quarta-feira, 27 de outubro de 2010

[36]

Até sábado/domingo não prometo capítulo, tenho testes. Em relação a este, não tenho muito a dizer, só que adorei imaginar a última cena xD


- Mamã, papá! – Ryan saltava feliz da vida ao lado da cama de Tom e Beatriz.
- Só mais cinco minutos. – Tom arrastou as palavras pondo a almofada na cabeça.
- Habitua-te, ele fica eléctrico quando vem uma festa. – Beatriz respondeu-lhe ainda que meia adormecida e Tom nem percebera metade.
- Quero a minha prenda! – com algum sacrifício conseguiu subir para cima da cama e, como subiu do lado de Beatriz, descobriu Tom.
- Minorca, deixa-me dormir. – pediu quase em choro. Ryan riu-se enfiando-se por baixo dos lençóis entre o corpo dos dois.
- Vá lá… - pendurou-se no braço de Tom. - … quero que me ensines a tocar. – disse talvez pela centésima vez naquele espaço de dias. Tom virou-se.
- Tem que ser agora? Não posso dormir mais um bocadinho? – perguntou olhando o rapaz com olhos de sono. Tom parecia ter levado uma boa dose de álcool.
- Mas eu já não estou a dormir! – contrapôs.
- Mas devias. – Beatriz pronunciou-se quase voltando a adormecer.
- Vocês são chatos. – refilou e sentou-se na cama cruzando os braços. – Posso ver televisão enquanto vocês dormem?
- Podes… - eles responderam em coro e, enquanto Ryan se deslocou para os pés da cama, sentando-se no chão, Tom abraçou-se à cintura de Beatriz e rapidamente adormeceu.

(…)

Já estava rodeado de peluches e brinquedos e todo o tipo de bolas e legos possíveis e imaginários. Toda a gente naquela crew tinha um carinho especial pelo membro mais novo das viagens e não hesitaram em comprar-lhe uma pequena lembrança, nem que fosse mínima.

Ryan estava sentado no chão, completamente deliciado com a quantidade de coisas novas que tinha. Sim, estava deslumbrado, mas havia qualquer coisa que ele ainda não tinha recebido e que fora a única coisa que pedira.

Na sala já só estavam presentes os elementos da banda, Beatriz, Sofia e David.
- Queres mesmo aprender a tocar? – Tom baixou-se à sua frente.
- Siiim! – Ryan deu pulinhos e bateu palmas vendo Tom deslocar-se à parte mais longínqua da sala e trazer com ele um simples embrulho.
- Abre. – entregou-lho. Ryan sentou-se novamente no chão e rasgou o papel. Beatriz olhava-o e, depois do pequeno abrir o embrulho, dinheiro nenhum no mundo poderia comprar aquele momento e o sentimento de preenchimento que a envolvia. Ryan estava totalmente embasbacado e extremamente feliz ao descobrir uma pequena guitarra dentro do embrulho. Ela tinha um sorriso na cara e também Tom não foi capaz de ficar indiferente à expressão do rapaz. Ninguém na sala conseguiu.
- Obrigada! – levantou-se num pulo e abraçou-se às pernas de Tom. – Posso aprender já? – olhou-o.
- Pergunta à tua mãe! – brincou.
- Porque é que tenho que perguntar à mãe, se tu és meu papá? – perguntou sem perceber. Tom baixou-se à sua frente, não sabia bem o que dizer perante aquela pergunta.
- Porque…
- Eu dou autorização! – Beatriz falou antes que Tom pudesse meter os pés pelas mãos. Ryan sorriu e pegou na pequena guitarra, ideal ao seu tamanho, sentando-se no chão com Tom.
- Como faço?

Beatriz sentiu o telemóvel vibrar no bolso das calças e o seu coração saltou-lhe do peito quando leu James no ecrã. O que é que se passaria? Pediu licença e saiu da sala sob o olhar atento e até algo preocupado de Tom e Sofia.

**
- Estou?
- Bea, meu deus estás bem? – perguntou meio aliviado pelo simples facto de ouvir a sua voz.
- Sim. Está tudo bem. – confirmou. – Por aí?
- Substituímos-te. – disse. Beatriz suspirou sem saber se havia de rir ou chorar. – A Marinne está disfarçada e parece mesmo tu!
- A sério? O Charles aceitou isso? – não acreditava.
- Sim, ele não quer perder lucro nem clientes, sabes como é e o que eu me lembrei melhor foi isso. Disfarçar alguém. Eu vou continuar a proteger-vos, boneca nada vai mudar, ok?
- Obrigada, James a sério. – encostou-se à parede e deixou o corpo escorregar até se sentar sobre o tapete vermelho que atravessava o corredor. – Não sei se iria aguentar ver o clube fechar por minha causa.
- Não terias que te culpar por isso.
- Ai! A Sofia diz o mesmo, mas é quase impossível. Vocês não percebem! – elevou a voz e encostou a cabeça para trás. – Não é fácil…
- Eu sei que não é, acompanhei o teu percurso no Magnólia, mas tens que perceber que não és mais uma marionete das mãos do Charles! És simplesmente a Beatriz, a Hannah morreu para ti. – disse sério. – Morreu mesmo!
- Não sei… e se o Charles vier atrás do Ryan? – estava receosa como sempre.
- Não vai! – James levantou-se do sofá da sua sala onde permanecera sentado. Aquela conversa com Beatriz teria que lhe abrir os olhos e fazê-la ver que a fase de stripper no Magnólia evaporara da sua vida. Podia deixar marcas, e ia com toda a certeza deixar marcas, mas ela teria que as saber gerir, e pelo que vira da relação que mantinha com Tom ele certamente nunca a iria deixar voltar àquela vida. – Promete-me que nunca mais vais meter um único dedo naquela coisa! Por favor, Beatriz! – pediu à beira do desespero, aquela rapariga significava demais para si.
- Eu prometo. – teve a tentação de fazer figas mas não o fez. Manter-se-ia firme naquela promessa e, acima de tudo, manter-se-ia fiel a si mesma. – O clube morre aqui. – um pequeno sorriso surgiu nos seus lábios.
- Ainda bem. – suspirou e voltou a sentar-se. – Sabes que te adoro, boneca e não quero que a tua vida regrida ao ponto em que te conheci. Quero-te bem.
- Obrigada, James. Obrigada mesmo. – a conversa durou mais 10 minutos em simples gargalhadas e até confidências. Beatriz ficou a conhecer os movimentos existentes no clube e deu por si a desprender-se de todas as recordações que tinha de lá. As únicas coisas que traria do clube davam pelo nome de Ryan e Tom.
**

Regressou ao quarto para observar a rebaldaria total. Ryan, Tom e Georg sentados a um canto de volta da pequena guitarra. Sofia e Bill entretinham-se com os lábios do outro sentados num dos sofás persa. Gustav e David atiravam almofadas pelo ar, completamente divertidos com o caos que começavam a provocar.

- É seguro? – ela perguntou entrando mais na sala.
- Baixa-te! – Gustav, à sua frente berrou-lhe e ela assim o fez, caso contrário David ter-lhe-ia acertado com a almofada na nuca.
- Estou a ver que não. – riu-se e dirigiu-se a Ryan. – Ry, não está na hora de ir para a cama? – perguntou.
- Não. – Ryan sorriu-lhe, no entanto já cansado.
- Nota-se, dou-te 20 minutos para arrumares tudo e cama. – avisou simplesmente. Ryan olhou Tom.
- Não te vou safar dessa, minorca. – respondeu. – Vamos arrumar.

(…)

Bill saíra desvairado do seu quarto de Hotel, ainda nos seus boxers sem mesmo se aperceber disso e bateu com toda a convicção na porta do quarto do irmão e de Beatriz.

Beatriz acordou estremunhada com o barulho que fazia interferência nos seus ouvidos e não a deixava permanecer quieta na cama. Sentou-se e tentou interiorizar o que estava a ouvir.
- TOM! – distinguiu a voz de Bill e levantou-se da cama, meia aos zigue zagues, e vestiu a camisa de Tom, que tinha ficado espalhada no chão do quarto na noite anterior, sobre o corpo nu.
- Está tudo bem? – perguntou ao abrir-lhe a porta esfregando os olhos.
- O Tom? – perguntou não dando qualquer tempo de reacção a Beatriz e entrou no quarto.
- Na cama. – ela apontou, mesmo sem Bill ver. Bill saltou para cima da cama, onde Tom estava agora meio atravessado coberto apenas até à cintura, e abanou-o com toda a força que os seus braços conseguiam ter àquelas horas da manhã. Eram 8 horas e supostamente deveriam estar preparados às 9.

- Amor, deixa-me dormir… - Tom balbuciou, e julgando ser mesmo Beatriz virou-se na cama e aninhou-se sobre o peito desnudado de Bill.
- Tom! – ele berrou e Beatriz riu-se ao ver a figurinha naquela cama. Tom mexeu-se e levou a mão ao peito de Bill ‘apalpando-o’ e conferindo que o tamanho não correspondia àquele onde tinha passado a noite anterior.
- Tu não és a Beatriz! – completamente alarmado empurrou Bill e tapou o corpo com o lençol branco, com medo de quem pudesse estar ao seu lado.
- Eu sei que não sou a Beatriz escusas de me apalpar as mamas para perceber isso, credo. – Bill massajou o piercing onde Tom tinha mexido com demasiada força.
Tom sentou-se na cama e observou a namorada, já quase de joelhos no chão, a rir que nem doida. Massajou as têmporas e olhou para baixo confirmando que mantinha as suas partes mais íntimas cobertas.
- Qual é a tua? – já mais ciente da situação olhou o irmão. – Agora queres o quê? Matar-me de susto?! – perguntou retoricamente. – O meu coração não aguenta, sabes? Tive uma noite atribulada e adormeci com ela, - apontou a namorada – não estava à espera de acordar contigo! – refilou apontando Bill. Bill riu-se da cara de parvo que o irmão tinha.
- Tive uma ideia para a melodia que me mostraste! – disse, de novo histérico, lembrando o assunto que o tinha levado ali.
- Ah, e é preciso acordares-me desta maneira!? Ainda por cima vocês têm os dois piercings aí! – apontou os mamilos do irmão. Bill olhou Beatriz. – Mas deixa-me dizer que lhe fica melhor a ela. – Tom sorriu brincando com o piercing labial, olhando Beatriz.
- Também tens um piercing no mamilo? – Bill perguntou apanhado desprevenido.
- Tenho, mas no direito. – respondeu sentando-se numa das poltronas do quarto.
- Que giro, não sabia. – disse meio aluado.
- É normal, quem dorme com ela sou eu! – Tom meteu-se na conversa.
- Estás muito gráfico tu, hoje. – Bill refilou olhando-o ainda sentado na cama.
- Tens algum problema com isso? – bufou cruzando os braços – Que raio de ideia é que tiveste mesmo? – perguntou. Bill explicou a ideia por alto. – Não gosto. – respondeu directamente.
- Tive este trabalho todo para isto? – refilou. – Vou falar com o Jost! – levantou-se da cama. – Atura-o tu, - passou por Beatriz – estejam prontos daqui a um bocado! – avisou e passou a porta.
- Mas veste-te antes de ires ter com o Jost! – Beatriz riu-se e ainda lhe viu um sorriso antes de fechar a porta.

Tom deitou-se novamente na cama.
- Levanta-te. – ela falou.
- Só se me vieres ajudar. – pedinchou. Beatriz riu-se.
- Precisas de apalpar alguma coisa para ver se sou eu? – gozou entrando na cama.
- Talvez. – riu-se e virou-se na direcção dela beijando os seus lábios e levando as suas mãos à sua cintura, por baixo da própria camisa.

domingo, 24 de outubro de 2010

[35]

Sinceramente só espero que isto não se torne tão repetitivo. Em relação ao clube Magnólia vejamos se existem respostas ;) Próximo quarta ou quinta (:


- Tu tens demasiado jeito para isto! – Beatriz refilou com Bill enquanto jogavam ping-pong, depois do concerto dado em Moscovo.
- Não tenho culpa de ser bom em tudo o que faço! – riu-se voltando a marcar ponto no campo da amiga. – És uma desgraça!
- Parvo. Ainda te vou ganhar! – fez o serviço.
- Veremos! – riu novamente.

