quinta-feira, 19 de agosto de 2010

[17]

Por descargo de consciência devo dizer que este capítulo merece bolinha vermelha.


- BILL! – Tom berrou do fundo das escadas pelo irmão.
- Que é que queres óh besta? – perguntou-lhe descendo as escadas passando por Tom, dirigindo-se à sala.
- A que horas é o avião amanhã? – perguntou seguindo o irmão.
- Ao meio-dia, por isso não te estiques. – avisou voltando atrás no caminho, planeando ir à cozinha buscar pipocas e uma lata de Coca-Cola. Iria fazer uma maratona de filmes completamente sozinho até lhe dar o sono. Tom virou também a rota e seguiu-o novamente.
- Isso quer dizer que tenho que vir a casa trocar de roupa para depois irmos para o aeroporto. Isso dá quanto tempo? – pensou alto enquanto seguia o irmão à volta dos armários.
- Convém estares cá por volta das 10 ou um bocadinho antes. – disse. – Precisamos de pelo menos uma hora no aeroporto. – acrescentou – E sai-me da frente, rapaz! – riu-se ao ver que Tom o seguia para todo o lado, ocupando-lhe espaço para as manobras normais numa cozinha.
- Desculpa. – riu-se e encostou-se à ilha, no centro da cozinha.
- E vai-te embora, estou farto de te ouvir. – gozou-o. Tom não respondeu, aparentemente estava a fazer contas de cabeça. – Tom, a matemática não é o teu forte. Baza. Vai ter sexo ou qualquer outra coisa semelhanto-parecida que possas fazer com a tua pseudo-qualquer-coisa. Sai-me da frente. Desampara-me a loja. Põe-te na alheta. Raspa-te daqui. Pisga-te! Queres mais sinónimos?! – Bill olhava-o de mãos na cintura. – Não deixes a miúda à espera. Olha que parece que tens esse dom, já da outra vez a deixaste à esper… - foi interrompido.
- Eu não a deixei à espera porque ela não sabia que eu ia. Quantas vezes é preciso dizer-te isso? – refilou. – Ah e deixa os sinónimos em casa se faz favor. – os filmes que Bill começava a fazer matavam-no.
- Tom, eu estou em casa. – olhou-o sem perceber.
- Esqueçamos. – sorriu-lhe dando-lhe uma palmada amigável no peito. – Até amanhã, maninho. – pegou no telemóvel, nas chaves de casa e do carro e, por uma das palavras do irmão, pisgou-se dali.


Beatriz sentou-se com um suspiro no sofá da sala ao lado de Sofia, sonhando acordada, depois de Ryan ter praticamente desmaiado de sono na cama.
- Oh miss! – Sofia deu-lhe uma cotovelada.
- Que foi? – olhou-a.
- Olha o telemóvel! – riu apontando o aparelho que vibrava sobre o tampo da mesa de vidro.
- O Tom chegou! – levantou-se num pulo, ninguém diria que Beatriz envergava uns saltos de 12 centímetros e um vestido branco curto e justo ao corpo, tal era a facilidade com que se movimentava. – Até à próxima.
- Até amanhã! – Sofia riu-se. Era demasiado bom ver a amiga tão feliz.

Entrou no desportivo carro de Tom e deu-lhe um beijo nos lábios em modo de cumprimento.
- Apresentável como sempre. – Tom sorriu-lhe ao quebrar o beijo com ela, referindo-se ao vestido que ela envergava.
- Isso é porque ainda não me viste de pijama. – riu-se.
- Estou ansioso por isso. – riu com ela voltando a beijar-lhe os lábios arrancando em direcção ao Hotel e ao quarto que tivera reservado, de propósito, para a noite mais quente que alguma vez tiveram.
- Onde vamos mesmo? – perguntou curiosa.
- Até ao paraíso, parece-te bem? – perguntou.
- Completamente! – riu-se e deixou que as paisagens, sempre iguais, de Berlim a guiassem por pensamentos. Seria possível estar tão ansiosa por estar novamente nos braços de Tom? Tanto seria como era, Beatriz até tremia!

