segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

[45] - Último

Ora e chegámos ao último, custou mas foi! Sinceramente espero não desiludir ninguém e espero que gostem. Acima de tudo tenho a agradecer-vos por me terem aturado e por continuarem a ler e comentar a história mesmo quando me dava a preguiça de cérebro e não conseguia escrever. Obrigada mesmo.
Outra coisa, todas pensavam que a Bea tinha morrido e sim era esse o meu principal suposto desde que comecei a escrever a história, o objectivo era a Bea morrer com um tiro do Charles, mas eu já estava tão dentro da história que não fui capaz, daí vos ter dito que tinha feito uma alteração de última hora.
Portanto, obrigada e se me der alguma ideia fantástica que dê para desenvolver como deve de ser eu volto.
Beijinho**


Tinha encontrado na guitarra uma forma de vincar a sua forma de ser da melhor maneira possível. Aprendera a tocá-la aos 4 anos, pelas mãos do seu pai, e aos 6 já sonhava em seguir os passos dele: ser guitarrista numa das bandas mais reconhecidas de sempre da história da música.
Hoje, com 17 anos de idade, Ryan concretizou o seu sonho. Até ali tocava com a sua banda em bares e pequenas salas pela Alemanha. Agora, com um contrato discográfico à sua medida, a coisa começou a aquecer e as mais consagradas salas europeias esperam-nos.

- Tens tudo? – Tom perguntou olhando o rapaz de olhos negros e agora cabelos vermelhos que media quase a sua altura.
- Sim, acho que sim. – sorriu pousando a sua mochila no chão da sala.
- Preparado? – não resistiu a rir ao ver a expressão de nervosismo que o seu minorca, agora gigante, tinha no rosto. Tinha sido giro vê-lo crescer, acompanhá-lo em todos os passos, rir e chorar com ele, tinha sido uma das experiências mais marcantes e quem sabe a melhor que alguma vez Tom tivera até ali.
- Sinceramente? – torceu o nariz – Não. – bufou. – Eu acho que vou morrer e ainda por cima a Silvie é uma complicada de primeira, chiça! – refilou.
- Mas canta bem senão não era a vocalista, por isso tens que te conformar e lidar com isso… - disse - … e além disso é super gira, - acotovelou o filho – se fosse a ti não refilava muito que assim ainda tinha o direito de dar umas voltinhas nela! – Ryan riu-se, algum dia teria conseguido crescer se Tom nunca tivesse aparecido na sua vida? Provavelmente sim, mas nunca da mesma maneira. Mesmo não sendo seu pai de sangue sempre tiveram partilhado o amor incondicional que existe entre pai e filho e, se calhar, até mais que isso.
- Já não tens a minha idade, não tens direito de dizer essas coisas! – voltou a rir, fazendo Tom rir consigo.
- Se tu soubesses para aquilo que eu tenho idade não dizias isso!
- Pai! – advertiu.
- Já não está cá quem falou. – riu-se novamente, e desta vez abraçou o rapaz. – Boa sorte, minorca. – sorriu.
- Obrigado, pai.


- Alguém me ajuda?! – Beatriz chegou ao hall de entrada com sacos de compras.
- Para quê? – Ryan e Tom perguntaram em uníssono aproximando-se da porta da sala.
- Com isto. – ela olhou-os e elevou meia dúzia de sacos nas mãos.
- Para quê tanta coisa, amor? – Tom perguntara, pegando nos sacos pousando-os na sala.
- Realmente óh mãe… - Ryan coscuvilhou imediatamente os sacos sendo atacado pela irmã. Stacey tinha 6 anos de idade e era o membro mais novo da família.
- Manooo! – berrou com um sorriso.
- Manaaaa! – ele brincou com ela rindo-se e despenteando-lhe o cabelo.
- Hey! – refilou.

Beatriz riu-se dos dois, amava aqueles dois pirralhos com todas as forças do seu ser. Tinha orgulho na maneira como eles cresceram e como se moldavam ao mundo de uma maneira fantástica. E o mais claro de tudo é que nunca podia descurar Tom da ajuda e do amor que dava aos filhos e a ela mesma. Era feliz e gritava-o aos sete ventos sem ter medo que alguém ouvisse. Não se importava com nada exterior a eles.

Ryan sentou-se no chão vasculhando os sacos.
- Eu nunca diria que tens 17 anos e que vais viajar com a tua banda pela Europa! – Beatriz gozou o filho ao vê-lo naquela figura.
- Ai que graça que ela tem! – respondeu. Tom riu-se deles. Aprendera tanto à medida que crescia com eles…
- Mas o que é que tens mesmo aí? – Tom perguntou, pegando em Stacey ao colo, visto ela ter pedido.
- Nada de interessante. – fora Ryan que vira o conteúdo dos sacos, não encontrando nada que lhe agradasse.
- Trouxe-te isto. – Beatriz estendeu ao filho mais velho duas caixas de preservativos.
- Pensei que isso não era para mim. – Ryan não sabia se havia de rir ou nem por isso.
- Fizeste bem em trazer-lhe isso, qualquer dia a Silvie decide-se! – Tom riu-se, beijando os lábios da namorada, pousando Stacey.
- Estou lixado. – Ryan levou uma mão à testa.
- E enquanto ela não se decide tu divertes-te com cuidado. – Ryan olhou-o. – Nunca ouviste dizer “enquanto não encontrares a certa diverte-te com as erradas?” – Ryan voltou a fazer-lhe um olhar do género “não gostei”.Ok, eu calo-me! – elevou as mãos no ar em defesa.
- O que é aquilo? – a pequena apontou as caixas e curiosa, como sempre, perguntou.
- Não é para a tua idade, miúda! – respondeu Ryan, arrumando as caixas na mochila. Talvez até dessem jeito.
- Ah, eu já sou crescida! – refilou.
- Salta uns aninhos na escola e depois a gente conversa, ok?
- Não fales assim com a tua irmã. – Tom disse-lhe. Ryan bufou.
Tal como Sofia houvera previsto Ryan mostrara-se sobredotado logo no 1º ano escolar, hoje com 17 anos já estava no segundo ano da faculdade em informática. No entanto, não era a sua área de maior interesse, e era por isso mesmo que ia em Tour com a banda. Ter crescido com Tom e toda a sua habilidade para a guitarra, para o espectáculo e para a música desenvolveu nele também esse bichinho. A faculdade o mais provável era nunca terminá-la.

A campainha tocou.
- Tiaaaaaa! – Stacey saltou para o colo de Sofia e seguidamente fez o mesmo a Bill, mas não sem antes cumprimentar o primo dois anos mais velho que ela.

- Ai Ryan anda cá! – Sofia abraçou-o pelo pescoço. – Ainda ontem andavas a correr pela casa com a minha maquilhagem nas mãos e hoje vais em viagem sozinho. – olhou-o. Sentia alguma nostalgia, claro que sim, era impossível não sentir afinal viu-o crescer e sempre o apoiou à medida que Beatriz e Tom lhe contavam todo o passado recôndito. Nunca pensara que ele reagisse tão bem aos factos reais de quem era o seu pai verdadeiro e o que ele fizera, mas a realidade é que, à parte de o ter querido matar, sempre aceitou a situação da melhor maneira possível.
Ryan riu-se.
- Essa da maquilhagem tem graça, sinceramente continuo sem perceber porque raio vocês – e apontou as mulheres daquela casa e Bill – se maquilham, mas ok. – sorriu. Sentiu a sua camisa ser puxada. – Peter. – sorriu ao primo. – Faz-me o favor de tomar conta desta gente toda enquanto eu não estiver, ok?
- Ok. – o pequeno de cabelos loiros e olhos verdes, iguais aos da mãe, riu-se e abraçou-o.

Ryan era literalmente o ponto-chave daquela família. Tinha sempre uma palavra amiga para todos e um sorriso resplandecente no rosto.
Ouviu-se uma buzina.
- É a minha deixa! – abraçou novamente cada elemento presente naquela sala, em especial a sua mãe, e dirigiu-se ao jardim onde, do outro lado do portão, uma carrinha o esperava juntamente com os outros membros da banda. Tom seguiu-o e fechou a porta atrás de si.
- Juízo, puto. – avisou uma última vez, pousando-lhe as mãos nos ombros.
- Pai, eu não sou nenhuma criança e além disso são só 2 meses, não pode acontecer nada de mais. – assegurou.
- Eu tenho essa vida, minorca, é escusado dizeres-me isso e tentares tapar-me os olhos porque não resulta. – falou sério. – Mas vá aproveita lá a miúda! – riu-se. Ryan revirou os olhos.
- A Silvie outra vez?
- Eu já te disse que isso vai dar molho! – insistiu.
- Já deu molho, mas não vai passar disso! – desbocou-se.
- Eu sabia! – Tom descascou-se a rir. Era notório o clima que existia entre aqueles dois. – Não percebo porque continuavas a negar. – Ryan levou as mãos à cabeça. – Gostas dela?
- Pai, por favor. – pediu, não era muito dado a falar dos seus sentimentos.
- Ok, ok. – riu-se novamente puxando o mais baixo para o seu abraço. – Liga quando chegares ao hotel senão a tua mãe dá em doida. – beijou-lhe suavemente a testa. – Boa sorte.
- Obrigado. – o sorriso sincero do costume que Tom sempre se habituara a ver ali estava, mais vivo que nunca. Ryan estava visivelmente feliz e Tom ficava feliz ao saber que ele tinha seguido as suas pisadas. Não sabia os porquês mas Ryan era para si uma das pessoas mais especiais de sempre.

- Aproveita a Si! – Tom berrou, gozando-o, ao vê-lo abrir o portão. Ryan olhou-o.
- Parvo. – murmurou com um sorriso, sabia muito bem o que Tom pensava. Fechou o portão e observou a carrinha vendo Silvie do lado de dentro. Sim, gostava dela mas e depois?

sábado, 18 de dezembro de 2010

[44]

Ora bem, terminei. A fic tem apenas mais dois capítulos, este e o 45. Hoje posto este, segunda-feira dou a fic por terminada com o último capítulo. Sinceramente espero não desiludir ninguém.
beijinho*


Encostou a testa ao chão e sentiu as mãos de Tom suportarem a sua cintura. Não tinha sido atingida mas tinha sentido o seu cabelo ser rasado pela bala, como tal também sabia que Tom se encontrava bem.
- É doido, não é? – aquela pergunta já tinha sido feita montanhas de vezes naquele espaço de tempo mas depois daquela tentativa estúpida de os atingir Beatriz confirmava mesmo que ele era do mais doido possível.

- Está tudo bem?! – um dos empregados do clube entrou de repente pelo compartimento dentro. Tinha ouvido um estrondo que se assemelhava a um tiro.
- Claro que está! – Charles ainda não estava bem dentro daquilo que acabara de fazer, mas se Tom não o tivesse provocado ele nunca teria disparado. Olhou seriamente o empregado e segundos depois desviou o olhar até à parede onde a bala estava incrustada. – Podes sair! – ordenou.
- Não! – Beatriz levantou-se bruscamente, obrigando Tom a largá-la, e dirigiu-se a Shannon, conhecia-o bem da sua vida antiga, puxando-o consigo para fora da sala.
- Onde é que vocês pensam que vão?! – Charles deu dois passos em frente mas quando era suposto passar por cima de Tom este agarrou-o pelas pernas e fê-lo deitar-se a todo o comprimento ao seu lado. Sentou-se sobre o seu corpo e atirando a arma para longe prendeu o pulsos dele contra a alcatifa negra do chão.
- Onde é que você pensa que vai? – Tom perguntou fazendo força nos braços. Ainda se conseguia sentir estremecer pelo susto. Não estava à espera que ele disparasse e muito menos estava à espera que Beatriz saltasse para a sua frente disposta a levar com a bala que estava destinada a si. Beatriz tinha-se disposto a salvá-lo. Isso fê-lo sorrir por instantes mas voltar rapidamente à situação em que estava. – Qual é que foi a sua ao contratar a Bea? – ele perguntou, queria saber porquês.
- Se namoras com ela certamente deves saber porquê… - o sorriso sujo e que enojava Tom mantinha-se firme. Espetou-lhe novamente um murro no nariz. – Cabrão! – Charles protestou tentando soltar-se mas o corpo de Tom era mais forte que o seu.
- Não vais a lado nenhum, já te disse! – continuou firme naquilo que tencionava fazer.
Sempre quisera esfolar aquele gajo por tudo o que fizera Beatriz passar, por isso agora, que tinha a oportunidade disso, não a iria deixar em branco. Charles tentara soltar-se novamente mas sem sucesso algum era impossível mexer-se fosse de que maneira fosse com Tom sobre si. O puto tinha mais força do que aquela que ele pensara.