Sofia e Georg estavam distraídos nos matraquilhos, Gustav tinha a paciência certa para brincar com Ryan e Tom entretinha-se a dedilhar uns quantos acordes soltos pensando na borrada que julgava ter feito em palco. Não sabia onde tinha a cabeça quando meteu os pés pelas mãos na parte acústica. Estava chateado consigo mesmo, sempre fora demasiado profissional e perfeccionista e, se no primeiro concerto tudo saíra como previsto, não conseguia perceber como é que no sexto concerto da Tour a coisa tinha descambado daquela maneira. Bill tinha-lhe dito que aquilo poderia ter sido dos nervos, afinal as expectativas para aquele concerto estavam demasiado elevadas e que não se tinha notado no público, no entanto ele não se acreditava nas palavras do irmão. Nunca os nervos lhe tinham levado a melhor porque é que agora isso tinha que acontecer? Não percebia.
- Tom?! – Georg chamou. – Vens ou não? – Tom olhou-o.
- Onde? – perguntou desnorteado.
- Hotel. – respondeu elevando a sobrancelha. – Querias que fosse para onde? Para a noite? – gozou como tipicamente fazia. Tom levantou-se entregando a guitarra a um dos seguranças presentes na sala, nem sequer ligando.
- Sei lá. – encolheu os ombros e sentiu a sua cintura ser abraçada por trás acompanhada de um beijo nas costas sobre a sua t-shirt. Era Beatriz.
- Acho que ele não te vai dar respostas. – ela respondeu a Georg que saiu da sala acompanhado de Sofia, Bill e Gustav que trazia Ryan ao colo. – O concerto correu assim tão mal? – perguntou docemente. Tom rodeou-lhe os ombros, saindo do compartimento e seguindo os outros.
- Não era suposto aquilo ter acontecido. – suspirou dando-lhe um beijo sobre os cabelos.
- Eu nem percebi onde te enganaste. – disse sinceramente. Também não percebia muito de música.
- Estás a dizer isso para me animar ou é sério? – olhou-a.
- É sério. – disse confirmando-o com um olhar. - Onde é que te enganaste?
- Troquei a ordem dos acordes na “Humanoid” . – encolheu os ombros.
- Não se percebeu. – sorriu-lhe numa tentativa falhada de o animar. Tom levava o trabalho bastante a sério e aquela sua disposição estava a preocupá-la.

*

- Mãe posso ir ter com o Tom? – Ryan já estava de pijama vestido, mas não queria ir para a cama de maneira nenhuma.
- O Tom precisa de pensar, amor. – tentou explicar.
- Posso ir pensar com ele? – perguntou inocentemente – Eu sei onde ele está!
- Sabes?! – Beatriz surpreendeu-se. Tom não dissera onde ia, depois de terem chegado ao Hotel. Simplesmente avisou que ia espairecer.
- Sim. – acenou afirmativamente – Posso ir? – dirigiu-se à porta do quarto.
- Mas calça-te. – ordenou. Ryan sentou-se no chão do próprio quarto e calçou os ténis, enquanto a mãe lhe vestia um casaco. – E eu vou contigo!
- Mas mãe! – refilou. Beatriz podia ceder àquele pedido naquela mesma altura. Podia, sem problemas. Mas não fazia ideia de onde Tom estava e até onde Ryan iria atrás dele.
- Só até perto então, depois deixo-te. – Ryan concordou embora não muito seguro nem muito contente com a condição.
Saiu do quarto de mão dada com a mãe e pediu-lhe que o levasse até ao último andar do hotel. Beatriz não percebeu porquês até sair no último piso e aperceber-se de uma porta para o telhado. Agora fazia sentido. Tom adorava a noite, tal como já tivera explicado a Ryan uma vez e também ela o sabia.
- Podes ir embora? – perguntou com o seu sorriso.
- Cuidado! – avisou-o. – E se o Tom não estiver aí vem logo para baixo!
- Ele está. – estava demasiado calmo e falava com se não tivesse três anos, tivesse mais. Beatriz às vezes assustava-se com estas coisas.

Ryan deslocou-se pelo telhado até à outra ponta onde Tom se encontrava. Estava frio e o vento era totalmente gelado. O pequeno apertou o casaco até ao pescoço e pôs as mãos nos bolsos.
Tom fumava um cigarro e expirava o fumo contra o vento, olhando o movimento por baixo dos seus pés. Era fascinado por aquilo e a cidade de Moscovo tinha uma movimentação demasiado característica à noite. Sorriu para si mesmo e deixou de dar importância ao assunto que o levara até ali. Talvez Beatriz e Bill tivessem razão e nada tivesse passado para o público. Não precisava de continuar a martirizar-se por isso, o próximo concerto sairia perfeito se dependesse dos seus dedos e da sua concentração!
- Pa… Tom? – Ryan travou-se antes de lhe chamar pai. Devia?
- Minorca! – Tom surpreendeu-se pela pequena presença ali. – Que estás aqui a fazer? E sozinho? – perguntou.
- Já sou grande! – refilou. Mas porque é que toda a gente insistia em que ele precisava de alguém para ir a qualquer lado?
- Ok, ok. – Tom riu-se. – Anda cá. – chamou-o.
- A mamã diz que isso faz mal. – apontou o cigarro.
- E ela tem razão. – atirou-o para o chão e esmagou-o com a biqueira do pé.
- Disseram que estavas a pensar… estavas a pensar em quê? – perguntou curiosamente encaixando-se entre as pernas de Tom e o muro que os separava da cidade. Tom olhou em frente e Ryan sorriu ao observar aquela vista imensa e cheia de cores, luzes e movimento. Aquilo era bonito visto dali.
- Não era nada de importante.
- A sério? – virou-se para ele.
- A sério. – sorriu.
- Mesmo mesmo? – perguntou, só para tirar as dúvidas.
- Mesmo mesmo. – Tom confirmou baixando-se até à sua altura.
- Se tiveres um problema podes contar-me. – disse muito sério. – A mãe diz-me sempre que faz bem contar os problema a outra pessoa… - parou por momentos brincando com os fios que saíam do capuz de Tom - … diz que ficamos mais leves. – terminou sem perceber bem o conteúdo da frase.
- A tua mamã sabe muitas coisas. – sentou-se no chão frio e Ryan sentou-se ao seu colo, não porque o chão estava de facto frio mas porque o aconchego que o corpo de Tom sempre lhe proporcionava significava muito mais do que aquilo que toda a gente à sua volta podia imaginar.
- É, - concordou – e eu gosto muito dela. – deitou a cabeça para trás, no ombro de Tom.
- Eu também, minorca eu também. – sorriu mais uma vez em direcção ao horizonte, suspirando. – Não tens sono? – perguntou-lhe.
- Não. – respondeu. – Podemos ficar aqui?
- Estás em pijama! – riu-se despenteando-lhe os cabelos negros.
- E tu estás vestido! – ripostou.
- Que idade é que tu tens, minorca? – perguntou-se em voz alta.
- Vou fazer 4 anos depois de amanhã! – disse sorridente mexendo-se sobre as pernas de Tom, virando-se para ele, não se apercebendo que aquilo não tivera sido realmente uma pergunta mas um pensamento.
- Que prenda é que queres? – perguntou na brincadeira com ele.
- Quero que me ensines a tocar guitarra e a ser como tu! – sorriu e abraçou-se ao pescoço dele. – E quero que sejas mesmo meu papá. – Tom começava a ficar preocupado consigo mesmo. Cada vez que Ryan fazia aquela observação o seu coração quase queria saltar-lhe pela boca e o seu consciente adorava essa situação. Estaria a ficar paranóico ou o amor que o miúdo tinha por si estava realmente a ser retribuído? Talvez fosse isso. Dali para a frente, não teria vergonha de ouvir a voz do seu minorca tratá-lo por papá.
- Então vamos dormir para que esse dia chegue depressa. Sim, filho? – era bom libertar-se dos medos.
- Sim! – Ryan irradiava felicidade. Tom era mesmo seu pai e ninguém lho ia tirar.

(…)

James andava desesperado de um lado para o outro no seu pseudo-escritório no Magnólia. A maneira como Beatriz tivera reagido àquela notícia não o agradara em nada e, mesmo já tendo passado alguns dias depois disso, o seu coração não descansava. Precisava de saber como ela se encontrava, mas ali não podia fazer a chamada. Seria demasiado perigoso. Sentou-se na cadeira e enterrou a cara nas mãos, com os cotovelos apoiados na secretária.

- James! – era Charles que entrava, mais uma vez e como sempre, a matar dentro da sua privacidade.
- Que é que foi agora?! Vamos mesmo fechar? – apesar da calma que sempre transmitia em qualquer altura, esta situação era demasiado desesperante para não mexer com os seus nervos.
- Vamos lá a ter calminha, sim? – impôs-se.
- Desculpe. – disse, não o sentindo de facto – Mas isto mata-me. Onde é que eu vou trabalhar se isto fechar?! – bem que podia usar os seus verdadeiros sentimentos para ilustrar a força dos falsos. Não perdia nada e o totó do patrão acreditaria, como sempre. Devo dizer que o homem devia um bocadinho à inteligência.
- A Hannah? Já a encontraste? – perguntou, nem ligando à preocupação do outro.
- Não, desapareceu do mapa por completo! – disse olhando-o nos olhos fazendo a mentira tornar-se verdadeira.
- Estranho. – levou a mão ao queixo e fitou um ponto no tecto. – Essa gaja não pode desaparecer assim sem mais nem menos! Sabes com quem é que ela vivia?
- Sei que vivia com a criança. – desviou o olhar. Toda a gente que trabalhava há tantos anos como Beatriz no clube sabiam da existência de Ryan, e como tal muitas das mulheres que por ali se passeavam faziam os serviços por medo. Medo de um dia acabarem como Hannah. – E o senhor sabe que eu também não tinha grande intimidade com ela. Era só quando nos cruzávamos nos camarins para conversar sobre o espectáculo. Ela não dizia mais nada e eu também nunca puxei por ela. – aquilo saiu-lhe tão calma e relaxadamente que ele próprio acreditou na história.
- Isso cheira-me a esturro. Ela não desapareceu sozinha. – mais uma vez não ligara nenhuma ao que James dissera. – Continua a procurar. Eu vou instruir alguém para a substituir. – ia virar costas mas hesitou – Quem é que achas com perfil para isso?
- Não sei. – encolheu os ombros, olhando o patrão. – E se disfarçássemos alguém!? – a ideia pareceu-lhe brilhante, pelo menos assim poderiam dar mais espaço a Beatriz. Ainda que só ele soubesse isso.
- Não é uma má ideia… - Charles pensou na ideia - …quem é mais parecida com ela? – perguntou em voz alta. – Talvez a Marinne? – James acenou afirmativamente. – Boa ideia, han? Se isto der lucro até te aumento o ordenado! – subitamente ficara bem humorado. – Gosto de ti, rapaz. – sorriu e saiu.

James ficou com cara de parvo a mirar a porta, esquecendo o problema por uns minutos. Charles tinha gostado demasiado da ideia.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

[34]

Ora, eu gosto do capítulo mas não gosto do capítulo, torna-se algo importante de facto, mas não é capítulo chave. Próximo, domingo.


Tinha ouvido a voz de Beatriz gritar mas não tinha percebido o que se tivera passado. Certamente a coisa não seria propriamente boa pois quando Beatriz voltou ao compartimento, que todos partilhavam, trazia os olhos inchados denunciando o choro em que estivera. Puxou-a pelo braço até ao seu colo e sentou-a sobre as suas pernas olhando-a simplesmente nos olhos. Ela suspirou encostando o corpo ao seu peito e escondendo a cabeça no seu pescoço. Tom sabia que ela não iria falar, mas não escondeu a curiosidade.
- Estás bem? – perguntou pousando o queixo sobre a sua cabeça, passando-lhe a mão pelas costas. Beatriz acenou afirmativamente com a cabeça.

