segunda-feira, 6 de setembro de 2010

[22]

Próximo, quinta (:


- O clube fica naquela rua, certo? – Bill perguntou ao irmão, assim que saíram do Audi R8 e se encaminhavam para a porta do apartamento de Beatriz.
- Sim. – Tom estava extremamente ansioso. Sentia o seu ritmo cardíaco demasiado brando, anunciando que assim que a visse possivelmente aceleraria demais. Estava algo tenso e até curioso, não sabia o que encontrar, não quando o irmão vinha consigo e iria apresentar-lha. Bem, não podia dizer que Bill não iria gostar dela porque ele já a idolatrava sem a conhecer, mas ainda assim tinha uma sensação esquisita com o que se podia passar naquela noite, e essa sensação era com toda a certeza passada por Bill, não por si.
- Descontrai. – deu um encontrão amigável ao ombro do irmão quando o viu levar a mão à campainha. Tom respirou fundo.

- Boa noite. – aquela voz, aquele corpo, aquele perfume. Tinha chegado ao paraíso ou então estava a sonhar. Ver aquele sorriso novamente ao vivo parecia irreal. Sentia-se simplesmente feliz apenas com aquela visão. – Entrem. – Beatriz parecia muito mais descontraída do que aquilo que de facto estava. Estar outra vez em contacto com os olhos de Tom tinha feito o seu coração acelerar de maneira demasiado brusca e intensa. Estava novamente na presença dele e isso, isso era extremamente gratificante.
- Bea. – Tom abraçou-se à cintura dela, sentindo-a rodear o seu pescoço com os braços e depositar nele um suave beijo que o fez arrepiar da cabeça aos pés. Tinham conseguido chegar ao momento pelo qual esperaram durante uma semana.
Tom tinha mesmo que ponderar pedir-lhe para que fosse em Tour consigo ou então o seu corpo e o seu frágil e novato coração não iam aguentar tamanha ausência.
Bill encostou-se à ombreira da porta, não podia fazer mais nada perante aquela situação e não iria entrar em casa dela assim sem mais nem menos, por isso era literalmente obrigado a ver a cena lamechas que se passava à sua frente. Se Tom lhe voltasse a dizer que não era piegas, Bill dava-lhe um estalo. “Na certa.” completou o pensamento.

- Bea, é o Bill! – ao quebrar o longo beijo que ainda não fora suficiente para matar saudades dos lábios dela, Tom decidiu fazer as honras, esticando o braço até ao ombro do irmão.
- Finalmente! – Beatriz riu-se com o comentário de Bill.
- A quem o dizes! – deu-lhe dois beijinhos e um abraço de modo a cumprimentá-lo. – Entrem. – fechou a porta atrás de si e indicou-lhes a sala. – Sofia. – chamou espreitando na cozinha, onde a amiga finalizava a maquilhagem. – Eles chegaram.
- Vamos lá ver se Bill Kaulitz é mais giro ao vivo. – riu-se.
- Conhece-lo? – perguntou.
- Bea, não há ninguém na Alemanha que não conheça o Bill Kaulitz. – disse dando-lhe um beijo na testa. Beatriz encolheu os ombros e seguiu-a, sendo obrigada a parar atrás dela quando Sofia estancara sem mais nem menos.