- Já chamei a polícia! – Beatriz entrou de rompante pela sala e deparou-se com a situação.
- Se eles vierem rápido eu aguento. – respondeu-lhe.
Beatriz olhou a situação e sentiu-se culpada, se não fosse ela com aquela teimosia toda Tom nunca teria praticamente levado um tiro e não estaria agora em trabalho de força com Charles.
- Larga-o. – disse sentindo os olhos picar das lágrimas que queriam sair à força toda.
- Han? Largo nada, Bea! – Tom viu-a sentar-se no chão encostada à parede com lágrimas nos olhos.
- Esta situação deve ser resolvida por mim, Tom. Tu não tens nada a ver com isto, eu amo-te e agradeço-te tudo aquilo que já fizeste por mim e pelo Ryan, mas se é o meu destino morrer nas mãos dele é que isso que vai acontecer.
- Olha que ela tem razão… - Charles riu-se. Tom esmurrou-o novamente.
- CALA-TE! – gritou irado. – Bea nem penses, não te vou deixar aqui sozinha com ele, ele mata-te! – não percebia o porquê daquela situação. Por que raio é que ela queria desistir de tudo naquele momento? Estavam tão próximos de resolver tudo para sempre…
- Não Tom, ele mata-te a ti… - chorava agora compulsivamente e deixava o coração de Tom cada vez mais pequeno ao vê-la sofrer e não puder largar o outro que ainda se tentava livrar de si.
- Não chores… - pediu - … por favor. – estava demasiado ligado a ela e sensível àquela situação. Estava a começar a ceder à força de Charles e em pouco tempo estava tudo trocado novamente.
- Desculpa Tom. – levantou-se e puxou pelo corpo dele para que saísse de cima de Charles.
- Não! – ele berrou.
- Vá lá Tom! Por favor, estou-te a pedir! – tentava que a sua pouca força superasse a de Tom.
- E eu peço-te que deixes a polícia chegar! – olhou-a, aquele olhar suplicante que sabia que a conseguia convencer a fazer qualquer coisa. As lágrimas nos olhos de Tom também já se começavam a fazer sentir e a fraqueza dos seus braços notava-se cada vez que tentava dissuadi-la. – Por favor, Beatriz larga-me. – pediu num tom sério. Ela olhou-o. Estava realmente certo deixar a polícia resolver um caso seu? Se a polícia entrasse ali todo o clube sofreria consequências, afinal aquilo não era propriamente legal. Abanou a cabeça negativamente não acreditando em si mesma e ajoelhou-se ao lado de Tom chorando todas as lágrimas que ainda possuía.
Tom controlou as suas próprias lágrimas e acalmou-se o mínimo para voltar a esbofetear Charles.

- Oh voltas a bater-me? – riu-se – Estava aqui um momento tão bonito… - o nojo que ele metia tanto a Tom com a Beatriz era demasiado visível. A maneira suja como ele falava incomodava-os mas, naquele momento específico, qualquer coisa que ele fizesse não os faria desistir.
- Qual é o teu objectivo? – fora Beatriz a perguntar. Tom olhou-a.
- Já te disse que se eu não te tenho mais ninguém tem! – remordeu. – Ninguém! – fulminou Tom.
- Não leves isso tão a sério. – novo murro dado por Tom. – Mas tu queres morrer rodeado do teu próprio sangue? – perguntou vendo sangue no nariz, pescoço e já nas suas próprias mãos. – É que parece! – ironizou.
Beatriz suspirou. Não conseguia suportar nada daquilo. Levantou-se e no mesmo momento a porta é aberta.

- Ninguém se mexe! – cinco polícias armados entraram de arma em punho pelo escritório. Beatriz, com os nervos à flor da pele, abraçou-se a um deles, que como o seu trabalho manda, retribuiu o abraço e pediu-lhe que se encostasse à parede sem se mover.
Tom respirou calmamente e acenou aos restantes 4 polícias de que o criminoso estava deitado por baixo de si. Levantou-se e abraçou-se a Beatriz ouvindo o seu choro abafado no seu pescoço. Era inevitável também ele chorar. Abraçou-a mais e deixou que os nervos e a raiva o levassem a melhor.
- Já passou, amor. – sussurrou.
- Obrigada. – disse sinceramente abraçando mais o corpo de Tom e olhando-o nos olhos. – Amo-te. – um sorriso fraquíssimo apoderou-se dos seus lábios,
- Eu também te amo, pequenina. – abraçou-a novamente e pousou o queixo sobre os seus cabelos vermelhos à medida que os acariciava e ouvia os queixumes de Charles atrás de si.

(…)

- Não acredito. – Bill tinha os olhos esbugalhados e fixos no casal que chegara do hospital há uns meros 20 minutos e que só tinha tido tempo de contar a história aos outros dois.
- Estás mesmo bem? – Sofia levantou-se e sentou-se ao lado de Beatriz que se mantinha protegida pelo braço de Tom. – Estás a tremer… - observou quando a abraçou por momentos.
- Foi demasiado intenso, Sofia. – Tom falara. – Vai ser difícil esquecer um momento como aquele, disso tenho certezas.

Bill olhava-o, sempre atento a Beatriz, sempre com o sentido de protecção excessivamente apurado, com um olhar apaixonado e inevitavelmente preocupado. Tinha orgulho no seu irmão por ter salvo Beatriz e terminado de uma vez por todas aquela história que até a si fazia impressão.
Beatriz levantou-se, sentindo as pernas tremer excessivamente.
- O Ryan? – perguntou. Precisava de o ver, de o sentir abraçá-la, de o ouvir rir.
- No quarto. – Sofia respondeu. - Queres que vá contigo?
- Não. – sorriu fracamente e saiu.

- Ryan! – chamou-o. O pirralho veio imediatamente ter consigo e abraçou-se às suas pernas. – Estás aos pulinhos, mãe. – observou, visto Beatriz ainda tremer.
- Fui ver um filme de terror com o Tom e aquilo assustou-me. – sorriu-lhe, um sorriso sentido e de verdade algo que não tivera conseguido ainda fazer. Ryan riu-se.
- És maricas, mamã.
- Eu dou-te a mariquice! – agora riu-se e pegou nele ao colo enchendo-o de cócegas. Caíram na cama.
- Páraaaaaaa! – o pequeno pediu, já quase sem ar de tanto rir. Beatriz parou e olhou-o. Como é que uma criança tão adorável podia ter os genes daquele monstro? Não sabia, mas também não queria saber. Charles estava preso não só pelo que lhe fizera mas também pela quantidade de droga encontrada no clube e a sua ilegalidade. Pena máxima. Isso descansava-a, mas o medo não deixava de se instalar, pelo menos por enquanto.
- Papá! – Ryan viu Tom aparecer à porta do quarto e saltou imediatamente da cama para os seus braços.
- Minorca! – Tom abraçou-o e sentiu as suas pequenas mãos à volta do seu pescoço. Tinha tido medo por ele, tinha tido medo de o perder e não tivera gostado desse sentimento. Ryan podia não ter os seus laços de sangue mas era seu e ninguém lho iria tirar, ele nunca permitiria isso. Nunca.
- Também não gostaste do filme? – perguntou olhando Tom nos olhos. Tom procurou Beatriz e pelo olhar dela compreendeu.
- Até gostei… - sorriu-lhe.
- A mãe estava aos pulinhos, não gostou. – riu-se novamente. Tom sentou-se ao lado de Beatriz com Ryan entre eles. Talvez não fossem a família perfeita mas agora tinham tudo para isso.
- Mas a mãe é muito corajosa…
- Sim? – ele perguntou.
- Sim, um dia ela conta-te umas histórias, assim quando fores mais velho.
- Porque não pode ser agora? – perguntou irrequieto.
- Agora não ias perceber, meu amor. – Beatriz beijou-lhe os cabelos negros. – Um dia eu conto-te, pode ser? – perguntou.
- Pode. – encolheu os ombros. – Podemos ir brincar com a guitarra? – saltou da cama e olhou Tom.
- Claro! Vamos tocar enquanto a mãe descansa do filme. – realmente aquilo tinha sido mesmo um filme.
- Sim! – agarrou Tom pela mão e puxou-o.

domingo, 12 de dezembro de 2010

[43]

Acabei de fazer uma alteração de última hora porque não fui capaz de escrever o final que pretendia, estou demasiado in história para isso. Como tal, não sei quando vem o próximo, mas espero que muito em breve até porque amanhã acabo os testes. Para já fica o 43.
Obrigada!


Tinha saído de casa naquele preciso momento (apenas com Tom, no final de contas) e tinha logo que dar de caras com a pessoa que menos queria ver à frente.
- Que queres? Lixar-me de vez? – perguntou a Marinne, Tom não percebeu o porquê de ela se dirigir à rapariga daquela maneira.
- Não, quero avisar-te.
- Ah sim, claro. – disse ironicamente – Andas a foder o teu próprio patrão que te paga em sexo por informações minhas e estás agora a dizer-me que me queres avisar?
- Sim, o Charles sabe que andas com o Bill Kaulitz e…
- Ela não anda com o Bill Kaulitz! – foi Tom que se meteu na conversa, interrompendo-a. Marinne olhou-o. – Anda comigo. – respondeu à pergunta silenciosa que ela fizera.
- Ok, foi erro meu então. – disse apesar de não muito confiante. Aliás confiança era algo que não se notava em nada, quer no que Beatriz dissesse quer no que Marinne dissesse.
- O que é que queres? – Tom perguntou. – Se já fodes o teu patrão que raio queres dela? – apontou a namorada.
- Não é só o foder o meu patrão como vocês dizem, mas também tenho sentimentos, ok? E dispenso que ele os fira desta forma… - baixou as guardas por momentos. Sim, gostava do aldrabão, parvo, insensível, feio, mal-encarado que era o patrão mas sempre soube que não se escolhia o que se sentia. Tinha, até certo ponto, pena de si mesma por gostar tanto dele, mas sinceramente às vezes achava que merecia essa pena. Nunca devia ter vendido o corpo daquela maneira, nunca devia ter procurado, por vontade própria, aquele trabalho. - … e se não o consigo ter eu, ele não vai ter mais ninguém. – olhou Beatriz. Apesar de tudo não queria que ninguém tocasse naquilo que o seu coração tomava como propriedade.
- Não te preocupes que certamente não vou ser eu.
- Eu sei, mas ele tem uma obsessão marada por ti, só respira tu por todo o lado, enerva e acima de tudo magoa ouvi-lo gemer por ti quando quem o está a comer sou eu. – disse meia confusa.
- Que nojo. – Beatriz murmurou respirando fundo. – Eu vou falar com ele, não quero saber.
- Faz o que quiseres só decidi vir avisar-te, nunca se sabe o que é que ele pode fazer. E além disso despediu o James, era ele que te protegia dentro do clube não era? – Beatriz acenou afirmativamente trocando um olhar cúmplice com Tom. - Pois, eu suspeitava e disse-lhe. Ele despediu-o.
- Eu sei.

Tom olhou-a, estava extremamente vulnerável e toda aquela história do James ter sido despedido por causa daquilo estava a deixá-lo confuso. Abraçou Beatriz pelos braços e beijou-lhe a cabeça. Não sabia bem o que se passava ali mas estaria sempre lá para Beatriz.
- Queres mesmo ir? – perguntou nem dando conta que Marinne acabava de os abandonar.
- Não sei. – Tom sentiu-a tremer contra si assim que o abraçou.
- Podemos esperar o tempo que quiseres. – sussurrou.
- Não, vamos agora. – deu um passo em frente e levou Tom consigo pela mão até à rua em frente.

A fachada gigante, escrita em letras negras sobre um fundo verde com a palavra Magnólia escrita trazia recordações aos dois, boas e más.
Tom tanto podia agradecer àquele clube por ter trazido Beatriz à sua vida como podia querer desfazê-lo aos bocadinhos por lhe ter dado aquelas condições de vida.

