sexta-feira, 27 de agosto de 2010

[19]

Próximo, terça (:


Tinham chegado ao bungalow que alugaram numa das praias mais calmas das Maldivas.
Bill atirou-se imediatamente para o sofá.
- Uh, é confortável! – disse assim que aterrou no dito sofá. Tom riu-se.
- Estou a ver que o teu mau humor passou rápido.
- Chegámos bem e não houve nada a interromper pelo meio, por isso não tenho razões. – sorriu-lhe.
- Tu não és mesmo normal, ninguém diria que és meu irmão gémeo. – disse sentando-se no chão, deitando-se a seguir.
- Também ninguém diz. – disse – Bem, mas conta lá a tua noite…
- Estás mesmo à espera disso? – perguntou Tom virando a cabeça de modo a encará-lo.
- Estou. – encolheu os ombros.
- Então bem podes esperar sentado. – levantou-se num salto e dirigiu-se ao seu quarto. – Vou para a praia, vens? – questionou.
- Se não me vais contar o divertimento, acho que sim.
- Já vês o meu divertimento nas minhas costas! – riu-se. Bill parou, não tinha percebido.
- Han?
- Esquece, não estou para te explicar piadas. – respondeu imitando o que o irmão lhe tivera dito naquela manhã, no carro que os levara ao aeroporto.
- Tu és mesmo estúpido! – riu-se e dirigiu-se ao seu quarto envergando uns calções de banho.
- Sou teu irmão! – riu Tom.

Dirigiram-se à praia, que se encontrava totalmente deserta. Aquilo era certamente o paraíso depois das gravações do álbum e antes da grande Tour Europeia.
Tom pousou a toalha sobre a espreguiçadeira e atirou-se rapidamente à água, num mergulho que parecia dar-lhe ainda mais vida. Bill riu-se da reacção do irmão. Ou se enganava ou Tom precisava mesmo de descansar e, talvez, não pensar naquilo que Beatriz andava a fazer. Segundo o que sabia, Beatriz continuaria no clube e, mesmo ela dizendo-lhe que não iria acontecer nada para além da dança, Tom estaria sempre de pé atrás.
- Lá vai bombaaaa! – Bill atreveu-se também, iria deixar os problemas em terra e dar-se àquela vida com todo o amor que tinha para dar a quem não existia. Naquela semana, a sua ligação com Tom seria a única coisa a que daria importância. Bem isso, a praia e seus derivados.

(…)

Sim, tinha ido. Sim, tinha-se dado à dança. Sim, tinha relembrado a noite anterior em frente a tanta gente que não sabia o que lhe atravessava a mente. Sim, tinha desistido de ir para a cama com quem lhe pagasse para isso.
Poderiam achá-la muito lamechas mas, a partir do momento em que o seu coração fora entregue a Tom que, ter relações com outras pessoas que não ele, a levavam ao vómito. Despediu-se da pequena multidão com o mortal habitual, saindo do palco.
- Estás diferente… - fora a observação que ouvira assim que o seu corpo aterrou sobre a superfície macia do sofá do seu camarim.
- Como assim? – olhou James.
- Estás diferente na maneira como te dás. – disse – Parece que este já não é o teu objectivo de vida. – observou cuidadosamente cada movimento que a melhor amiga fazia. – O que é que se passa que eu não saiba? – perguntou sentando-se ao lado dela, passando-lhe um braço pelos ombros e dando-lhe um beijo na bochecha. Beatriz sorriu, aquele gesto que ele sempre fazia quando a via diferente, preenchia-a.
- O Tom… - disse olhando-o e James acenou com a cabeça dando-lhe a entender que sabia a quem se referia. - … nós temos uma cena, e eu gosto dele e ele diz gostar de mim e… - interrompeu-se olhando-o.
- Estás apaixonada, não é? – ela podia enganar toda a gente à face da Terra, mas não ele.

