sábado, 10 de julho de 2010

[6]






Beatriz tinha actuado mais uma vez naquela noite e não o tinha visto. As suas tranças pretas brilhantes, os seus olhos avelã buscando-a incessantemente, naquela noite não existiram, os sorrisos, risos trocados… porque raio é que ele não vir lhe fazia tanta confusão? Não podia negar que Tom (agora já não se voltaria a enganar no seu nome) lhe dava muito mais do que qualquer homem que ali vinha. Em geral vinham para obter o seu próprio prazer e ela não importava, mas Tom importava-se com isso, ou pelo menos da primeira vez importou.
Voltou a mirar a sala e sentiu qualquer coisa no seu interior, mas não reconheceu o porquê. Saiu do palco e dirigiu-se ao camarim, com intenções de mais tarde se dirigir a casa sem dar explicações a ninguém.


(…)


- Queres mesmo lá ir depois disso? – perguntou Georg ao amigo depois de saber o sucedido à três noites atrás.
- Quero, ela tem qualquer coisa que me puxa meu, que é que queres que eu faça? – respondeu.
- Eu não quero que faças nada, - disse – se achas bem ir, vai. – encolheu os ombros – Mas eu vou contigo! – acrescentou de sorriso nos lábios. – Ah! E não me vou esquecer nunca que uma bomba daquelas disse o meu nome em vez do teu! – riu-se escancaradamente na cara de Tom, tal como já tinha feito da primeira vez que o amigo lhe contara.
- Parvo. – lançou-lhe um olhar ofensivo e Georg acalmou o riso. – Logo vamos lá.
- Vão onde? – era Gustav que chegava à sala do estúdio abraçado à cintura da sua morena, Caroline.
- Passear. – respondeu Tom de sorriso nos lábios, não havia de ser uma troca momentânea de nomes que o iam fazer desistir de uma mulher como aquela.
- Ui, estou a ver que vão voltar àquele clube marado! – riu-se – Arranjem namorada!! – aconselhou e virou costas entrando na cozinha, dando de caras com Bill e Dunja.

- Vens? – era Georg.
- Vou, tu estás com pressa. – disse - A loira é assim tão boa!? – perguntou a rir.
- Se é! – riu-se.

Entraram no clube e, para espanto dos dois, aquilo já estava praticamente vazio.
- Que é que aconteceu a isto? – perguntou Tom.
- A Hannah já actuou. – respondeu um bêbado passando por eles.
- Ah. Então é por isso.
- Bem, ela é mesmo o centro disto, já viste? – perguntou Georg.
- Já, já vi. – respondeu apático. Se ela já tinha actuado será que já alguém a tinha requisitado e a sua noite acabava de ser estragada?
- Anima-te! – Georg abanou-o – Há mais gajas por aí… - respondeu sorrindo a uma que se atravessava no seu caminho.
- Sim. – Tom sorriu, não pelo comentário do amigo, mas pela figura meio disfarçada que via sair, agora, da zona dos camarins, Hannah. – Diverte-te! – dirigiu-se em passos largos até à rapariga e conseguiu encurralá-la na porta das traseiras do clube (local por onde ela tencionava sair).

- Boa noite. – com um sorriso metálico nos lábios e um braço de cada lado da sua cabeça apoiados na parede, cumprimentou-a.
- Tom… - Beatriz balbuciou, já não pensava vê-lo, mas três dias depois do mal entendido ali estava ele a travar-lhe o caminho.
- Afinal o meu nome soa bastante bem vindo dos teus lábios. – sussurrou-lhe aproximando a sua boca da dela. Num simples e leve toque roçou os lábios nos dela e deixou que Beatriz lhe desse permissão para aprofundar o beijo quando entreabriu os lábios.
- Desculpa. - ela pediu após quebrar o beijo, baixando o olhar.
- Não o faças, o passado está no passado. – com dois dedos sobre o seu queixo elevou o olhar dela até ao seu. – Como é que uma rapariga como tu, que faz tanta coisa em cima daquele palco, pode ser tão envergonhada? – beijou-a.
- Quem está no palco é a Hannah. – respondeu num suspiro, nunca contava aquelas coisas a ninguém, e a rapariga desinibida dava realmente, apenas, pelo nome de Hannah.
- E quem é que está aqui comigo? – perguntou sem perceber.
- É a Beatriz. – disse sinceramente.
- Hannah é apenas um nome… artístico?
- Sim. – ela olhou-o.
- Bem, parece que estamos com problemas em relação a nomes. – riu-se tentando quebrar o gelo que entretanto se formara. Ela acompanhou-o. – Então e a Hannah não tem trabalho hoje? – perguntou.
- Já teve, como podes ver isto esvaziou praticamente por completo. – respondeu.
- Sim… então e a Beatriz está disponível para mim? – perguntou, ainda mantendo os braços paralelos à cabeça dela. Ela riu-se.
- Acho que sim. – beijou-o com a perícia que os seus lábios já tinham adquirido nos dele.
- Isso foi quem? – perguntou de sorriso nos lábios.
- Em breve saberás. – respondeu-lhe e, puxando-o por uma das mãos, arrastou Tom até sua casa. Quando chegaram à porta Beatriz lembrou-se: Ryan e Sofia estavam em casa, e agora?

