terça-feira, 2 de novembro de 2010

[37]

Peço imensas desculpas mas a escola mata-me, não me tira todo o tempo do mundo, mas mata-me. Tive teste na sexta e hoje outro e não tive grande tempo de acabar de escrever este capítulo, já para não falar que tive uma paragem de imaginação aguda ._. Mas pronto, ele vem com um atraso, no mímino, gigante, mas vem :p
Portanto, não digo que seja totalmente necessário mas é um capítulo importante. Eu é que não gosto dele, mas coise, divirtam-se.


Subiu novamente ao palco fingindo ser quem não era. O cabelo que agora era avermelhado em vez de castanho, os olhos que normalmente seriam do seu azul e agora eram constantemente tapados por lentes de contacto escuras, o corpo que parecia não ser o seu e o salto mortal que teve que aprender a fazer deixavam o seu inconsciente louco. Não sabia bem o porquê de Hannah ter abandonado o clube, mas não tinha certezas de ter sido inteligente fazê-lo.

Saltou do palco naquilo que marcava a personalidade de quem encarnava e deixou o corpo descansar contra a parede negra traseira ao palco. Não fora feita para o ritmo dos outros, e por muito boa dançarina, stripper ou o que quer que seja que lhe chamassem não tinha jeito para ser quem não era. Respirou fundo e ajeitou a lingerie, passando pelo camarim e entrando na zona restrita: a porta entreaberta de Charles. O seu patrão deixa-a extremamente acesa por dentro e não descobria porquê. Sinceramente, só tinha aceitado fazer o trabalho porque ele lhe pedira.
- É seguro entrar? – Charles elevou a cabeça ao sentir uma voz feminina e extremamente sensual dirigir-se a si. Olhou Marinne e viu nela aquilo que idealizava de Hannah.
- Sim, mas só se fechares a porta. – sorriu maliciosamente e contornou o seu corpo ao vê-la virar-lhe costas e trancar a porta. – Estás à procura de diversão? – perguntou levantando-se da cadeira dirigindo-se a ela, enlaçando-a pela cintura.

Marinne tinha uma panca estranha por homens mais velhos e ligeiramente terroríficos desde adolescente. Os seus 24 anos pesavam-lhe nos ombros com muitos casos diferentes, e foi por isso mesmo que enveredou naquele ramo. Ao contrário da maior parte das dançarinas e acompanhantes de luxo existentes naquele clube, ela era uma das poucas que decidira trabalhar ali e fazer aquilo da vida, por vontade própria.
Enlaçou o pescoço de Charles com os braços e levou os lábios aos dele. Deixou-o romper a sua roupa e a sua barreira de intimidade na sua forma mais brutal possível e retirou prazer físico e psicológico disso. Era daquilo que gostava e era daquilo que planeava viver.

(…)

Sentou-se confortavelmente na cadeira existente na varanda, precisava de descansar da caminhada que fizera com Ryan e Sofia pela bela cidade de Paris. Todos os monumentos, os sorrisos que via na face de cada pessoa por quem passava, a quantidade infindável de línguas que ouvia falar sem perceber o mínimo tinham-na fascinado. A sua vida nunca a permitira viajar, levar uma vida de luxos e coisas boas mas agora que as tinha alguém estava sempre a sussurrar-lhe ao ouvido que aproveitasse. E ela aproveitava, ela e Sofia que levavam Ryan pelas mãos a dar uma pequena volta em todas as cidades que passavam e onde tiravam fotografias para mais tarde recordar.
Tinham dado uma volta por Paris durante o dia e à noite durante o concerto dos rapazes, aquilo era lindo.

Sentiu Ryan e Tom entrarem no quarto e tentou-se a levantar-se para ser ela a deitar o filho, mas Tom já quase tinha tornado essa função como um dos seus hábitos e Ryan agradecia bastante com o olhar. Notava-se no seu sorriso e na sua felicidade extrema de ser pequenino e ainda assim bastante inteligente, que toda aquela situação o preenchia por dentro.
Sorriu a si mesma e olhou a Torre Eiffel pintada ao fundo no negro mar de luzes brilhantes. Aquela vista era linda e enchia o seu peito de uma felicidade desmedida, fazendo-a esquecer todo o seu percurso até ali, todo o percurso que necessitava ser mesmo esquecido. Levantou-se e respirou fundo sentindo o ar frio da noite parisiense invadir-lhe os pulmões. Encostou o corpo aos limites de ferro e suspirou. Podia, sem dúvida alguma, dizer que era feliz.