Entrou com ela e quase como que de imediato entraram os dois na sala onde Charles permanecia com o gelo na cabeça.

- Boa tarde. – a voz de Beatriz fez-se soar pelo compartimento e Charles imediatamente rodou a cabeça na direcção da porta para esboçar um sorriso, não só de contentamento como também, altamente perverso.
Tom teve a sensação que ia vomitar. Só o cheiro que existia dentro daquela sala o fazia desejar sair dali, já para não falar do sorriso e do olhar que ele lançava à sua Beatriz. Agarrou-lhe a mão e não a largou por um minuto.
- Hannah. – a voz de Charles soou e Beatriz sentiu-se arrepiar de medo. Em que raio se estava a meter?
- Não sou a Hannah, não vou voltar a sê-la, deixei de estar ao seu comando e tenho vida própria. Estou-me a lixar para o clube e para os seus clientes, não quero saber de mais nada e se você faz alguma coisa que seja contra mim ou contra aqueles que me rodeiam entrego-o à polícia. – despejou olhando-o nos olhos sem saber bem como.
- Entregas? Como, amor? – riu-se pousando o gelo sobre a mesa aproximando-se dos dois. Beatriz recuou imediatamente sendo puxada por Tom.
- Eu aconselhava-o a manter-se quietinho no seu sítio porque senão antes da polícia faz uma visita ao hospital local, parece-lhe bem? – Tom respondeu. Se era confronto que ele queria e se Beatriz queria acabar com aquilo de uma vez por todas ele não ia ficar de braços cruzados, iria ajudar.
- Agora tens defensor é, Hannah? – voltou a perguntar prolongando-se no seu nome falso.
- Não é meu defensor, é meu namorado e pai do meu filho. – não sabia se havia de dizer aquilo, mas saiu-lhe.
- O pai do teu filho sou eu. – disse confiante.
- Não, a única pessoa que tem direito a ser pai do Ryan é ele. – apontou Tom. – Você abandonou-o, nunca quis saber dele, subornou-me e agora diz-me isso? Não brinque com o fogo senão queima-se.
- Se tu fores o fogo tenho total prazer em me queimar… - riu-se molhando os lábios com a língua à medida que voltava a tentar uma aproximação. Tom pôs-se entre eles e deu um murro no nariz de Charles. – Então?! – perguntou, fora apanhado desprevenido.
- Não se meta com ela. – avisou calmamente de punho cerrado vendo-o cambalear na sua direcção. – Isto se não quer morrer hoje claro!
- A única pessoa que tem a oportunidade de morrer aqui hoje, és tu oh coraçãozinho apaixonado! – gozou-o. Dirigiu-se à secretária limpando o sangue do nariz à manga da camisa e tirou de uma das gavetas uma arma. Uma pistola totalmente carregada. – Tu e quem sabe ela…
- Você é mesmo muito bai… - Tom tentara terminar a frase mas a arma apontada a si fê-lo parar.
Tinha cerca de um metro de distância entre si e a arma mas ainda assim aquilo não deixava de ser assustador.

- Mas és doido?!! – desta vez Beatriz mexera-se atrás de Tom, falando para Charles perdendo a cabeça.
- Sou! Doido por ti e se eu não te tenho mais ninguém tem! Podes ficar com o puto e toda a merda que vem atrás, mas tu, o teu corpo pertence-me! Pertence-me desde o dia em que te vi entrar pela porta desta casa à procura de emprego. Uma rapariga de 17 anos, cabelos vermelhos longos, boas pernas, boas mamas, tudo no sítio… foste minha nessa altura…
- Não diga disparates… - sentiu-se tremer ainda mais e quase perder o equilíbrio, conseguia reviver todos os olhares e palavras dirigidas a si e ao seu corpo naquele dia. Arrepiava, e muito!

Tom sentiu-se quebrar por momentos, o seu coração tremia por aquilo que podia acontecer naquele pequeno espaço, tanto físico como temporal afinal não sabia quanto tempo estariam naquele impasse sem que ninguém saísse ferido. Respirou fundo.
- Quanto quer? – perguntou.
- Quero o quê? – ele perguntou apontando a arma por instantes a Beatriz que se movera em direcção à parede fechando os olhos por momentos.
- Dinheiro. Pago-lhe o que quiser se nos deixar sair.
- Eu não quero o teu dinheironão quero nada teu, a única coisa que quero é ela… - apontou a rapariga.
- ela é minha. – Tom teve a coragem de proferir tais palavras. Era verdade, Beatriz era sua, foi a primeira mulher com quem se envolveu emocionalmente e era aquela que amava actualmente.
- Isso é o que tu julgas! Quem trabalha aqui não se consegue manter fiel a ninguém.
- Eu não trabalhei aqui porque quis mas porque fui obrigada! – ela ripostou.
- E? É a mesma merda, não quero saber. – voltou a apontar a arma a Tom, desta vez à cabeça.
- Você não sabe é nada, é um cabrão de meia tigela que se julga todo bom e o melhor do mundo, ninguém o quer! – Tom atirou.
- Diz isso outra vez e eu disparo. – avisou pondo o dedo mais a fundo no gatilho. Um simples passo em falso e a arma disparava. – E olha que eu não brinco. – estava sério, mas Tom arriscou.
- Você não sabe nada, é um cab… - Beatriz sentiu por momentos o gatilho ser apertado e atirou-se sobre Tom, não se preocupando com as consequências, ouvindo o tiro ser disparado.

Tom sentiu o corpo de Beatriz colar-se ao seu e milésimas de segundo depois de ouvir o tiro, a pressão que Bea fizera sobre si era demasiada.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

[42]

Sinceramente não gosto deste capítulo e desculpem a demora.


Estava sentado na secretária do costume quando o seu telemóvel tocou.

**
- Eu não acredito! Estás de volta?! – James perguntou assim que atendeu Beatriz no telefone.
- Sim. – ela riu-se da reacção dele. – Tudo bem?
- Sim e contigo?
- Também, mas minimamente preocupada.
- Então? Não tenho muitas novidades daqui… a Marinne dá-se bem com o patrão e faz bem o teu trabalho, de resto não sei mais.
- Isso quer dizer que eu posso andar na rua à vontade sem que ninguém me descubra? – perguntou.
- Não sei, boneca não sei mesmo mas queres que tente alguma coisa?
- Sei lá. – suspirou – Preciso de ir à procura de trabalho e queria esquecer o clube para sempre, percebes? Não quero preocupações acrescidas nem nada que tenha a ver com isso e com o Charles.
- Posso tentar dizer-lhe que passei por ti na rua.
- Faz isso, depois diz-me alguma coisa então. – disse, não muito confiante.
- Ok, boneca. Que tal as viagens com o namorado? – gozou-a.
- Tudo fantástico, ele é um amor! – suspirou.
- Estás mesmo caidinha. – riu-se. – Mas compreendo, - sorriu – também gostava de me sentir assim.
- Um dia, vais ver que sim. Sabes que eu também nunca esperei que isto me acontecesse…
- Ok, ok vamos parar as infelicidades por aqui. – ele odiava falar na sua vida privada – Vou falar agora com o Charles e depois ligo-te.
- Ok, beijinhos.
- Beijinhos. – desligaram.
**

Levantou-se da cadeira e dirigiu-se ao gabinete, se assim lhe podemos chamar, de Charles e bateu.

- Posso?
- Entra, que queres?
- A Hannah está na cidade! – Charles olhou-o.
- Não me estás a dar novidade nenhuma. – respondeu secamente.
- Han?! – perguntou surpreso.
- Ela está cá há sensivelmente quatro dias, meu querido. – respondeu ironicamente rindo. – Não fizeste o teu trabalho, pois não? Então há alguém que o faça, estás despedido. – respondeu como se nada fosse.
- O quê?! Então mas…? – estava parvo, ele tinha-lhe dito que o despedia?! Mas há quantos anos é que ele ali trabalhava?! Tinha direitos!
- Nem mas nem meio mas, não quero mais saber de ti ou das tuas tentativas maradas de me cegar perante a Hannah, deixei de ser tontinho. – falou seriamente. Sabia que James não lhe dizia a total verdade, sabia disso e depois de Marinne lhe contar que eles eram próximos depois dos espectáculos de Hannah, era impossível confiar nele fosse de que maneira fosse sabendo que lhe mentia descaradamente. Afinal Charles não era assim tão burro como aparentava ser.
- Você nunca vai deixar de ser tontinho. – disse-lhe – Já viu que está ao comando de uma mulher? Ainda por cima a maior puta que existe nesta casa de merda? – não se conseguia controlar, e já que tinha sido despedido iria dizer-lhe tudo.
- Tu não me falas nesse tom ouviste?! – levantou-se da cadeira e encostou James à parede.
- Não, não ouvi fala mais alto! – espetou-lhe o joelho no estômago e virou-o contra a parede. – Se julgas que vais conseguir ter a Hannah enganas-te, e se algum dia tocas nela ou seja em quem for que tenha a ver com ela, esgano-te. – avisou contorcendo o seu braço atrás das suas costas.
- Não eras capaz!
- Tens a certeza, Charles Griffin?
- Eu tenho mais poder que tu, sou bem capaz de te matar neste preciso instante. – disse demasiado calmamente.
- Não, não és. – atirou-o ao chão e pisou-lhe o ombro. – Ficas avisado. – pontapeou-lhe o estômago e virou costas.

Não percebia, a sério que não percebia.

**
- Não sei o que é que te pode acontecer, tem cuidado e não saias de casa por nada deste mundo, Beatriz ok? – disse-lhe assim que ela atendeu o telefone.
- O que é que aconteceu? – perguntou preocupada.
- Fui despedido e ele tinha a Marinne a seguir-te para todo o lado, não sei o que é que ela sabe de ti, mas não saias de casa! Por favor! – estava preocupado e falava rapidamente.
- Estás a assustar-me!
- É mesmo assim, não dirijas palavra à Marinne se ela foi ter contigo, não vás ter com o Tom, não saias com o Ryan! – Beatriz começara a formar lágrimas.
- Isto vai ter que acabar! – desligou bruscamente o telefone.
**

Não conseguia acreditar naquilo que se estava a passar na sua vida. Quando tudo parecia tomar um rumo diferente todo o passado voltava a cair sobre os seus ombros.
Deixou-se cair de joelhos no chão e procurou chorar tudo o que podia e conseguia. Não aguentava tanta pressão, não conseguia simplesmente viver com toda aquela angústia e toda a dor que começava a lacerar o seu coração de forma imperativa. Precisava de falar com Charles e ver o que ele lhe tinha para dizer na cara. Podia ter ficado amedrontada com toda a situação que James lhe contara, mas era impossível alguém impor-lhe medo com a determinação que sentia no momento.

Vestiu o casaco e preparava-se para sair de casa quando a campainha tocou. Abriu a porta respirando fundo.
- Desculpa esqueci-me das chaves. Vais sair? – perguntou Sofia entrando em casa com Ryan ao lado. Tinha-o ido buscar à escola.
- Olá, mãe! – ele pediu um beijo.
- Olá, filho. – sorriu-lhe. Sim aquele pequeno sujeito ainda era uma das boas coisas da sua vida que a fazia sorrir. – E sim vou sair, já volto. Até logo.
- Também posso ir, mãe? – perguntou Ryan.
- Não amor, e eu também não demoro nada. – beijou-lhe a testa e ele entrou pela sala.
- Espera aí… - Sofia agarrou o braço de Beatriz antes que ela saísse. – … se vais ao clube é melhor nem dares mais um passo. – até adivinhava. O estado de Beatriz não deixava dúvidas e ela estivera, certamente, a chorar.
- Tenho que ir.
- Não!
- Sim! Preciso de resolver tudo.
- O Tom sabe?
- Nem tem que saber por enquanto!
- Não vais, não quero saber, mas não vais. E quando fores eu vou contigo. Ou eu ou o Tom!
- Ai então liga-lhe e venham os dois comigo. – fez birra e despiu o casaco, sentando-se na cozinha.
- E ligo mesmo, Beatriz. – disse séria. Ela encolheu os ombros.

Sofia ligou mesmo a Tom e Bill veio com ele de modo a fica a tomar conta de Ryan.

