segunda-feira, 18 de outubro de 2010

[33]

Acho graça ao capítulo, não digo que não mas... mas. Próximo, quinta (:


- Vamos, papá. – Tom sentiu-se incendiar por dentro por algo que nunca tinha sentido antes. Seria aquilo a que chamavam de instinto paternal? Não sabia, mas deixava-o nervoso. Continuava sem saber se se conseguia manter naquilo que, de certo modo, era um estatuto na vida. E era um especial estatuto na vida de Ryan. Aconchegou-o mais no seu regaço e quase o sentiu adormecer contra o seu pescoço.

- O Tom e o Ryan? – Beatriz perguntara, assim que chegara ao seu quarto acompanhada de Bill e Sofia.
- Ficaram os dois para trás. – fora Bill que respondera.
- Ahm, a fazer? – perguntou. Não se tinha dado conta, afinal vinha entretida nas piadas com Georg.
- Também não sei. – Bill até que nem mentia mal. – Olha, vêm ali. – disse avistando o corpo do irmão e Ryan ao seu colo. Sorriu com a visão, aquilo era adorável.
- O que é que ficaram a fazer? – perguntou Beatriz.
- Cusca. – Tom deitou-lhe a língua de fora. Ryan mexeu-se, aninhando-se mais. – Vou deitá-lo. – disse – Até amanhã, pessoas. – riu-se para Sofia e Bill.
- Tão responsaaaavel! – Bill gozou. Tom ignorou-o, para variar apenas isso. Beatriz riu-se e entrou com eles, desejando boa noite aos outros dois.

Tom entrou no quarto e imediatamente se dirigiu ao quarto de Ryan, vestindo-lhe o pijama e aconchegando-o na cama. Era algo de extremamente novo para si, mas dava-lhe um gozo diferente, tinha um sabor especial criar aquela ligação com Ryan. Tinha sido uma boa experiência, até tinha descoberto que Ryan tinha algo em comum consigo: a paixão pelas luzes, cores e movimentos das cidades. Voltou ao seu quarto.
- Dorme profundamente. – disse. Beatriz sorriu-lhe, sentada na cama descalçando-se.
- Está cansado, é normal. – Tom deitou-se sobre a cama e Beatriz pousou o queixo sobre o peito dele. – O que é que se passou? – já o conhecia o suficiente para ver que, de bom ou mau, alguma coisa de diferente lhe tinha acontecido.
- O Ryan… - olhou-a e sorriu timidamente - … o Ryan chamou-me papá.
- Aww, a sério? – tinha ficado encantada e espantada com a revelação, Ryan gostava mesmo de Tom.
- Sim.
- E tu? Sentiste-te bem? – perguntou com um sorriso beijando-lhe o peito sobre a t-shirt.
- Bastante. É estranho, mas sabe bem. - sorriu. – É interessante.
- Interessante? – Beatriz riu-se, não percebendo.
- Sim, interessante. – Tom apenas confirmou, beijando os lábios dela e puxando o seu corpo para cima do dele. Tinha uma vontade cortante de se ligar a Beatriz de maneira menos racional, mais emocional e ao mesmo tempo mais física. Desejava-a.
Beijou o seu pescoço e sentiu-a suspirar. Experimentou as mãos geladas dela nos seus abdominais por dentro da t-shirt, fazendo-o arrepiar-se.
- Vais ter que começar a aquecer as mãos antes de me tocar. – riu-se contra os seus lábios, puxando o seu top para cima, desvendando o soutien branco rendado.
- Então é melhor nem te tocar. – respondeu, sentando-se nas coxas de Tom tirando-lhe, com alguma dificuldade, a t-shirt negra. Beijou o seu pescoço e desceu em busca do peito e das pequenas saliências musculares e firmes que encontrava plantadas na barriga do namorado. Excitava-se com isso, um olhar mais rebuscado, um passar ao de leve dos seus dedos contra a pele quente e morena do seu tronco. Tom continuava a possuir a capacidade única de a deixar sem chão e entregue aos cuidados do céu com apenas um toque, um beijo, uma carícia.
Brincou com a língua no seu umbigo e sentiu-o arfar por breves momentos. Desapertou-lhe o cinto e o botão das calças e facilmente as atirou para a outra ponta do luxuoso quarto. Desceu os lábios pelo alto visível nos seus boxers e sorriu ao ver a cara afogueada que Tom adquiria. Estava no poder e Tom nem murmurar uma ordem em sua defesa conseguia. Era seu.
Voltou aos seus lábios e mordeu-lhe o piercing, acordando-o do constante dormente festivo que se impunha na sua espinha e o arrepiava cada vez que sentia os lábios dela de encontro à sua pele. Emitiu um leve gemido de dor e abriu os olhos encarando-a. Seria possível ela ser assim tão bonita?
Levou as mãos às suas ancas e virou-a na cama tomando poder sobre o seu corpo. Desapertou as calças negras justas que ela trazia vestidas e puxou-as do seu corpo, largando-as ao lado da cama. Beijou-a com todo o pudor que o momento lhe exigia e aproveitou o tempo para lhe desapertar o soutien e puder observar, agora ao pormenor, o peito perfeito que tão bem lhe enchia as medias. Beijou-o e lambeu-lhe o piercing, ouvindo a respiração dela adensar à medida que os seus lábios percorriam a sua pele de maneira mais ousada. Arrastou suavemente os lábios ao longo dos abdominais pouco definidos da rapariga e agarrando o elástico da sua tanga com os dentes, arrancou-a do seu corpo. Beijando-lhe novamente o baixo-ventre, e alcançando um preservativo da caixa que já se encontrava pousada sobre a mesa-de-cabeceira, tirou os próprios boxers.
Beatriz colocou-lhe o preservativo ao virar o seu corpo na cama e deixou que Tom entrasse em si, pelo simples facto de se ter sentado sobre a sua cintura. Inclinou o corpo sobre o dele de modo a alcançar os seus lábios e beijando-o de forma calma e sentida, deixou o seu corpo possuir o de Tom.

