terça-feira, 24 de agosto de 2010

[18]


- Foda-se! Estou atrasado! – Tom levantara-se demasiado rápido da cama tendo que se segurar à mesa-de-cabeceira por instantes, caso contrário a tontura teria levado a melhor. – És burro, meu! – procurou pelo quarto os boxers e vestiu-os, dirigindo-se à casa de banho. – Não sabias pôr despertador?! - passou água pela cara e voltou ao quarto procurando a sua roupa, começando a vestir-se. – Ai, ai, ai, o Bill vai matar-me! – refilava consigo mesmo enquanto olhava o relógio de 5 em 5 segundos. Eram 10:15 da manhã.
- Tom? – com os estrondos e a agitação que o rapaz fazia no quarto, Beatriz não evitara acordar. – Está tudo bem? – sentou-se na cama, com o cabelo desalinhado, agarrando o lençol tapando o peito e coçando um olho.
- Acordei-te? – perguntou. – Oh é claro que te acordei, só estava a fazer porcaria. – refilou consigo mesmo.
- Ei, calma. – chegou-se a Tom, que estava sentado na cama de costas para si, a calçar os ténis. – Que foi? Tanta pressa? – pressionou-lhe os ombros e beijou-lhe o pescoço de maneira a que relaxasse.
- Bea, estou atrasado como tudo!
- Que horas são? – perguntou.
- 10:16 – olhou o relógio novamente - e eu aqui, era suposto estar em casa às 10! O meu irmão vai matar-me!! – levantou-se bruscamente da cama. – Era pedir muito que te vestisses? – pediu. – Ainda tenho que te ir levar a casa. – disse coçando a parte de trás do pescoço.
- Não te preocupes, eu apanho um táxi, vai-te embora! – disse levantando-se da cama vestindo a lingerie que na noite anterior tinha voado do seu corpo.
- Não, eu levo-te a casa! – disse de forma altiva. – Insisto! – disse-lhe novamente quando ela tencionava refutar a sua decisão.
- Ok, então dá-me a tua camisa porque este vestido já não tem ponta por onde se lhe pegue. – disse olhando o vestido e comprovando que era impossível de se vestir. “Só tens ideias maradas, Beatriz!” pensou estupidamente.
- Toma. – Tom passou-lhe a camisa e Beatriz vestiu-a. – Não te fica assim tão mal! – riu-se.
- Que se lixe, desde que sirva. – riu com ele e olhou-se ao espelho. – Eu fico bem de todas as maneiras, já viste? – perguntou olhando Tom. Ele riu-se.
- Sem dúvida, mas sem roupa ficas muito melhor. – aproximou-se dela e beijou-a.
- Vá, estás atrasado!! – disse ao quebrar o beijo empurrando-o.
- Ai, vamos embora. Estás pronta? – olhou-a, vendo-a calçar os sapatos à pressa.
- Sim, ‘bora! – seguiu Tom rapidamente ainda tropeçando em si mesma fazendo Tom soltar uma gargalhada e abraçá-la pelos ombros depositando-lhe um beijo na têmpora.

Acelerou o máximo que conseguia, pois não ia ser bom ouvir Bill Kaulitz refilar consigo naquela manhã. Não é que ainda não estivesse habituado, mas ninguém o iria conseguir chatear depois de uma noite tão curta mas tão longa como a que ele tivera, e talvez Bill não gostasse da sua calma.
- Uma semana e eu estou de volta. – Tom sorriu-lhe acariciando-lhe a face.
- Até lá eu ligo-te, parece-te bem? – perguntou com o mesmo sorriso na cara. Tom apenas acenou afirmativamente e perfez os lábios dela com os seus. Ia ter que levar aquele sabor com ele, e o certo é que não se iria esquecer. – Olha as horas. – riu-se ao quebrar o beijo e saiu do carro vendo Tom arrancar a alta velocidade até sua casa. O que vale é que não era longe.

- Eu mato o Tom, eu mato o Tom, eu mato o Tom, eu mato o Tom. – Bill andava pela sala a roer a unha do polegar e ao mesmo tempo tentado não a roer, não podia estragar o verniz. – Eu mato o Tom, eu mato o Tom, eu mato o T… - o som da chave na porta fê-lo parar. – TOM! – berrou.
- Matas-me depois, ok? Preciso de ir trocar de roupa e trazer as malas para baixo. – pisgou-se escada acima e trocou de roupa num ápice.

