou postar o próximo, mas certamente será dentro de três ou quatro dias ;) Só começo as aulas para a semana por isso talvez vá aproveitar os momentos mortos que ainda vou ter durante esta semana. Para quem começou as aulas hoje, boa sorte x)


Estava totalmente morto para saber o que é que o irmão e a melhor amiga da sua pseudo-namorada tinham andado a fazer, visto terem desaparecido naquela noite e de manhã a única coisa que conseguira fazer fora dar um beijo a Beatriz para ser imediatamente arrastado pelo irmão com a inerente notícia de que David os queria rapidamente no estúdio. Sublinhemos o rapidamente.

Estavam a caminho do estúdio quando Tom não conseguiu conter mais a curiosidade e perguntou ao irmão o que se tinha passado. Bill riu-se.
- Estava mesmo à espera que perguntasses! Custou muito conteres-te? – perguntou, conhecia demasiado bem aquele ser seu semelhante para não saber que Tom estava totalmente roído de curiosidade.
- Isso não interessa. – respondeu Tom – Vocês enrolaram-se?! – perguntou directamente buzinando a um sujeito qualquer que decidiu fazer marcha atrás de um momento para o outro. – Cabrão. – resmungou desviando-se e retomando rapidamente a velocidade, afinal tinha que ser rápido a chegar ao estúdio. Segundo Bill está claro. – Mas vá, conta! – voltou a dirigir as atenções visuais à estrada e as auditivas ao irmão.
- Tens a certeza que queres saber se eu me enrolei com ela? – perguntou. Tom ficou baralhado. Seria o irmão assim tão bom na cama, o sexo teria sido assim tão agressivo e possuidor que Bill nem lhe queria contar? “Deixa-te de parvoíces, Tom!” a sua consciência falara-lhe.
- Quero. – respondeu encolhendo os ombros.
- Não aconteceu nada. – Tom engasgou-se com a própria saliva.
- Bill! – disse alternando os olhos do irmão com a estrada.
- Que é? – perguntou meio surpreendido.
- Uma miúda toda boa e tu não fizeste nada?! – perguntou parvo.
- Era o primeiro encontro, Tom! Não me ia atirar à rapariga assim sem mais nem menos! – não é que Bill não o tivesse pensado fazer, não é que o seu corpo não pedisse pelo dela, não é que não tivesse sentido desejo mas simplesmente não a conhecia, e a juntar a isso a sua falta de lucidez perto do corpo de Sofia não lhe fazia bem e prendia-lhe os movimentos. Sentia-se um total parvo em frente a ela. Algo sem razão.
- Meu Deus! E eu a pensar que não eras um santinho, afinal enganei-me, caraças és mesmo! – remordeu, pensado que se calhar os genes não eram assim tão parecidos. “Mas é teu irmão, Tom!” Lá estava a consciência, tinha realmente de a obrigar a fazer as malas e expulsá-la da sua cabeça, volta e meia dava-lhe demasiadas informações.
- Oh. – cruzou os braços e olhou a estrada não a olhando verdadeiramente.
- Mas vá, resolveram-se? – perguntou algo interessado, afinal era a felicidade do irmão que estava em jogo e isso era um tema que lhe interessava.
- Mais ou menos.
- A seguir vais-me dizer que não houve beijo? – perguntou meio chocado.
- Não.
- Não o quê?! Não houve beijo? Ou não à minha pergunta? – perguntou confuso.
- Não à tua pergunta. – revelou com um sorriso.
- Tu estás mesmo apanhadinho pareces os putos quando têm a primeira paixão. – riu-se suspirando, afinal tinha havido qualquer coisa.
- Como se tu pudesses falar muito! É a primeira vez que estás verdadeiramente apaixonado. – atirou, saindo do carro assim que Tom o parou no pátio do estúdio dos Tokio Hotel.
Tom encolheu os ombros. Sim era a primeira vez que estava verdadeiramente apaixonado e depois? Era suposto ter sido mais cedo?
- Vens ou não? – Bill chamou-o interrompendo a sua linha de pensamentos. Respondeu-lhe e entrou no estúdio, meramente para saber que as duas semanas que faltavam até à Tour seriam passadas entre entrevistas e sessões fotográficas. Certamente ia matar o irmão, afinal eles quase se tiveram espetado num sujeito marado que não sabia o que era a marcha atrás, porque o assunto era extremamente importante!
Encolheu os ombros suspirando e sentou-se no sofá, ligando a televisão.

(…)

Beatriz entrou em casa, depois de deixar Ryan na escola, e deu de caras com um sorriso na cara da melhor amiga.
- Conta-me! – foi a única coisa que Beatriz disse empurrando-a para a sala, fazendo-a sentar-se no sofá sentando-se à sua frente, na pequena mesa de vidro. – Bill Kaulitz é… - fez gestos com as mãos a ver a se Sofia entendia.
- … é um excelente beijador.
- E…? – Beatriz estava curiosa, afinal Sofia já queria o seu príncipe idealizado há tanto tempo e do nada tinha tido um clique com o irmão de Tom, não seria isso motivo para curiosidade?
- E o quê? – perguntou sem perceber.
- E vocês coiso e tal e tal e coiso…? – Sofia riu-se voltando à noite anterior por instantes, contando-a a Beatriz.