Beatriz suspirou, não podia deixar a melhor amiga e uma das pessoas que mais amava no mundo partir à sua sentença de morte assim do nada. Não podia nem o ia fazer.

- Mas nós já tínhamos falado sobre isto, Beatriz não vais lá! – Tom bem podia tentar dissuadi-la, mas ela já estava mais que vincada a ir.
- Se vens comigo, tudo fixe se não, vou sozinha.
- És tão teimosa, credo! – olhou-a e abraçou-a pela cintura. – Eu vou porque não te vou perder num confronto com aquele palerma. – beijou-lhe os lábios. – Já te disse que te amo hoje? – perguntou num sussurro.
- Eu também te amo meu amor. – beijou-o.

(…)

Não conseguia acreditar que aquele patife lhe tinha batido daquela forma. Mas que merda é que ele tinha na cabeça no dia em que o contratou para trabalhar consigo?

- Ai! – queixou-se quando Marinne lhe pousou o gelo na cabeça.
- Se não refilasse tanto não estava nesse estado. – refilou ela.
- Não te metas, ok? Aqui só serves para me dar sexo e informações.
- Diga-me isso outra vez e depois queixa-se a sério.
- Aqui só serves para me dar sexo e informações. – repetiu – Queres outra vez? – gozou.
- Depois não diga que não o avisei. – deu-lhe um estalo e virou-lhe costas.

Lá vinha ao de cima novamente o seu coração bater mais forte que o seu corpo, mas desta vez por pouco tempo. Não ia mesmo continuar a ser a boneca insuflável do patrão, nunca mais. Queria distância daquele patife. E se para parar isso tivesse que ir contra os planos dele iria, não queria mais saber dele ou das cenas maradas do clube. Daquele clube. Procuraria outro e de preferência longe dali. Agora só faltava encontrar Hannah e o seu namoradinho.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

[41]


Estavam à três dias de volta a casa e tinham combinado ir jantar a casa dos pais dos gémeos. Tanto Bill como Tom não se calavam a dizer que as queriam apresentar como novos membros da família e como as supostas mulheres das suas vidas.

- Ryan, anda cá! – era Sofia que mais uma vez andava a correr atrás do pequeno a tentar que ele lhe devolvesse os sapatos.
- Não! – ele ria-se feliz enquanto corria desalmado à frente dela.
- BEA! – berrou. – CHEGA AQUI! – pediu parando a meio do corredor, encostando-se à parede com uma mão, estava farta de correr descalça atrás de Ryan.
- Que foi? – Beatriz chegou à porta do quarto colocando um brinco.
- Diz ao teu filho que me devolva os sapatos, ou então não saímos de casa hoje. – disse. Beatriz riu-se.
- Ry, dá lá isso à tia Sofia. – disse-lhe numa voz algo autoritária. Ryan obedeceu-lhe.
- Obrigada. – olhou o rapaz e sentou-se na cozinha a calçar os sapatos negros de salto alto.

Não demoraram mais de 20 minutos a acabarem de se arranjar e a chegarem a casa dos gémeos.
- Boa noite. – foi Bill que abriu a porta e imediatamente Ryan lhe saltou para o colo. – Olá, Ryan! – riu-se da reacção do pequeno e voltou a pousá-lo no chão, deixando-o entrar.
Ryan espreitou para a cozinha à procura de Tom mas a única pessoa que viu foi Simone.
- Olá, deves ser o Ryan, não? – ela perguntou pondo-se de cócoras contando que o pequeno se deslocasse a ela. Ryan recuou com um sorriso na cara, não tinha medo mas não conhecia.
- Mãe! – chamou e agarrou-se às pernas de Beatriz.
Tom entrou no corredor, vindo dos quartos.
- Olá, minorca! – falou ao pequeno de cabelos negros e este imediatamente correu até ele.
- Papá. – abraçou-se ao seu pescoço com toda a força que possuía.
- Isso é tudo saudades minhas? – riu-se abraçando-o com o mesmo fulgor. Ryan olhou-o.
- O que é que são saudades? – perguntou. Tom beijou-lhe a testa.
- Quer dizer que sentiste muito a minha falta. – Ryan abriu um sorriso.
- Sim. – voltou a abraçar-se ao seu pescoço.
- Vou ter uma noite bonita ‘tá visto. – riu-se consigo mesmo ao ver que Ryan não o largava por nada. – Olha, boa noite para ti também! – dirigiu-se a Beatriz que permanecia no corredor na conversa com Sofia e Bill.
- Boa noite. – Beatriz sorriu-lhe e beijou-o num toque rápido mas sentido de lábios.
- Assim está melhor. – sorriu-lhe. – Vá meninas vamos conhecer a família. – disse puxando pela mão de Beatriz até à cozinha onde sabia se encontrar a mãe. Sofia e Bill seguiram-nos. – Mãe. – chamou-lhe a atenção.
- Olá! – Simone virou-se e sorriu assim que deu de caras com a figura que se expunha à sua frente – Ficas tão bem com uma criança ao colo, filho.
- Goza, goza! – riu-se.
- Não estou a gozar é verdade! – sorriu, agora ternamente e embevecida ao olhar a expressão do pequeno Ryan.
- É a Beatriz e o Ryan. – apontou os respectivos.
- Prazer. – Beatriz sorriu e cumprimentou Simone.
- Muito bonita sim senhor, Tom!
- Já sabes que eu tenho bom gosto, não sei porque ainda ficas admirada! – riu-se, pousando Ryan no chão que se escondeu nas suas pernas sorrindo a Simone.
- Vai dar um beijinho, filho. – foi Beatriz que encorajou.
- Não quero dar beijinhos. – disse.
- Estás no teu direito pirralho. – sorriu-lhe.
- Posso ser eu agora, óh gordo? – perguntou Bill afastando Tom com a anca.
- Antes gordo que esquelético! Já te olhaste bem ao espelho, mano? Começo a ficar preocupado. – tentou conter o riso.
- Já me olhei ao espelho e estou bom como todos os outros dias. – deu-lhe um murro no ombro e passou com Sofia até ao lado da mãe. – Sofia, mãe, mãe, Sofia!
- Olá.

As apresentações não podiam ter corrido melhor em termos de primeira impressão, também Gördon tinha simpatizado com elas e com Ryan que pouco tempo depois já se dava com toda a gente.
- Então e que têm feito da vida, meninas? – Simone perguntou. Tom e Beatriz trocaram um olhar imediato e cúmplice e ficara imediatamente acordado em não falar de nada que envolvesse o Magnólia, o como de Ryan existir e tudo o mais, essas verdade duras seriam contadas com o passar dos anos, até porque Ryan também não sabia de praticamente nada e não era bom saber no meio daquela conversa.
- Acabei a universidade à uns meses, formei-me em relações publicas e queria ver o que é que conseguia arranjar, gostava de trabalhar no mundo da música, mas não sei. – Sofia deu a sua contribuição.
- E tu, Beatriz? – perguntou Gördon.
- Tenho trabalhado num restaurante/bar desde os 17 anos, que foi quando acabei o secundário e quando os meus pais faleceram. – disse meio abalada.
- Desculpa não sabia! – ele imediatamente se desculpou.
- Não faz mal, - Beatriz sorriu na direcção dele – é algo com o qual me habituei a viver.
- Bem, e sobremesa? – foi Tom que perguntou levantando-se da mesa.
- Há bolo de chocolate no frigorifico, vai lá buscar se fazes o favor. – Simone respondeu e no mesmo segundo Bill levantou-se correndo atrás de Tom em direcção à cozinha.
- A primeira fatia é minha!! – berrou.
- Nem penses! – Tom respondeu de volta.
- Suponho que já estejam habituadas? – Simone riu-se.
- Sim. – elas responderam em coro com uma gargalhada na voz.
- Também quero! – Ryan saltou da cadeira e dirigiu-se a eles, rindo.

(…)

- Não foi muito mau, pois não? – Tom sentou-se na própria cama, olhando Beatriz que entrava agora no seu quarto depois de deitar Ryan no quarto de hóspedes.
- Quem a tua família? – perguntou sem perceber.
- Sim.
- Não, eles foram bastante simpáticos até. – sorriu sentando-se ao lado dele. Tom abraçou-a pelos ombros. – Amanhã vou procurar trabalho. – disse séria soltando-se de Tom. – Preciso mesmo de começar a ver coisas por aí, não posso continuar parada.
- Mas e o outro e as cenas com o clube? – ele perguntou preocupado.
- Vou ter que ligar ao James a perguntar como estão as coisas…
- E? O que é que ele pode fazer por ti?
- Não sei, Tom. E além disso eu não quero que ele continue a ajudar-me, percebes? Tenho orgulho e esse é difícil de quebrar, mas no meio desta confusão toda já o engoli uma data de vezes e não estou disposta a fazê-lo de novo! – levantou-se andando às voltas no quarto. – Preciso de independência total do clube… - parou e olhou Tom - … nem que para isso tenha que me deslocar lá.
- Nem penses! De certeza que ele ainda anda à tua procura! – Tom levantou-se também e agarrou-a suavemente pelos braços. – Fala primeiro com o James e informa-te da situação depois logo vês se lá vais ou não. – abraçou-a – Eu tenho medo de te perder, Bea.
- Eu não te vou largar por nada deste mundo, Tom prometo-te. – sussurrou ao seu ouvido deixando-lhe um beijo no pescoço. – Eu amo-te e isso não muda. – beijou-lhe os lábios de forma lenta e apaixonada.
- Eu também te amo, miúda. – sorriu voltando a beijar os seus lábios, deixando as suas mãos escorregarem até ao seu rabo e puxá-la mais contra si.

Beatriz fez o casaco de Tom deslizar até ao chão e subiu a sua t-shirt de modo a desfazer-se dela e poder apalpar todo o tronco de Tom sem nada a atrapalhar. Tom seguiu o seu exemplo e, desapertando a sua camisa botão a botão à medida que preenchia o seu pescoço de beijos, deixou-a deslizar pelos braços dela até embater abafadamente no chão.
Deitou-a sobre a cama e passou os lábios demoradamente pelo seu peito coberto pelo soutien negro rendado, o que deixava já visível a excitação dela por o possuir e a maneira sensual como aquele piercing o tirava totalmente do sério. Desceu os lábios pela sua barriga e umbigo e beijando o seu baixo-ventre desapertou as calças vermelho sangue de Beatriz. Beijou-lhe as virilhas e descia os lábios pelas suas coxas à medida que lhe despia as calças que pareciam mais justas que o normal. Atirou os seus sapatos para uma das pontas do quarto e sorriu na direcção dela quando finalmente ficou com as calças na mão.
Beatriz riu-se e puxou-o pelo cinto de volta ao seu corpo. Sentou-se sobre a cintura de Tom e percorreu o seu pescoço, peitorais e abdominais com a fome característica que adquiria quando se sentia cada vez mais excitada por ele. Deixou que os seus lábios navegassem por cada pedaço de pele que encontrava e cada vez que olhava na direcção dele conseguia vê-lo contorcer os lábios em puro deleite. Só aquela visão já lhe dava um aconchego pouco normal no estômago. Desapertou as calças largas de Tom e deixou-as cair ao lado da cama. Deixou um beijo sobre o alto visível nos boxers de Tom e voltou aos lábios dele com um sorriso na cara. Estava feliz, estava com ele e isso bastava para a deixar feliz e, neste caso, em puro êxtase.

Sentiu Tom beijar-lhe o pescoço enquanto ganhava tempo para desapertar o seu soutien. Virou-a na cama e explorou o seu peito com toda a determinação e excitação que aquela zona em particular da namorada lhe dava. Sentia-a gemer baixinho ao seu ouvido e passear as suas pelas suas costas dando-lhe múltiplos arrepios fazendo com que o seu corpo chegasse ainda mais longe do que aquilo que já tinha chegado. Alcançou um preservativo da primeira gaveta da mesa-de-cabeceira e desfez-se do resto da roupa de ambos, antes de o colocar e penetrar Beatriz da forma mais lenta que alguma vez se houvera lembrado.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

[40]

Peço desculpa outra vez, mas o tempo é curto. Hoje não tive aulas consegui adiantar um bocadinho e vou ver se consigo mais qualquer coisita. Espero que não desistam da história, btw está quase no fim não sei ao certo quantos capítulos mas não devem faltar muitos. Quando acabar de a escrever mesmo eu aviso (:
Beijinhos e obrigada*


A última semana de concertos realizada por toda a parte na sua terra Natal tinha passado a voar. Tom não se conseguia mentalizar que dentro de duas horas, talvez nem tanto, deixaria a namorada e o agora seu filho em casa e iria voltar à sua, depois de dois meses de ausência. Encostou a cabeça ao banco da carrinha e deixou-se deslizar até ao ombro de Beatriz. Não conseguia conter as saudades que tinha da mãe e dos seus cães, afinal não puderam ir em Tour consigo depois de tudo acordado para isso.
Não se conseguia realmente mentalizar no fim daquele período nem que a vida a que se habituara a levar todas as manhãs chegara ao fim.