[Flashback]

- Estás bem?! – James entrara de repente pelo bar dentro encontrando Beatriz estendida no chão, ao lado do varão.
- Mais ou menos. – mexeu-se emitindo gemidos de dor, tentando pôr-se de pé.
- Não pareces bem, Beatriz. – disse ajudando-a a levantar-se. – Que estavas a fazer?
- O director quer ver-me no varão, tenho que conseguir! – disse confiante. – É trabalho. – respondeu-lhe encolhendo os ombros.
- Meu Deus, tu levas os trabalhos todos à risca? – perguntou.
- É a primeira vez que trabalho. – disse. – Pensei que já sabias. – olhou-o, agradecendo-lhe com o olhar o facto de a ter ajudado a sentar-se num dos sofás.
- Não… ninguém mo disse.
- Pensei, como já passou um ano desde que estou aqui…
- Um ano?! – ele surpreendera-se com as palavras de Beatriz. – Tanto tempo? Que idade tens?!
- 18. – respondeu a medo olhando-o. A cara de medo e pânico juntas que ele lhe mostrara não lhe davam muita confiança.
- Pensei que tinhas entrado a semana passada… foi isso que o Charles me disse. – olhou-a, fazendo as contas para trás, isso queria dizer que ela estava ali desde os 17? Mas isso era sequer legal?Estás mesmo bem? Não seria melhor irmos ao hospital? – perguntou.
- Não, estou bem obrigada. – sorriu-lhe.
- E porque estás aqui? – perguntou pousando-lhe uma mão no joelho, fazendo Beatriz retrair-se, afinal ela estava num clube de strip, nunca se sabia o que esperar. – Não te preocupes não te vou fazer mal nenhum. – sorriu-lhe encorajando-a a contar-lhe os porquês de estar ali. Beatriz contou.

- Mas tens casa?! - perguntou preocupado depois de ouvir o que a levara até àquele clube.
- Sim, a minha melhor amiga, que é mais velha um ano, deu-me casa. – sorriu.
- Menos mal. – suspirou.
- Podias ajudar-me com aquilo? – perguntou timidamente apontando o varão. – Não tenho grande aptidão para. – riu-se embaraçada.
- Sim, eu ajudo mas com cuidado. – passou-lhe um braço pelos ombros e beijou-lhe a bochecha. - Primeiro convém aqueceres os músculos. – disse ajudando-a a levantar-se e dando-lhe uma explicação verbal daquilo que ela podia fazer naquela coisa metálica.
A partir daquele dia, Beatriz podia dizer que tinha ganho um grande amigo para a vida e uma grande ajuda dentro daquele clube manhoso.

[/flashback]

- Sim. – corou ligeiramente.
- Tu e o famoso, han? Quem diria… - riu-se e ela deu-lhe um leve murro nos abdominais.
- Calma lá, boneca! – agarrou-se à barriga.
- Já devias saber que tenho força, J. – sorriu-lhe dirigindo-se à mala onde o seu telemóvel tocava. – É ele! – disse a James, ele riu-se.
- Fica à vontade. – saiu dando-lhe um beijo na cabeça.