[Flashback]

- Trabalhas? – Bill teve que quebrar o silêncio que se instalara assim que Tom abandonou a sala.
- Acabei o curso há umas semanas, neste momento estou de férias e à procura de trabalho. – disse tentado olhá-lo nos olhos mas sentindo o seu coração demasiado acelerado para isso.
- Em que área? – perguntou, meramente para meter conversa.
- Relações públicas. – respondeu, mas desta vez olhou fundo nos olhos do vocalista e, por um mero impulso animal, encostou os seus lábios aos dele de tão perto que estavam. Sentiu borboletas levantarem voo no seu estômago e as suas mãos dirigirem-se ao pescoço do rapaz.
Bill sobressaltou-se ao sentir a textura suave dos seus lábios vermelhos contra os seus. Ela sabia bem, demasiado bem. Aprofundando o beijo, brincando com o seu piercing na língua dela, deixou que o seu corpo se fizesse sobre o dela, deitando-se lentamente sobre o sofá. Percorreu a sua cintura com as mãos e deu-se ao prazer de sentir a sua pele delicada com a ponta dos dedos, arranhando-a esporádica e estrategicamente.
Sofia deixou-se levar por ele, pelo corpo dele e pelos seus lábios que lhe infligiam prazer de diversas maneiras. O piercing que ele possuía na língua excitava-a com um simples toque e a juntar a isso Bill sabia manobrá-lo como ninguém. Quebraram um dos beijos e juntaram as testas de respirações ofegantes.
- Queres ver o meu quarto? – sussurrou Sofia contra os lábios de Bill. Ele simplesmente fechou os olhos e acenou afirmativamente que sim.

[/flashback]

- Claro e paras na melhor parte! – Beatriz refilou cruzando os braços. Sofia riu-se.
- Só conversámos… se bem que o corpo dele denotou mais qualquer coisa… - riu-se.
- Ai tu deixaste o rapaz a arder, portanto? – Beatriz esbugalhou os olhos.
- É, foi mais ou menos isso. – disse descontraída.
- Logo tu que és louca por sexo. – disse, ainda em espanto.
- Ora! – exclamou – Por quem me tomas?
- Pela Sofia Sexo Ditto. – riu-se em altas gargalhadas.
- Estúpida! – atirou-lhe uma almofada.
- Mas porque é que decidiste não levar a coisa ao próximo passo? – perguntou mais seriamente.
- Conheci-o hoje e ele também me pareceu não querer, acho que tem a mesma opinião que eu.
- Conheceste-o hoje, então e os outros todos com que dormes para satisfazer necessidades biológicas? – perguntou citando o que Sofia costumava dizer.
- Os outros são isso mesmo… necessidades biológicas. – explicou. – O Bill não é só físico é algo mais… - disse pensativa, suspirando deitando o corpo para trás. Beatriz sorriu.
- Apaixonaste-te mesmo.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

[23]

Acho uma certa piada a este capítulo mas também o acho extremamente lamechas e talvez mereça uma bolinha laranja xD. De qualquer das maneiras acho que é importante no que toca à ligação entre o Tom e a Bea ;)



Próximo, segunda ou terça (:


Iria dar em doido se continuasse sentado ao seu lado sem fazer absolutamente nada com ela. Aquele olhar esmeralda, aquela gargalhada, aquele sorriso, até a sua maneira de sentar ele achava qualquer coisa de divino! Não se aguentava em si durante muito mais tempo, não tão perto dela, do seu corpo. Seria mesmo possível ter-se apaixonado à primeira vista? Assim sem mais nem menos? Terá realmente acontecido consigo aquilo que sempre idealizara existir e talvez concretizar? Bill acreditava que sim e acreditava que também ela não lhe ficara totalmente indiferente. A sua postura perante a dele tinha atrapalhado o seu organismo e ele conseguia vê-lo.
Olhou novamente a televisão apercebendo-se de que passavam os créditos e que o filme chegara ao fim, mas verdade seja dita que ele nem sabia que filme era ou do que tratava. A sua cabeça e os seus olhos tinham estado o tempo todo cravados nela, na sua beleza, naquela essência que enchia a sala de uma felicidade inigualável. Não conhecia Sofia de lado nenhum, mas a partir deste momento seria ela o motor de ignição para o seu coração trabalhar.
Sentou-se mais confortavelmente no sofá observando Beatriz sair da sala com o pequeno Ryan nos braços, ao que pôde perceber ele adormecera.
- Gostaram do filme? – fora Sofia que falara, fazendo o coração de Bill parar para começar a bater de uma maneira totalmente alucinante, uns segundos depois.
- Gostei mais do primeiro, mas também não é um tipo de filme que goste. – Tom expressara a sua opinião ao ver a cara de parvo que o irmão adquirira. – És da minha opinião, não é Bill? – tentou tirá-lo da poça, afinal sabia perfeitamente que Bill não prestara a mínima atenção ao filme, e apostava até mesmo que não sabia sequer que filme era.
- Sim. – disse confiante, olhando Sofia nos olhos sentindo-se fraquejar interiormente. – Gostei mais do primeiro também. – Sofia sorriu ao observar um misto de incerteza e nervosismo na voz do vocalista. Não sabia o que aquilo era, mas sabia que ela tinha a mesma sensação. Nunca pensou que o ídolo de tantas raparigas no mundo e um dos grandes ícones da moda causasse tanto impacto no seu ser e na sua maneira de agir perante ele. Estava um tanto atordoada e tinha um desejo imenso de sentir os seus lábios carnudos e poder explorar de uma vez por todas o piercing que sabia ele esconder na língua.