[Flashback]

Mexeu-se na cama e apertou-a mais contra si. O calor que emanava das costas dela e que cobria o seu peito naquela manhã fria, conseguia acalmar os seus sentidos e dar-lhe os bons dias de maneira especial. Puxou mais o corpo para cima e afastou os cabelos vermelhos de Beatriz do seu pescoço e depositou-lhe um beijo suave, terno e apaixonado sobre ele.
Beatriz soltou um gemido extremamente feminino e ensonado, e isso fê-lo sorrir e repetir o gesto.
- Bom dia… - Beatriz sussurrou quando se virou para Tom.
- Boa dia, amor… - era o habitual cumprimento de todas as manhãs. Não negava a ninguém que estivesse em seu redor que aquela era a mulher da sua vida, a sua primeira grande paixão e o seu primeiro grande amor. Era isso que ela era para quê escondê-lo?
Beatriz aninhou-se no seu peito e beijou-lhe o pescoço.
- Que horas são?
- Horas de me levantar.
- Já? – olhou-o e Tom beijou-lhe a testa.
- Não tenho a sua vida, sabe? – falou como se tratasse de uma das mais altas figuras do Jet Set. Beatriz riu-se a alto e bom som. – Acorda o teu filho e depois queixa-te! – limitou-se a dizer puxando-a para cima de si.
- Quando ele acordar, acordou. – disse simplesmente beijando-lhe os lábios, sugando-lhe o inferior. Tom riu-se da sua simplicidade de resposta e da maneira única como ela se conseguia expressar sem às vezes dizer nada. Fascinava-se com aquela mulher a cada vez que a olhava, tocava, beijava ou ouvia falar.
Ao recordar-se da primeira vez que a viu, nunca diria que aquilo que acontecia todas as manhãs numa qualquer cama de Hotel ou do TourBus, poderia algum dia realizar-se. Às vezes ficava mesmo parvo com estas situações. “A vida dá cada volta.”
Deixou os pensamentos de lado e obrigou Beatriz a levantar-se e a tomar um duche consigo naquela manhã.

[/Flashback]

Quando deu por si, tinha Beatriz a sussurrar-lhe qualquer coisa ao ouvido que não percebia. Endireitou-se e apercebeu-se que tivera adormecido embrenhado em pensamentos e que a casa de Beatriz, Sofia e Ryan acabava de ser o destino concretizado.
- Já chegámos. – Beatriz informou-o.
- Tenho sono. – Tom refilou aninhando-se novamente no ombro dela. – Posso dormir contigo? – perguntou infantilmente.
- Claro que sim, mas não queres ir a casa? – perguntou.
- Vou amanhã. – respondeu encolhendo os ombros. Assim ficou acordado, tal como Bill, Tom passaria a noite em casa das raparigas.

(…)

Marinne dirigiu-se ao seu camarim depois do trabalho daquela noite com um cliente especial dito normal, terminar. Há uma semana que não tinha dirigido corpo ou palavra ao seu patrão e o porquê, para ela, era óbvio. Depois daquela discussão marada entre ela e Charles e o facto de ter que encontrar Hannah o mais rápido possível, tinha-lhe tirado o apetite sexual todo por ele. Podia ser uma boneca insuflável para muitos, mas para Charles nunca o seria sem ter o próprio consentimento. Podiam tratá-la como quisessem, mas tinha alguma dignidade e não cedia sexo com este tipo de condições. No entanto, aquilo que sentia pelo seu patrão pouco adorável obrigava-a a fazer esse trabalho, e o mais interessante é que tinha feito progressos. Descobrira onde Hannah vivia e com quem e, apesar de não parecer muito, todas as noites quando saia do trabalho dava uma espreitadela à sua rua. Ria-se feita estúpida do que andava a fazer, mas em certo ponto dava-lhe gozo. Hannah nunca poderia ficar com Charles exclusivamente.

Saiu do Magnólia e como era habitual dirigiu-se à rua de Hannah. Achou estranho o facto de uma carrinha de vidros fumados se ter cruzado consigo àquela hora, afinal eram 3 da manhã, teria acontecido alguma coisa?
Variou o percurso da rua e fora do normal entrou num beco sem saída mesmo em frente ao prédio de Hannah.
- Wow. – conseguiu sussurrar quando viu três figuras entrarem no prédio. Se não estava nada enganada conhecia pelo menos duas delas: Hannah e Bill Kaulitz. Não percebia que raio Bill Kaulitz fazia no apartamento de Hannah, mas tentou somar dois mais dois. Bill admitira à relativamente pouco tempo que encontrara o amor da sua vida, portanto a coisa não podia fazer mais sentido ao seu cérebro. Ele apaixonara-se pela inocente mulher fogosa que Hannah era. – É mesmo vaca. – Num passo agora apressado voltou ao interior do clube e entrou que nem furacão no escritório de Charles.

- E bater, oh? – ele falou bruscamente.
- Baixe a bolinha, trago novidades. – encostou-se à parede e desbocou-se de tudo o que tinha visto e de todas as associações que tinha feito. Charles ficara impressionado.
- Aquela gaja anda com um famoso milionário, é isso que me estás a dizer? – ele perguntou.
- Basicamente, ele é bastante famoso no mundo todo e pelo que sei andou em Tour com a banda nos últimos dois meses.
- Mas a Hannah estava fugida há mais tempo… - pensou em voz alta.
- E quem lhe diz que ele não a protegia? Que a obrigou a sair do clube? – supôs. Charles olhou-a com cara de caso. Marinne podia ter razão, podia realmente ter visto aquilo mas também podia estar a intrujá-lo.
- Tens a certeza do que me estás a dizer? Ou isso é só uma manobra de diversão para me comeres novamente?
- Quem tem manobras de diversão para comer seja que rabo de saias for não sou eu, é você. – respondeu directamente. Ele olhou-a, a miúda tinha qualquer coisa que o excitava.
- Ok, então se isso é mesmo verdade vigia a Hannah e o outro e traz-me novidades. – levantou-se da cadeira e apagou o cigarro que fumava no cinzeiro. Dirigiu-se a ela, deixando-a encostada à parede e ao seu corpo. – Queres recompensa? – perguntou arrastando os lábios pelo pescoço dela. Marinne soltou um gemido, já estava satisfeita por aquela noite, não precisava de outro orgasmo, mas já que ele insistia.
- Depende da recompensa, tenho direito o tudo? – ele olhou-a por momentos e despindo-lhe o casaco com uma gentileza pouco própria acenou afirmativamente, dando-lhe passagem até à secretária.

(…)

Tom entrara primeiro que todos no prédio e consequentemente no apartamento. Levava Ryan ao colo, já de pijama vestido, encostado ao seu pescoço a respirar pausadamente. Entrou no quarto do pequeno e pousou-o sobre a cama, cobrindo-o e aconchegando-o, não deixando de lhe dar um beijo sobre a testa tal como se acostumara a fazer todas as noites. Sem saber bem porquê sorriu ao ver a pequena figura que tanto lhe dizia mexer-se e aconchegar-se por ele mesmo. O seu minorca fascinava-o e passado todo este tempo ainda não sabia porquê. Dirigiu-se à sala.
- Por favor vamos dormir, vamos? – perguntou completamente ensonado.
- Sim vamos. – Beatriz riu-se do estado do namorado. – És tão fraquinho.
- Não, - levantou o indicador – simplesmente tenho sono. – refilou. Bill riu-se.
- E queres alguma coisinha especial já agora? – gozou.
- Se te quiseres calar eu agradecia, obrigado. – entrelaçou os seus dedos com os de Beatriz e puxou por ela.
- Não tens de quê, maninho sempre às ordens.
- Lamento, mas não quero nada teu que esteja sempre às minhas ordens.
- Tu nem a dormir deixas o sexo de fora, pois não? – Sofia riu-se, vendo o casal desaparecer para o andar de cima.
- Acho que não! – Beatriz ainda teve tempo de responder antes de Tom arrastá-la completamente para dentro do quarto e poderem descansar a noite inteira.

sábado, 13 de novembro de 2010

[39]

Desculpem a demora mais uma vez, vou tentar escrever com mais regulariadade, mas não tenho conseguido. O capítulo é pequenino mas foi o que consegui arranjar. E pronto, Lisboa é Lisboa e vai ser sempre Lisboa xD
Beijinho*

Lisboa.

Ryan estava sentado contra a janela gigante que o backstage possuía. Estava de sorriso na cara e nada lhe tirava o brilho dos olhos negros quando mirava atentamente as luzes existentes no exterior do pavilhão. Conseguia até ver o rio e durante o dia até pudera vê-lo de perto! Estava fascinado.
- Mãe, podemos ficar aqui para sempre? – ele perguntou inocentemente quando se voltou para trás e pôde reparar que Bill já entrava pelo camarim.
- Porquê, amor? – Beatriz perguntou com um sorriso na cara ao ver a felicidade do rebento.
- Porque é lindo. – suspirou quase em forma de desabafo e mirou novamente as águas calmas do rio Tejo e as luzes dos candeeiros acesas ao longe.
- Tens razão. – Beatriz aproximou-se e agachou-se atrás dele. – É mesmo bonito.
- Depois vimos cá passar férias! – Tom entrou no camarim ainda a tempo de ouvir o comentário de Beatriz.
- Podemos?! – Ryan correu até Tom, que o elevou no ar, completamente inquieto. – Mesmo?!
- Mesmo! – sorriu-lhe e pousou-o no chão agarrando uma garrafa de água. – Está calor. – fez a observação.
- Calor?! Credo estou a morrer! – Georg entrou e esparramou-se no sofá.
- Portugal é um país que dá calores! – Bill pronunciou-se.
- Isso agrada-me… – Tom sentou-se, brincando com o piercing, e olhou Beatriz de esguelha que se riu da indirecta que ele acabava de lhe mandar.
- Um alongamento para a mesa 3, se faz favor! – Gustav entrou na sala e imediatamente se deitou no chão. Georg riu-se da maneira como o amigo entrava e decidiu-se a parar o seu descanso para auxiliar o amigo, ajudando-o a alongar os gémeos.

A chegada ao Hotel não levou, depois desta cena, mais de uma hora.
- Posso ir lá fora?! – Ryan perguntou, acordando de repente no colo de Beatriz.
- Agora? Estás morto de sono! – ela exclamou.
- Não, estou nada. – sorriu coçando um olho. – Posso ir? – olhou-a.
- Eu vou com ele, vai descansar. – Tom pegou em Ryan e pousou-o no chão dando-lhe a mão e depositando um beijo nos lábios de Beatriz. – Já voltamos. – piscou-lhe o olho e Beatriz sorriu.
- Juízo! – Ryan riu-se e puxou por Tom.
- Podemos ir lá para cima, podemos? Também deve ser bonito como é nos outros sítios!
- Vamos, minorca. – Tom dirigiu-os ao elevador e saíram no último andar, o andar que dava acesso ao telhado.

Tal como todas as outras cidades também Lisboa apresentava uma vista maravilhosa repleta de tráfego, luzes, cores, prédios e monumentos. Ryan sorriu e correu até à ponta do telhado, ouvindo Tom pedir-lhe que tivesse cuidado. Pendurou-se e riu-se ao sentir o vento que corria fazer-lhe cócegas na cara. Podia estar farto de todas aquelas viagens estranhas que tinha que fazer e podia estar cansado de tanta coisa nova que nunca pensara que existisse, sim podia mas estes momentos conseguiam encher-lhe a alma com a pureza que ele ainda possuía pelo simples facto de ser uma criança amada.