Chegaram ao destino: um Hotel de 5 estrelas recatado num dos cantos da magnífica cidade de Berlim.
- Wow. – sorriu ao sair do carro e ver Tom vir ao seu encontro.
- Ainda não entraste por isso guarda um bocadinho da surpresa, ok? – riu-se abraçando-a pela cintura dando-lhe passagem à sua frente, trancando o R8.
- Tu não me digas isso! – ela riu-se olhando-o e Tom sorriu-lhe.

Um flash.

“Mas quem é o doido que está a tirar fotografias a estas horas?” Tom perguntou-se, mas estupidamente, afinal era óbvio que lhe estavam a tirar fotografias a si.
- Acelera o passo, amanhã estamos em capa de tudo o que é imprensa cor-de-rosa. – disse. Beatriz apenas fez o que ele pediu não questionando nada pois também ela sentira o flash sobre si.
Tom dirigiu-se à recepção do Hotel, pedindo a chave da suite que reservara naquela tarde. Já Beatriz mantinha os olhos fixos em todos os meros detalhes daquela sala. O candeeiro de lustre sobre as suas cabeças, os sofás pérola que contrastavam com os tapetes felpudos da mesma cor, já para não mencionar os móveis cor de pinho que adornavam o espaço. Tom tinha escolhido demasiado bem.
- Impressionada o suficiente para prosseguir? – sorriu-lhe quando a viu encantada a olhar cada pormenor. Ele compreendia pois, também ele, tivera aquela reacção da primeira vez que ali entrara.
- Vamos, mas já tenho medo daquilo que vou encontrar. – riu-se e Tom acompanhou-a.
Apanhado o elevador até ao último piso do luxuoso Hotel, Tom passou o cartão electrónico na porta, anunciando que era a suite presidencial.
- Estás a gozar! – ela olhou-o. – Não te chegava apenas uma cama e uma casa de banho? – riu-se e entrou. Agora sim tudo lhe tinha caído aos pés. O quarto era todo decorado em tons creme e laranja, no centro um varão de metal estendia-se do chão ao tecto (o que lhe lembrou o Magnólia), a cama rasteira e enorme estava encostada a uma das quatro paredes e, no lado oposto, a entrada para a varanda onde se encontrava um jacuzzi. Do lado direito situava-se a casa de banho, enorme e com hidromassagem. Ela tinha mesmo aterrado no paraíso.

Tom olhava-a encantado pela surpresa que ela mantinha no olhar. Era certo que não estava propriamente habituada àquele tipo de luxúria, mas havia sempre uma primeira vez para tudo. Sorriu ao vê-la voltar da varanda e levar as mãos varão que se encontrava no meio da divisão. Ele bem podia tentar controlar os sentidos, controlar o animal que naquele momento a queria possuir mas não conseguia. Tentar esperar por ela não dava, tentar que o seu corpo se dirigisse ao dele de livre vontade começava a ser doloroso. Preparava-se para avançar sobre ela quando Beatriz impulsiona o corpo contra o varão, deixando apenas de o apreciar. Tom sentiu uma fraqueza parva apoderar-se das suas pernas e deixou-se cair sobre o puff redondo alaranjado que se encontrava atrás de si.
Beatriz, de cabeça para baixo no varão, olhou Tom e captou bem aquela expressão e sorriso. Não se lembrava daqueles traços desde a última vez que o vira sentado numa mesa do clube. Não se lembrava já o quão homem primitivo ele podia ser ao ver o seu corpo elevado num poste de metal. Sentiu as costuras do vestido romperem-se ao contorcer-se, aquilo talvez não tivesse sido boa ideia, pelo menos não vestida daquela forma. Saltou do varão colocando-se mesmo à frente de Tom e arrancou o vestido do corpo. Não falo apenas figurativamente, Beatriz arrancou mesmo o vestido do corpo acabando com as outras costuras, deixando a lingerie negra, as ligas e as meias rendadas da mesma cor à mostra. Tom deixou cair o queixo, para variar. Aquela mulher era fogo.
Levantou-se do puff e, num acto de perícia, agarrou a sua cintura com uma mão levando a outra ao seu pescoço. Arrastou os lábios dela de encontro aos seus e deixou-se guiar por aquele sabor característico a que ela sabia. Não fazia ideia do que era, se era batom ou se era simplesmente o seu sabor genuíno, mas sabia demasiado bem para se separar dele. No entanto, ela obrigou-o a tal coisa quando o empurrou do seu corpo levando as mãos aos seus ombros, fazendo com que a camisa que trouxera vestida se perdesse no quarto.
- Hás-de experimentar não usar t-shirt por baixo. – piscou-lhe o olhou assim que se viu livre da t-shirt branca que ele usava por baixo. Tom riu-se.
- Tu tens hipótese de ver o que está por baixo das t-shirts por isso não refiles. – brincou e Beatriz soltou uma gargalhada exagerada, fazendo Tom sorrir abertamente, gostava de a ver rir.
Tom puxou-a pelas nádegas para o seu colo e encostou-a contra a parede mais próxima.
- Ainda vou descobrir o que é que tu tanto tens com as paredes… - disse-lhe interrompendo cada palavra com o beijo no seu pescoço.
- Vais ter muito tempo para isso… - murmurou, pois a sua voz não dava para muito mais. O poder que ela tinha sobre o seu corpo era demasiado grande para ele conseguir, sequer, falar. A única coisa que queria daquela noite era poder unir-se a ela de forma mais real, mais leal, mais apaixonante do que alguma vez o tinha feito. Queria entregar-se a ela como nunca se entregara a ninguém.