Tom agarrou-a pelas ancas e, quase sem trabalho algum, limitou-se a seguir os movimentos dela sobre si. Sentia-se suspirar a cada investida e quase sentia as gotas de suor formarem-se nos seus poros dilatados. Sentia o corpo de Beatriz contorcer-se e sentia na ponta dos seus dedos a sua essência misturar-se com a dela. Não sabia porquê mas cada vez que se unia a ela qualquer coisa nova nascia em si. Um novo sentimento, uma nova prova daquilo que sentia por ela, uma nova certeza, um coração diferente.
Virou-a na cama, mantendo-se no seu interior, e acalmou o ritmo sentindo-a a cada centímetro penetrado. Olhou-a nos olhos e observou-a num misto de prazer e felicidade individualizada. Não tinha palavras para descrever aquela mulher e cada vez mais facilmente se imaginava num futuro a dois, mais longo que o normal. Era certo que não diria para sempre, mas viver tudo tão intensamente um dia de cada vez provavelmente ajudaria.

Beatriz sentiu o seu auge chegar escassos minutos depois de Tom ter abafado a sua satisfação contra o seu pescoço. Cravou as unhas nas costas dele e sentiu-o ceder sobre si, respirando ofegantemente contra o seu peito suado. Não arranjava maneiras de expressar o que aquele momento tinha significado para si. Agarrou a cabeça de Tom e conduziu os seus lábios aos dela, depositando neles tudo o que sentia por ele e tudo aquilo que sentia alargar-se a cada sorriso que ele lhe mostrava ou a cada gargalhada que lhe arrancava. Sorriu-lhe e viu-o fazer o mesmo. Não estava sozinha no sentimento e teve certezas disso quando o verbalizou.
- Eu amo-te. – o olhar castanho chocolate de Tom aclarou e Beatriz sorriu ainda mais. não tinha medo de lho dizer. Era simplesmente a mais pura das verdades.
- Eu também te amo. – respondeu beijando-a com amor e aquilo que aquela palavra realmente significava. Nunca a tivera dito a nenhuma rapariga, e se algum dia o fizera certamente não foi sentido ou verdadeiro. A revelação daquele sentimento através daquela palavra era algo demasiado íntimo e que, por norma, carregava demasiadas confusões ao seu cérebro, mas por incrível que pareça Tom não as pronunciara de forma racional, mas sentida. O seu coração também falava e a partir daquele dia e de todas as emoções que tinha vivido tinha certezas que falaria mais vezes.

(…)

Já não podia ouvir o irmão falar. Estava mais que possesso com a conversa de ‘eu sei mais que tu’ de Tom. Chateava e chateava a sério.