Tom olhou o momento com um sorriso trocista nos lábios e decidiu abandonar a sala. Não estava propriamente para ver o seu irmão atacar a rapariga com uma fome desmedida, se bem que até era um sonho seu ver Bill nessas figuras. Soltou uma gargalhada interior e observou Beatriz ao fundo do corredor. Fez-lhe sinal que não fosse para a sala e que se juntasse a si na cozinha.
- Não sei porquê mas tenho a sensação que o Bill e a Sofia se comem a qualquer momento no sofá! – ele gozou agarrando a rapariga pelas ancas, encostando-a ao balcão da cozinha. Ela rodeou o seu pescoço com os braços.
- Já é de esperar. Tu reparaste bem que eles não tiravam os olhos um do outro? – riu-se encostando os lábios aos do guitarrista, beijando-os carinhosamente.
- Ya. – riu com ela e impulsionou-a sobre o balcão, fazendo-a sentar-se e encaixou-se entre as suas pernas, passeando as mãos pelo seu rabo e pelas suas costas enquanto explorava os seus lábios matando todas as saudades que tivera de os beijar.
Beatriz brincou com a língua no piercing que Tom possuía no lábio inferior e sentiu-se suspirar ao descer à Terra por minutos e aperceber-se de que o que vivia no momento não era mais um dos seus sonhos nocturnos que, ao acordar, desejava que fossem realidade. Não. Aquilo era real, ela tinha Tom nos braços e podia senti-lo explorar o seu pescoço daquela maneira tão própria que ele possuía. Podia sentir o seu aroma invadir as suas narinas e podia dar-se ao luxo de sorrir perante as mãos atrevidas que passeavam no interior do seu top, fazendo a sua pele arrepiar a cada passagem mais feroz. Beijou Tom de forma aliciante e extremamente apaixonada antes de o travar.
- Não será mais seguro fazermos isso no quarto? – perguntou beijando-lhe a ponta do nariz, visto que estava ligeiramente mais alta que Tom.
- És capaz de ter razão. – sorriu-lhe e rodeou o rabo de Beatriz com ambas as mãos dirigindo assim ambos os corpos ao quarto que já tivera presenciado o que os unia. Sem se importar minimamente com o que se passava na sala pousou Beatriz sobre a cama e retirando a própria t-shirt colou o seu corpo ao dela. Tinha tantas saudades daquele corpo. Seria possível ter estado apenas uma semana longe dela para se sentir assim? Idolatrava quem conseguia, porque para ele parecia impossível. Como tal a ideia de ela vir em Tour consigo não era com certeza uma miragem.
Antes de dar por si baralhado em pensamentos, Beatriz tinha tomado o controlo da situação e debruçava-se sobre si com o tronco coberto apenas pelo soutien negro rendado, mas não por muito tempo. Beijou os seus lábios de forma empenhada e sentida e desceu-os até ao seu pescoço, ao mesmo tempo que as suas mãos desapertavam a peça de roupa que, na altura, o estava a incomodar. Sentiu-se excitar assim que a pele quente e extremamente suave dela tocou a sua, contrastando com o frio daquele piercing que ela possuía num sítio tão íntimo como o mamilo. Tom sorriu perante a ideia de que apenas ele podia brincar com ele e que apenas ele tinha direitos reservados. Virou-a na cama e explorou o seu peito como sempre o fizera desde que a conhecia. Gostava de a explorar, gostava de sentir os seus lábios navegar sobre a sua pele e adorava todas as expressões que Beatriz fazia assim que os seus lábios a tocavam. Podia estar muito enganado, mas entre os dois só existia uma única coisa naquele momento: magia.

Beatriz sentiu a sua respiração adensar ao sentir Tom aproximar-se da sua cintura e remover-lhe a curta saia num simples movimento. Ele tinha o poder de a deixar aos seus pés em tempo record. Ganhou forças e levando as mãos aos seus largos ombros empurrou Tom contra a porta do quarto. Ele soltou uma gargalhada e assistiu à sua aproximação. O seu caminhar sensual e a maneira como todo o seu corpo vibrava à medida que punha um pé à frente do outro dava-lhe a sensação de câmara lenta, e isso, sem dúvida que o incendiava. Agarrou Beatriz pelas nádegas e trocou de posição com ela. Por muito que Beatriz resistisse, Tom conseguia sempre dominar o seu corpo. Apelidava-se de fraca na sua presença, pois não podia dizer que resistir aos seus encantos era fácil porque não, não era de todo. Levou as mãos às calças dele e num simples desfivelar de cinto deixou-o em boxers que, ao que via, já lhe estavam demasiado apertados. Sorriu-lhe depois de cruzar o olhar com o dele e ajoelhou-se removendo-lhe a peça de roupa negra. Deu-lhe um beijo sobre o baixo-ventre e, arrastando a língua pelos seus abdominais e peitorais definidos, depositou um beijo sensual e enfeitiçado nos seus lábios.
Tom sentiu as pernas fraquejar e abraçou-se à sua cintura, de modo a manter o equilíbrio. Ela tirava-lhe a maneira séria de pensar. Imitou-a e descendo até aos seus pés, beijando-lhe sensualmente o umbigo removeu-lhe as cuecas negras e igualmente rendadas.
Beatriz empurrou-o suavemente até à cama e sentando-se sobre a cintura de Tom debruçou o corpo até à mesa-de-cabeceira encontrando uma embalagem quadrada. Quando Tom sentiu a mão de Beatriz regressar ao seu corpo acompanhada da embalagem não conduziu o corpo e atirou o dela para o seu lado esquerdo, tomando controlo da situação, colocando o preservativo. Beatriz aproximou a boca do ouvido de Tom sussurrando-lhe de maneira ofegante:
- Faz amor comigo, Tom. – Tom sentiu o seu corpo ganhar vida por entre as mãos dela. Sentiu o seu coração ganhar mais ritmo (como se isso fosse até possível!) contra o seu peito. Sentiu-se por instantes perdido no meio de uma cascata de sentimentos que nunca sentira mas que já ouvira falar, embora vagamente.
- Faço. – cravou os seus olhos nos dela e penetrou-a ao depositar-lhe um beijo sobre os lábios carnudos e já tão flexíveis aos seus.
Em movimentos pélvicos compassados Tom podia jurar que sentia a sua mente ligar-se de alguma maneira aos pensamentos de Beatriz, podia jurar que nunca tivera tido experiência igual em toda a sua vida. Ou estava prestes a acordar do melhor sonho que alguma vez tivera ou provavelmente tinha tocado o céu e provado as nuvens. Aumentou o ritmo e olhou novamente os olhos de Beatriz que se fixavam em si e nas expressões que ele não fazia sequer ideia de produzir, para ver nascer um sorriso fraco mas feliz nos seus lábios e de a ver levar a cabeça contra a almofada sentindo tudo aquilo que ambos partilhavam. Sentiu um primeiro espasmo percorrer o corpo dela e sorrira com as expressões deleitadas que a sua cara adquiria. Se algum dia desejou viver um momento para sempre, aquele certamente era o momento. Desejava imortalizar aquelas expressões e aqueles gemidos baixos que continham o seu nome.