- Mãe! – Ryan olhara-a e dirigiu-se de imediato a ela.
- Filho! – Beatriz tentou soar normalmente, relembrando que a conversa com Sofia praticamente resolvera o seu problema. Ryan riu-se e tentou subir para o seu colo.
- Hey, não consigo com os dois! – Tom refilou na brincadeira também tentando atenuar o momento e que Ryan não percebesse que se passara alguma coisa.
- Consegues comigo e consegues com ela, por isso consegues com os dois. – Ryan sorriu encolhendo os ombros, naquilo que achava que tinha toda a lógica do mundo. Tom riu-se, aceitando a lógica.
- Vais ser bom a matemática. – Ryan olhou-o, já no colo da mãe.
- O que é matemática? – perguntou. Beatriz riu-se.
- Pergunta à tia que ela sabe. – apontou Sofia.
- Tu é que és mãe dele! – a referida refilou, pegando no comando da playstation preparando-se para jogar a qualquer coisa. – Puto, um jogo? – falou para Ryan. Ele, claro está, saltou do colo da mãe e sentou-se ao lado de Sofia.

*

- E agora vais contar-me? – terceiro dia da Tour, segundo hotel. O quarto do costume.
Tom tentou que desta vez, e em privado, Beatriz lhe contasse o que se tivera passado na noite anterior no Tourbus. Que conversa tinha sido aquela com Sofia? O que é que a tinha deixado naquele estado? O que é que a deixara deprimida o dia todo? Sinceramente tinha o coração pequenino e um aperto no peito. Qualquer coisa lhe dizia que podia ter graves implicações na vida futura da namorada.
- Que aconteceu? – sussurrou passando os dedos por entre os fios de cabelo vermelho que estavam espalhados pela almofada de Beatriz. Inclinou-se sobre ela e depositou-lhe um beijo no pescoço, sentindo-a arrepiar-se. Suspirou quando a ouviu soluçar baixinho e colou o corpo ao dela abraçando-a pela cintura. – Eu estou aqui, Bea. – fez-se sentir, apertando-a mais contra si. – Está tudo bem. – descansou-a.
- Nunca vai estar enquanto ele viver no mesmo planeta que eu. – disse chorosa. Tom não percebeu à primeira. – Charles. – murmurou. Tom bufou.
- Que é que se passou? – perguntou num tom demasiado calmo, surpreendendo-se a si mesmo. Beatriz contou-lhe o que tivera explicado a Sofia. Continuava sem conseguir viver com aquela espécie de culpa que, na forma literal, nem era dela. Ela, e como Sofia lhe dizia com todas as razões do seu lado, não trabalhara lá porque quisera, não tivera uma vida demasiado limitada porque queria. – Bea… - virou-a para si e fê-la fitar os seus olhos amendoados. -  … o poder que ele teve já passou. O poder que algum dia ele exerceu sobre ti acabou. Não volta. – sorriu-lhe. – O cabrãozinho… - quase fez Beatriz sorrir com o termo - … estava no sítio errado na hora em que tu chegaste. Só isso.
- Será? – perguntou-se em voz alta.
- É. – Tom assegurou. – Não me deixes neste estado deprimente quando te vejo assim! – levou o momento para o seu lado mais optimista. – Fico sem graça! – refilou com um sorriso. Beatriz abraçou-se a ele, depositando-lhe um beijo sobre a bochecha.
- Ficas fofinho quando estás sem graça. – sorriu-lhe beijando os seus lábios.
- Vê lá se me fazes corar! – riu-se. Sabia que era quase impossível, Tom raramente corava. Não havia nenhum assunto que ele achasse assim tão tabu ou tão impróprio ou tão íntimo que o fizesse corar. Pelo menos até agora.
- Não é que já não tenha tentado. – sorriu aninhando a cabeça no peito de Tom.
- Ah, mas falhaste. – gozou-a. Odiava vê-la tão em baixo como se encontrava naquele momento. Odiava, por isso gozar com ela e até consigo mesmo era sempre a melhor maneira de lhe pôr um sorriso na cara. Sentiu-a aninhar-se mais. – Vais dormir vestida, Beatriz Blilie? – perguntou.
- Tens problemas com isso, Tom Kaulitz? – retribuiu.
- A partir do momento em que eu também estou vestido e que tu vais adormecer por cima de mim, ya tenho. – olhou-a.
- Chato. – levantou-se num salto e sob o olhar atento e divertido de Tom, tirou a camisa e as calças deitando-se, agora, por baixo dos lençóis. – Feliz? – perguntou-lhe. Tom riu-se, despindo-se ficando apenas em boxers.
- Tecnicamente sim. – deitou-se ao lado dela e abraçou-a pela cintura. – Assim ainda tenho mais contacto pelar contigo. – Beatriz soltou uma gargalhada divertida.
- Pelar?
- Sim, vem de pele. – explicou como se não fosse nada, fechando os olhos abraçando-a mais.
- Só se for da tua pele. – respondeu fechando o assunto, abraçando os braços de Tom com os seus.

(…)

Soundcheck. Ryan, Beatriz e Sofia foram permitidos a passearem-se pela plateia e poderem ver o teste dos instrumentos e dos microfones.
Ryan sentara-se no chão, a ouvir a música e as conversas paralelas que eles mantinham para perceberem se a coordenação existia ou não. Tomava atenção a todos os pormenores que as crianças da idade dele, por instinto, reparavam. Do nada levantou-se do chão e correu até Beatriz e Sofia, que conversavam uns passos atrás dele.
- Mãe, nos meus anos posso aprender a tocar aquilo que o Tom toca? – perguntou e Beatriz sorriu.
- Porque é que não lhe vais perguntar a ele quando acabarem de tocar? – perguntou em resposta. Ryan sorriu.
- Ok. – encolheu os ombros e tomou o seu lugar anterior.

O pequeno fazia 4 anos em pouco mais de uma semana. Beatriz vinha preparada para todas as perguntas e todos os pedidos que ele eventualmente poderia fazer, mas aquele não constava da sua lista. Ryan queria mesmo ser Tom quando crescesse? Teoricamente a ideia agradava-lhe, era sinal que Ryan cresceria com um exemplo masculino, a que já chamava de pai (por vezes), e que não se iria limitar apenas a si. Beatriz sempre acabara por não se martirizar em relação ao facto do seu rebento nascer sem pai. Sempre achou que ter uma referência paterna do sexo masculino não lhe fosse fundamental, mas só a partir deste momento é que pôde praticamente sentir na pele que esse papel tivera feito bastante falta na curta vida do rapaz. Todos precisamos dessa figura, de alguém a quem seguir os passos, e Ryan nunca o tivera. Era claro que tinha a mãe mas para ele não era o mesmo e talvez fosse por isso que o afeiçoamento a Tom tivesse sido tão fácil como foi. Precisava de um exemplo paterno e Tom era o mais próximo que tinha.

- Podes mesmo ensinar-me a tocar isso? – Ryan perguntou esganiçando um pouco a voz para poder ser ouvido por Tom, que se mantinha sobre o palco.
Tom sorriu.
- Se tu queres eu ensino-te! – Ryan olhou à sua volta a ver se alguém conseguia levá-lo até ao palco.
- E como é que vou para aí? – perguntou finalmente.
- Beatriz! Faz o favor de dar uma ajuda ao teu filho! – Tom falou-lhe. Beatriz desviou as atenções até aos dois rapazes e riu-se.
- Sim senhor! – fez continência e Ryan imitou-a, achando o gesto super engraçado. Beatriz pegou nele e entregou-o ao colo de Tom, que o pousou ao seu lado.
- Anda cá. – levou-o pela mão até ao sítio lateral do palco onde guardava as guitarras. Retirou uma das acústicas do suporte e sentou-se no chão, pedindo a Ryan que fizesse o mesmo. – Isto… - apontou o instrumento que tinha nas mãos. - … chama-se guitarra.
- Guitarra. – Ryan pronunciou a palavra com alguma dificuldade. Tom sorriu. Seria possível sentir-se sempre embevecido com aquele puto? Parecia mesmo seu filho. – Como é que sai música? – curioso como os seus anos lhe incumbiam mexeu nas cordas. – Ah! – soltou uma exclamação totalmente fascinado por ouvir som. Tom riu-se.
- Podes fazer assim. – tocou o acorde mais fácil que se lembrava na altura. Ryan mantinha-se no seu sorriso característico.
- Posso fazer eu? – perguntou. Tom sentou-o no seu colo e colocou a guitarra entre os seus braços. – É grande. – olhou bem o instrumento, fazendo a observação. Tom posicionou os seus próprios dedos no braço da guitarra perfazendo um acorde e os pequenos dedos de Ryan entre as cordas no corpo da guitarra pedindo-lhe que os movesse. O pequeno assim o fez e sorriu virando a cabeça na direcção de Tom. – Consegui!
- Pois conseguiste! – se algum dia sonhou com uma situação daquelas era um daqueles sonhos que nunca se tinha recordado ao acordar. Parecia estar a viver num universo paralelo que não era o seu.
O seu mundo, até há bem pouco tempo, resumia-se a concertos, fãs, entrevistas, dormir, comer e viajar. Se nessa altura alguém lhe tivesse dito que iria ter um puto de três anos, filho da sua namorada, sentado entre as suas pernas a tentar aprender como se tocava guitarra pelas suas mãos, porque o pequeno queria ser como ele, certamente diria que esse alguém precisava de tratamento psiquiátrico urgente e que era completamente louco do juízo! Mas não, a situação ocorria na sua realidade e Tom gostava.

Bill preparava-se para sair do palco e dirigir-se ao backstage quando se apercebeu das duas figuras embrenhadas uma na outra agarradas a uma guitarra, sentadas no chão. Por momentos até pensou estar a sonhar, aquilo era tão enternecedor que Bill julgava mesmo estar noutra dimensão também. Cruzou os braços e com um sorriso deixou-se observar a cena com atenção.
A atenção e delicadeza com que Tom lidava com Ryan, a maneira como o próprio pequeno se sentia tão à vontade com o seu irmão davam-lhe um desejo parvo de ter filhos. “Tem juízo, Bill!” disse a si mesmo, por muito bom que fosse não estava na idade disso. Bem, o seu irmão também não mas certamente tinha muito mais jeito com crianças que ele. Aliás sempre teve. Bill adorava crianças de uma maneira estupidamente parva e fofinha, mas ter mãos para elas e para as suas brincadeiras e perguntas, admitia que não era bem assim afinal, a sua paciência era já por nascença extremamente curta. Já Tom era o contrário, nunca achara muita piada a crianças mas sempre tivera jeito com elas, sempre teve mais paciência para aturar os primos de ambos que ele. No final das contas até que a figura adorável que tinha à frente dos olhos fazia sentido, e acima de tudo os sorrisos e gargalhadas que Tom emitia pareciam muito mais sinceras que o normal.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

[33]

Acho graça ao capítulo, não digo que não mas... mas. Próximo, quinta (:


- Vamos, papá. – Tom sentiu-se incendiar por dentro por algo que nunca tinha sentido antes. Seria aquilo a que chamavam de instinto paternal? Não sabia, mas deixava-o nervoso. Continuava sem saber se se conseguia manter naquilo que, de certo modo, era um estatuto na vida. E era um especial estatuto na vida de Ryan. Aconchegou-o mais no seu regaço e quase o sentiu adormecer contra o seu pescoço.

- O Tom e o Ryan? – Beatriz perguntara, assim que chegara ao seu quarto acompanhada de Bill e Sofia.
- Ficaram os dois para trás. – fora Bill que respondera.
- Ahm, a fazer? – perguntou. Não se tinha dado conta, afinal vinha entretida nas piadas com Georg.
- Também não sei. – Bill até que nem mentia mal. – Olha, vêm ali. – disse avistando o corpo do irmão e Ryan ao seu colo. Sorriu com a visão, aquilo era adorável.
- O que é que ficaram a fazer? – perguntou Beatriz.
- Cusca. – Tom deitou-lhe a língua de fora. Ryan mexeu-se, aninhando-se mais. – Vou deitá-lo. – disse – Até amanhã, pessoas. – riu-se para Sofia e Bill.
- Tão responsaaaavel! – Bill gozou. Tom ignorou-o, para variar apenas isso. Beatriz riu-se e entrou com eles, desejando boa noite aos outros dois.

