sexta-feira, 1 de outubro de 2010

[28]

Houve um santo qualquer que caiu do altar e me trouxe o capítulo, não sei quando volto a postar novamente (a escola corta-me o tempo de criatividade ao cérebro), mas apostava que lá para quarta-feira ou ainda antes! Vou tentar ;) Para já peço desculpa pelo atraso.
Agora digam-me de vossa justiça ._.


Levantou-se do sofá e deixou os pensamentos desvanecerem-se. Não podia continuar a reviver aquele momento tantas vezes quando o queria esquecer. Sentia aquele toque repugnante sobre os seus braços, sentia os seus lábios no seu pescoço e, por muito que Tom lhe dissesse que toda a situação era passado e que ele agora estava ali para a abraçar e dar mimo, Beatriz simplesmente não conseguia. Estava presa a um passado que não queria que fosse seu e encurralada num presente que em certos pontos não queria viver. Estava novamente entre a espada e a parede, mas desta vez o clube não era a espada e Tom não era a parede. Tom era o único ponto de abrigo e o único ponto de descanso onde ela podia deitar o corpo e deixar-se levar apenas por ele, não pelo passado ou pelo presente. Esqueceu tudo e tentou sorrir de forma verdadeira.
Dirigiu-se ao quarto de Ryan, planeando fazer as suas malas. Estavam a poucos dias de embarcar numa viagem que provavelmente nunca esqueceriam.

- Mãe, vou mesmo ter que deixar os meus amigos? – Ryan perguntou, sentado sobre a sua cama.
- Depois voltamos, amor. É só por dois meses. – sorriu-lhe, apesar de fracamente.
- Isso é muito tempo, não? – perguntou com uma confusão própria.
- Mais ou menos. – disse acabando a última mala. – Mas vai ser divertido. Vais ter o Tom, o Bill e mais amigos deles e podes ver um concerto deles todas as noites! – tentou que Ryan sorrisse e gostasse da ideia.
- Hum… - o pequeno pôs um dedo sobre o queixo e Beatriz conseguiu sorrir. - … deve ser giro! – saltou da cama e agarrou-se às pernas da mãe. – Quando vamos? – perguntou olhando para cima, na direcção dos olhos dela.
- Dentro de uns dias. – beijou-lhe a testa.
- BEATRIIIZ! – ouviram do hall de entrada, era Sofia.

- Sim? – ela espreitou para o corredor encaminhando-se à amiga, sendo seguida por Ryan.
- Temos jantar marcado e eu vou em Tour com vocês! – suspirou atirando-se para o sofá.
- Também vens, Sofia? – Ryan sentou-se ao colo da rapariga.
- Vou sim. – sorriu-lhe dando-lhe um beijo sobre os cabelos negros.
- Que bom! – olhou a mãe. – Não é?
- É sim, Ry. – sorriu, era bom ter Sofia consigo. – Mas isso quer dizer que tu e o Bill…? – conseguiu rir.
- Que tem ela e o Bill?! – perguntou Ryan interessado, saltando do sofá, olhando ora a mãe ora a “tia emprestada”.
- Eu e o Bill somos namorados. – Sofia sorriu ao pequeno, de facto as crianças fascinavam-na.
- Ah, como a mãe e o Tom? – perguntou fascinado pela ideia.
- Sim. – Ryan riu-se e dirigiu-se ao seu quarto aos saltinhos. Estava feliz.
Beatriz sentou-se ao lado de Sofia.
- Conta. – pediu com um sorriso. Via a felicidade estúpida estampada nos olhos da amiga e a sua curiosidade aguçava-se.
- Não há nada para contar. – disse senhora do seu nariz. Beatriz deu-lhe um leve murro na coxa. – Hey! – protestou.
- Conta. – disse de novo, rindo.
- Ai. – suspirou. – Ele é perfeito. – sorriu. Um sorriso sentido, um sorriso chamado estúpido, um sorriso apaixonado e que sem dúvida mostrava os seus sentimentos repentinos, mas verdadeiros, por Bill.
- Estou a ver que sim. – enchia-lhe o coração saber da felicidade da amiga.

[Flashback]

- Sofia… - Bill chamou, brincando com os cachos loiros da namorada por entre os dedos, tendo a cabeça dela pousada sobre o seu peito.
- Diz… - sussurrou, virando levemente o corpo para poder mirar os olhos castanho chocolate que a hipnotizaram ao primeiro contacto.
- Vem comigo… - disse. - … por favor. – beijou-lhe suavemente os lábios.
- Vou contigo até ao fim do mundo. – debruçou mais o seu peito sobre o de Bill e alcançou os seus lábios, beijando-o de forma hábil e extremamente desejosa de voltar a sentir aquele metal frio em contacto com a sua língua. – Mas agradecia que especificasses onde é esse pedido. – desmanchou-se a rir e fez Bill soltar uma gargalhada sonora.
- E eu a pensar que estavas a ser romântica!
- E estava… - beijou-lhe o pescoço - … mas também sou curiosa, por isso dá-me o desconto. – sorriu-lhe. Bill passou-lhe as mãos pelos cabelos.
- Vem comigo em Tour. – sorriu trincando-lhe o lábio inferior.
- Estás a brincar? – não podia negar que estava um tanto chocada com a sugestão que Bill lhe fazia no momento. Tinha contacto com ele há pouquíssimo tempo e apesar da química ser visível por todos e eles mesmos sentirem um constante íman de atracção entre ambos, não parecia que justificasse tamanha confiança. Pelo menos no seu ver.
- Não. – disse sério. – Eu quero-te perto de mim, Sofia. Chama-me lamechas, piroso, o que quiseres mas quanto gosto, gosto a sério. – Sofia sorriu. Arranjaria, de novo, outra palavra que não perfeito para descrever o ser que estava deitado por baixo de si? Não.
- Eu vou. – Bill sorriu e cobriu os lábios dela com os seus, levando as mãos ao rabo redondo e nu que se mantinha bem ao seu alcance. Queria tê-la de novo e voltar a unir a sua mente à dela. Por muito estranho que soasse sabia-lhe bem e tornava-o outro.