Sentiu uns braços rodearem a sua cintura e uns lábios metálicos beijarem o seu pescoço da maneira mais doce que alguma vez se tinha apercebido.
- Não é bonito? – Tom perguntou apertando mais o seu corpo contra o dela.
- Completamente. – sorriu e descaiu a cabeça sobre o ombro de Tom, abraçando as suas mãos. Ele beijou-lhe a bochecha.
- Pede um desejo. – Tom pediu.
- Porquê? – Beatriz perguntou sem perceber qual era o objectivo dele.
- Pede um desejo, só isso. – sorriu.
- Em voz alta?
- Não, então depois não se realiza! – Beatriz riu-se da rapidez com que ele respondeu.
- Ok. – fechou os olhos e respirou fundo. Não sabia o que desejar, não sabia se queria mais alguma coisa na vida do que aquilo que já tinha. Tinha uma família feliz e era rodeada de pessoas com óptimos valores e objectivos de vida e estava livre da sua morte psicológica certa! Não encontrava nada que quisesse desejar. – Não sei o que pedir.
- E queres que eu te faça desejar? – perguntou em forma de sussurro ao seu ouvido, arrastando os lábios pelo seu pescoço provocando-lhe arrepios.
Beatriz virou-se para ele e perfurou os seus olhos, conseguindo sentir aquilo que Tom sentia no momento. Beijou-o e deixou que os movimentos instintivos que possuía quando o corpo de Tom envolvia o seu daquela maneira, tomassem conta do seu pensar.
- Quero. – sorriu-lhe ao quebrar o beijo. Tom riu-se, ela tinha percebido a indirecta.
- Nada melhor que fazer amor contigo na cidade do amor. – Tom sorriu e beijou os seus lábios agarrando-a pelas ancas.

(…)

Estavam a quatro semanas de Tour, faltavam outras quatro.
As relações mantinham-se e estavam cada vez mais fortes; Ryan já arranhava uns pouquíssimos toques na guitarra e Tom sentia-se totalmente orgulhoso disso.

Estavam sentados os cinco do costume no autocarro que fazia a ligação entre os países nórdicos onde os Tokio Hotel fariam a próxima semana de concertos.
- Não queres tocar Ryan? – era Sofia. – Eu ainda não te ouvi! – Ryan sorriu e rapidamente se levantou do sofá, largando o livro que fingia ler, passando apenas as imagens, para ir buscar a guitarra ao andar de cima do autocarro.
Desceu num ápice e sentou-se no chão, de pernas à chinês, com a guitarra entre as pernas. Tinha ganho uma nova paixão, um novo amor, uma nova coisa para puder alcançar. Gostava do som que ouvia quando passava os dedos pelas cordas da guitarra e adorava os incentivos vindos da mãe e de Tom para que continuasse. Estava fascinado com o novo brinquedo que parecia dar-lhe uma luz diferente aos olhos negros.

Não sabia como começar, sentia-se até algo nervoso afinal a plateia não simplesmente Beatriz e Tom e a história não se passava num quarto de Hotel totalmente selado. Estava rodeado por dois novos elementos que nunca o tinham visto tocar, estava nervoso.
Olhou Tom, estava bloqueado e sem qualquer reacção possível. Precisava de ajuda.

Tom sorriu, percebeu o que se passava, ele próprio já tinha sentido aquilo, é certo que muito mais velho, mas sabia que Ryan sentia que aquilo era uma primeira actuação em miniatura e os nervos apoderaram-se de si. Já para não falar que a timidez era vincada na personalidade do pequeno. Tom levantou-se e sentou-se ao lado dele, sendo seguido pelo olhar dos presentes que não percebiam o porquê de Ryan não se mexer.
- Não vais tocar, Ry? – fora Bill que fizera a pergunta.
- Não quero. – Ryan murmurou escondendo a cabeça no grande casaco de Tom. – Vai sair mal. – murmurou novamente. Tom sorriu e afagou-lhe os cabelos, olhando-o nos olhos.
- Só estás a aprender, minorca, é normal. A mim também me aconteceu. – Ryan mexeu-se curioso.
- Sim?
- Sim. – Tom sorriu-lhe e depositou-lhe um beijo sobre os cabelos negros. – Toma. – passou-lhe novamente a guitarra. – Vão todos adorar. – preparava-se para se levantar mas a meio Ryan puxou-lhe as calças.
- Fica aqui, por favor. – pediu sério, olhando-o quase em desespero.
- Eu fico. – sentou-se e despenteou-o. – ‘Bora.

Beatriz estava mais uma vez totalmente absorvida nos movimentos daqueles dois. Compreendia o medo de Ryan, conhecia-o melhor que ninguém e aquilo era uma experiência nova para ser exposta a tanta gente. Mesmo conhecendo quem ali estava, a confiança tremia dentro do pequeno, e ela podia ver isso nitidamente.
Deixou-se ficar a ver a cena terna que se exibia sob os seus olhos e sorriu. Era impossível não sorrir e sentir-se completa por Ryan.

Ryan não tocava nada do outro mundo, sabia apenas um acorde e tinha que ser com a ajuda de Tom, mas já conseguia fazer ritmos e adorava achar que sabia fazer muita coisa. Não foi preciso muito tempo para que se libertasse e deixasse o seu sorriso expandir-se até contagiar os restantes.
- Boa! – Sofia levantou-se e bateu palmas. Ryan, divertido, levantou-se e fez vénias deixando todos com a gargalhada na voz, mas envergonhado saltou para o colo da mãe e encostou a cabeça no seu peito.
- Parabéns, amor. – Beatriz sussurrou-lhe ao ouvido, fazendo-lhe festas pelos cabelos.
- Gostaste? – perguntou olhando a mãe, orgulhoso de si próprio.
- Sim. – beijou-lhe a testa. – Tens futuro. – fez-lhe cócegas na barriga e Ryan riu-se contorcendo-se no seu colo.
- Cavalinho! – do nada lembrou-se e colocou uma perna de cada lado da cintura de Beatriz, obrigando-a a abanar as pernas até ele se sentir suficientemente cansado e adormecer contra o pescoço dela.

Sem comentários:

Enviar um comentário