- Se cais esfolo-te! – Tom chegou-se a ele e agarrou-o pela cintura colocando-o ao seu colo. Ryan riu novamente e encostou-se o mais que conseguia a Tom. Estava sempre bem nos braços dele.
- Podemos mesmo vir para aqui passar férias, papá?
- Claro que sim. Eu também gosto muito de Lisboa. – pousou o queixo sobre os cabelos negros do filho.
- Boa. – fechou os olhos por instantes e quando os voltou a abrir apercebeu-se de que no meio de tantas luzinhas conseguia distinguir uma específica no céu. Uma vermelha e… - Está a andar! A luzinha está a andar! – disse repentinamente apontando o céu pouco estrelado naquela noite. Tom olhou também.
- É um avião. – explicou com um sorriso.
- E o senhor vê para andar com o avião?
- Sim, tem equipamentos próprios.
- Ah, e a luzinha? – perguntou fixando a luz acender e apagar ao mesmo tempo que se deslocava.
- É para outros aviões e as pessoas o conseguirem ver. – disse.
- Ah… - estava perto do fascínio. Sentiu o vento novamente na cara e deixou-se aconchegar por Tom. Em breves minutos estaria totalmente adormecido.

(…)

Sinceramente já não lhe fazia diferença fazer aquele trabalho mas o facto do próprio patrão lhe chamar Hannah quando estava prestes a vir-se não lhe dava assim tanta pica quanto isso. Saltou palco fora e, como grande parte das noites se habituou a fazer, dirigiu-se ao escritório de Charles.

- Boa noite. – a voz sensual do costume aproximara-se do seu ouvido de forma quase inaudível e não conseguiu conter um sorriso ao sentir as mãos atrevidas e hábeis de Marinne deslizarem pelas suas calças abaixo, mais especificamente pelas suas partes íntimas abaixo.
- Não era suposto satisfazeres os clientes? – ele perguntou, agarrando-a por um pulso sentando-a no seu colo e beijando os seus lábios de forma rude e esfomeada.
- Acho que você está primeiro… e é mais importante… - passou a mão pelo seu peito pouco definido - … e é mais maduro, e mais interessante… - parava cada palavra com a combinação da sua respiração e o passar suave dos seus lábios no seu pescoço. - … só depois vêm os seres mais baixos e mais rascas… - terminou beijando os seus lábios, escapulindo uma das mãos para o interior das calças do patrão.
- Gosto disso… – levou a mão às fitas que prendiam as meias rendadas às cuecas mínimas que Marinne usava e rebentou-as à bruta como costumava fazer. Pegou nela e atirou-a sobre a secretária encaixando-se entre as suas pernas morenas. - … Hannah. – acrescentou. Marinne teve um colapso e afastou-o à bruta do seu corpo.
- Seria pedir muito que não me chamasse isso?! Consigo não sou a Hannah, sou a Marinne. – olhou-o furiosamente aproximando-se aos poucos dele, que se mantinha encostado à parede. – Custa muito?
- Não. – ele respondeu meio ofegante pela dominância que Marinne mostrava, estava excitado com isso.
- Então faça o favor! – atirou-se contra ele e rasgou-lhe os botões da camisa arrancando-lha do corpo.
- Faço o favor se tu encontrares a Hannah. – respondeu ao seu ouvido agarrando-a pelo rabo, voltando a pô-la de encontro à secretária e a encaixar-se nela. Rebentou todos os outros pormenores que ela trazia vestidos e não lhe deu tempo aos lábios de lhe responder até ele próprio estar despido o suficiente para se fazer ouvir dentro dela. Penetrou-a. – Encontra-la?! – perguntou a uma nova investida.
- Como quer que eu faça isso? – perguntou trincando os lábios a meio, visto que tentava racionalizar a resposta ao mesmo tempo que os arrepios deleitados começavam a percorrer o seu corpo.
- Inventa. Ela não pode ter desaparecido… - tentou controlar a respiração e abrandou o ritmo a que a possuía - … do mapa. Desenrasca-te e podemos continuar a ter estes momentos. – dobrou-se sobre o corpo suado dela e encostou a cabeça ao seu pescoço. Estava quase.
Marinne não sabia que estado de espírito devia adquirir. Ora se sentia contorcer em prazer e no suor de Charles, como uma raiva descomunal se apoderava de si, escrevendo-lhe no coração que ele a usava. Gritou abafadamente quando se sentiu chegar ao limite e olhou Charles que, apesar de o trabalho estar completo, não saiu do seu interior.

- Procura-la, ou não? – forçou o seu corpo a entrar de forma pesada no dela e ouviu-a gemer, mas desta vez não foi de prazer.
- Sim. – encolheu-se e tentou empurrá-lo, mas nada feito. – Mas o James não a encontra, por raio hei-de eu conseguir? – tentou perguntar.
- Não refutes. – entrou nela novamente de forma bruta. – Faz e cala-te! – Marinne deixou que uma lágrima abandonasse o seu posto escondido e sentiu-se pulsar de forma demasiado intensa por dentro.
- Está bem. – concordou. Charles penetrou-a mais um par de vezes, mas desta vez carinhosamente, o que não dava a entender que aquela parte da cena teria sido antecedida de tortura.
- Obrigado. – beijou-lhe os lábios e vestiu-se, vendo-a sair do seu escritório a coxear.

Soltou uma gargalhada feliz e sentou-se na cadeira, se tudo corresse bem Marinne iria procurar por todo o lado possível e imaginário e Hannah seria sua em breve.

sábado, 6 de novembro de 2010

[38]

Cá está o próximo. Este sinceramente é um bocado palha mas não deixa de ser curioso. O próximo segundo as minhas contas poderá trazer bombas (a). Beijinho*

- Não quero!
- Porquê?
- Porque não quero! – Ryan refilava pela quinta vez naquela tarde. Nada parecia arrancá-lo do mesmo sítio.
- Isso não é resposta! – Beatriz já estava pelos cabelos, os rapazes estavam em concerto há uns meros cinco minutos e ela queria aproveitar para dar uma vista de olhos pela cidade afinal Madrid era quase lendário, mas Ryan não cedia por nada.
- É! – amuou e saiu da sala disparado. Estava chateado e não sabia com o quê. Estava frustrado, estava a começar a ficar cansado daquela vida. Pára aqui, dormir ali, vira e revira. Sentia-se maçado, cansado de todo o esforço que lhe era exigido sem que ele quisesse. As primeiras semanas eram só novidades, o Tom era sempre seu quando ele queria e agora isso já não acontecia. Não sabia se era o desenrolar de toda aquela viagem gigante e de todos os concertos que ouvia dos Tokio Hotel, mas não queria estar mais ali.
Beatriz foi atrás dele.
- Ryan, volta aqui imediatamente! – ordenou.
- Não! – berrou-lhe encostando-se a uma parede cedendo às lágrimas que não sabia porque saiam. Estava confuso. Sentou-se sob o olhar de Beatriz e de Sofia que chegava agora ao pé de si.

- Que se passou? – perguntou.
- Está numa fase certamente. – bufou. Não suportava discutir, e muito menos suportava discutir com o seu pirralho de 4 anos. Colou a testa à parede e respirou fundo, dirigindo-se depois a Ryan. Ao ser humano que parecia ter muito mais idade do que na realidade tinha. Beatriz interrogava-se várias vezes sobre as respostas que ele tinha na ponta da língua e que uma criança da idade dele nunca saberia dar. Ryan interessava-se pelas letras e pelos números de uma maneira apaixonante e, apesar de ainda não saber ler, já soletrava algumas coisas e sabia contar até dez sem se perder ou hesitar, na perfeição. Sofia dizia-lhe vezes sem conta: “O puto é sobredotado, tu vais ver quando ele começar a escola!”, mas Beatriz não queria acreditar nisso. Iria ter um geniozinho entre mãos? Não sabia se isso era bom ou se era mau.

Sentou-se ao lado dele sem proferir palavra, sabia que nestes casos o melhor era mesmo tratar o pirralho como um quase adulto em miniatura.
- Porque é que não queres ir, Ryan? – perguntou calmamente.
- Não quero. – respondeu de imediato.
- Mas tem que existir uma razão…
- Podemos ir para casa? – olhou a mãe pela primeira vez e Beatriz viu as suas lágrimas cristalinas.
- Tens saudades de casa, amor? – perguntou rodeando os seus ombros com um braço, puxando-o para o seu peito.
- Sim, e dos meus amigos… quero estar com eles. – confessou. – Podemos ir? – perguntou novamente, passando para o colo de Beatriz aninhando-se como usualmente fazia.
- Mais 2 semanas, Ry nem tanto. É pouco tempo…
- É? – perguntou.
- É. – ela confirmou. – E vais ver mais cidades e mais luzes e cores. – disse sabendo que captaria a atenção dele. Ryan suspirou.
- Está bem. – acabaria por ceder como sempre acontecia quando a envolvida era a mãe, podia ter sempre muitas respostas mas, no fim, aquilo que a sua mãe lhe dizia acabava sempre por fazer algum sentido e ele aceitava a escolha que era feita por si.
Beatriz deu-lhe um beijo sobre os cabelos e levantou-se, dirigindo-se ao camarim com Ryan nos braços.

*

Encostou a cabeça à parede do chuveiro, no luxuoso quarto de Hotel, e limitou-se a sentir as gotas de água escaldante fluírem através do seu corpo cansado e dorido. O final da Tour aproximava-se a passos largos, e apesar de Tom jurar a pés juntos que nunca tinha tido tanto prazer a apresentar algo aos fãs como aquele grandioso espectáculo, isso cansava-o e a cada noite que se recolhia de novo à sua verdadeira identidade a vontade de terminar com tudo parecia maior. No entanto, todas as noites ao subir ao palco onde, na plateia, alguns milhares de fãs esperavam o concerto das suas vidas, esquecia tudo o que era, o que tinha, como se vivia e desfrutava apenas da música que ele e os seus melhores amigos produziam. Cantava, pulava, corria, até quase já se estatelara mas partilhar tudo aquilo com as pessoas que deram significado ao seu sonho era uma espécie de magia. Como ele costumava dizer: “Em palco somos nós, a músicas e os fãs. Os fãs e a música, nada mais importa.”

Desligou o chuveiro e agarrou numa das toalhas mais próximas, secando o corpo das gotas de água que percorriam as curvas do fruto do seu trabalho do ginásio, e não só. Olhou-se ao espelho e teve tendência a sorrir. Podia estar cansado e até farto, mas nada fazia mais sentido no mundo do que aquilo.
Vestiu um par de boxers e dirigiu-se ao quarto conseguindo distinguir a elegante silhueta da namorada já por entre os lençóis brancos da cama.
- Acordada? – perguntou num murmúrio abraçando a barriga dela com cuidado, aconchegando-se contra o seu corpo.
- Sim… - Beatriz respondeu numa voz bastante audível mas ainda assim murmurada, e virou-se para ele.
- Está tudo bem? – deu-lhe um simples beijo na testa e colocou uma madeixa de cabelo atrás da sua orelha. – O Ryan…
- Sim, foi uma crise. Aquilo passa. – sorriu, beijando-o.
- Esperemos, é que não me apetece nada ficar sem o meu aprendiz na fase crucial! – brincou fazendo-a soltar uma gargalhada e aconchegar-se mais em si.
- Não vais ficar… - disse - … amanhã estamos onde? – perguntou.
- Amanhã vamos de viagem até Lisboa e depois de amanhã actuamos e regressamos à Alemanha para a última semana de concertos. – explicou.
- Parece-me bem. – Tom beijou-lhe novamente os lábios.
- Mas agora vamos dormir.