Tom entrou no quarto e imediatamente se dirigiu ao quarto de Ryan, vestindo-lhe o pijama e aconchegando-o na cama. Era algo de extremamente novo para si, mas dava-lhe um gozo diferente, tinha um sabor especial criar aquela ligação com Ryan. Tinha sido uma boa experiência, até tinha descoberto que Ryan tinha algo em comum consigo: a paixão pelas luzes, cores e movimentos das cidades. Voltou ao seu quarto.
- Dorme profundamente. – disse. Beatriz sorriu-lhe, sentada na cama descalçando-se.
- Está cansado, é normal. – Tom deitou-se sobre a cama e Beatriz pousou o queixo sobre o peito dele. – O que é que se passou? – já o conhecia o suficiente para ver que, de bom ou mau, alguma coisa de diferente lhe tinha acontecido.
- O Ryan… - olhou-a e sorriu timidamente - … o Ryan chamou-me papá.
- Aww, a sério? – tinha ficado encantada e espantada com a revelação, Ryan gostava mesmo de Tom.
- Sim.
- E tu? Sentiste-te bem? – perguntou com um sorriso beijando-lhe o peito sobre a t-shirt.
- Bastante. É estranho, mas sabe bem. - sorriu. – É interessante.
- Interessante? – Beatriz riu-se, não percebendo.
- Sim, interessante. – Tom apenas confirmou, beijando os lábios dela e puxando o seu corpo para cima do dele. Tinha uma vontade cortante de se ligar a Beatriz de maneira menos racional, mais emocional e ao mesmo tempo mais física. Desejava-a.
Beijou o seu pescoço e sentiu-a suspirar. Experimentou as mãos geladas dela nos seus abdominais por dentro da t-shirt, fazendo-o arrepiar-se.
- Vais ter que começar a aquecer as mãos antes de me tocar. – riu-se contra os seus lábios, puxando o seu top para cima, desvendando o soutien branco rendado.
- Então é melhor nem te tocar. – respondeu, sentando-se nas coxas de Tom tirando-lhe, com alguma dificuldade, a t-shirt negra. Beijou o seu pescoço e desceu em busca do peito e das pequenas saliências musculares e firmes que encontrava plantadas na barriga do namorado. Excitava-se com isso, um olhar mais rebuscado, um passar ao de leve dos seus dedos contra a pele quente e morena do seu tronco. Tom continuava a possuir a capacidade única de a deixar sem chão e entregue aos cuidados do céu com apenas um toque, um beijo, uma carícia.
Brincou com a língua no seu umbigo e sentiu-o arfar por breves momentos. Desapertou-lhe o cinto e o botão das calças e facilmente as atirou para a outra ponta do luxuoso quarto. Desceu os lábios pelo alto visível nos seus boxers e sorriu ao ver a cara afogueada que Tom adquiria. Estava no poder e Tom nem murmurar uma ordem em sua defesa conseguia. Era seu.
Voltou aos seus lábios e mordeu-lhe o piercing, acordando-o do constante dormente festivo que se impunha na sua espinha e o arrepiava cada vez que sentia os lábios dela de encontro à sua pele. Emitiu um leve gemido de dor e abriu os olhos encarando-a. Seria possível ela ser assim tão bonita?
Levou as mãos às suas ancas e virou-a na cama tomando poder sobre o seu corpo. Desapertou as calças negras justas que ela trazia vestidas e puxou-as do seu corpo, largando-as ao lado da cama. Beijou-a com todo o pudor que o momento lhe exigia e aproveitou o tempo para lhe desapertar o soutien e puder observar, agora ao pormenor, o peito perfeito que tão bem lhe enchia as medias. Beijou-o e lambeu-lhe o piercing, ouvindo a respiração dela adensar à medida que os seus lábios percorriam a sua pele de maneira mais ousada. Arrastou suavemente os lábios ao longo dos abdominais pouco definidos da rapariga e agarrando o elástico da sua tanga com os dentes, arrancou-a do seu corpo. Beijando-lhe novamente o baixo-ventre, e alcançando um preservativo da caixa que já se encontrava pousada sobre a mesa-de-cabeceira, tirou os próprios boxers.
Beatriz colocou-lhe o preservativo ao virar o seu corpo na cama e deixou que Tom entrasse em si, pelo simples facto de se ter sentado sobre a sua cintura. Inclinou o corpo sobre o dele de modo a alcançar os seus lábios e beijando-o de forma calma e sentida, deixou o seu corpo possuir o de Tom.

Tom agarrou-a pelas ancas e, quase sem trabalho algum, limitou-se a seguir os movimentos dela sobre si. Sentia-se suspirar a cada investida e quase sentia as gotas de suor formarem-se nos seus poros dilatados. Sentia o corpo de Beatriz contorcer-se e sentia na ponta dos seus dedos a sua essência misturar-se com a dela. Não sabia porquê mas cada vez que se unia a ela qualquer coisa nova nascia em si. Um novo sentimento, uma nova prova daquilo que sentia por ela, uma nova certeza, um coração diferente.
Virou-a na cama, mantendo-se no seu interior, e acalmou o ritmo sentindo-a a cada centímetro penetrado. Olhou-a nos olhos e observou-a num misto de prazer e felicidade individualizada. Não tinha palavras para descrever aquela mulher e cada vez mais facilmente se imaginava num futuro a dois, mais longo que o normal. Era certo que não diria para sempre, mas viver tudo tão intensamente um dia de cada vez provavelmente ajudaria.

Beatriz sentiu o seu auge chegar escassos minutos depois de Tom ter abafado a sua satisfação contra o seu pescoço. Cravou as unhas nas costas dele e sentiu-o ceder sobre si, respirando ofegantemente contra o seu peito suado. Não arranjava maneiras de expressar o que aquele momento tinha significado para si. Agarrou a cabeça de Tom e conduziu os seus lábios aos dela, depositando neles tudo o que sentia por ele e tudo aquilo que sentia alargar-se a cada sorriso que ele lhe mostrava ou a cada gargalhada que lhe arrancava. Sorriu-lhe e viu-o fazer o mesmo. Não estava sozinha no sentimento e teve certezas disso quando o verbalizou.
- Eu amo-te. – o olhar castanho chocolate de Tom aclarou e Beatriz sorriu ainda mais. não tinha medo de lho dizer. Era simplesmente a mais pura das verdades.
- Eu também te amo. – respondeu beijando-a com amor e aquilo que aquela palavra realmente significava. Nunca a tivera dito a nenhuma rapariga, e se algum dia o fizera certamente não foi sentido ou verdadeiro. A revelação daquele sentimento através daquela palavra era algo demasiado íntimo e que, por norma, carregava demasiadas confusões ao seu cérebro, mas por incrível que pareça Tom não as pronunciara de forma racional, mas sentida. O seu coração também falava e a partir daquele dia e de todas as emoções que tinha vivido tinha certezas que falaria mais vezes.

(…)

Já não podia ouvir o irmão falar. Estava mais que possesso com a conversa de ‘eu sei mais que tu’ de Tom. Chateava e chateava a sério.

- Eu arranjo-te um programa de televisão para teres tempo de antena, Tom mas já chega, ok? – ninguém soube se Sofia falara por si ou meramente porque já não podia ouvir Bill suspirar de cansaço ao seu ouvido.
- Combinado. – Tom encolheu os ombros e virou-se para Ryan, meramente por distracção, que se entretinha na brincadeira com meia dúzia de carrinhos espalhados no chão do Tourbus onde viajavam. O concerto tinha sido esgotante e a próxima cidade esperava-os num dia de folga para mais tarde voltarem a dar três concertos seguidos.
- A tua namorada? – Sofia perguntou.
- Não sei. – Tom encolheu os ombros novamente, já que não o deixavam falar do que queria também não ia falar do que eles queriam. Por outras palavras amuara, novamente.
- Que pessoa prestável. – refilou deitando-lhe a língua de fora no acto infantil e de pura brincadeira. Tom riu-se e imitou-a.
- Está lá em cima. – acabou por ceder.
- Custou muito? – gozou.
- Também, e já agora, onde é que querias que ela estivesse? – perguntou, de facto naquele autocarro não restavam muitas hipóteses.
- Podia estar a fazer companhia ao motorista! – desta vez quem riu foi Bill pela resposta da namorada ao irmão. Tom revirou os olhos.

Sofia levantou-se e dirigiu-se ao andar de cima, tinha a sensação de que qualquer coisa não estava a bater certo. Estaria tudo bem com Beatriz?
- Posso? – bateu à porta do pequeno compartimento.
- Entra. – a voz saiu-lhe num fio e muito pouco animada.
- Que aconteceu? – perguntou de imediato, sentando-se ao lado dela na cama, levando-lhe uma mão ao ombro, em forma de apoio.
- O James… - começou. Sofia fez-lhe a pergunta com o olhar e Beatriz continuou. - … o James telefonou e diz que o Magnólia está prestes a fechar.
- E porque é que tu estás nesse estado? É bom! Para além de tu te safares mesmo, o resto das raparigas deixa de… - foi interrompida.
- Tu não percebes?! – ela levantou-se ao mesmo tempo que a sua voz se exaltou. – Não atinges?! Vou ter que levar com o Charles o resto da vida, Sofia! – tinha lágrimas a formarem-se.
- Estás a kilometros de distância da Alemanha! – levantou-se também, seguindo Beatriz com os olhos. – Porquê a preocupação!? O James não disse que te protegia?
- Até quando? – perguntou. – Achas que é possível manter-me eternamente afastada do problema que foi criado por mim?! Se eu não saísse, nada daquilo acontecia e o James não tinha que sofrer as consequências! – quase lhe berrou.
- Tu não tens culpa da vida que te fizeram seguir. – falou com calma e pausadamente agarrando a face de Beatriz com ambas as mãos fazendo-a olhá-la nos olhos. – Tu não tiveste hipótese, foste obrigada, fisicamente obrigada a isso, Bea! – fez ver. – E já estava na hora de dares importância à tua pessoa e ao teu filho. Já para não falar que arranjaste um namorado que te adora e te protege contra tudo e contra todos! E tu sabe-lo, se não o soubesses não estarias aqui hoje. Por que é que vieste? Por que é que saíste do clube? – perguntou retoricamente, vendo Beatriz ceder às lágrimas brutalmente. – Porque o Tom te pediu. – abraçou-a. – Porque também tu o amas e queres construir uma família com ele e com o Ryan. – olhou-a novamente nos olhos. – Tu não tens culpa de querer viver a tua própria vida, não tens culpa de querer ter mão nela nem tens culpa de querer manipulá-la à tua maneira em vez de ser um alguém nojento a fazê-lo. Tens mais poder sobre ti que qualquer outra pessoa. – sorriu-lhe e Beatriz voltou a abraçar-se ao seu corpo, chorando cada vez mais. – E eu estou aqui para tudo e para te pôr juízo nessa cabeça oca. – sussurrou ao seu ouvido.
Beatriz limpou as lágrimas e olhou Sofia nos olhos, com um sorriso nos lábios.
- Não era nada sem ti. Obrigada. – Sofia sorriu-lhe e depositou-lhe um beijo na cabeça.
- Sou mais nova mas ainda assim… - gozou como fazia sempre quando Beatriz precisava que alguém lhe metesse algum tino naquela cabeça.
- Parva. – riu-se dando-lhe um murro no ombro.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

[32]

Tenho um amor parvo ao final deste capítulo. Bem, o proximo virá segunda, ou assim (:


O concerto não tardou muito a atingir o derradeiro pico.
Era totalmente visível a dedicação que existia no palco, a cumplicidade que os quatro partilhavam. Aquilo que as fãs verbalizavam em berros eram simplesmente os sentimentos mais resguardados que, num turbilhão de emoções como era um concerto daquele calibre, se revelavam. Beatriz conseguia ver a felicidade estampada na cara de qualquer um deles, notava-se à vista desarmada que amavam o que faziam da vida e que para além dos fãs, da música e da junção entre todos, nada mais existia naquele pavilhão. Eram felizes na ribalta e a ribalta era somente o seu mundo.