- Olá… - a voz de Sofia ficara presa na sua garganta assim que os seus olhos cruzaram os dele, hoje ao natural, sem qualquer tipo de maquilhagem ou adorno menos próprio num rapaz dito normal. Sentia o seu coração bater desenfreadamente e mal conseguia raciocinar, estava confusa mas estranhamente feliz. Tinha o cérebro num caos e a respiração a adensar sem saber porquê. O seu estômago remexia-se a uma velocidade pouco normal e sentia frias gotas de suor formarem-se ao longo de todos os poros do seu corpo. Para si, o tempo parecia ter parado indefinidamente, ficando preso no seu olhar castanho chocolate. Bill Kaulitz era perfeito ao vivo e, perante o olhar de Sofia, demasiado perfeito.
- Olá. – Bill não podia deixar de sorrir ao vê-la entrar na sala e ao ouvir a sua voz suave e extremamente sensual.
Mantinha um sorriso estúpido nos lábios e um calor abrasador nas bochechas. Jurava a si mesmo que estava absolutamente corado em frente a ela. O verde do seu olhar esmeralda era qualquer coisa de paradisíaco e os seus lábios pareciam desenhados, sendo brevemente delineados a vermelho. Ouvia o seu coração bater aos seus ouvidos dando-lhe a sensação de que vivia um filme. Um filme romântico e daqueles que possivelmente o fariam desfazer-se em lágrimas de tão bonito que ele o iria achar. Conseguia ver-se a si mesmo naquela rapariga como se se visse ao espelho, como se a reflexão da sua alma se encontrasse à sua frente naquele preciso instante. Como se a sua alma gémea, perdida por tempo indefinido, estivesse finalmente a regressar a si. Sofia parecia ser a pessoa mais pura, mais bonita e mais sensual à face da Terra perante os seus olhos.

- Bill. – fora o Kaulitz que tomara a iniciativa de se levantar e se dirigir à rapariga dos olhos verdes.
- Sofia. – ela acordou dos pensamentos quando o viu tão próximo de si, mas tamanha proximidade deixou-a perdida novamente. Cumprimentou-o com dois beijinhos na face suave e um sorriso inevitável foi trocado pelos dois. Parecia magia, faísca instantânea que queimava quem tencionasse apagá-la. Estavam oficialmente hipnotizados pelo outro. – Não é melhor chamar o Ryan? – perguntou Sofia ainda atordoada com o momento. O que é que se tinha passado ali?
- Sim, sim. – Beatriz voltou ao corredor e chamou pelo pequeno que entrou pouco tempo depois na sala, aos saltos.

