Beijinhos e obrigada*
Não se conseguia realmente mentalizar no fim daquele período nem que a vida a que se habituara a levar todas as manhãs chegara ao fim.
[Flashback]
Mexeu-se na cama e apertou-a mais contra si. O calor que emanava das costas dela e que cobria o seu peito naquela manhã fria, conseguia acalmar os seus sentidos e dar-lhe os bons dias de maneira especial. Puxou mais o corpo para cima e afastou os cabelos vermelhos de Beatriz do seu pescoço e depositou-lhe um beijo suave, terno e apaixonado sobre ele.
Beatriz soltou um gemido extremamente feminino e ensonado, e isso fê-lo sorrir e repetir o gesto.
- Bom dia… - Beatriz sussurrou quando se virou para Tom.
- Boa dia, amor… - era o habitual cumprimento de todas as manhãs. Não negava a ninguém que estivesse em seu redor que aquela era a mulher da sua vida, a sua primeira grande paixão e o seu primeiro grande amor. Era isso que ela era para quê escondê-lo?
Beatriz aninhou-se no seu peito e beijou-lhe o pescoço.
- Que horas são?
- Horas de me levantar.
- Já? – olhou-o e Tom beijou-lhe a testa.
- Não tenho a sua vida, sabe? – falou como se tratasse de uma das mais altas figuras do Jet Set. Beatriz riu-se a alto e bom som. – Acorda o teu filho e depois queixa-te! – limitou-se a dizer puxando-a para cima de si.
- Quando ele acordar, acordou. – disse simplesmente beijando-lhe os lábios, sugando-lhe o inferior. Tom riu-se da sua simplicidade de resposta e da maneira única como ela se conseguia expressar sem às vezes dizer nada. Fascinava-se com aquela mulher a cada vez que a olhava, tocava, beijava ou ouvia falar.
Ao recordar-se da primeira vez que a viu, nunca diria que aquilo que acontecia todas as manhãs numa qualquer cama de Hotel ou do TourBus, poderia algum dia realizar-se. Às vezes ficava mesmo parvo com estas situações. “A vida dá cada volta.”
Deixou os pensamentos de lado e obrigou Beatriz a levantar-se e a tomar um duche consigo naquela manhã.
[/Flashback]
Quando deu por si, tinha Beatriz a sussurrar-lhe qualquer coisa ao ouvido que não percebia. Endireitou-se e apercebeu-se que tivera adormecido embrenhado em pensamentos e que a casa de Beatriz, Sofia e Ryan acabava de ser o destino concretizado.
- Já chegámos. – Beatriz informou-o.
- Tenho sono. – Tom refilou aninhando-se novamente no ombro dela. – Posso dormir contigo? – perguntou infantilmente.
- Claro que sim, mas não queres ir a casa? – perguntou.
- Vou amanhã. – respondeu encolhendo os ombros. Assim ficou acordado, tal como Bill, Tom passaria a noite em casa das raparigas.
(…)
Marinne dirigiu-se ao seu camarim depois do trabalho daquela noite com um cliente especial dito normal, terminar. Há uma semana que não tinha dirigido corpo ou palavra ao seu patrão e o porquê, para ela, era óbvio. Depois daquela discussão marada entre ela e Charles e o facto de ter que encontrar Hannah o mais rápido possível, tinha-lhe tirado o apetite sexual todo por ele. Podia ser uma boneca insuflável para muitos, mas para Charles nunca o seria sem ter o próprio consentimento. Podiam tratá-la como quisessem, mas tinha alguma dignidade e não cedia sexo com este tipo de condições. No entanto, aquilo que sentia pelo seu patrão pouco adorável obrigava-a a fazer esse trabalho, e o mais interessante é que tinha feito progressos. Descobrira onde Hannah vivia e com quem e, apesar de não parecer muito, todas as noites quando saia do trabalho dava uma espreitadela à sua rua. Ria-se feita estúpida do que andava a fazer, mas em certo ponto dava-lhe gozo. Hannah nunca poderia ficar com Charles exclusivamente.