Olhou o filho que se mexia irrequietamente ao som das batidas da bateria de Gustav e como na sua forma mais pura de criança imitava os movimentos de Tom no palco. Achava a situação extremamente adorável. Ryan estava a deixar-se levar por Tom de uma maneira que ela nunca o tivera visto afeiçoar-se a alguém. Era incrível a ligação que conseguia ver entre os dois. Só esperava que nunca acontecesse nada que a separasse de Tom e como tal fosse forçada a separá-los a eles. Seria cruel e pior que isso seria um amor demasiado bonito ver-se cair aos bocados.
Deixou os maus pensamentos de lado e reparou que Bill vinha na direcção deles.

- Então, correu bem? – perguntou completamente pingado em suor. Imediatamente Natalie lhe limpou a maquilhagem que escorria e lhe passou uma toalha, fazendo o mesmo aos outros três à medida que chegavam àquela parte do backstage.
- Correu muito bem! – Sofia abraçou-se a ele. – Argh, estás todo molhado! – riu-se afastando-se.
- Como se nunca me tivesses visto suar! – Bill riu-se da piada parvo-perversa que pensara ter mandado.
- Estás a ficar saidinho da casca, maninho! – Tom gozou-o limpando o suor que lhe escorria pelo pescoço com a toalha. Viu Ryan dirigir-se aos seus braços com toda a determinação. – Então, puto gostaste? – perguntou elevando-o na ar.
- Sim! – disse, estava visivelmente feliz e com um largo sorriso nos lábios. – Quando for grande quero ser como tu! – o sorriso visível aumentou e Tom não evitou sorrir-lhe também.
- Eu ensino-te, queres? – perguntou. Beatriz sorriu espantada pelo momento. Ryan já via Tom como um modelo a seguir.
- Quero! – abraçou o pescoço de Tom. – Obrigado. – o olhar infantil e terrivelmente inocente que olhava Tom no momento, fê-lo arrepiar-se. Começava a desenvolver qualquer coisa com ele e não sabia bem o que era, mas até gostava. Sorriu-lhe e pousou-o no chão, vendo-o dirigir-se a Gustav e Georg. O medo perdera-se facilmente depois de os conhecer melhor.

- E tu? Gostaste? – perguntou abraçando a namorada pela cintura. Beatriz pendurou-se no seu pescoço.
- Eh, nem por isso. – torceu o nariz gozando com Tom.
- Parva! – riu-se beijando os seus lábios. – Tu adoraste!
- Então se sabes porque é que perguntaste?
- Porque sim! – beijou-lhe novamente os lábios impedindo-a de arranjar mais argumentos.
- Pois, pois tu gostas é de elogios! – ela riu-se.
- Ora, como se isso fizesse algum mal! – refilou.

- Onde é que tu foste buscar isso? – Gustav olhou Ryan sem perceber o que é que ele fazia com uma bola saltitona nas mãos já perdida por todo o lado e a saltar paredes atingindo o pessoal que passava ocasionalmente.
- Foi ele. – apontou David que se riu.
- É gira. – encolheu os ombros, olhando a bola. E olhou Ryan que tentava apanhá-la. – Ela salta mais que tu! – riu-se e deitou a língua de fora a Ryan que se riu para ele.
- Eu sou pequenino. – facilmente se começava a dar bem com toda a gente, certamente que dentro de dois três dias já não tinha medo de nada ou de ninguém. – É normal.
- Pois és, pá. – David sorriu-lhe. Não podia deixar passar em branco o facto de adorar crianças, e Ryan era adorável. – E és inteligente também.
- Inteli-gente? – perguntou, nunca tinha ouvido aquela palavra na vida. – O que é isso? – estava interessado em saber que raio de coisa era aquela que David dizia que ele era.
- Quer dizer que sabes muitas coisas. – explicou o mais fácil que se lembrava.
- Ah! – ficou subitamente fascinado. – Mãe, mãe! – chamou dirigindo-se a ela e Tom que conversavam com Sofia.
- Diz, amor! – olhou-o na mesma emoção que ele lhe falava.
- Sou… - pensou um bocadinho em como dizer a palavra, mas não se lembrava. Virou-se e olhou David, a ver se ele repetia. David assim o fez, mas ao ouvido do pequeno de modo a que apenas ele ouvisse. – Sou inteligente. – sorriu orgulhoso de si mesmo por conseguir dizer uma palavra como aquela. Beatriz sorriu.
- Pois és! – beijou-lhe os cabelos negros.

*

- Por exemplo, como é que se chama um cão sem patas? – era Georg que ia entretido a contar piadas pelo corredor do hotel.
- Não se chama, vai-se lá buscar! – fora Beatriz a responder.
- Eu não acredito que tu sabes as piadas estúpidas dele! – Bill estava parvo.
- Ah! A Bea é cá das minhas! – Georg abraçou-a pelos ombros.
- É buéda giro! – ela passou um braço pela cintura do rapaz. – Sabes porque é que as vacas se babam? – perguntou.
- Não…
- Porque não sabem cuspir! – desmanchou-se a rir em conjunto com Georg e Sofia levou uma mão à cara em clara adversão à piada.
- Habituem-se! – avisou. – Com estes dois juntos estou mesmo a ver que vai dar asneira. – Tom não pôde deixar de sorrir ao vê-la rir. A confirmação da felicidade matinal de Beatriz revelava-se correcta e isso fazia-o feliz a ele. Olhou à sua volta à procura de uma pessoa pequenina e não viu Ryan.

- O puto? – perguntou ao irmão em segredo. Bill passou os olhos pelo corredor e também não o viu.
- Não sei. – “Merda.” Tom pensou. Onde raio é que ele se enfiara?
- Vou ver dele, a Bea que se mantenha entretida. – já sabia que se ela se apercebesse que Ryan não estava ali, provavelmente se iria culpar disso e Tom não queria que tal coisa acontecesse.

Voltou atrás no corredor e não precisou de dar dez passos para o encontrar à janela. Aquela janela que dava para o pequeno terraço do andar em que eles estavam instalados.
- É bonito, não é? – Tom conhecia Luxemburgo e conhecia bem demais aquela vista. Também ele chegara a passar noites ali, somente a admirar as luzes da cidade e o movimento característico. Cada vez que qualquer coisa corria mal, cada vez que discutia com alguém importante, cada vez que aquilo que tinha planeado não se realizava, tinha o hábito de admirar a noite de todas as cidades em que estava. Não importava qual o país desde que fosse possível aceder a uma varanda e observar as estrelas falsas que todas as grandes cidades possuíam. Sentou Ryan sobre o parapeito e sentou-se ao lado dele, vendo-o encostar a cabeça ao vidro como se alcançasse o exterior mais facilmente.
- Sim. – sorriu inocentemente olhando mais fundo. – Tem luzes e cores. – balbuciou.
- Queres sair para ver melhor? – perguntou ao vê-lo tão entusiasmado.
- Posso? – olhou-o de imediato.
- Sim. – Tom sorriu tão docemente como nunca pensara voltar a sorrir depois da sua infância. Saltou do parapeito e trazendo Ryan consigo, abriu uma das portas que se encontravam ao lado da grande janela.

Saíram e o frio imediatamente se fez sentir. Tom pegou em Ryan de modo a protegê-lo mais do frio, o simples casaquinho que ele trazia não fazia muito. Aproximou-se da beira e observou o olhar do pequeno rapaz. Tão puro, tão inocente, tão feliz. Sabia-lhe bem ver aquela imagem, parecia que na presença dele voltava a ser criança novamente. Quase se via espelhado no olhar de Ryan e as suas lembranças passadas voltavam a si. As brincadeiras, as correrias em casa com o irmão e até os raspanetes que ouvira vezes sem conta da mãe. Até certo ponto sabia o que era deixar de ter pai de um momento para o outro e aí podia comparar-se a Ryan, mas o que se esquecia é que o pequeno, que no momento se mexia radiante no seu colo, nunca conhecera o pai. Nunca tivera a oportunidade de o chamar, de lhe dar um beijo de boas noites, nunca tivera ouvido uma história ao adormecer, e pior que isso nunca tivera sido desejado. Aparecera porque a sua mãe era demasiado bonita, demasiado atraente e a sua vida a tinha arruinado e atraiçoado pelas costas. Pensando melhor não tinha assim tanto em comum com Ryan, mas poderia ter. Poderia fazer o papel correspondente ao do seu padrasto e dar-lhe todo o amor que conseguia e (já) sentia por ele.
Beijou-lhe o topo da cabeça.
- Vamos para dentro? Está frio aqui, minorca. – Ryan sorriu-lhe e abraçou-se ao seu pescoço.
- Vamos, papá.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

[31]

Yey, veio um dia antes! xD Bem, este capitulo não é nada do outro mundo, e eu acho o proximo muito mais fofo. Acho-lhe graça. E vem sexta-feira (:


Primeira paragem. Primeiro hotel.

- Então Bill, os 12 minutos fizeram diferença? – Tom gozou com ele e Bill optou por nem sequer lhe responder e ignorou-o à grande.
O sono com que já se arrastava era demasiado e não tinha sequer cabeça para dizer a Tom o que quer que fosse. Quanto mais depressa aterrasse na cama, melhor e apostava consigo mesmo que seria uma das melhores noites de sono de sempre.

- Eu acho que ele adormeceu por dentro. – Sofia fez a observação rindo. Estava bastante bem-disposta por estar ali, não era o facto de já serem umas quantas horas na manhã que a aborreciam, mas certamente quando chegasse à cama adormecia num estalar de dedos.
- Ai, os dois não. – Bill conseguiu refilar, olhando a recente namorada. Beatriz riu e Ryan soltou uma risada ao ver a mãe rir.

- O Bill é divertido. – fez a observação.
- Sou um máximo, puto ainda não viste nada! – sorriu-lhe, em modo zombie mas sorriu.
- Ah claro! – era Tom – Eu que sou teu irmão e que aturo as tuas teorias macabras sobre lacas e eyeliners todos os dias desde à 20 anos para cá, que sou obrigado a levar com o teu humor menstrual todos os santos dias do mês, sim porque a tua menstruação é diferente – reforçou a ideia – e, que até por acaso, moro contigo não tenho direito a uma resposta e ele tem? – não posso afirmar que Tom estava fulo pois não estava, mas interpretava muito bem esse papel. Beatriz riu-se ao ver a figura do namorado no corredor do hotel, a esbracejar a cada palavra proferida. – Tenho piada? – ele olhou-a.

- Tom. Enfia um supositório e vai para a cama. – Bill olhou-o no seu ar menos sonolento possível na altura. – O teu mal é sono.
- Eu digo-te onde te enfiava o supositório! – refilou. Beatriz continuava a rir com a situação e Sofia juntou-se a ela. Já Ryan olhava os adultos sem perceber nada da conversa.
- O supositório é mesmo para enfiar aí! – respondeu-lhe. – Boa noite. – abriu a porta do quarto que lhe pertencia e entrou nele arrastando uma mala numa mão e Sofia na outra.
- Até amanhã. – Sofia riu-se da cara do namorado e consequentemente da cara do cunhado.
- O teu mal é mesmo sono. – Beatriz riu-se empurrando-o até à porta do quarto que lhes pertencia, uns passos mais à frente. – Precisas de dormir. Anda, filho. – disse a Ryan que se ficara pelo caminho a observar uma janela que dava acesso a um pequeno terraço.

- Vamos dormir todos aqui? – Ryan fez a pergunta ao ver apenas uma cama, assim que entrou no quarto. Tinha apenas três anos mas já preservava o seu quarto como isso mesmo, apenas seu!
- O teu quarto é aqui. – Beatriz sorriu-lhe ao vê-lo meio desorientado. Abriu uma das portas que o quarto principal possuía e guiou Ryan até ao seu interior. Uma cama individual, uma janela, um armário, mesas-de-cabeceira, cómoda, televisão e até computador eram visíveis.