- Pensei que vivias no clube. – disse Tom olhando a porta.
- Pois… mas não. Partilho a casa com uma amiga e…
- E? – perguntou.
- E uma criança de 3 anos, o Ryan. – disse-lhe, já estava a revelar de mais da sua vida e isso não era normal.
- Ah é filho da tua amiga? – perguntou.
- Não. – Beatriz decidiu abrir a porta e entraram. – É de um amigo. – disse tentando disfarçar. Tom na ligou mais ao assunto.

- Sofia? – chamou.
- Já estás em ca… - interrompeu-se ao ver Tom Kaulitz. - … eu vou para o quarto.
- Espera aí! – chegou-se a ela e indicou o caminho da sala a Tom.
- Atão tu trazes assim o rapaz sem dizeres nada?! E se o Ryan ainda estivesse acordado?! – refilou com ela em murmúrios.
- Desculpa mas só pensei nisso quando cheguei aqui à porta! – disse-lhe também baixo.
- Já não pensas no teu filho?!
- Sofia… - aquela tinha doído, Ryan podia não ser filho do pai perfeito, podia até nem ter pai e ela podia odiar esse homem com todas as forças depois do que lhe fez, mas amava aquele miúdo com todo o coração. - … essa doeu. – conteve as lágrimas. Sim, Beatriz era sensível. Sofia abraçou-a.
- Contigo só conseguimos lidar à bruta. – disse-lhe contra a seu pescoço.
- Desculpa, para a próxima tenho mais cuidado. – disse.
- Tu pedes desculpa demasiadas vezes… - fez ver - … mas espera aí, vai haver próxima vez? – perguntou olhando-a nos olhos.
- Não sei. – limpou as lágrimas que caíam dos seus olhos e inspirou fundo deixando os nervos, que a puseram naquele estado, desaparecerem. – Agora se me dás licença… - riu-se e dirigiu-se à sala.

- Desculpa a espera mas a Sofia é uma chata. – disse-lhe com um sorriso observando Tom mirando a paisagem fora da janela.
- Não faz mal. Tens uma bela vista daqui. – disse olhando a cidade de Berlim completamente iluminada e do alto do 7º andar onde Beatriz vivia.
- Então e já que aqui estamos… tens ideias? – perguntou ela sentando-se no sofá, cruzando as pernas limitadas pela minissaia de ganga que trazia vestida. Tom descaiu o olhar até às pernas dela.
- Não estamos sozinhos…
- A Sofia não se importa e o Ryan está a dormir. – sorriu-lhe e dirigiu o corpo ao dele. Abraçou-o pelo pescoço e explorou os seus lábios mais uma vez.

Arrastou o corpo de Tom pelo pescoço até ao seu quarto, tropeçando nos próprios pés uma ou duas vezes, rindo-se da situação. Tom elevou-a nos braços e deitou ambos os corpos na cama de casal que se apresentava no avantajado quarto. Deixou-se levar pelo corpo e, por estranho que pareça, deixou-se levar pela atracção psicológica que já tinha criado com Beatriz. Aquelas confissões no clube tinham-lhe aberto a mente para outras coisas, talvez até pudesse ser amigo de Beatriz e ter uns affairs com ela, ninguém o impedia disso. No entanto, no momento, concentrou-se no seu pescoço e na essência que ele possuía. Concentrou-se em explorar aquele corpo escultural mais uma vez, deixar que as suas mãos a despissem e que os seus lábios a percorressem por inteiro.

Beatriz quase rasgou as roupas do corpo de Tom. Sentia-se incendiar por dentro com cada investida dos lábios dele nos seus, no seu corpo e até poderia dizer, na sua alma. Não estava totalmente enganada quando dizia que ele tinha potencial, não estava redondamente enganada ao dizer que ele era o seu tipo de rapaz, aliás, e corrigindo, o género de rapaz compatível consigo na cama. Sim, era isso e nada mais. Conseguia ver e sentir que encaixavam na perfeição.

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