Saiu do Magnólia e como era habitual dirigiu-se à rua de Hannah. Achou estranho o facto de uma carrinha de vidros fumados se ter cruzado consigo àquela hora, afinal eram 3 da manhã, teria acontecido alguma coisa?
Variou o percurso da rua e fora do normal entrou num beco sem saída mesmo em frente ao prédio de Hannah.
- Wow. – conseguiu sussurrar quando viu três figuras entrarem no prédio. Se não estava nada enganada conhecia pelo menos duas delas: Hannah e Bill Kaulitz. Não percebia que raio Bill Kaulitz fazia no apartamento de Hannah, mas tentou somar dois mais dois. Bill admitira à relativamente pouco tempo que encontrara o amor da sua vida, portanto a coisa não podia fazer mais sentido ao seu cérebro. Ele apaixonara-se pela inocente mulher fogosa que Hannah era. – É mesmo vaca. – Num passo agora apressado voltou ao interior do clube e entrou que nem furacão no escritório de Charles.
- E bater, oh? – ele falou bruscamente.
- Baixe a bolinha, trago novidades. – encostou-se à parede e desbocou-se de tudo o que tinha visto e de todas as associações que tinha feito. Charles ficara impressionado.
- Aquela gaja anda com um famoso milionário, é isso que me estás a dizer? – ele perguntou.
- Basicamente, ele é bastante famoso no mundo todo e pelo que sei andou em Tour com a banda nos últimos dois meses.
- Mas a Hannah estava fugida há mais tempo… - pensou em voz alta.
- E quem lhe diz que ele não a protegia? Que a obrigou a sair do clube? – supôs. Charles olhou-a com cara de caso. Marinne podia ter razão, podia realmente ter visto aquilo mas também podia estar a intrujá-lo.
- Tens a certeza do que me estás a dizer? Ou isso é só uma manobra de diversão para me comeres novamente?
- Quem tem manobras de diversão para comer seja que rabo de saias for não sou eu, é você. – respondeu directamente. Ele olhou-a, a miúda tinha qualquer coisa que o excitava.
- Ok, então se isso é mesmo verdade vigia a Hannah e o outro e traz-me novidades. – levantou-se da cadeira e apagou o cigarro que fumava no cinzeiro. Dirigiu-se a ela, deixando-a encostada à parede e ao seu corpo. – Queres recompensa? – perguntou arrastando os lábios pelo pescoço dela. Marinne soltou um gemido, já estava satisfeita por aquela noite, não precisava de outro orgasmo, mas já que ele insistia.
- Depende da recompensa, tenho direito o tudo? – ele olhou-a por momentos e despindo-lhe o casaco com uma gentileza pouco própria acenou afirmativamente, dando-lhe passagem até à secretária.
(…)
Tom entrara primeiro que todos no prédio e consequentemente no apartamento. Levava Ryan ao colo, já de pijama vestido, encostado ao seu pescoço a respirar pausadamente. Entrou no quarto do pequeno e pousou-o sobre a cama, cobrindo-o e aconchegando-o, não deixando de lhe dar um beijo sobre a testa tal como se acostumara a fazer todas as noites. Sem saber bem porquê sorriu ao ver a pequena figura que tanto lhe dizia mexer-se e aconchegar-se por ele mesmo. O seu minorca fascinava-o e passado todo este tempo ainda não sabia porquê. Dirigiu-se à sala.
- Por favor vamos dormir, vamos? – perguntou completamente ensonado.
- Sim vamos. – Beatriz riu-se do estado do namorado. – És tão fraquinho.
- Não, - levantou o indicador – simplesmente tenho sono. – refilou. Bill riu-se.
- E queres alguma coisinha especial já agora? – gozou.
- Se te quiseres calar eu agradecia, obrigado. – entrelaçou os seus dedos com os de Beatriz e puxou por ela.
- Não tens de quê, maninho sempre às ordens.
- Lamento, mas não quero nada teu que esteja sempre às minhas ordens.
- Tu nem a dormir deixas o sexo de fora, pois não? – Sofia riu-se, vendo o casal desaparecer para o andar de cima.
- Acho que não! – Beatriz ainda teve tempo de responder antes de Tom arrastá-la completamente para dentro do quarto e poderem descansar a noite inteira.
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