Já com as malas nos respectivos quartos, Beatriz permitiu-se deitar Ryan e atirar-se para cima da cama onde Tom praticamente desmaiava de sono.
- Precisas do supositório? – gozou-o, pousando o queixo sobre o seu peito.
- Só se fores tu a dar-mo. – riu-se. – Estou podre, já não me lembrava que estas viagens custavam tanto. – beijou-a.
- Vamos dormir, então. – sorriu-lhe.

(…)

Eram 8 e 45 da manhã quando Beatriz foi acordada pelo espalhafato que Tom fizera no quarto. Não sabia bem porquê, mas ao que parecia Tom gostava de a acordar com barulho. Sentou-se sobre a cama coçando os olhos do sono que ainda possuía.
- Está tudo bem? – perguntou ao namorado que envergava apenas uma toalha branca à volta da cintura.
- Oh, bom dia. – virou-se na direcção dela com um sorriso nos lábios.
- Bom dia. – Beatriz retribuiu e deixou o seu olhar navegar pelo tronco nu que se expunha à sua frente.
- Não precisas de te levantar, nós vamos dar entrevistas a partir das 9 e meia mas vocês podem continuar a dormir. – Tom explicou mas apercebeu-se imediatamente que Beatriz não ligava minimamente às suas palavras mas ao seu corpo. Não podia negar que aqueles olhares lhe subiam o ego em flecha porque faziam-no, ainda por cima se fosse ela a percorrê-lo daquela maneira. – Mas se preferires continuar a olhar para mim não tenho quaisquer problemas com isso, miúda. Estás à vontade e no teu direito! – riu-se, encaminhando-se a ela. Subiu a cama de gatas. – Não me ligas mesmo nenhuma. – Beatriz acordou do transe quando o sentiu contra o seu corpo, deitando-se sobre si.
- Han? – não tinha ouvido nada do que Tom dissera. Ele riu-se.
- Deixa lá. – beijou-lhe os lábios de forma arrojada, tinha ficado com uma vontade parva de possuir o seu corpo e levá-la aos céus e a concretizar o desejo momentâneo de sentir o corpo dele contra o seu. Quebrou o beijo com ela e assistiu ao sorriso mais bonito que alguma vez vira em alguém. Ela estava bem e feliz e não tinha quaisquer preocupações ou medos. Estava consigo, estava segura e ela sabia-o.
Beatriz voltou a beijá-lo. Sabia-lhe bem saborear os lábios de Tom logo pela manhã. Sabia-lhe bem vê-lo a ele como a primeira pessoa do dia, e sentia-se bem por saber que iria ser a primeira pessoa que ele veria todas as alvoradas.
- O que é que tu estavas a fazer? – interrompeu o beijo e parou as suas mãos no meio das costas molhadas de Tom.
- Estava a beijar-te algum problema com isso? – riu-se beijando-lhe o pescoço.
- Esquece. – fosse o que fosse que a tinha acordado não era certamente importante. – O Ryan? – lembrou-se.
- Está ferrado… - disse beijando-lhe os lábios. - … ou pelo menos estava quando lá fui. – levantou-se encolhendo os ombros. Não convinha atrasar-se.
- Que querido que foste. – Beatriz não podia deixar escapar tal afirmação. Tom era um amor com Ryan.
- Eu sou querido. – riu-se. – E tu podes voltar a dormir… - disse começando a vestir-se. - … eu é que tenho que me despachar. – voltou à casa de banho e Beatriz deitou-se confortavelmente aninhada nos lençóis.
- Boa sorte então. – Tom sorriu-lhe quando entrou novamente no quarto, vestindo uma t-shirt.
- Agradecido. – apertou o cinto das calças e vestiu um casaco, meramente para acertar o seu estilo. – Vemo-nos ao almoço, ok? – dirigiu-se a ela.
- Ok. – Tom beijou-lhe a testa. – Beijo de pai, Tom? – ele riu-se e ajoelhou-se ao lado da cama de modo a alcançar os seus lábios mais facilmente e de maneira voraz mas doce. – Até logo. – riu-se e Tom saiu do quarto.

- Vinha chamar-te. – era David que se atravessava no seu caminho. – O teu irmão?
- Não sei, mas vou ver dele. – informou e virou a rota até ao quarto do irmão. Bateu duas vezes na porta e imediatamente ouviu a permissão de Bill do lado de dentro. – Estás apresentável? – riu-se pondo a cabeça dentro do quarto.
- Entra. – Bill estava a acabar de ser maquilhado por Nathalie.
- Bom dia, Nat. – sorriu-lhe.
- Bom dia. – sorriu também. Por norma Bill era o único maquilhado no próprio quarto visto demorar mais tempo, por isso ele e os outros dois rapazes só estariam apresentáveis às câmaras depois do pequeno-almoço.
- Que é que fizeste à tua namorada? – Tom não viu Sofia e como tal perguntou, sentando-se sobre a cama desfeita. – É seguro uma pessoa sentar-se aqui?! – levantou-se no segundo seguinte. – Não será melhor ferver os lençóis antes?! – riu-se da piada parva, tal como Nathalie, já Bill apenas encolheu os ombros e rolou os olhos.
- Foi dar uma volta pelo jardim.
- Tão cedo? - olhou o relógio - São apenas 9 horas. – observou.
- Ya, mas ela diz que quer aproveitar, eu não posso fazer nada contra isso. – sorriu a si mesmo ao ver-se totalmente ao espelho depois de completamente maquilhado.
- Fez bem, mas eu podia jurar que ela era adepta de dormir até às tantas… - disse meio confuso.
- E é, mas quando está em casa, não de férias fora do país! – explicou.
- Ok, ok não interessa. Vamos?
- Sim. – colocou um relógio de pulso.
- Oh Bill… - Nathalie saiu do quarto.
- Que foi agora, Tom?
- Para quê o relógio? – perguntou.
- Não comeces. – refilou.
- Comecei ontem à noite, lamento! – Bill atirou-lhe um pente que estava pousado não sabia muito bem onde visto nem ter reparado onde o apanhara. – Hey! – queixou-se por Bill ter acertado em cheio.
- Vamos embora, ok? – perguntou uma última vez.
- Isto vai ser interessante, não haja dúvida.

*

- Tom passa-me a garrafa que está em cima da mesa, se faz favor. – fora Georg que pedira e Tom assentiu.
Estavam numa pequena sala no backstage. Gustav entretinha-se numa bateria ao canto da sala, Georg estava ao telefone, Bill e Sofia andavam às voltas na sala com Ryan e uma bola, embora a coisa não estivesse a sair como planearam ao início, e Tom e Beatriz debatiam-se com a mesa de matraquilhos.

- Eu não fui feito para jogar futebol. – Bill queixou-se apanhando a bola do chão com as mãos.
- É nos pés! – Sofia riu-se. – Põe isso no chão. – Bill foi quase obrigado a fazê-lo.
- Não consigo! Sai sempre torto! – refilou.
- Estou a ver que tenho muito que te ensinar! – Sofia pôs as mãos na cintura olhando o corpo esguio do namorado, dentro daquele fato esquisito mas que, segundo Sofia, lhe assentava da melhor maneira possível, ou pelo menos evidenciava o pouco rabo que o namorado tinha.
- Não me digas que já jogaste futebol? – foi Tom que fez a pergunta, meio desinteressado, afinal tinha um jogo em mãos prestes a ser ganho.
- Ya, durante uns seis meses ou algo assim. – Beatriz gargalhou alto e bom som.
- Não jogavas nada! – argumentou.
- Desculpa mas ainda marquei muitos golos! – disse senhora do seu nariz.
- Isso não quer dizer que saibas jogar. – disse como se não fosse nada e não tivesse acabado de virar o jogo a Tom na mesa à sua frente. Agora quem estava próximo de ganhar era ela.
- Bea! – refilou. – Deixa-me ter os meus momentos de fama, ok? Ainda vou ser o Messi versão feminina! – disse agarrando a bola novamente. – Olha!
- Carrega na pausa! – Beatriz falou para Tom e ele riu-se, parando o jogo. Sofia deu meia dúzia de toques e deixou a bola cair.
- Olho, olho. – riu-se. – Acho que ao Messi não chegas, minha querida.
- És mesmo parva. – refilou entre dentes.
- Mas tu amas-me assim. – olhou-a e Sofia riu-se. Era normal picarem-se desta maneira, era simplesmente uma maneira de às vezes aliviar ambientes pesados ou uma maneira de no final olharem uma para a outra e rirem de toda a parvoíce. Eram melhores amigas e isso explicava a maior parte das coisas.
- E se eu disser que não?
- Estás a mentir. – retomou o jogo com Tom. – Um golo e perdes.
- Eu sei! – disse – É escusado lembrares-me! – Beatriz riu-se com o mau perder dele.

- 5 minutos! Estão prontos? – um dos seguranças anunciou e encaminhou-os até ao backstage propriamente dito.
- Vamos ver eles fazerem música? – Ryan perguntou à mãe.
- Sim! – Beatriz sorriu-lhe.
- Tem que ser já? – era Tom. – Era suposto eu ganhar o jogo com ela! – apontou a namorada.
- E eu ralado, Tom! – o segurança respondeu-lhe com um sorriso trocista na cara.
- Ah que graça. – refilou cruzando os braços sobre o peito.
- O Tom está a fazer beicinho. – foi Ryan que reparou pondo-se à frente dele olhando para cima, rindo infantilmente, como era suposto visto ser uma criança.
- Não estou nada! – Tom ripostou olhando para baixo, visto que para a sua altura Ryan tinha uns meros 2 centímetros.
- Estás sim. – Ryan riu-se. – Não está, mãe? – Beatriz sorriu.
- Estás estás! – riu-se olhando Tom.
- Eu confirmo! – meteu-se Georg.
- ‘Bora, rapazes! – o segurança deu novamente o alerta e eles separaram-se. – Vocês podem ficar ali à frente se quiserem ver o concerto. – apontou. Sofia sorriu ao segurança e encaminhou-se para lá. Tinha curiosidade de ver um concerto dos Tokio Hotel ao vivo, afinal nunca tinha visto nenhum. Beatriz e Ryan seguiram-na.

sábado, 9 de outubro de 2010

[30]

Ora cá está ele. Não veio de manhazinha porque a minha pessoa teve que ir tirar sangue, lamento. Mas pronto, aquilo até é giro xD Bem, próximo quarta-feira, ou antes (:


Não fazia ideia de se ela estava em casa ou não, se estava sozinha ou não mas tinha que se arriscar e tentar.