- Olha para mim… - pediu impulsivamente ao sentir o seu corpo começar a contrair numa onda de prazer infindável. Queria vê-la atingir o orgasmo ao mesmo tempo que ele e saber qual era a sensação. Queria aproveitar cada bocadinho que bebia do seu corpo e guardá-lo para sempre em si.
Beatriz obedeceu abrindo os olhos encontrando o sorriso cansado de Tom e, quando o sentiu aumentar novamente o ritmo a que a penetrava, uma onda de calor e calafrios percorreram as suas costas, enrijecendo o seu corpo obrigando-se a distender segundos mais tarde. Sentiu o corpo de Tom sobre si levar o mesmo caminho e abraçou-o depositando-lhe um beijo sobre o pescoço molhado.
Tom deixou o seu peso recair sobre o dela, mantendo-se no seu interior sentindo-a pulsar. Beatriz agarrou a sua cabeça com ambas e mãos e num sorriso totalmente feliz e realizado beijou os lábios do guitarrista.
- Eu adoro-te, Tommy. – talvez a voz lhe tenha saído demasiado fina e infantil, mas era assim que se sentia no momento: uma criança, totalmente feliz, sem preocupações ou obrigações. Era simplesmente a Beatriz.
- Eu também te adoro, Bea. – riu-se rodando para o seu lado da cama, depositando-lhe um beijo sobre o ombro despido.

Entre carícias, beijos, afectos e outras coisas que faziam parte do momento Beatriz lembrou-se de que deixaram dois elementos totalmente aluados naquela casa.
- A Sofia e o Bill! – disse de repetente, assustando Tom que estava deitado sobre o seu peito desnudado.
- Ai, tu não me assustes assim, mulher! – respondeu elevando os olhos até aos dela que se riu.
- Mexe-te! – disse saltando da cama começando a vestir aquilo que tinha voado do seu corpo uns bons momentos antes. Tom imitou-a e depois de vestido seguiu-a lentamente até à sala e darem ambos conta que estava vazia. Não havia sinal quer de Sofia quer de Bill.
Tom riu-se. Com que então Bill refilava de ele ter sexo com desconhecidas mas ele fazia o mesmo. Bem, ao menos assim sabia que era dos genes.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

[22]

Próximo, quinta (:


- O clube fica naquela rua, certo? – Bill perguntou ao irmão, assim que saíram do Audi R8 e se encaminhavam para a porta do apartamento de Beatriz.
- Sim. – Tom estava extremamente ansioso. Sentia o seu ritmo cardíaco demasiado brando, anunciando que assim que a visse possivelmente aceleraria demais. Estava algo tenso e até curioso, não sabia o que encontrar, não quando o irmão vinha consigo e iria apresentar-lha. Bem, não podia dizer que Bill não iria gostar dela porque ele já a idolatrava sem a conhecer, mas ainda assim tinha uma sensação esquisita com o que se podia passar naquela noite, e essa sensação era com toda a certeza passada por Bill, não por si.
- Descontrai. – deu um encontrão amigável ao ombro do irmão quando o viu levar a mão à campainha. Tom respirou fundo.

- Boa noite. – aquela voz, aquele corpo, aquele perfume. Tinha chegado ao paraíso ou então estava a sonhar. Ver aquele sorriso novamente ao vivo parecia irreal. Sentia-se simplesmente feliz apenas com aquela visão. – Entrem. – Beatriz parecia muito mais descontraída do que aquilo que de facto estava. Estar outra vez em contacto com os olhos de Tom tinha feito o seu coração acelerar de maneira demasiado brusca e intensa. Estava novamente na presença dele e isso, isso era extremamente gratificante.
- Bea. – Tom abraçou-se à cintura dela, sentindo-a rodear o seu pescoço com os braços e depositar nele um suave beijo que o fez arrepiar da cabeça aos pés. Tinham conseguido chegar ao momento pelo qual esperaram durante uma semana.
Tom tinha mesmo que ponderar pedir-lhe para que fosse em Tour consigo ou então o seu corpo e o seu frágil e novato coração não iam aguentar tamanha ausência.
Bill encostou-se à ombreira da porta, não podia fazer mais nada perante aquela situação e não iria entrar em casa dela assim sem mais nem menos, por isso era literalmente obrigado a ver a cena lamechas que se passava à sua frente. Se Tom lhe voltasse a dizer que não era piegas, Bill dava-lhe um estalo. “Na certa.” completou o pensamento.

