sexta-feira, 13 de agosto de 2010

[15]


- Não te esqueças de pôr um perfume decente e vê lá se a camisa não está amarrotada! Tom, tu não me apareças em frente à miúda todo desconcertado da vida! – Bill gozava com ele encostado à ombreira da porta do quarto do irmão, estando esta fechada. – E põe uma fita para a tua testa não parecer um ecrã plasma de 107 cm e 40 polegadas! – riu-se com a própria piada.
Tom, dentro do quarto, bufava cada vez que Bill abria a boca. Era mesmo suposto ele gozar consigo? Bem, sendo seu irmão se calhar até era.
Olhou-se uma última vez ao espelho. Ajeitou a gola da camisa preta e branca aos quadrados e posicionou a t-shirt branca da maneira que melhor lhe convinha. Olhou os ténis e encaixou neles as calças de ganga clara rasgadas à sua própria maneira. Mirou o relógio e o elástico que usava meramente para dar estilo e achou que estava perfeito. Sorriu à sua figura e piscou-lhe o olho, Beatriz não iria ficar indiferente a si naquele dia ou ele não se chamava Tom Kaulitz!

- Tom, anda lá não a faças esperar!
- Ela não sabe que eu vou! – respondeu abrindo a porta do quarto dando de caras com o irmão que se assustou com a sua figura.
- Caraças que me assustaste! – refilou. – Não me voltes a fazer isso que ele não aguenta! – disse pousando a mão sobre o coração. Tom riu-se.
- Ok, vou tentar mas não prometo nada. – disse com um sorriso fruto da gargalhada – E eu não a faço esperar porque ela não faz ideia que eu vou! – respondeu à exclamação anterior.
- Oh ‘tá bem. – encolheu os ombros.
- Estou bem? – perguntou.
- Ontem refilavas que eu me estava a atirar a ti, hoje perguntas-me se estás bem? Tom, terás bebido algum elixir durante a noite e eu não dei conta de nada? – perguntou-se em voz alta.
- Provavelmente! – respondeu levantando a sobrancelha esquerda não sabendo o que dizer à estupidez profunda e já algo grave do irmão. Bill queixava-se dos seus discursos mas ao que parecia andava a aprender consigo.
- Vai-te lá embora! – riu – E sim, estás bem. – sorriu-lhe. – Boa sorte, óh coisa!
- Eu faço a minha sorte, Bill já devias saber!
- Por saber tão bem é que ta desejo! – gozou-o.
- Estás mesmo parvo hoje. – refilou revirando os olhos.
- Pensei que estava sempre… - deixou em aberto.
- Ok, já percebi, posso-me ir embora agora? – perguntou.
- Força, a Beatriz é toda tua! – disse.
- Podes apostar que sim!

(…)

- SOFIA?! – Beatriz berrou da cozinha e a rapariga em questão chegou-se a ela.
- Que foi? – perguntou coçando o olho esquerdo visto ainda andar em pijama e ter-se levantado à uns meros 5 minutos.
- Queres almoçar? – perguntou-lhe virando-se para ela.
- Achas? Acabei de me levantar. – virou-lhe costas dirigindo-se à sala, deitando-se a todo o comprimento no sofá.
- Vê lá se isso era impedimento. – riu-se sentando-se no outro sofá esticando as pernas nuas sobre a mesa de vidro. – Não te dava nenhuma coisinha má. – disse. – Ah por falar em coisinhas más, como é que ficou a história do arroto? – perguntou. Sofia sentou-se, olhando-a.
- Fora a minha vergonha, tudo bem, eles não levam a mal. – encolheu os ombros enquanto Beatriz ria e a campainha soava. – Estás à espera de alguém?
- Nop. – respondeu dirigindo-se à porta ainda com a gargalhada nos lábios.