**
- Boas noites. – Beatriz atendeu.
- Hello, my darling. – Tom falara do outro lado da linha.
- Uh, esse inglês mata-me! – riu-se e Tom riu com ela.
- Tudo bem? – perguntou.
- Sim, e contigo? A viagem correu bem?
- Sim, tudo bem, a água continua perfeita, está tudo bom só me faltas cá tu! – respondeu recostando-se no jacuzzi da parte traseira do bungalow. Beatriz suspirou.
- Não era suposto ter sido eu a ligar? – desviou assunto.
- Como ainda não tinhas dito nada e o troglodita do meu irmão não se despacha, decidi ocupar o tempo. – riu-se. Tinham combinado usar o jacuzzi naquela noite e aproveitar para relaxar, mas Bill Kaulitz era incapaz de sair da casa de banho e Tom não percebia porquê.
- Fizeste bem! Vão sair?
- Não, estou no jacuzzi.
- Eia que sorte, meu! – disse fazendo-o rir. – Também quero.
- Apanhas o avião e vens ter comigo. – disse.
- Não me dês ideias. – sorriu.
- Estás em casa?
- Não, estou no clube. – disse e sentiu por momentos o ambiente tornar-se pesado, demasiado pesado. Sabia perfeitamente o medo que Tom tinha daquilo que ela podia fazer, nunca lho dissera mas bastava olhar para os olhos dele quando praticamente lhe suplicavam para deixar o clube. Inspirou fundo. – Mas já vou para casa, já dei espectáculo por hoje.
- Só espectáculo? – perguntou apenas para ter a certeza. Ninguém iria ousar tocar naquilo que lhe pertencia. Ninguém iria ousar possuir Beatriz quando o seu coração a rodeava de todas as maneiras possíveis. Em certo ponto até parecia demasiado possessivo, torná-la sua propriedade até soava mal, mas se pensasse com o coração de manteiga que ele até era, fazia sentido.
- Só. – garantiu. – Estou a pensar num dia desta semana ir falar com o Charles.
- Tens certezas disso? – perguntou. – E o que ele te pode fazer se desistires?
- Agora estás preocupado com isso? – perguntou directamente. Não fora propositado o tom que usara, mas primeiro Tom dizia-lhe que bastava fugir, bastava querer o fim daquilo para que o fim chegasse realmente, mas agora estava a pôr em evidência que não era assim tão simples.
- Depois de conhecer o Ryan, acho que mudei todas as opiniões. – respondeu sinceramente e Beatriz sentiu-se amolecer por dentro. Teria Tom gostado assim tanto de Ryan para chegar a este ponto? Ao ponto de o querer proteger dos braços daquele que, injustamente, o fizera ver a luz do sol? – A sério, Beatriz não quero que te precipites nem quero que percas o teu filho. Já vi o quanto amas aquele rapaz. – esboçou um sorriso.
- Obrigada, a sério Tom.
- Não tens que agradecer miúda. Qualquer coisa apita. – disse. – Ah! Já viste as fotos que saíram? – perguntou ao lembrar-se da revista que David lhe dera, ainda tinha que ir ler aquele artigo com olhos de ver.
- Quais fotos? – não sabia de fotos nenhumas. – Espera aí, referes-te ao flash?
- Sim.
- Credo, foi ontem e já é notícia? – perguntou incrédula.
- Exacto. – ele riu-se da reacção dela. – Mas não tens que te preocupar que não dá para ver absolutamente nada!
- Como se nós estivéssemos a fazer alguma coisa!
- Tu percebeste! – riu-se.
- Oh, mas podes sempre dizer que era tua prima! – encolheu os ombros dirigindo-se ao espelho, sentando-se.
- Claro! E depois quando decidir admitir alguma coisa, menti. Era lindo, Beatriz. – riu-se.
- Quando decidires admitir alguma coisa? – ela ficou-se naquela parte.
- Sim. – suspirou. Viu o irmão entrar no jacuzzi com cara de gozo e decidiu deixar a conversa por ali. – O Dr. Bill acabou de chegar e antes que me deixe mal disposto é melhor desligarmos. – riu-se fazendo Beatriz soltar uma gargalhada sonora que o fez alargar o sorriso e Bill atirar-lhe água.
- Acho melhor, depois falamos sobre esse admitir. – sorriu. – Beijinhos, Tom. E já agora dá beijinhos ao Bill. – riu-se.
- Serão entregues. – e desligaram.
**

- A Beatriz manda-te beijinhos, ó cabeça lambida! – gozou-o ao vê-lo com o seu famoso cabelo arrumadinho. – Precisas de pôr o cabelo assim para as férias?! Para um jacuzzi?! – perguntou, e imediatamente descobriu o porquê de ele demorar tanto tempo na casa de banho. “Já devias estar habituado, meu é teu irmão!” pensou.
- A Beatriz mandou beijinhos para mim? – disse admirado mas visivelmente feliz, nem dando importância à boca do irmão. – Que fofinha e nem me conhece!! – Tom riu-se.
- Se não conhecia por esta altura já deve ter pesquisado por ti.
- Tu percebeste a ideia. – respondeu-lhe chegando aos copos de champanhe pousados na borda do jacuzzi. – Às férias! – elevou o copo.
- Às férias. – Tom sorriu e chocou o copo contra o do irmão num olhar cúmplice e até de gozo.

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