- Bea, é o Bill! – ao quebrar o longo beijo que ainda não fora suficiente para matar saudades dos lábios dela, Tom decidiu fazer as honras, esticando o braço até ao ombro do irmão.
- Finalmente! – Beatriz riu-se com o comentário de Bill.
- A quem o dizes! – deu-lhe dois beijinhos e um abraço de modo a cumprimentá-lo. – Entrem. – fechou a porta atrás de si e indicou-lhes a sala. – Sofia. – chamou espreitando na cozinha, onde a amiga finalizava a maquilhagem. – Eles chegaram.
- Vamos lá ver se Bill Kaulitz é mais giro ao vivo. – riu-se.
- Conhece-lo? – perguntou.
- Bea, não há ninguém na Alemanha que não conheça o Bill Kaulitz. – disse dando-lhe um beijo na testa. Beatriz encolheu os ombros e seguiu-a, sendo obrigada a parar atrás dela quando Sofia estancara sem mais nem menos.

- Olá… - a voz de Sofia ficara presa na sua garganta assim que os seus olhos cruzaram os dele, hoje ao natural, sem qualquer tipo de maquilhagem ou adorno menos próprio num rapaz dito normal. Sentia o seu coração bater desenfreadamente e mal conseguia raciocinar, estava confusa mas estranhamente feliz. Tinha o cérebro num caos e a respiração a adensar sem saber porquê. O seu estômago remexia-se a uma velocidade pouco normal e sentia frias gotas de suor formarem-se ao longo de todos os poros do seu corpo. Para si, o tempo parecia ter parado indefinidamente, ficando preso no seu olhar castanho chocolate. Bill Kaulitz era perfeito ao vivo e, perante o olhar de Sofia, demasiado perfeito.
- Olá. – Bill não podia deixar de sorrir ao vê-la entrar na sala e ao ouvir a sua voz suave e extremamente sensual.
Mantinha um sorriso estúpido nos lábios e um calor abrasador nas bochechas. Jurava a si mesmo que estava absolutamente corado em frente a ela. O verde do seu olhar esmeralda era qualquer coisa de paradisíaco e os seus lábios pareciam desenhados, sendo brevemente delineados a vermelho. Ouvia o seu coração bater aos seus ouvidos dando-lhe a sensação de que vivia um filme. Um filme romântico e daqueles que possivelmente o fariam desfazer-se em lágrimas de tão bonito que ele o iria achar. Conseguia ver-se a si mesmo naquela rapariga como se se visse ao espelho, como se a reflexão da sua alma se encontrasse à sua frente naquele preciso instante. Como se a sua alma gémea, perdida por tempo indefinido, estivesse finalmente a regressar a si. Sofia parecia ser a pessoa mais pura, mais bonita e mais sensual à face da Terra perante os seus olhos.

- Bill. – fora o Kaulitz que tomara a iniciativa de se levantar e se dirigir à rapariga dos olhos verdes.
- Sofia. – ela acordou dos pensamentos quando o viu tão próximo de si, mas tamanha proximidade deixou-a perdida novamente. Cumprimentou-o com dois beijinhos na face suave e um sorriso inevitável foi trocado pelos dois. Parecia magia, faísca instantânea que queimava quem tencionasse apagá-la. Estavam oficialmente hipnotizados pelo outro. – Não é melhor chamar o Ryan? – perguntou Sofia ainda atordoada com o momento. O que é que se tinha passado ali?
- Sim, sim. – Beatriz voltou ao corredor e chamou pelo pequeno que entrou pouco tempo depois na sala, aos saltos.