- James? – não sabia identificar que exclamação ou interrogação era aquela. Beatriz parecia surpreendida e ao mesmo tempo totalmente descontraída.
- Olá, boneca. – sorriu-lhe.
- Entra. – ela deu-lhe dois beijinhos na face e acompanhou-o até à sala. – James, é o Tom. – apontou o namorado que estava sentado no sofá a comer uma taça de cereais e a ver desenhos animados.
- És tu que és o felizardo? – sorriu cumprimentando Tom com um aperto de mão. – Prazer.
- Igualmente, a Bea fala bastante de ti. – voltou a sentar-se, desta vez com Beatriz ao seu lado e James no outro sofá. James sorriu.
- O assunto que me trás cá não é assim tão cor de rosa… - apontou o casal - … o facto de não compareceres no clube está a deixar-nos de escassos clientes e o Charles começa a ficar lixado. – Beatriz engoliu em seco e encostou a cabeça para trás. Já estava à espera daquela revelação há tempo demais mas ainda assim parecia que aquilo tinha caído que nem uma bomba relógio no seu estômago e queria explodir a qualquer momento.
- O que é que ele pensa fazer se ela não for? – foi Tom que perguntou de imediato ao ver a reacção de Beatriz, iriam ter uma luta difícil e sangrenta pela frente, ou pelo menos ele assim o previa.
- Não sei, ele não me disse. Só me disse para te encontrar e levar-te. Eu já menti umas quantas vezes e…
- E vais continuar a fazê-lo, certo? – fora Tom que interviera novamente preocupado. – Ele não a volta a ver! Não depois do que ele lhe voltou a fazer!
- Calma… - Beatriz pousou-lhe a mão sobre o peito, travando-o. Tom não iria medir nada antes de avançar, se não fosse controlado a tempo a coisa iria acabar mal. - … o James é de confiança, de certeza que ajuda. – olhou o melhor amigo. – Certo?
- Certo. Mas… o que é que ele te tentou fazer…? – perguntou, afinal julgava que Beatriz saíra de vez do clube por causa de Tom. Beatriz suspirou.
- Tentou violar-me… - as palavras custavam a sair-lhe dos lábios, e parecia que feriam cada vez mais. Não tinha nada esquecido e a ferida continuava aberta, só queria que mais ninguém a impedisse de fechar de vez.
- Cabrão! – fechou o punho, cravando as unhas na própria mão. – Ele não se toca? – perguntou controlando-se.
- Acho que não, se o fizesse ela não estava no ponto onde está hoje! – disse Tom, deitando mais lenha para a fogueira.
- Isto não pode continuar, ela precisa de sair mesmo daqui ou ele vai encontrá-la! – James continuava.
- Importam-se de não falar como se eu não estivesse aqui, ou é pedir muito?! – estava mais que enervada com toda a situação que se passava consigo e à sua volta por causa de si, era escusado duas das pessoas mais importantes na sua vida estarem a discuti-la como se ela não existisse!
- Desculpa. – Tom abraçou-a pelos ombros e Beatriz escondeu a cara no seu pescoço. – Ela vem comigo. – esclareceu. – Comigo fica a salvo, ele não lhe toca. – respondeu confiante.
- E o puto? – perguntou. – Nunca se sabe o que é que el…
- Nem acabes! – Beatriz levantou-se repentinamente. – Eu nem quero saber se ele me mata, mas no Ryan ele não toca!! – Tom olhou-a. Ela protegia o filho com unhas e dentes e com as forças que às vezes nem sequer tinha. Isso de certa maneira fascinava-o.
- Não vai acontecer nada ao Ryan. – Tom assegurou levantando-se abraçando o corpo de Beatriz que tremia tal eram os nervos por falar do filho metido naquela salganhada. Beijou-lhe os cabelos ruivos. – Vai tudo correr bem. – James olhou a cena enternecido, Beatriz estava em boas mãos.
- Promete-me. – pediu. Tom ponderou o assunto, mas a resposta era hiper fácil.
- Prometo.

James sorriu. – Vejo que ficam bem, e não se preocupem eu protejo-vos enquanto puder. – deu um beijo na cabeça de Beatriz e fez sinal a Tom, saindo do apartamento.

(…)

- Ah! – o espanto pelo enorme autocarro parado à porta do estúdio dos Tokio Hotel em Hamburgo deixara o elemento mais novo de toda aquela Tour, no mínimo, surpreendido.
Gustav, abraçado à cintura da rapariga com quem mantinha uma relação há alguns meses e a que apelidava de namorada, não pôde deixar de sorrir ao ver o espanto reflectido na cara do pequeno.
- É grande, não é? – Ryan deu um passo atrás. Conhecera Gustav, Georg e David naqueles curtos 30 minutos em que ali estavam e a confiança não se tinha revelado da mesma maneira que acontecera com os Kaulitz. Estava receoso pela pergunta feita e não sabia propriamente o que responder, logo continuou a recuar até Georg o amparar.
- Ainda vais cair, puto. – sorriu-lhe. Ryan olhou-o recuando agora até Gustav.
- Vocês não me assustem a criança! – foi Beatriz que vinda do interior do estúdio viu a cena. Conhecia o filho e aquilo era a normal reacção a desconhecidos. Nunca soube o porquê mas certamente seria a timidez a falar mais alto, ou então a empatia que ela acreditava existir ao primeiro contacto. De qualquer das maneiras não sabia e até que nem vivia mal com isso, afinal Ryan não desatava num choro infindável por este tipo de coisas.

Ryan olhou-a vendo-a aproximar-se de si e esticou os braços de modo a chegar ao seu colo o mais rapidamente possível.
- São amigos, Ry não te vão fazer mal. Fazem música com o Tom e com o Bill… - explicou-lhe e Ryan abriu um leve sorriso. Até gostava de música, só ainda não sabia se gostava da música que eles faziam.
- ‘Tá bem. – a típica concordância de uma criança de três anos fez-se ouvir e uma voz feminina ecoou, vinda de trás de si.
- Beatriz. – era Claire que se aproximava sorrindo a Georg.
- Oh, olá! – sorriu pondo Ryan no chão que se dirigiu em flecha a Tom e Bill que saiam do estúdio. – Também vens? – perguntou referindo-se à Tour, assim que a viu cumprimentar Georg com um beijo nos lábios.
- Não, tenho que trabalhar. – sorriu-lhe. Estava feliz. Tinha deixado o clube na melhor altura possível sem que ninguém lhe chateasse o juízo e tinha encontrado um emprego como secretária numa pequena firma em Berlim, já para não falar que Georg voltara à sua vida elevando-a a um nível que, depois do que passara naquela espelunca (que, tal como Beatriz, chamava ao Magnólia), nunca pensara chegar. – Está tudo bem? – perguntou.
- Sim. – encolheu os ombros. Claire voltou a sorrir-lhe e perdeu-se apenas nos lábios do baixista que teria que deixar de saborear durante dois meses.
- Vamos? – David saiu apressado do edifício, seguido por Sofia. – Estamos a ficar atrasados. – avisou olhando os presentes. De todos os que ali se encontravam apenas os gémeos levariam acompanhantes, por enquanto. Ao que parecia a namorada de Gustav, Emily, iria ter com eles umas semanas mais tarde.
- Vamos que eu estou entusiasmada! – disse Sofia que, de facto e notava-se bastante bem, estava entusiasmada.
- ‘Bora, não vamos deixar a rapariga em desgosto! – Tom mandou a piada.
- E tu que não te viesses com essas! – Georg ripostou com um sorriso perverso.
- Hey! – disse autoritariamente. – Há aqui menores! – apontou Ryan que se divertia com uma bola pousada sobre a pouca relva ali existente.
- Ele nem ouviu. – Georg encolheu os ombros olhando o referido.
- Ahm, podemos ir? – era Bill – Sabem eu não quero apressar ninguém mas já devíamos ter saído há uns… - olhou o relógio de pulso que por milagre estava certo no fuso horário - … 12 minutos e mantemo-nos em terra. – Tom olhou-o.
- Ao menos o relógio que te sirva para mais qualquer coisa que apenas estilo. – respondeu ao irmão.
- Ora que até parece… - refilou elevando a sobrancelha esquerda.
- Ryan! – Tom chamou-o nem ligando ao irmão.
- Adoras ignorar-me! – Bill cruzou os braços em claro amuo.
- E tu adoras que eu te ignore! – Tom ripostou com um sorriso infantil nos lábios. Bill ficou a remorder qualquer coisa e acompanhou a namorada até dentro do autocarro. Tom, Beatriz e Ryan seguiram-nos e os restantes fizeram o mesmo depois de se despedirem das respectivas.

Apesar da existência de dois TourBus para a banda, a primeira parte da viajem seria feita no mesmo para os rapazes e as ‘visitas’ poderem acertar certos e determinados pormenores.

Sofia e Ryan partiram imediatamente à descoberta do grande autocarro e puderam identificar as suas coisas pessoais sobre as diferentes camas individuais espalhadas pelos três compartimentos existentes.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

[29]

Desculpem a demora mais uma vez, mas a escola atrapalha-me o cérebro e dá-me cabo dos neurónios com números e palavrões. Vou começar a entrar na rotina novamente, como tal o próximo vem sábado (:


Beatriz juntou-se a Tom, Bill e Sofia na sala depois de deitar Ryan e de o ver adormecer num estalar de dedos. Era um facto que quando Bill ou Tom visitavam aquela casa ele virava piolho eléctrico (mais que o costume!) e o cansaço abatia-se sobre si rapidamente.
Sentou-se ao lado de Tom e apanhou uma discussão a meio:
- … acho que devia ser dentro do nosso quarto. – dizia Tom.
- Posso perguntar o quê? – perguntou Beatriz.
- O quarto do Ryan, nos hotéis. – explicou. – Devia ser uma espécie de quarto secundário, a partir do nosso. – disse.
- Essa tua preocupação fascina-me. – Beatriz não evitou sorrir e depositar um beijo suave mas sentido sobre os lábios de Tom. Ele sorriu-lhe pousando a mão na sua face, olhando-a.
- Vocês são importantes e eu preocupo-me.
- Hey, meninos olhem o mel. – foi Bill que gozou. Era ponto assente que adorava ver o irmão nestas cenas porque poderia confirmar a sua teoria de sempre, dizendo que Tom seria um perfeito amor e hiper piroso. Riu-se, olhando-os apercebendo-se de que nenhum dos dois tinham ouvido a boca.
- Eles nem estão cá. – Sofia riu-se.
- Estamos cá, estamos. – fora Beatriz que se pronunciara. – E concordo contigo. – falou para Tom.
- Ainda bem. – sorriu e abraçou-a pelos ombros. – Vamos fazer alguma coisa de interessante? – perguntou.
- Interessante? – Bill questionou sem perceber.
- Sim. – Beatriz riu-se e puxou-o consigo do sofá. – Eu sei de alguma coisa interessante para fazermos. – Tom riu-se encostando o seu corpo à porta, agora, fechada do quarto de Beatriz.

Sofia e Bill olharam com cara de parvos um para o outro.
- Eles só pensam em sexo? – perguntou Sofia.
- Sabes bem que não. – referia-se à situação porque Beatriz passava. Seria bastante bom Sofia ir em Tour não só porque poderia estar mais tempo com Bill, mas poderia acompanhar a situação da melhor amiga de perto. Poderia continuar a dar-lhe o seu apoio e os seus conselhos que, apesar de nem sempre bons, eram sempre bem-vindos. – Mas provavelmente é uma boa maneira de esquecerem tudo.
- Sim. – Sofia sorriu e encostou a cabeça no peito do rapaz, aninhando-se mais no sofá, vendo um qualquer filme repetido surgir no pequeno ecrã.

(…)

- James. – a voz autoritária de Charles fez-se ouvir pelo pequeno compartimento a que James chamava de escritório.
- Sim? – perguntou tirando os olhos do jornal para olhar o patrão.
- A Hannah? – perguntou.
- Não sei. – encolheu os ombros. De facto não sabia, fazia-lhe confusão Beatriz não ter posto mais os pés no clube mas depois de saber que ela andava com o tal famoso que tinha conhecido ali, já esperava que mais tarde ou mais cedo abandonasse de vez o clube.
- Já lhe ligaste?
- Sim. Ela não atende. – mentiu.
- E ir a casa dela? – perguntou como se fosse óbvio.
- Não sei onde mora. – mentiu novamente. Charles não sabia da relação de amizade que ele tinha com Beatriz, nem sequer sonhava! Mantiveram sempre tudo bem distanciado dele e tentaram sempre esconder tudo. As ajudas que James lhe dava normalmente, as abébias, as pequenas coisas que lhe ensinou quando começou a trabalhar ali, as ajudas depois de engravidar e depois de ter tido a criança. James via Beatriz praticamente como sua filha e, no momento, era capaz de morrer só para a salvaguardar e manter longe das mãos daquele paspalho.
- Não sabes?! – perguntou exaltado.
- Eu não. – olhou novamente o jornal, na calma que o caracterizava. Podiam cometer o maior crime do século, mas ele nunca se exaltaria da maneira que Charles, por exemplo, fazia. – Porquê, era suposto? – perguntou.
- Não. – Charles ficou na dúvida.
- Então pronto. – olhou-o. – Mas veja se arranja outra gaja para manter isto aberto porque senão vai tudo pelos ares. – recomendou como se nada fosse.
- Eu sei! – raiva pairava sobre a sua cabeça. – Onde merda é que essa cabra se enfiou?! – James queria responder-lhe à letra, mas não podia ou denunciar-se-ia. Era muito calmo em relação a tudo, mas Beatriz era o seu único ponto fraco.
- Outra vez? Já disse que não sei. – respondeu calmamente.
- Encontra-a e diz-lhe que preciso que ela apareça aqui o mais rapidamente possível senão… - aproximou-se lentamente de James apontando-lhe o dedo.
- … senão? – perguntou até algo curioso, mantendo-se firme e frio na sua posição.
- Não tens nada a ver com isso. – cuspiu-lhe. – Limita-te a encontrá-la. – James levantou a sobrancelha esquerda.
- Mas e se eu não a conseguir encontrar?
- Mato-te, tão simples quanto isso. – riu-se maquiavelicamente. – Estou a brincar, estou a brincar. – riu-se, agora normalmente.
- Tem o humor em dia. – James observou com o coração nas mãos.
- Nunca te mataria, sempre mantiveste tudo em ordem e as meninas todas nas nossas mãos… - sorriu perversamente - … mas encontra a Hannah. – pediu.
- Ok, vou tentar. Tem alguma ideia por onde eu possa começar?
- Não. Amanha-te. – saiu do escritório batendo com a porta.
James respirou fundo.
Tinha mesmo que inventar qualquer coisa e descobrir o que é que Beatriz andava a planear, ou acabava lixado.
O melhor talvez fosse ir ter com Beatriz no dia seguinte e resolver já o assunto, mas por agora manteria o nariz enfiado no jornal e os pés confortavelmente empoleirados na secretária.