[/flashback]

- São eles?! – ao som da campainha, imediatamente, Ryan saíra em foguete do quarto em direcção à porta. Sofia riu-se, não só pela reacção de Ryan como pela piada estúpida que Beatriz tinha acabado de contar.
- Provavelmente, micro. – respondeu levantando-se do sofá olhando-o. Ryan não chegava à porta.
- Uma ajuda, tia? – perguntou sorrindo angelicalmente.
- Uma ajuda, sobrinho. – brincou destrancando a porta e abrindo-a.
- Tom! – Ryan saltou para o colo do guitarrista como já se tinha habituado a fazer cada vez que o via.
- Olá, pirralho! – disse animadamente. Tom sabia o impacto que tinha no pequeno e, por muito que às vezes tentasse esconder, era notório que ele próprio sentia algo quando Ryan se atirava aos seus braços.
- Olá, Bill. – mudou de colo, agarrando-se ao pescoço de Bill, depois de Tom lhe ter dado um beijo sobre os cabelos negros despenteados. Tom entrou na sala e Beatriz permanecia sentada, mas assim que a sua cabeça rodou na direcção dele não vinha acompanhada por uma lágrima mas por um sorriso que o fez sorrir a ele.
- Que saudades que eu tinha desse sorriso, miúda! – Beatriz levantou-se repentinamente e assaltou os braços de Tom com uma força desmedida. Tê-lo consigo era por si só uma fonte de energia positiva.
- Que saudades que eu tinhas tuas. – beijou-lhe, sinceramente, os lábios metálicos. Tom sorriu passando-lhe uma mão pelos longos cabelos ruivos que tanto gostava de sentir sobre si, sobre o seu corpo. Quebrou o beijo e olhou-a seriamente nos olhos, repousando as mãos sobre a sua cintura.
- Estás bem? – perguntou.
- Sim. – disse não muito confiante. – Não é que esteja totalmente esquecido, mas vai ao sítio. – disse. – Sempre foi. – acrescentou e Tom sentiu o seu batimento cardíaco aumentar. Era-lhe tão estranho estar cara a cara com um caso daquelas dimensões.
Tornava-se extremamente emocional e ainda mais protector quando eram reavivadas na sua memória as palavras sofridas da história da namorada. Era estranho sentir tanta coisa quando nem sequer tivera sido a ele a passar pela situação. Não tinha nome para aquilo mas sabia que aquilo que sentia por Beatriz cobriria qualquer cicatriz que o seu corpo poderia ter.
- E eu vou estar cá para ajudar. – beijou-a e foi obrigado a quebrar o beijo ao ouvir um resmungar do pequeno lá de casa.

- Também quero ter alguém para dar beijinhos! – refilou Ryan, ao ver não só Sofia e Bill agarrados como a mãe e Tom. Tom riu-se e olhou o pequeno reguila.
- Não deve faltar muito, és tão giro. – aproximou-se dele e colocou-se de cócoras à sua frente. – E se tiveres cócegas ainda é mais fácil… - brincou levando os longos dedos ao pequeno corpo contraído de Ryan que se desmanchou em gargalhadas sonoras. Sim, Ryan tinha cócegas.
Beatriz sorriu com o momento. Era extremamente enternecedor ver a relação que Tom e Ryan tinham, especialmente agora que teriam que conviver todos os dias dos próximos dois meses. Estava certa se pensava que aquilo que eles agora tinham viria a crescer cada vez mais e tornar-se-ia num dos amores mais bonitos de se ver.
- Há algum caixote do lixo por aqui? – perguntou Tom agarrando em Ryan, tipo saco de batatas.
- Na cozinha! – Beatriz indicou e Ryan já não sabia se havia de rir ou se havia de se contorcer e fazer Tom largá-lo, estava a ficar cansado.
- NÃO! – ele berrou. – Põe-me no chão. – pediu – Por favor. – a típica voz de criança que caracterizava a pequena personagem de praticamente quatro anos de idade fez-se soar de forma abatida. Tom pousou-o.
- Estás bem? – perguntou tocando-lhe com o indicador no nariz.
- ‘Tou cansado. – limitou-se a dizer, de respiração ofegante, encolhendo os ombros. Tom sorriu e despenteou-lhe os cabelos, ouvindo uma desaprovação por parte de Ryan. – Tenho fome. – olhou Beatriz que se mantinha encostada à ombreira da porta da cozinha.
- Vamos jantar.

Sem comentários:

Enviar um comentário