- Tom! – fora o único nome que Ryan pronunciara assim que os seus olhos repousaram sobre os presentes no compartimento.
- Olá, Ryan. – Tom respondera-lhe levantando-se e assistindo a uma corrida desenfreada do pequeno até si. Beatriz sorriu ao ver tal cena. Aquilo estaria mesmo a acontecer? Olhou Sofia, agora já mais desperta, que lhe sorriu também ao perceber que, de facto, Ryan tinha achado o Tom qualquer coisa de especial.
Tom elevou Ryan nos braços e sentiu-o abraçar-se ao seu pescoço. Não podia negar que a situação não se tornava um bocadinho constrangedora, era apenas a segunda vez que estava com Ryan e o seu à-vontade para com ele não era o maior, mas ao que parecia Ryan tinha simpatizado consigo.
- Quem é? – perguntou ao reparar na presença de Bill.
- É irmão do Tom, filho. – fora Beatriz que respondera. Ryan saltou do colo de Tom e aproximou-se de Bill que lhe sorriu.
- Olá. – Ryan sorriu também abraçando as pernas de Bill, que lhe afagou a cabeça. Não negava que adorava crianças.
- Eu não sei o que vocês os dois têm mas ele não simpatiza logo com toda a gente desta maneira. – fora Sofia que fizera a observação. – Até assusta. – Bill olhou-a e, esperando que aqueles olhos se cruzassem de novo com os seus, sorriu.
- Nós temos esse efeito nas pessoas. – disse – Principalmente nas mulheres. – Sofia riu-se e Bill aumentou o sorriso. “Que gargalhada…”
- Tu que o digas Sofia… - fora Beatriz a fazer a observação e logo quatro olhos se depositaram sobre si: Bill e Sofia.
- Que é o jantar? – fora Tom que perguntou abraçando a cintura de Beatriz que estava sentada sobre as suas pernas, disfarçando a situação. Tom tinha percebido a química que tinha despertado aqueles dois. Bill tinha um brilho nos olhos e um sorriso nos lábios que Tom não se lembrava de alguma vez lhe ter visto. Estava excruciantemente feliz apenas por saber que Sofia existia. Teria Tom assistido ao tal amor à primeira vista que o irmão tanto lhe falava e com que tanto sonhava? Talvez.
- Pizza. – respondeu simplesmente, olhando novamente a melhor amiga e Bill.
- Fantástico. – disse – Não tem carne, pois não? – perguntou beijando-lhe o ombro despido.
- Não, porque vossas excelências são vegetarianas! – riu-se virando o corpo para ele, dando-lhe um beijo nos lábios. Imediatamente Ryan se colocou no meio deles com um sorriso nos lábios. Não era estúpido nenhum, sabia o que aquilo era, podia ter três anos mas já tinha visto aquela situação na escola ou até mesmo na rua mais que uma vez, e Beatriz também nunca lhe tinha negado a explicação de um beijo assim que ele a inquirira pela primeira vez.
- Vais ser meu papá, Tom? – perguntou com a voz entusiasmada própria da sua tenra idade.
- Não sei… - olhou Beatriz - … tu queres? – perguntou olhando novamente o pequeno. Ryan assumiu uma posição mais séria e olhou Beatriz, pousando o queixo no seu joelho.
- Quero, mãe? – perguntou.
- Tu é que sabes, amor… - disse-lhe carinhosamente passando-lhe a mão pelo cabelo negro rebelde. Ryan sorriu.
- Quero. – olhou novamente Tom com aquele sorriso encantador e o brilho no olhar reflectindo a ligação que, não sabia porquê, tinha com Tom. Tom limitou-se a olhar a pequena criança, formando um sorriso. Tinha maturidade para isso? Tinha responsabilidade que chegue para ajudar a criar um filho que não era seu? Um filho que não fora tão pouco desejado mas que no final de contas trouxe tanta felicidade à mulher que adorava? A sua ligação a Beatriz era forte, muito mais do que o que ele julgava até, mas estaria ele disposto a ser pai? Talvez até tivesse alguma cabeça para isso, mas sinceramente era um passo maior que a sua perna. No entanto, Tom era feito de riscos e de adrenalina, era capaz de fazer tudo.
- Então podemos ver disso! – sorriu ao pequeno e tocou-lhe ao de leve na ponta do nariz com o indicador, fazendo-o rir e dirigir-se ao sofá onde Bill e Sofia se mantinham sentados, sentando-se com eles.

Beatriz olhou Tom da forma mais carinhosa que a sua expressão lhe permitia fazer. Começava a ver a sua vida organizar-se, começava a sentir algo extremamente forte por Tom, apesar de ainda não lhe saber dar um nome. Estava a sentir-se aterrar no paraíso terrestre e isso dava-lhe, para além de conforto, uma carrada de dúvidas, suposições e porquês. Nunca a sua vida tivera tanto significado como tinha naquele momento, nunca tinha sentido algo assim como sentia naquele momento. Só podia estar a sonhar.
- Vamos comer? – fora Sofia que perguntara a Bill e Ryan (visto estarem junto de si).
- Sim! – Ryan levantou-se num pulo, sendo seguido pelos outros dois, deixando o casal maravilha entregue à privacidade pela primeira vez na noite.

- Sentiste o que disseste? – fora a pergunta que Beatriz sussurrara assim que encostara a testa à de Tom.
- Em relação ao ser pai do Ryan? – perguntou meio confuso meio inebriado pelo aroma que Beatriz emitia. Ela acenou afirmativamente. – Posso ser pai dele enquanto aquilo que sentir por ti se mantiver. Eu sei que queres fazer planos a longo prazo, mas a minha vida não mo permite. – levou uma mão ao rosto de Beatriz e acariciou-o, beijando-a levemente. – Mas o puto gosta bué de mim e eu também gosto dele. – riu-se. – Vamos ver no que dá, sim?
- Sim. – suspirou e voltou a unir os seus lábios aos dele.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

[21]

Próximo, segunda (:


Sentir tantos olhos sobre si já era normal. Sentir a baba que todos os homens ali presentes tinham a escorrer pelo queixo já não lhe metia impressão. Saber que todos desejavam uma noite consigo não era novidade, mas saber que ela apenas queria sentir um corpo e, no momento, não o podia ter era demasiado doloroso.
Nunca pensara voltar a sentir-se desta maneira, voltar a sentir aquele nervosismo e as borboletas levantarem voo no seu estômago cada vez que pensasse ou visse aquele alguém especial. Pensara que aquele sentimento teria chegado ao fim para si, mas não. Tom tivera trocado as voltas ao seu destino e, neste momento, Beatriz não se podia sentir mais preenchida do que aquilo que estava. Apesar da distância sentia o coração dele pulsar contra o seu peito de encontro ao varão frio. Conseguia sentir as suas mãos percorrerem o seu corpo e os seus lábios beijarem, ao de leve, o seu pescoço. Sentia-se arrebatar por uma força invisível que parecia consumi-la naquele palco. Algo diferente de tudo o que já tinha sentido. Sentia-se ligada a Tom emocionalmente naquele momento e não tinha resposta para isso. Talvez fosse o seu sentimento a ganhar forma e feitio, talvez fosse outra coisa qualquer. Talvez fosse até quem sabe o início de uma constipação que fazia arrepiar o seu corpo. Não sabia. No entanto, e como que por coincidência estúpida, esse não saber deixava-a a querer não descobrir. Sentia-se firme em si, no seu corpo mas conseguia conjecturar algo diferente na sua alma. Estava irreversivelmente “apanhada do clima”.
Sorriu com os pensamentos que lhe afloraram a mente e saiu do palco. Estava feliz e o facto da razão da sua felicidade chegar aos seus braços no dia seguinte tornava-a ainda mais sorridente.