Deslocou-se da parede à cama e, deixando que ela lhe removesse as largas calças de ganga, caiu sobre o seu corpo beijando o seu peito. Beatriz rapidamente se voltou fazendo-se assumir controlo sobre ele. Deixou-lhe um chupão no pescoço e desceu com a língua até à cintura, acariciando cada abdominal por que passava. Adorava o corpo de Tom, adorava a maneira como ele andava, a maneira segura mas desconjuntada com que ele metia um pé à frente do outro. Adorava a sua maneira de beijar, sempre protector e selvagem. Adorava o seu lado fofinho, adorava-o por inteiro. Passou a mão direita sobre o alto visível nos boxers justos de Tom e olhou-o, vendo-o revirar os olhos anunciando que, aquela zona, talvez estivesse demasiado sensível para ela brincar. Riu-se e dirigiu-se aos lábios dele, sentindo Tom desapertar o seu soutien já com alguma experiência.
Tom virou-a na cama e deu-se ao luxo de explorar o seu peito com os lábios. Aquele piercing situado no seu mamilo endoidecia-o e a perfeição das suas curvas tão bem desenhadas também. Usou as mãos para a explorar e a língua para a conseguir saborear. Lá estava o sabor que ela tinha a dar-lhe a volta, a torná-lo mais animal do que aquilo que já estava. Sim, porque quem olhasse para o seu corpo não diria que Tom estava excitado, diria que Tom já estava em êxtase.
Percorreu o seu ventre com as mãos até chegar à liga e às fitas que a prendiam. Sorriu-lhe perversamente e Beatriz riu-se, ele tinha ideias para tudo.
Beijou a sua virilha e foi descendo à medida que a liga, que acompanhava a meia negra rendada, se deslocava pela sua coxa e mais tarde perna. Repetiu o movimento na perna direita e sorriu-lhe dando o trabalho por completo.
Beatriz enlaçou uma perna à volta da cintura de Tom e puxou-o para si, fazendo-o cair sobre o seu corpo já ofegante. Beijou-lhe os lábios da forma mais ousada que conseguia e virou-o na cama, levantando-se. Tom ficou parvo a vê-la desaparecer da sua vista com um sorriso que o deixava pior (no bom sentido, claro!) do que já estava. Levantou-se, ainda que contrariado mas curioso, e foi ver onde ela se deslocava.
- Ansioso por matar saudades de como nos conhecemos? – perguntou, novamente pendurando-se no varão.
- Estás com tão pouca roupa no corpo… - rodou a cabeça para a esquerda de modo a acompanhar os seus movimentos. - … não seria melhor… - aproximou-se dela, parecia completamente enfeitiçado.
- O que seria melhor era juntares-te a mim. – disse-lhe e assim que Tom se colou ao varão, Beatriz rodeou a sua cintura com as coxas, fazendo Tom levar as mãos ao seu rabo, amparando-a.
- … isto vai ficar no meio? – riu-se, apontando o varão de metal. Ela puxou o corpo para cima fazendo Tom largá-la e sentir as pernas dela aproximarem-se da sua cara para o abraçarem pelo pescoço.
- Só se tu quiseres. – se Tom já estava doido até ali, agora que tinha as coxas dela à volta da sua cara e o ponto alto da noite mesmo em frente aos seus olhos, não estava melhor certamente. Beijou-a sobre o ponto mais sensível que sabia existir no corpo de qualquer mulher e sentiu-a contorcer-se. Beatriz estava tão excitada como ele. Num movimento brusco e, de todo, amador agarrou Beatriz pelas pernas e pousou-a no chão, agora, sem ter um varão a atrapalhar as coisas. Levou as mãos ao seu peito e não se conteve em massajá-lo com tudo aquilo que tinha para dar. Brincou com o piercing e sentiu-a rir, afinal já sabia que naquele sítio ela tinha cócegas. Sorriu e beijou os seus lábios lenta e apaixonadamente, queria realmente senti-la por inteiro.
Beatriz tomou a iniciativa de os empurrar de novo até à cama, caindo por cima de Tom. Roçou o seu peito no dele e pôde sentir a rigidez dos seus mamilos em contacto com os de Tom, o grau de excitação naquela cama era elevado. Gemeu com o contacto físico e, fechando os olhos para apreciar o momento, desceu as mãos até ao interior dos boxers de Tom, removendo-lhos num ápice. Beijou as virilhas, os vincos, o umbigo, o peito, o pescoço e, quando chegou aos lábios, procurou sobre a cama a caixa de preservativos que lá tinha pousado.
Tom deu-lhe tempo de ela retirar um preservativo da caixa mas não lhe deu tempo de lho colocar. Virou-a na cama apartando do seu corpo a única peça de roupa que ela ainda vestia. Beijou-lhe o pescoço dando tempo para colocar o preservativo sobre a sua, acentuada, excitação.