- Eu arranjo-te um programa de televisão para teres tempo de antena, Tom mas já chega, ok? – ninguém soube se Sofia falara por si ou meramente porque já não podia ouvir Bill suspirar de cansaço ao seu ouvido.
- Combinado. – Tom encolheu os ombros e virou-se para Ryan, meramente por distracção, que se entretinha na brincadeira com meia dúzia de carrinhos espalhados no chão do Tourbus onde viajavam. O concerto tinha sido esgotante e a próxima cidade esperava-os num dia de folga para mais tarde voltarem a dar três concertos seguidos.
- A tua namorada? – Sofia perguntou.
- Não sei. – Tom encolheu os ombros novamente, já que não o deixavam falar do que queria também não ia falar do que eles queriam. Por outras palavras amuara, novamente.
- Que pessoa prestável. – refilou deitando-lhe a língua de fora no acto infantil e de pura brincadeira. Tom riu-se e imitou-a.
- Está lá em cima. – acabou por ceder.
- Custou muito? – gozou.
- Também, e já agora, onde é que querias que ela estivesse? – perguntou, de facto naquele autocarro não restavam muitas hipóteses.
- Podia estar a fazer companhia ao motorista! – desta vez quem riu foi Bill pela resposta da namorada ao irmão. Tom revirou os olhos.

Sofia levantou-se e dirigiu-se ao andar de cima, tinha a sensação de que qualquer coisa não estava a bater certo. Estaria tudo bem com Beatriz?
- Posso? – bateu à porta do pequeno compartimento.
- Entra. – a voz saiu-lhe num fio e muito pouco animada.
- Que aconteceu? – perguntou de imediato, sentando-se ao lado dela na cama, levando-lhe uma mão ao ombro, em forma de apoio.
- O James… - começou. Sofia fez-lhe a pergunta com o olhar e Beatriz continuou. - … o James telefonou e diz que o Magnólia está prestes a fechar.
- E porque é que tu estás nesse estado? É bom! Para além de tu te safares mesmo, o resto das raparigas deixa de… - foi interrompida.
- Tu não percebes?! – ela levantou-se ao mesmo tempo que a sua voz se exaltou. – Não atinges?! Vou ter que levar com o Charles o resto da vida, Sofia! – tinha lágrimas a formarem-se.
- Estás a kilometros de distância da Alemanha! – levantou-se também, seguindo Beatriz com os olhos. – Porquê a preocupação!? O James não disse que te protegia?
- Até quando? – perguntou. – Achas que é possível manter-me eternamente afastada do problema que foi criado por mim?! Se eu não saísse, nada daquilo acontecia e o James não tinha que sofrer as consequências! – quase lhe berrou.
- Tu não tens culpa da vida que te fizeram seguir. – falou com calma e pausadamente agarrando a face de Beatriz com ambas as mãos fazendo-a olhá-la nos olhos. – Tu não tiveste hipótese, foste obrigada, fisicamente obrigada a isso, Bea! – fez ver. – E já estava na hora de dares importância à tua pessoa e ao teu filho. Já para não falar que arranjaste um namorado que te adora e te protege contra tudo e contra todos! E tu sabe-lo, se não o soubesses não estarias aqui hoje. Por que é que vieste? Por que é que saíste do clube? – perguntou retoricamente, vendo Beatriz ceder às lágrimas brutalmente. – Porque o Tom te pediu. – abraçou-a. – Porque também tu o amas e queres construir uma família com ele e com o Ryan. – olhou-a novamente nos olhos. – Tu não tens culpa de querer viver a tua própria vida, não tens culpa de querer ter mão nela nem tens culpa de querer manipulá-la à tua maneira em vez de ser um alguém nojento a fazê-lo. Tens mais poder sobre ti que qualquer outra pessoa. – sorriu-lhe e Beatriz voltou a abraçar-se ao seu corpo, chorando cada vez mais. – E eu estou aqui para tudo e para te pôr juízo nessa cabeça oca. – sussurrou ao seu ouvido.
Beatriz limpou as lágrimas e olhou Sofia nos olhos, com um sorriso nos lábios.
- Não era nada sem ti. Obrigada. – Sofia sorriu-lhe e depositou-lhe um beijo na cabeça.
- Sou mais nova mas ainda assim… - gozou como fazia sempre quando Beatriz precisava que alguém lhe metesse algum tino naquela cabeça.
- Parva. – riu-se dando-lhe um murro no ombro.

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