- Esse teu sorriso estúpido vai começar a denunciar muita coisa. – James sorriu-lhe quando a viu voltar ao camarim do costume.
- Desculpa. – imediatamente assumiu uma postura mais séria. – Tens razão. – sentou-se ao espelho, prestes a retirar a maquilhagem e abandonar o clube por aquela noite.
- Precisas de ter cuidado.
- Hannah? – chamaram-na. Beatriz alarmou-se, afinal se lhe chamavam Hannah aquilo era certamente um cliente, não alguém que a conhecesse ou trabalhasse ali.
- Sim? – respondeu.
- Posso? – perguntou um rapaz jovem, de cabelos compridos e olhos extremamente claros.
- Ahm, és o Georg, não és? – perguntou nem respondendo à educada pergunta do rapaz.
- Sim, sou eu. – sorriu-lhe.
- Procuras alguma coisa? – perguntou com curiosidade convidando-o a entrar e sentar-se.
- Por acaso sim. – disse. – Aquela rapariga loira… a Claire, ela ainda trabalha aqui? – perguntou.
- A Claire… - pensou por alto, não estava a ver quem era. – Ah, sim! Não, saiu a semana passada se não me engano. – disse olhando-o. – Querias estar com ela? – perguntou directamente. Ele riu-se.
- Basicamente ya. Sabes dela então?
- Eu não mas posso perguntar. – saiu por um momento do camarim e foi de encontro a James perguntando-lhe pela tal Claire. Voltou pouco tempo depois com um papel na mão. – Toma, é o número de telefone dela. Liga-lhe. – piscou-lhe o olho.
- Aw, obrigada Hannah! – disse levantando-se abraçando a rapariga.
- Trata-me por Beatriz se faz favor. – pediu com um sorriso.

- HANNAH! – desta vez Beatriz sabia que voz a chamava e, apesar de não ser um cliente que procuraria os seus serviços era aquele que a fazia servir quem não queria.
- Credo, devem mesmo precisar de ti! – disse Georg surpreendido com a pressa e a maneira grosseira com que a chamavam.
- Não me largues! – disse agarrando-se mais à t-shirt do rapaz, fechando os olhos com força e respirando fundo.
- Ok. – ele abraçou-a com a mesma força e, sem saber, esperou que Charles entrasse a matar pela cortina dentro.
- HANNAH! – chamou novamente e, ao entrar, deparou-se com a rapariga agarrada ao pescoço de Georg, o que perante o olhar frio e cruel dele era um cliente como qualquer outro. – Estás ocupada… - a voz dele estava extremamente contente, mas o nojo que fez percorrer as costas de Beatriz não indicavam nada semelhante a bom para ela. - … continua, querida. – saiu com um sorriso vitorioso.
- Falamos depois! – Beatriz fez uma voz algo cansada, ofegante.
Ele soltou uma gargalhada, ainda ouvida no interior do compartimento. Estava agora esclarecido de que Beatriz continuava a fazer o seu trabalho melhor que ninguém, ou pelo menos ele assim fora enganado.

- Desculpa! – largou-se de Georg num instante.
- Não faz mal… é aquele que é o gerente disto tudo? – perguntou pondo o papel no bolso traseiro das calças.
- Ya. – sentou-se bruscamente no sofá, até tinha medo do que raio ele lhe queria. Não era normal ele ir ter com ela a seguir aos espectáculos.
- Estás perturbada… é por causa do Tom? – perguntou sentando-se ao seu lado.
- Sabes o que nós temos? – olhou-o.
- Sim, o Tom contou por alto. – Beatriz suspirou e encostou a cabeça para trás dizendo-lhe o porquê de se ter agarrado a si com unhas e dentes. Charles não podia descobrir que ela se mantinha mulher de um homem só. – E porque não sais daqui? – perguntou-lhe como se fosse o assunto mais simples do mundo.
- Não vai ser fácil… - suspirou dando a entender que não queria mesmo falar do assunto. – Vai ligar à Clarie, pode ser que ainda tenhas sorte esta noite. – sorriu-lhe. – Ela andava encantada contigo, daquilo que eu me lembro. – piscou-lhe o olho.
- Assim encorajas-me mesmo! – riu-se e deu-lhe dois beijinhos abandonando o compartimento.

(…)

- Bill, Bill, Bill, Bill, despacha-te pá estou aflitinho! – Tom andava agarrado às virilhas para trás e para a frente perante a porta trancada da única casa de banho existente no bungalow.
- Estou quase! – Bill falou do interior.
- Se eu me mijo aqui, eu esfolo-te! Ai podes ter a certeza!!! – quase lhe berrou, continuando o caminho, parando ocasionalmente fechando mais as pernas a ver se nada saía de onde não devia. – BILL! – berrou completamente desesperado. – Ai, ai. – suspirava tentando acalmar-se. Bill destrancou a porta e abriu-a, desatando a rir ao observar o irmão naquelas figuras.
- Vais ter um filho e não me disseste nada?! – perguntou indignado, fazendo os olhos de Tom deslocarem-se até si, tal como ele que imediatamente o expulsou da casa de banho, entrando e fechando-se lá dentro.
Bill riu-se ao ouvir um suspiro de alívio.

- Não estejas aí eternamente, temos um avião para apanhar e um jantar marcado! – disse.
- Eu sei que temos um jantar marcado! – respondeu-lhe do interior da casa de banho. – É escusado lembrares-me. – Tom possuía um sorriso nos lábios, era inevitável. Ia voltar para os braços dela, ia voltar a sentir os seus lábios, o seu corpo, o seu toque. Podia jurar que na noite passada estivera com ela algures, mas talvez fosse apenas o sonho que era demasiado real. – Estou pronto!