Charles sentou-se na plateia do Magnólia e observando a sala minuciosamente conseguiu aperceber-se de que o ambiente estava demasiado vazio. Quem mantinha o clube sobre estacas era o corpo de Hannah e Charles temia que a sua atitude egocêntrica de a possuir novamente a tivesse afastado de vez do clube e com isso os clientes. A maior parte dos homens que se alimentavam fisicamente dos palcos do Magnólia respiravam Hannah, Hannah e mais Hannah. Ela chamara gente famosa ao seu clube e isso até lhe punha um sorriso orgulhoso na cara, mas Hannah agora não existia. “Assim que a vir, não me vai escapar…” jurou a si mesmo, levantando-se.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

[28]

Houve um santo qualquer que caiu do altar e me trouxe o capítulo, não sei quando volto a postar novamente (a escola corta-me o tempo de criatividade ao cérebro), mas apostava que lá para quarta-feira ou ainda antes! Vou tentar ;) Para já peço desculpa pelo atraso.
Agora digam-me de vossa justiça ._.


Levantou-se do sofá e deixou os pensamentos desvanecerem-se. Não podia continuar a reviver aquele momento tantas vezes quando o queria esquecer. Sentia aquele toque repugnante sobre os seus braços, sentia os seus lábios no seu pescoço e, por muito que Tom lhe dissesse que toda a situação era passado e que ele agora estava ali para a abraçar e dar mimo, Beatriz simplesmente não conseguia. Estava presa a um passado que não queria que fosse seu e encurralada num presente que em certos pontos não queria viver. Estava novamente entre a espada e a parede, mas desta vez o clube não era a espada e Tom não era a parede. Tom era o único ponto de abrigo e o único ponto de descanso onde ela podia deitar o corpo e deixar-se levar apenas por ele, não pelo passado ou pelo presente. Esqueceu tudo e tentou sorrir de forma verdadeira.
Dirigiu-se ao quarto de Ryan, planeando fazer as suas malas. Estavam a poucos dias de embarcar numa viagem que provavelmente nunca esqueceriam.

- Mãe, vou mesmo ter que deixar os meus amigos? – Ryan perguntou, sentado sobre a sua cama.
- Depois voltamos, amor. É só por dois meses. – sorriu-lhe, apesar de fracamente.
- Isso é muito tempo, não? – perguntou com uma confusão própria.
- Mais ou menos. – disse acabando a última mala. – Mas vai ser divertido. Vais ter o Tom, o Bill e mais amigos deles e podes ver um concerto deles todas as noites! – tentou que Ryan sorrisse e gostasse da ideia.
- Hum… - o pequeno pôs um dedo sobre o queixo e Beatriz conseguiu sorrir. - … deve ser giro! – saltou da cama e agarrou-se às pernas da mãe. – Quando vamos? – perguntou olhando para cima, na direcção dos olhos dela.
- Dentro de uns dias. – beijou-lhe a testa.
- BEATRIIIZ! – ouviram do hall de entrada, era Sofia.

- Sim? – ela espreitou para o corredor encaminhando-se à amiga, sendo seguida por Ryan.
- Temos jantar marcado e eu vou em Tour com vocês! – suspirou atirando-se para o sofá.
- Também vens, Sofia? – Ryan sentou-se ao colo da rapariga.
- Vou sim. – sorriu-lhe dando-lhe um beijo sobre os cabelos negros.
- Que bom! – olhou a mãe. – Não é?
- É sim, Ry. – sorriu, era bom ter Sofia consigo. – Mas isso quer dizer que tu e o Bill…? – conseguiu rir.
- Que tem ela e o Bill?! – perguntou Ryan interessado, saltando do sofá, olhando ora a mãe ora a “tia emprestada”.
- Eu e o Bill somos namorados. – Sofia sorriu ao pequeno, de facto as crianças fascinavam-na.
- Ah, como a mãe e o Tom? – perguntou fascinado pela ideia.
- Sim. – Ryan riu-se e dirigiu-se ao seu quarto aos saltinhos. Estava feliz.
Beatriz sentou-se ao lado de Sofia.
- Conta. – pediu com um sorriso. Via a felicidade estúpida estampada nos olhos da amiga e a sua curiosidade aguçava-se.
- Não há nada para contar. – disse senhora do seu nariz. Beatriz deu-lhe um leve murro na coxa. – Hey! – protestou.
- Conta. – disse de novo, rindo.
- Ai. – suspirou. – Ele é perfeito. – sorriu. Um sorriso sentido, um sorriso chamado estúpido, um sorriso apaixonado e que sem dúvida mostrava os seus sentimentos repentinos, mas verdadeiros, por Bill.
- Estou a ver que sim. – enchia-lhe o coração saber da felicidade da amiga.

[Flashback]

- Sofia… - Bill chamou, brincando com os cachos loiros da namorada por entre os dedos, tendo a cabeça dela pousada sobre o seu peito.
- Diz… - sussurrou, virando levemente o corpo para poder mirar os olhos castanho chocolate que a hipnotizaram ao primeiro contacto.
- Vem comigo… - disse. - … por favor. – beijou-lhe suavemente os lábios.
- Vou contigo até ao fim do mundo. – debruçou mais o seu peito sobre o de Bill e alcançou os seus lábios, beijando-o de forma hábil e extremamente desejosa de voltar a sentir aquele metal frio em contacto com a sua língua. – Mas agradecia que especificasses onde é esse pedido. – desmanchou-se a rir e fez Bill soltar uma gargalhada sonora.
- E eu a pensar que estavas a ser romântica!
- E estava… - beijou-lhe o pescoço - … mas também sou curiosa, por isso dá-me o desconto. – sorriu-lhe. Bill passou-lhe as mãos pelos cabelos.
- Vem comigo em Tour. – sorriu trincando-lhe o lábio inferior.
- Estás a brincar? – não podia negar que estava um tanto chocada com a sugestão que Bill lhe fazia no momento. Tinha contacto com ele há pouquíssimo tempo e apesar da química ser visível por todos e eles mesmos sentirem um constante íman de atracção entre ambos, não parecia que justificasse tamanha confiança. Pelo menos no seu ver.
- Não. – disse sério. – Eu quero-te perto de mim, Sofia. Chama-me lamechas, piroso, o que quiseres mas quanto gosto, gosto a sério. – Sofia sorriu. Arranjaria, de novo, outra palavra que não perfeito para descrever o ser que estava deitado por baixo de si? Não.
- Eu vou. – Bill sorriu e cobriu os lábios dela com os seus, levando as mãos ao rabo redondo e nu que se mantinha bem ao seu alcance. Queria tê-la de novo e voltar a unir a sua mente à dela. Por muito estranho que soasse sabia-lhe bem e tornava-o outro.

[/flashback]

- São eles?! – ao som da campainha, imediatamente, Ryan saíra em foguete do quarto em direcção à porta. Sofia riu-se, não só pela reacção de Ryan como pela piada estúpida que Beatriz tinha acabado de contar.
- Provavelmente, micro. – respondeu levantando-se do sofá olhando-o. Ryan não chegava à porta.
- Uma ajuda, tia? – perguntou sorrindo angelicalmente.
- Uma ajuda, sobrinho. – brincou destrancando a porta e abrindo-a.
- Tom! – Ryan saltou para o colo do guitarrista como já se tinha habituado a fazer cada vez que o via.
- Olá, pirralho! – disse animadamente. Tom sabia o impacto que tinha no pequeno e, por muito que às vezes tentasse esconder, era notório que ele próprio sentia algo quando Ryan se atirava aos seus braços.
- Olá, Bill. – mudou de colo, agarrando-se ao pescoço de Bill, depois de Tom lhe ter dado um beijo sobre os cabelos negros despenteados. Tom entrou na sala e Beatriz permanecia sentada, mas assim que a sua cabeça rodou na direcção dele não vinha acompanhada por uma lágrima mas por um sorriso que o fez sorrir a ele.
- Que saudades que eu tinha desse sorriso, miúda! – Beatriz levantou-se repentinamente e assaltou os braços de Tom com uma força desmedida. Tê-lo consigo era por si só uma fonte de energia positiva.
- Que saudades que eu tinhas tuas. – beijou-lhe, sinceramente, os lábios metálicos. Tom sorriu passando-lhe uma mão pelos longos cabelos ruivos que tanto gostava de sentir sobre si, sobre o seu corpo. Quebrou o beijo e olhou-a seriamente nos olhos, repousando as mãos sobre a sua cintura.
- Estás bem? – perguntou.
- Sim. – disse não muito confiante. – Não é que esteja totalmente esquecido, mas vai ao sítio. – disse. – Sempre foi. – acrescentou e Tom sentiu o seu batimento cardíaco aumentar. Era-lhe tão estranho estar cara a cara com um caso daquelas dimensões.
Tornava-se extremamente emocional e ainda mais protector quando eram reavivadas na sua memória as palavras sofridas da história da namorada. Era estranho sentir tanta coisa quando nem sequer tivera sido a ele a passar pela situação. Não tinha nome para aquilo mas sabia que aquilo que sentia por Beatriz cobriria qualquer cicatriz que o seu corpo poderia ter.
- E eu vou estar cá para ajudar. – beijou-a e foi obrigado a quebrar o beijo ao ouvir um resmungar do pequeno lá de casa.

- Também quero ter alguém para dar beijinhos! – refilou Ryan, ao ver não só Sofia e Bill agarrados como a mãe e Tom. Tom riu-se e olhou o pequeno reguila.
- Não deve faltar muito, és tão giro. – aproximou-se dele e colocou-se de cócoras à sua frente. – E se tiveres cócegas ainda é mais fácil… - brincou levando os longos dedos ao pequeno corpo contraído de Ryan que se desmanchou em gargalhadas sonoras. Sim, Ryan tinha cócegas.
Beatriz sorriu com o momento. Era extremamente enternecedor ver a relação que Tom e Ryan tinham, especialmente agora que teriam que conviver todos os dias dos próximos dois meses. Estava certa se pensava que aquilo que eles agora tinham viria a crescer cada vez mais e tornar-se-ia num dos amores mais bonitos de se ver.
- Há algum caixote do lixo por aqui? – perguntou Tom agarrando em Ryan, tipo saco de batatas.
- Na cozinha! – Beatriz indicou e Ryan já não sabia se havia de rir ou se havia de se contorcer e fazer Tom largá-lo, estava a ficar cansado.
- NÃO! – ele berrou. – Põe-me no chão. – pediu – Por favor. – a típica voz de criança que caracterizava a pequena personagem de praticamente quatro anos de idade fez-se soar de forma abatida. Tom pousou-o.
- Estás bem? – perguntou tocando-lhe com o indicador no nariz.
- ‘Tou cansado. – limitou-se a dizer, de respiração ofegante, encolhendo os ombros. Tom sorriu e despenteou-lhe os cabelos, ouvindo uma desaprovação por parte de Ryan. – Tenho fome. – olhou Beatriz que se mantinha encostada à ombreira da porta da cozinha.
- Vamos jantar.