- As malas… - remordeu - … AS MALAS JÁ ESTÃO NO CARRO! – berrou, furioso.
- Ok, obrigado, mano ficarei profundamente agradecido à tua pessoa para sempre, agora podemos ir embora? – perguntou fazendo um sorriso angelical, ainda ajeitando o casaco vestido à pressa. Bill revirou os olhos.
- A que raio de horas é que eu disse para estares aqui? – perguntou enquanto se dirigiam à carrinha negra e de vidros fumados que os esperava.
- Às 10. – respondeu.
- Que horas são? – perguntou.
- 10:38. – Tom respondeu olhando o relógio. – E não te queixes, só acordei à um quarto de hora.
- Não me queixo?! – perguntou indignado. – Essa matou-me. – colocou o cinto de segurança e encostou a cabeça para trás. – Se a segurança do aeroporto apitar por tua causa, eu mato-te. – avisou.
- Não eras capaz. – remordeu entre dentes escondendo um sorriso.
- Sim, Tom mas é o que está escrito no guião. – respondeu-lhe.
- No guião? – agora Tom não percebera.
- Esquece. – respondeu. – Não estou para te explicar piadas. – suspirou.

A chegada ao aeroporto não foi difícil de fazer e a passagem pela segurança também não. Tom teve sorte que o irmão não o matou.
- Têm tudo?
- David?! – perguntaram os gémeos ao mesmo tempo quando ouviram a pergunta. – Que é que estás aqui a fazer?
- Vim dar-vos leitura, parece-vos bem? – Bill e Tom trocaram um olhar confuso. – Isto. Até ficaste giro, Tom! – gozou. Os gémeos pegaram nas revistas que Jost lhes estendera.
- Oh boa, eu sabia. – Tom suspirou ao olhar as fotografias que tiveram sido tiradas na noite anterior.
- Não deste conta? – Bill perguntou-lhe rindo, afinal tinha-lhe dito que não demoraria muito até que ele fosse apanhado com a rapariga do clube.
- Claro que dei! E já sabia que isto ia acontecer, só já não me lembrava! – refilou. Bem, ele estava bonito, tinha ficado a rir-se já não se lembrava era de quê, e Beatriz tinha sido apanhada apenas de costas, ou seja a coisa não estava assim tão mal. – Mas não se vê ela. – disse.
- Quê? Era suposto? – perguntou Bill de imediato.
- Não, otário, claro que não! – disse olhando-o – É uma coisa boa. – sorriu.
- Mas vocês andam? – perguntou David com cara de parvo – Ela não é a gaja do tal clube a que vocês iam e da qual eu disse que não iria desmentir nada se fossem apanhados?
- Sim.
- Sim ao quê? – perguntou sem perceber,
- Sim às duas coisas. – respondeu rapidamente, era notório que não gostava de falar no assunto.
- Isso é sério? – perguntou David, estava a achar estranho o Tom com namorada.
- Chega-te saberes que só tenho sexo com ela?! – perguntou directamente. Agora David riu-se com vontade.
- Tu?
- Anda lá, meu não sou só um boneco sem sentimentos, ok? – Tom respondeu seriamente fazendo David parar a gargalhada e olhá-lo.
- Um dia havias de crescer, puto. – sorriu. Tom revirou os olhos e a chamada para o voo foi ouvida. – Divirtam-se!

*

Beatriz entrou em casa e encostou-se à porta, depois de a fechar. Tinha um visível sorriso nos lábios e uma felicidade extrema a correr-lhe no sangue. Aquela noite tinha sido o culminar daquilo que sentia por Tom. Naquela noite ele tinha-se entregue a ela por completo, como nunca o tivera feito. Estava completamente apaixonada por ele e tinha a sensação que ele sentia o mesmo. Dirigiu-se ao quarto do Ryan e constatou pelo bilhete pousado em cima da cama que Sofia o tinha ido levar à escola.
Optou por se deitar um bocado, afinal a noite tinha sido longa e dormir era coisa que ela praticamente não tinha feito. Nem ela nem Tom e por isso é que, certamente, ele se tinha atrasado. Despiu a camisa que trazia vestida e deitou-se por baixo dos lençóis abraçada a ela. A essência de Tom continuava presente naquela peça de roupa e isso fê-la adormecer em pensamentos pouco (ou muito) próprios. Aquela tinha sido sem dúvida a noite da sua vida, no entanto e mesmo durante o sono, existia uma coisa que continuava a preocupá-la: o Magnólia. Continuava sem conseguir encontrar uma hipótese para deixar aquele clube, continuava de mãos e pés atados sem saber como se desamarrar. Estava entre a espada e a parede, onde a espada era o clube e a parede era Tom.

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