Inspirou fundo e sorriu na direcção dela antes de corromper a barreira que os uniria de maneira mais sentimental que o normal. Penetrou-a com uma calma não característica dos seus movimentos e escondeu a cara na curva do pescoço dela, aumentando o ritmo aos poucos. Sentia Beatriz cravar as unhas nas suas costas e ouvia-a gemer baixinho ao seu ouvido. Isso fazia-o sorrir. Ter descoberto a paixão fazia-o sorrir. Tê-la descoberto a ela não o fazia apenas sorrir, fazia-o sentir e isso era sem dúvida a maior coisa que lhe tinha acontecido. Sentiu Beatriz chegar ao seu extremo pela primeira vez na noite, diminuiu o ritmo e deixou-a recuperar. Podia ir para obter o seu orgasmo, mas fazê-la vir-se era simplesmente… bonito. A maneira como ela contorcia os lábios e fechava os olhos sentindo-o apenas a ele, a maneira como trincava sensualmente o lábio inferior e a maneira como gemia o seu nome era, realmente bonito, pelo menos aos seus olhos.

Sentiu o seu próprio corpo contorcer para distender no segundo seguinte e uma onda de prazer inundar o seu corpo da maneira mais quente que alguma vez sentira. Beatriz também o sentira e Tom pôde ver isso pelo seu sorriso e pela forma como o seu corpo ficara hirto entre as suas mãos.
Rebolou para o seu lado da cama e colocou o braço sobre os olhos. Estava satisfeito, totalmente.
- Quando é que vais de férias? – Beatriz perguntou depois de também ela recuperar daquilo que ambos viveram. Não havia mais ninguém no mundo que a levasse onde Tom levava.
- Amanhã. Tenho avião ao meio-dia. – disse sentindo-a pousar a cabeça no seu peito.
- E quando voltas?
- Dentro de uma semana. – Beatriz beijou-lhe o ombro e sorriu-lhe. – Promete-me que não vais ao clube. – pediu.
- Eu tenho que ir ao clube. – disse-lhe.
- Mas…
- Mas vou-me manter pela dança. – interrompeu seriamente. Tom suspirou e beijou-lhe o topo da cabeça.
- Ainda bem. – deixou que o corpo de Beatriz subisse para cima do seu e não o deixasse descansar um segundo que fosse. Se dependesse dela, aquela caixa de preservativos iria acabar no lixo, no final daquela noite.

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