A chegada a casa parecia ter demorado muito mais tempo do que aquilo que Tom tinha previsto. Talvez fosse o facto de ver o momento pelo qual tanto esperava aproximar-se cada vez mais que fizesse o tempo abrandar devido à sua pressa. Fosse o que fosse tinha-o deixado dormir demasiado pouco, ao contrário do que costumava fazer em todas as viagens de avião que fazia.
- Achas que vá muito produzido? – Bill perguntou, aparecendo à frente do irmão apenas em boxers.
- Han? – Tom não tinha percebido. – Para que é que tu te queres produzido?
- Sei lá, nunca vi a Bea não faço ideia de qual é o estilo dela! Também nunca vi o puto e nunca vi a amiga dela! – refilou.
- Bill, - levantou-se do sofá onde estava deitado e pousou as mãos nos ombros do irmão. – uma t-shirt, um par de calças e uns ténis. – limitou-se a dizer-lhe.
- Isso não é muito descontraído? – perguntou. Tom inspirou fundo.
- Então uma merda qualquer com penas, umas calças de cabedal e umas botas foleiras! – disse olhando-o.
- Isso não é produzido demais? – perguntou levando um dedo ao queixo em sinal de dúvida. Tom riu-se, não porque a situação tinha graça mas pelo nervosismo que se começava a apoderar do seu estômago.
- Desde que não vás nu, acho que podes vestir qualquer coisa que tenhas no armário. – disse-lhe voltando a deitar-se, com os braços cruzados atrás da cabeça. – Elas não se importam com isso. Muito menos o puto. - Bill sorriu, deixando as roupas totalmente de parte, observando apenas o estado do irmão. Tom nunca se tinha sentido assim e achava o sentimento altamente complicado, arrebatador e doloroso. Bill concordava, mas sentia falta disso. Inspirou fundo e voltou ao quarto envergando uma camisa e um par de calças negras conjugando com os ténis e o seu cabelo arrumadinho, como diria o irmão. Voltou à sala e sentou-se no sofá perpendicular ao de Tom, que o olhou.

- Foi difícil? – perguntou.
- Não. – riu-se. – Mas eu não adivinho! – protestou e Tom riu-se.

(…)

- Ryan, dá-me isso! – Sofia corria atrás de Ryan pela casa inteira.
- Não! – o pequeno rapaz ria-se ao ver a rapariga correr atrás de si. Realmente na percebia o que é que uma caixa cheia de cores poderia significar para ela. Parou na cozinha e subiu para cima de uma cadeira, pousando a caixa sobre a mesa. – Mãe! – chamou a atenção de Beatriz que, de avental posto, mexia em tachos e panelas.
- Diz… - ela olhou-o vagamente.
- O que é isto? – perguntou apontando a caixa negra.
- Estás aqui!! – Sofia aproximou-se de Ryan por trás atacando-lhe a barriga com cócegas.
- Aahh! – ele berrou misturando os risos com golfadas de ar. Beatriz parou o que estava a fazer para observar as duas figuras no meio da cozinha, aos risos e cócegas. Sorriu. Adorava aqueles dois, tornavam a sua vida cheia de cor e alegria. Não havia um único dia que não pudesse soltar uma agradável gargalhada com qualquer um deles ou, até mesmo, com os dois como no momento fazia. Apesar de Ryan ter apenas três anos de idade mostrava-se ser demasiado crescido para aquela idade. Beatriz muitas vezes tinha a sensação que ele apanhava demasiadas coisas que, talvez, uma criança normal de três anos não apanharia, achava-o demasiado especial. Ou isso, ou era simplesmente seu filho.

- Posso saber a que se deve a diversão? – riu-se cruzando os braços sobre o peito.
- Este sujeito pequenino roubou-me o estojo da maquilhagem! – refilou Sofia, parando com as cócegas ao pequeno. Já o podia ver demasiado atrapalhado.
- O que é um estojo de maquilhagem? – perguntou Ryan com alguma dificuldade a pronunciar palavra tão grande e ainda cansado com um visível sorriso na cara.
- É isto. – Sofia abriu o estojo e passou o dedo por uma das sombras coloridas, pintando depois ao de leve a mão de Ryan.
- É bonito. – disse fascinado. – É para pôr aqui? – perguntou apontando a mão.
- Não. – disse. – É para pôr aqui. – aproximou-se de Beatriz e apontou os olhos esfumados dela.
- Eu também quero! – disse feliz. Beatriz riu-se.
- É só para meninas filho! – disse. – Normalmente. – acrescentou encolhendo os ombros. Ryan desceu da cadeira e correu até ao quarto, não se importando mais com a conversa ou com o que quer que seja que a maquilhagem era.
- Cheira bem aqui. – Sofia comentou por alto, sentando-se à mesa maquilhando os olhos.
- Precisas de fazer isso aqui? – perguntou Beatriz fechando o forno.
- A culpa é do teu filho. – refilou.
- Pois claro. – riu-se tirando o avental, desvendando o top negro e a curta saia axadrezada avermelhada.
- Vais andar assim vestida e de chinelos? – Sofia falou ao vê-la deslocar-se à sala, arrastando os chinelos azuis e felpudos com umas orelhas de gato à frente. Beatriz parou e olhou para baixo.
- Talvez seja melhor não. – virou a rota e dirigiu-se ao quarto calçando uns saltos altos negros envernizados.

A campainha soou.