(…)

- Não consigo. – Ryan bufou quando pela quarta vez consecutiva não conseguira fazer o que Tom lhe pedia. Parecia demasiado complicado pôr os dedos daquela maneira específica e ter que os manter naquela posição alguns segundos. Simplesmente não conseguia.
- Consegues sim, anda lá. Mais uma vez. – olhou o pequeno sentado à sua frente num dos bancos do Tourbus.
- Chato. – voltou a tentar colocar os dedos da maneira que lhe tivera sido explicada, mas simplesmente não acertava de facto naquilo. – Não dá! – refilou.
- Dá sim, Ryan! – levantou-se, também já algo frustrado, e mostrou-lhe como se devia fazer, usando os dedos do pequeno. – Põe a mão assim e coloca os dedos nesta posição! – ordenou. Ryan olhou-o, não sabia bem se com medo ou qualquer outro tipo de sentimento mas Tom intimidara-o naquele momento como nunca tivera feito antes. Decidiu-se a acatar a ordem de Tom e seguiu á risca os passos. Conseguiu. – ‘Tás a ver? Tu consegues! – Tom sorriu-lhe.
- Sim! – Ryan sorriu-lhe também e abraçou-se à cintura de Tom, visto estar à sua altura.

- Bea, viste o meu estojo de maquilhagem? – perguntou Sofia, dirigindo-se a ela.
- Não. – respondeu encolhendo os ombros.
- E não tens ideia de onde o possa ter deixado?
- Não. – respondeu novamente mais interessada no filme que na amiga.
- Tu sabes, Bill? – desta vez dirigiu-se ao namorado.
- Não. – ele respondeu olhando também o filme.
- Não o viste mesmo? – insistiu – Partilhas quarto comigo!
- Não sei, amor. – Bill respondeu olhando-o por meros segundos mas voltando imediatamente a cabeça até ao filme.
- Foda-se. – refilou baixinho.

- Foda-se! – Ryan exclamara. Nunca tivera ouvido aquela palavra na vida e parecia-lhe extremamente interessante de dizer. Beatriz, Tom, Bill e Sofia olharam o rapaz. – Foda-se. – ele repetiu e todos, à excepção de Beatriz, se alarmaram ainda mais.
- Isso não é pa… - Tom ia a falar mas Beatriz cortou-o.
- Cala-te! – Tom olhou-a, sem perceber. – Se lhe dizes que não é para dizer ele vai estar constantemente a dizê-la! – explicou em murmúrios de modo a que apenas os adultos ouvissem.
- És capaz de ter razão… - Bill falou.
- Ignorem-no quando ele disser isso. Vai perceber que não há reacções e esquece.
- Tu percebes mesmo disto. – Sofia olhou-a.
- Acho que é suposto. – encolheu os ombros e olhou o filme, não ligando ao filho que continuava a explorar a palavra a ver se mais alguém tinha qualquer tipo de reacção. No entanto, Ryan apercebeu-se que ninguém lhe ligava nenhuma e decidiu-se a sentar-se novamente no chão a praticar o acorde que Tom lhe tinha ensinado.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

[37]

Peço imensas desculpas mas a escola mata-me, não me tira todo o tempo do mundo, mas mata-me. Tive teste na sexta e hoje outro e não tive grande tempo de acabar de escrever este capítulo, já para não falar que tive uma paragem de imaginação aguda ._. Mas pronto, ele vem com um atraso, no mímino, gigante, mas vem :p
Portanto, não digo que seja totalmente necessário mas é um capítulo importante. Eu é que não gosto dele, mas coise, divirtam-se.


Subiu novamente ao palco fingindo ser quem não era. O cabelo que agora era avermelhado em vez de castanho, os olhos que normalmente seriam do seu azul e agora eram constantemente tapados por lentes de contacto escuras, o corpo que parecia não ser o seu e o salto mortal que teve que aprender a fazer deixavam o seu inconsciente louco. Não sabia bem o porquê de Hannah ter abandonado o clube, mas não tinha certezas de ter sido inteligente fazê-lo.

Saltou do palco naquilo que marcava a personalidade de quem encarnava e deixou o corpo descansar contra a parede negra traseira ao palco. Não fora feita para o ritmo dos outros, e por muito boa dançarina, stripper ou o que quer que seja que lhe chamassem não tinha jeito para ser quem não era. Respirou fundo e ajeitou a lingerie, passando pelo camarim e entrando na zona restrita: a porta entreaberta de Charles. O seu patrão deixa-a extremamente acesa por dentro e não descobria porquê. Sinceramente, só tinha aceitado fazer o trabalho porque ele lhe pedira.
- É seguro entrar? – Charles elevou a cabeça ao sentir uma voz feminina e extremamente sensual dirigir-se a si. Olhou Marinne e viu nela aquilo que idealizava de Hannah.
- Sim, mas só se fechares a porta. – sorriu maliciosamente e contornou o seu corpo ao vê-la virar-lhe costas e trancar a porta. – Estás à procura de diversão? – perguntou levantando-se da cadeira dirigindo-se a ela, enlaçando-a pela cintura.

Marinne tinha uma panca estranha por homens mais velhos e ligeiramente terroríficos desde adolescente. Os seus 24 anos pesavam-lhe nos ombros com muitos casos diferentes, e foi por isso mesmo que enveredou naquele ramo. Ao contrário da maior parte das dançarinas e acompanhantes de luxo existentes naquele clube, ela era uma das poucas que decidira trabalhar ali e fazer aquilo da vida, por vontade própria.
Enlaçou o pescoço de Charles com os braços e levou os lábios aos dele. Deixou-o romper a sua roupa e a sua barreira de intimidade na sua forma mais brutal possível e retirou prazer físico e psicológico disso. Era daquilo que gostava e era daquilo que planeava viver.

(…)

Sentou-se confortavelmente na cadeira existente na varanda, precisava de descansar da caminhada que fizera com Ryan e Sofia pela bela cidade de Paris. Todos os monumentos, os sorrisos que via na face de cada pessoa por quem passava, a quantidade infindável de línguas que ouvia falar sem perceber o mínimo tinham-na fascinado. A sua vida nunca a permitira viajar, levar uma vida de luxos e coisas boas mas agora que as tinha alguém estava sempre a sussurrar-lhe ao ouvido que aproveitasse. E ela aproveitava, ela e Sofia que levavam Ryan pelas mãos a dar uma pequena volta em todas as cidades que passavam e onde tiravam fotografias para mais tarde recordar.
Tinham dado uma volta por Paris durante o dia e à noite durante o concerto dos rapazes, aquilo era lindo.

Sentiu Ryan e Tom entrarem no quarto e tentou-se a levantar-se para ser ela a deitar o filho, mas Tom já quase tinha tornado essa função como um dos seus hábitos e Ryan agradecia bastante com o olhar. Notava-se no seu sorriso e na sua felicidade extrema de ser pequenino e ainda assim bastante inteligente, que toda aquela situação o preenchia por dentro.
Sorriu a si mesma e olhou a Torre Eiffel pintada ao fundo no negro mar de luzes brilhantes. Aquela vista era linda e enchia o seu peito de uma felicidade desmedida, fazendo-a esquecer todo o seu percurso até ali, todo o percurso que necessitava ser mesmo esquecido. Levantou-se e respirou fundo sentindo o ar frio da noite parisiense invadir-lhe os pulmões. Encostou o corpo aos limites de ferro e suspirou. Podia, sem dúvida alguma, dizer que era feliz.

Sentiu uns braços rodearem a sua cintura e uns lábios metálicos beijarem o seu pescoço da maneira mais doce que alguma vez se tinha apercebido.
- Não é bonito? – Tom perguntou apertando mais o seu corpo contra o dela.
- Completamente. – sorriu e descaiu a cabeça sobre o ombro de Tom, abraçando as suas mãos. Ele beijou-lhe a bochecha.
- Pede um desejo. – Tom pediu.
- Porquê? – Beatriz perguntou sem perceber qual era o objectivo dele.
- Pede um desejo, só isso. – sorriu.
- Em voz alta?
- Não, então depois não se realiza! – Beatriz riu-se da rapidez com que ele respondeu.
- Ok. – fechou os olhos e respirou fundo. Não sabia o que desejar, não sabia se queria mais alguma coisa na vida do que aquilo que já tinha. Tinha uma família feliz e era rodeada de pessoas com óptimos valores e objectivos de vida e estava livre da sua morte psicológica certa! Não encontrava nada que quisesse desejar. – Não sei o que pedir.
- E queres que eu te faça desejar? – perguntou em forma de sussurro ao seu ouvido, arrastando os lábios pelo seu pescoço provocando-lhe arrepios.
Beatriz virou-se para ele e perfurou os seus olhos, conseguindo sentir aquilo que Tom sentia no momento. Beijou-o e deixou que os movimentos instintivos que possuía quando o corpo de Tom envolvia o seu daquela maneira, tomassem conta do seu pensar.
- Quero. – sorriu-lhe ao quebrar o beijo. Tom riu-se, ela tinha percebido a indirecta.
- Nada melhor que fazer amor contigo na cidade do amor. – Tom sorriu e beijou os seus lábios agarrando-a pelas ancas.

(…)

Estavam a quatro semanas de Tour, faltavam outras quatro.
As relações mantinham-se e estavam cada vez mais fortes; Ryan já arranhava uns pouquíssimos toques na guitarra e Tom sentia-se totalmente orgulhoso disso.

Estavam sentados os cinco do costume no autocarro que fazia a ligação entre os países nórdicos onde os Tokio Hotel fariam a próxima semana de concertos.
- Não queres tocar Ryan? – era Sofia. – Eu ainda não te ouvi! – Ryan sorriu e rapidamente se levantou do sofá, largando o livro que fingia ler, passando apenas as imagens, para ir buscar a guitarra ao andar de cima do autocarro.
Desceu num ápice e sentou-se no chão, de pernas à chinês, com a guitarra entre as pernas. Tinha ganho uma nova paixão, um novo amor, uma nova coisa para puder alcançar. Gostava do som que ouvia quando passava os dedos pelas cordas da guitarra e adorava os incentivos vindos da mãe e de Tom para que continuasse. Estava fascinado com o novo brinquedo que parecia dar-lhe uma luz diferente aos olhos negros.

Não sabia como começar, sentia-se até algo nervoso afinal a plateia não simplesmente Beatriz e Tom e a história não se passava num quarto de Hotel totalmente selado. Estava rodeado por dois novos elementos que nunca o tinham visto tocar, estava nervoso.
Olhou Tom, estava bloqueado e sem qualquer reacção possível. Precisava de ajuda.

Tom sorriu, percebeu o que se passava, ele próprio já tinha sentido aquilo, é certo que muito mais velho, mas sabia que Ryan sentia que aquilo era uma primeira actuação em miniatura e os nervos apoderaram-se de si. Já para não falar que a timidez era vincada na personalidade do pequeno. Tom levantou-se e sentou-se ao lado dele, sendo seguido pelo olhar dos presentes que não percebiam o porquê de Ryan não se mexer.
- Não vais tocar, Ry? – fora Bill que fizera a pergunta.
- Não quero. – Ryan murmurou escondendo a cabeça no grande casaco de Tom. – Vai sair mal. – murmurou novamente. Tom sorriu e afagou-lhe os cabelos, olhando-o nos olhos.
- Só estás a aprender, minorca, é normal. A mim também me aconteceu. – Ryan mexeu-se curioso.
- Sim?
- Sim. – Tom sorriu-lhe e depositou-lhe um beijo sobre os cabelos negros. – Toma. – passou-lhe novamente a guitarra. – Vão todos adorar. – preparava-se para se levantar mas a meio Ryan puxou-lhe as calças.
- Fica aqui, por favor. – pediu sério, olhando-o quase em desespero.
- Eu fico. – sentou-se e despenteou-o. – ‘Bora.

Beatriz estava mais uma vez totalmente absorvida nos movimentos daqueles dois. Compreendia o medo de Ryan, conhecia-o melhor que ninguém e aquilo era uma experiência nova para ser exposta a tanta gente. Mesmo conhecendo quem ali estava, a confiança tremia dentro do pequeno, e ela podia ver isso nitidamente.
Deixou-se ficar a ver a cena terna que se exibia sob os seus olhos e sorriu. Era impossível não sorrir e sentir-se completa por Ryan.