- Tom! – fora o único nome que Ryan pronunciara assim que os seus olhos repousaram sobre os presentes no compartimento.
- Olá, Ryan. – Tom respondera-lhe levantando-se e assistindo a uma corrida desenfreada do pequeno até si. Beatriz sorriu ao ver tal cena. Aquilo estaria mesmo a acontecer? Olhou Sofia, agora já mais desperta, que lhe sorriu também ao perceber que, de facto, Ryan tinha achado o Tom qualquer coisa de especial.
Tom elevou Ryan nos braços e sentiu-o abraçar-se ao seu pescoço. Não podia negar que a situação não se tornava um bocadinho constrangedora, era apenas a segunda vez que estava com Ryan e o seu à-vontade para com ele não era o maior, mas ao que parecia Ryan tinha simpatizado consigo.
- Quem é? – perguntou ao reparar na presença de Bill.
- É irmão do Tom, filho. – fora Beatriz que respondera. Ryan saltou do colo de Tom e aproximou-se de Bill que lhe sorriu.
- Olá. – Ryan sorriu também abraçando as pernas de Bill, que lhe afagou a cabeça. Não negava que adorava crianças.
- Eu não sei o que vocês os dois têm mas ele não simpatiza logo com toda a gente desta maneira. – fora Sofia que fizera a observação. – Até assusta. – Bill olhou-a e, esperando que aqueles olhos se cruzassem de novo com os seus, sorriu.
- Nós temos esse efeito nas pessoas. – disse – Principalmente nas mulheres. – Sofia riu-se e Bill aumentou o sorriso. “Que gargalhada…”
- Tu que o digas Sofia… - fora Beatriz a fazer a observação e logo quatro olhos se depositaram sobre si: Bill e Sofia.
- Que é o jantar? – fora Tom que perguntou abraçando a cintura de Beatriz que estava sentada sobre as suas pernas, disfarçando a situação. Tom tinha percebido a química que tinha despertado aqueles dois. Bill tinha um brilho nos olhos e um sorriso nos lábios que Tom não se lembrava de alguma vez lhe ter visto. Estava excruciantemente feliz apenas por saber que Sofia existia. Teria Tom assistido ao tal amor à primeira vista que o irmão tanto lhe falava e com que tanto sonhava? Talvez.
- Pizza. – respondeu simplesmente, olhando novamente a melhor amiga e Bill.
- Fantástico. – disse – Não tem carne, pois não? – perguntou beijando-lhe o ombro despido.
- Não, porque vossas excelências são vegetarianas! – riu-se virando o corpo para ele, dando-lhe um beijo nos lábios. Imediatamente Ryan se colocou no meio deles com um sorriso nos lábios. Não era estúpido nenhum, sabia o que aquilo era, podia ter três anos mas já tinha visto aquela situação na escola ou até mesmo na rua mais que uma vez, e Beatriz também nunca lhe tinha negado a explicação de um beijo assim que ele a inquirira pela primeira vez.
- Vais ser meu papá, Tom? – perguntou com a voz entusiasmada própria da sua tenra idade.
- Não sei… - olhou Beatriz - … tu queres? – perguntou olhando novamente o pequeno. Ryan assumiu uma posição mais séria e olhou Beatriz, pousando o queixo no seu joelho.
- Quero, mãe? – perguntou.
- Tu é que sabes, amor… - disse-lhe carinhosamente passando-lhe a mão pelo cabelo negro rebelde. Ryan sorriu.
- Quero. – olhou novamente Tom com aquele sorriso encantador e o brilho no olhar reflectindo a ligação que, não sabia porquê, tinha com Tom. Tom limitou-se a olhar a pequena criança, formando um sorriso. Tinha maturidade para isso? Tinha responsabilidade que chegue para ajudar a criar um filho que não era seu? Um filho que não fora tão pouco desejado mas que no final de contas trouxe tanta felicidade à mulher que adorava? A sua ligação a Beatriz era forte, muito mais do que o que ele julgava até, mas estaria ele disposto a ser pai? Talvez até tivesse alguma cabeça para isso, mas sinceramente era um passo maior que a sua perna. No entanto, Tom era feito de riscos e de adrenalina, era capaz de fazer tudo.
- Então podemos ver disso! – sorriu ao pequeno e tocou-lhe ao de leve na ponta do nariz com o indicador, fazendo-o rir e dirigir-se ao sofá onde Bill e Sofia se mantinham sentados, sentando-se com eles.

Beatriz olhou Tom da forma mais carinhosa que a sua expressão lhe permitia fazer. Começava a ver a sua vida organizar-se, começava a sentir algo extremamente forte por Tom, apesar de ainda não lhe saber dar um nome. Estava a sentir-se aterrar no paraíso terrestre e isso dava-lhe, para além de conforto, uma carrada de dúvidas, suposições e porquês. Nunca a sua vida tivera tanto significado como tinha naquele momento, nunca tinha sentido algo assim como sentia naquele momento. Só podia estar a sonhar.
- Vamos comer? – fora Sofia que perguntara a Bill e Ryan (visto estarem junto de si).
- Sim! – Ryan levantou-se num pulo, sendo seguido pelos outros dois, deixando o casal maravilha entregue à privacidade pela primeira vez na noite.

- Sentiste o que disseste? – fora a pergunta que Beatriz sussurrara assim que encostara a testa à de Tom.
- Em relação ao ser pai do Ryan? – perguntou meio confuso meio inebriado pelo aroma que Beatriz emitia. Ela acenou afirmativamente. – Posso ser pai dele enquanto aquilo que sentir por ti se mantiver. Eu sei que queres fazer planos a longo prazo, mas a minha vida não mo permite. – levou uma mão ao rosto de Beatriz e acariciou-o, beijando-a levemente. – Mas o puto gosta bué de mim e eu também gosto dele. – riu-se. – Vamos ver no que dá, sim?
- Sim. – suspirou e voltou a unir os seus lábios aos dele.

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