- Olá. – Tom tinha um sorriso encantador nos lábios e a mão na ombreira fazendo o corpo descair ligeiramente, quando ela lhe abriu a porta.
Beatriz sentiu o seu corpo vibrar e o seu coração parar para no segundo seguinte acelerar a uma velocidade estonteante deixando-a, literalmente, sem chão.
- Tom… - fora a única coisa que conseguira pronunciar em conjunto com um sorriso meio baralhado.
- Bea… - Tom imitou-a e aproximou-se do seu corpo enlaçando-a pela cintura depositando-lhe sobre os lábios todas as saudades que tinha deles.
- Entra. – ela disse ao quebrar o beijo dando-lhe passagem até à sala, onde Sofia já não se encontrava. Não lhe ia apetecer cruzar-se com um famoso e pseudo-qualquer-coisa da sua melhor amiga, em pijama e completamente descabelada, portanto decidiu voltar a deitar-se para só acordar às tantas da noite. – Senta-te. – sorriu. – Que te trás por cá? Aquela chamada às tantas da manhã deixou-me curiosa. – podia tentar soar muito natural mas o nervosismo que lhe corria pelos músculos não a deixava sê-lo.
- Desculpa lá isso… - disse embaraçado - … mas eu precisava mesmo de marcar este encontro contigo. – olhou-a nos olhos e Beatriz voltou a sentir os batimentos cardíacos demasiado apressados para apenas um contacto visual.
- Então conta-me. – sorriu-lhe e cruzou as pernas à chinês sobre o sofá virando-se para ele.
Tom não resistiu a olhá-la de alto a baixo e a contornar o seu corpo mais uma vez. O pequeno vestido branco e floreado que ela envergava deixava-o a desejá-la mais que o normal. Os contornos dos seus lábios num formato de sorriso perfeito pareciam puxá-lo como as cargas contrárias se atraiem, tão fácil e rapidamente. Estava hipnotizado e totalmente rendido aos pés dela, agora sim podia confirmar tal facto. Levantou-se tentado acalmar os calores que entretanto lhe subiram pela espinha.
- Estás nervoso. – ela constatou com um sorriso carinhoso olhando os olhos dele.
- Nota-se assim tanto? – retribuiu o sorriso e esfregou as mãos uma na outra, sentando-se sobre o tampo da mesa em frente a ela.
- Um bocadinho, que é que se passa? Começas a deixar-me preocupada.
- Não sei se tens razões para isso… - inspirou e ganhou coragem - … eu vou ser directo, odeio sentimentalismos…
- Sentimentalismos? – ela interrompeu não percebendo de todo o que ela queria dizer com aquilo.
- Eu apaixonei-me por ti. – despejou olhando-a fundo nos olhos e vendo formar-se neles uma expressão que Tom nunca tinha visto em ninguém. Um misto de felicidade, choque, surpresa, preocupação e nostalgia tinham-na inundado e Tom não fazia a mais pequena ideia do que aquilo queria dizer.
- Apaixonaste-te por mim? – um sorriso fraco mas ainda assim bastante emocionado apareceu nos lábios de Beatriz descodificando o seu estado de espírito. – Mesmo?
- Mesmo… - sorriu-lhe carinhosamente, mas no segundo seguinte o coração de Tom sobressaltou-se ao imaginar que talvez Bill tivesse razão e ele levasse uma tampa naquele preciso instante. Precisava de uma resposta positiva dela, uma resposta que o correspondesse.
- Incrível como alguém se pode apaixonar por uma pessoa como eu… - levantou-se e cirandou pela sala. Tom seguia-a com o olhar, algo apavorado. - … logo tu, tão bonito, tão divertido, tão simpático, tão… tão perfeito. – parou e olhou-o. Nos olhos de Tom uma chama de esperança redobrou a força com que flamejava e isso notou-se no sorriso aberto que ele revelou.
Beatriz sentou-se numa das pernas de Tom e preencheu os lábios dele com os seus, depositando neles todo o sentimento que se tivera vindo a formar em si por ele. Toda a energia positiva que Tom lhe transmitia, toda a vivacidade e toda a esperança de uma vida melhor que ele, sem saber, lhe depositava sobre os ombros, revelava-se naquele beijo. Rodeou o seu pescoço com os braços e sentiu as mãos de Tom explorarem a sua cintura. Quebraram o beijo e uniram as testas com um sorriso visivelmente feliz nos lábios.
- Ficas comigo? – Tom sussurrou. Aquele beijo, aquele perfeito que ela produzira em palavras, tinham-lhe dado todas as certezas de que era correspondido àquilo que sentia em si, àquilo que com a ajuda dela iria descobrir de livre vontade.
- Fico. – sorriu-lhe e beijou-o.

- Mãe? – a voz de Ryan apareceu por entre o beijo. Beatriz estremeceu. E agora? Tom olhava-a sem perceber nada da situação, ainda atordoado com o sabor dos lábios dela nos seus. Manteve-se agarrado à sua cintura enquanto Beatriz olhava o pequeno rapaz de cabelos pretos e olhos negros. Era excessivamente parecido com ela, Tom não podia deixar de reparar que o sorriso retraído que o pequeno transportava nos lábios e que os olhos negros profundos eram sem dúvida os mesmos de Beatriz. Estava baralhado e completamente parvo. O que é que aquele “Mãe?” quereria dizer?

Sem comentários:

Enviar um comentário