Ryan não tocava nada do outro mundo, sabia apenas um acorde e tinha que ser com a ajuda de Tom, mas já conseguia fazer ritmos e adorava achar que sabia fazer muita coisa. Não foi preciso muito tempo para que se libertasse e deixasse o seu sorriso expandir-se até contagiar os restantes.
- Boa! – Sofia levantou-se e bateu palmas. Ryan, divertido, levantou-se e fez vénias deixando todos com a gargalhada na voz, mas envergonhado saltou para o colo da mãe e encostou a cabeça no seu peito.
- Parabéns, amor. – Beatriz sussurrou-lhe ao ouvido, fazendo-lhe festas pelos cabelos.
- Gostaste? – perguntou olhando a mãe, orgulhoso de si próprio.
- Sim. – beijou-lhe a testa. – Tens futuro. – fez-lhe cócegas na barriga e Ryan riu-se contorcendo-se no seu colo.
- Cavalinho! – do nada lembrou-se e colocou uma perna de cada lado da cintura de Beatriz, obrigando-a a abanar as pernas até ele se sentir suficientemente cansado e adormecer contra o pescoço dela.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

[36]

Até sábado/domingo não prometo capítulo, tenho testes. Em relação a este, não tenho muito a dizer, só que adorei imaginar a última cena xD


- Mamã, papá! – Ryan saltava feliz da vida ao lado da cama de Tom e Beatriz.
- Só mais cinco minutos. – Tom arrastou as palavras pondo a almofada na cabeça.
- Habitua-te, ele fica eléctrico quando vem uma festa. – Beatriz respondeu-lhe ainda que meia adormecida e Tom nem percebera metade.
- Quero a minha prenda! – com algum sacrifício conseguiu subir para cima da cama e, como subiu do lado de Beatriz, descobriu Tom.
- Minorca, deixa-me dormir. – pediu quase em choro. Ryan riu-se enfiando-se por baixo dos lençóis entre o corpo dos dois.
- Vá lá… - pendurou-se no braço de Tom. - … quero que me ensines a tocar. – disse talvez pela centésima vez naquele espaço de dias. Tom virou-se.
- Tem que ser agora? Não posso dormir mais um bocadinho? – perguntou olhando o rapaz com olhos de sono. Tom parecia ter levado uma boa dose de álcool.
- Mas eu já não estou a dormir! – contrapôs.
- Mas devias. – Beatriz pronunciou-se quase voltando a adormecer.
- Vocês são chatos. – refilou e sentou-se na cama cruzando os braços. – Posso ver televisão enquanto vocês dormem?
- Podes… - eles responderam em coro e, enquanto Ryan se deslocou para os pés da cama, sentando-se no chão, Tom abraçou-se à cintura de Beatriz e rapidamente adormeceu.

(…)

Já estava rodeado de peluches e brinquedos e todo o tipo de bolas e legos possíveis e imaginários. Toda a gente naquela crew tinha um carinho especial pelo membro mais novo das viagens e não hesitaram em comprar-lhe uma pequena lembrança, nem que fosse mínima.

Ryan estava sentado no chão, completamente deliciado com a quantidade de coisas novas que tinha. Sim, estava deslumbrado, mas havia qualquer coisa que ele ainda não tinha recebido e que fora a única coisa que pedira.

Na sala já só estavam presentes os elementos da banda, Beatriz, Sofia e David.
- Queres mesmo aprender a tocar? – Tom baixou-se à sua frente.
- Siiim! – Ryan deu pulinhos e bateu palmas vendo Tom deslocar-se à parte mais longínqua da sala e trazer com ele um simples embrulho.
- Abre. – entregou-lho. Ryan sentou-se novamente no chão e rasgou o papel. Beatriz olhava-o e, depois do pequeno abrir o embrulho, dinheiro nenhum no mundo poderia comprar aquele momento e o sentimento de preenchimento que a envolvia. Ryan estava totalmente embasbacado e extremamente feliz ao descobrir uma pequena guitarra dentro do embrulho. Ela tinha um sorriso na cara e também Tom não foi capaz de ficar indiferente à expressão do rapaz. Ninguém na sala conseguiu.
- Obrigada! – levantou-se num pulo e abraçou-se às pernas de Tom. – Posso aprender já? – olhou-o.
- Pergunta à tua mãe! – brincou.
- Porque é que tenho que perguntar à mãe, se tu és meu papá? – perguntou sem perceber. Tom baixou-se à sua frente, não sabia bem o que dizer perante aquela pergunta.
- Porque…
- Eu dou autorização! – Beatriz falou antes que Tom pudesse meter os pés pelas mãos. Ryan sorriu e pegou na pequena guitarra, ideal ao seu tamanho, sentando-se no chão com Tom.
- Como faço?

Beatriz sentiu o telemóvel vibrar no bolso das calças e o seu coração saltou-lhe do peito quando leu James no ecrã. O que é que se passaria? Pediu licença e saiu da sala sob o olhar atento e até algo preocupado de Tom e Sofia.

**
- Estou?
- Bea, meu deus estás bem? – perguntou meio aliviado pelo simples facto de ouvir a sua voz.
- Sim. Está tudo bem. – confirmou. – Por aí?
- Substituímos-te. – disse. Beatriz suspirou sem saber se havia de rir ou chorar. – A Marinne está disfarçada e parece mesmo tu!
- A sério? O Charles aceitou isso? – não acreditava.
- Sim, ele não quer perder lucro nem clientes, sabes como é e o que eu me lembrei melhor foi isso. Disfarçar alguém. Eu vou continuar a proteger-vos, boneca nada vai mudar, ok?
- Obrigada, James a sério. – encostou-se à parede e deixou o corpo escorregar até se sentar sobre o tapete vermelho que atravessava o corredor. – Não sei se iria aguentar ver o clube fechar por minha causa.
- Não terias que te culpar por isso.
- Ai! A Sofia diz o mesmo, mas é quase impossível. Vocês não percebem! – elevou a voz e encostou a cabeça para trás. – Não é fácil…
- Eu sei que não é, acompanhei o teu percurso no Magnólia, mas tens que perceber que não és mais uma marionete das mãos do Charles! És simplesmente a Beatriz, a Hannah morreu para ti. – disse sério. – Morreu mesmo!
- Não sei… e se o Charles vier atrás do Ryan? – estava receosa como sempre.
- Não vai! – James levantou-se do sofá da sua sala onde permanecera sentado. Aquela conversa com Beatriz teria que lhe abrir os olhos e fazê-la ver que a fase de stripper no Magnólia evaporara da sua vida. Podia deixar marcas, e ia com toda a certeza deixar marcas, mas ela teria que as saber gerir, e pelo que vira da relação que mantinha com Tom ele certamente nunca a iria deixar voltar àquela vida. – Promete-me que nunca mais vais meter um único dedo naquela coisa! Por favor, Beatriz! – pediu à beira do desespero, aquela rapariga significava demais para si.
- Eu prometo. – teve a tentação de fazer figas mas não o fez. Manter-se-ia firme naquela promessa e, acima de tudo, manter-se-ia fiel a si mesma. – O clube morre aqui. – um pequeno sorriso surgiu nos seus lábios.
- Ainda bem. – suspirou e voltou a sentar-se. – Sabes que te adoro, boneca e não quero que a tua vida regrida ao ponto em que te conheci. Quero-te bem.
- Obrigada, James. Obrigada mesmo. – a conversa durou mais 10 minutos em simples gargalhadas e até confidências. Beatriz ficou a conhecer os movimentos existentes no clube e deu por si a desprender-se de todas as recordações que tinha de lá. As únicas coisas que traria do clube davam pelo nome de Ryan e Tom.
**

Regressou ao quarto para observar a rebaldaria total. Ryan, Tom e Georg sentados a um canto de volta da pequena guitarra. Sofia e Bill entretinham-se com os lábios do outro sentados num dos sofás persa. Gustav e David atiravam almofadas pelo ar, completamente divertidos com o caos que começavam a provocar.

- É seguro? – ela perguntou entrando mais na sala.
- Baixa-te! – Gustav, à sua frente berrou-lhe e ela assim o fez, caso contrário David ter-lhe-ia acertado com a almofada na nuca.
- Estou a ver que não. – riu-se e dirigiu-se a Ryan. – Ry, não está na hora de ir para a cama? – perguntou.
- Não. – Ryan sorriu-lhe, no entanto já cansado.
- Nota-se, dou-te 20 minutos para arrumares tudo e cama. – avisou simplesmente. Ryan olhou Tom.
- Não te vou safar dessa, minorca. – respondeu. – Vamos arrumar.

(…)

Bill saíra desvairado do seu quarto de Hotel, ainda nos seus boxers sem mesmo se aperceber disso e bateu com toda a convicção na porta do quarto do irmão e de Beatriz.

Beatriz acordou estremunhada com o barulho que fazia interferência nos seus ouvidos e não a deixava permanecer quieta na cama. Sentou-se e tentou interiorizar o que estava a ouvir.
- TOM! – distinguiu a voz de Bill e levantou-se da cama, meia aos zigue zagues, e vestiu a camisa de Tom, que tinha ficado espalhada no chão do quarto na noite anterior, sobre o corpo nu.
- Está tudo bem? – perguntou ao abrir-lhe a porta esfregando os olhos.
- O Tom? – perguntou não dando qualquer tempo de reacção a Beatriz e entrou no quarto.
- Na cama. – ela apontou, mesmo sem Bill ver. Bill saltou para cima da cama, onde Tom estava agora meio atravessado coberto apenas até à cintura, e abanou-o com toda a força que os seus braços conseguiam ter àquelas horas da manhã. Eram 8 horas e supostamente deveriam estar preparados às 9.

- Amor, deixa-me dormir… - Tom balbuciou, e julgando ser mesmo Beatriz virou-se na cama e aninhou-se sobre o peito desnudado de Bill.
- Tom! – ele berrou e Beatriz riu-se ao ver a figurinha naquela cama. Tom mexeu-se e levou a mão ao peito de Bill ‘apalpando-o’ e conferindo que o tamanho não correspondia àquele onde tinha passado a noite anterior.
- Tu não és a Beatriz! – completamente alarmado empurrou Bill e tapou o corpo com o lençol branco, com medo de quem pudesse estar ao seu lado.
- Eu sei que não sou a Beatriz escusas de me apalpar as mamas para perceber isso, credo. – Bill massajou o piercing onde Tom tinha mexido com demasiada força.
Tom sentou-se na cama e observou a namorada, já quase de joelhos no chão, a rir que nem doida. Massajou as têmporas e olhou para baixo confirmando que mantinha as suas partes mais íntimas cobertas.
- Qual é a tua? – já mais ciente da situação olhou o irmão. – Agora queres o quê? Matar-me de susto?! – perguntou retoricamente. – O meu coração não aguenta, sabes? Tive uma noite atribulada e adormeci com ela, - apontou a namorada – não estava à espera de acordar contigo! – refilou apontando Bill. Bill riu-se da cara de parvo que o irmão tinha.
- Tive uma ideia para a melodia que me mostraste! – disse, de novo histérico, lembrando o assunto que o tinha levado ali.
- Ah, e é preciso acordares-me desta maneira!? Ainda por cima vocês têm os dois piercings aí! – apontou os mamilos do irmão. Bill olhou Beatriz. – Mas deixa-me dizer que lhe fica melhor a ela. – Tom sorriu brincando com o piercing labial, olhando Beatriz.
- Também tens um piercing no mamilo? – Bill perguntou apanhado desprevenido.
- Tenho, mas no direito. – respondeu sentando-se numa das poltronas do quarto.
- Que giro, não sabia. – disse meio aluado.
- É normal, quem dorme com ela sou eu! – Tom meteu-se na conversa.
- Estás muito gráfico tu, hoje. – Bill refilou olhando-o ainda sentado na cama.
- Tens algum problema com isso? – bufou cruzando os braços – Que raio de ideia é que tiveste mesmo? – perguntou. Bill explicou a ideia por alto. – Não gosto. – respondeu directamente.
- Tive este trabalho todo para isto? – refilou. – Vou falar com o Jost! – levantou-se da cama. – Atura-o tu, - passou por Beatriz – estejam prontos daqui a um bocado! – avisou e passou a porta.
- Mas veste-te antes de ires ter com o Jost! – Beatriz riu-se e ainda lhe viu um sorriso antes de fechar a porta.

Tom deitou-se novamente na cama.
- Levanta-te. – ela falou.
- Só se me vieres ajudar. – pedinchou. Beatriz riu-se.
- Precisas de apalpar alguma coisa para ver se sou eu? – gozou entrando na cama.
- Talvez. – riu-se e virou-se na direcção dela beijando os seus lábios e levando as suas mãos à sua cintura, por baixo da própria camisa.